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12/10/2003

Estória e moral: Cabala I

Num domingo de há 5 meses, O Impertinente, na fase pré-impertinências, escreveu uma estória titulada "A democracia está em perigo?”. A parte seguinte dessa estória reganhou actualidade.
A estória foi ...
Com a possível excepção dos profissionais da justiça, todas as pessoas normais provavelmente pensarão que a justiça doméstica não é cega, mas zarolha, e, de tão lenta, mais parece alentejana. E muita gente hoje duvida para que serve, ou percebe sequer o que seja, essa vaca sagrada do segredo de justiça, que parece ter por finalidade o arguido ler a acusação nos jornais. Sem esquecer a prisão preventiva que mais parece um dispositivo para permitir ao juiz de instrução e à judite trabalhar sem estresse, que é péssimo para a saúde, e aos escrivães não terem tendinites nas mãozinhas a escrever as toneladas de páginas que qualquer investigaçãozeca de quinta categoria precisa para parecer mais competente.
É por isso que ninguém no seu perfeito juízo percebe a reacção do Dr. Ferro a falar em "cabalas", a rugir "firmeza" e "energia", a perorar sobre o "momento de extrema gravidade", a manifestar a sua "profunda indignação face a estas invenções caluniosas" a exigir, "como secretário-geral do PS" ... saber quem e por que razão envolveram o meu nome".
E ninguém percebe porque, afinal, trata-se de tomar a mesma medicina fabricada pelos Drs. Ferros e Costas, e todos os seus antecessores, que os outros cidadãos já vêm tomando há décadas sofrendo humildemente os seus desagradáveis efeitos secundários. Numa palavra trata-se da medicina que o próprio Dr. Ferro vem prescrevendo ao Dr. Paulinho das Feiras, agora na Defesa, a propósito das trapalhadas da Moderna.
... e a moral era ... “a cão fraco acodem as moscas”.

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