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29/11/2005

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: importa-se de repetir?

Secção Insultos à inteligência
«O economista Miguel Cadilhe propôs segunda-feira a redução do Estado "a um quarto ou um terço da sua actual dimensão", através de rescisões amigáveis de contratos com funcionários públicos», escreve o Diário Económico. Apesar de conhecer os efeitos do ressaibo na mente humana, custou-me a acreditar que o doutor Cadilhe pudesse ter dito esta insensatez. Mas deve ter dito mesmo, porque o Jornal de Negócios usa as mesmas palavras.(*)

O primeiro governo do professor Cavaco Silva, a que pertenceu o doutor Cadilhe, deu um importante contributo para a pletora do estado napoleónico-estalinista e a engorda da vaca marsupial pública. Talvez para se resgatar da incontornável responsabilidade, o doutor Cadilhe vem prestar um mau serviço à causa do emagrecimento do «monstro», como lhe chamou o professor Cavaco Silva (ele próprio, recorde-se, com imensas culpas no cartório).

Reduzir o Estado "a um quarto ou um terço da sua actual dimensão", ainda que o doutor Cadilhe esteja a pensar a 10 anos, é uma proposta irresponsável porque significaria o colapso social dum país com uma cultura colectivista enraizada até às entranhas e metade da população dependente mais ou menos directamente do Estado. Um estado mínimo, como esse saído das meninges do doutor Cadilhe, que faria as delícias do Impertinências, note-se, não se encontra à face da terra. Alguém que quisesse sabotar qualquer arremedo de reforma do «monstro», açulando na populaça os pavores da mudança, não faria melhor. Nem nos piores delírios do anarco-liberalismo se congeminam propostas destas.

Por esta merece o doutor Cadilhe 3 pilatos, 5 chateaubriands (mais outra como esta e leva também uns ignóbeis).

(*) Ainda há esperança que a culpa seja dum estagiário da Lusa com problemas de audição.

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