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13/11/2006

CASE STUDY: eles comem tudo, eles comem tudo (e não deixam nada?) ACTUALIZADO

Agora que o governo investiu na banca as suas manobras de diversão, e a armada liberal terça armas em defesa dessas criaturas maléficas/benfeitoras (cortar o que não for aplicável), talvez tivesse interesse saber que a Standard & Poors estima que o Millenium bcp «se encontra entre os cinco grupos europeus cujo fundo de pensões possui um 'buraco' superior a mil milhões de euros».

Deixando de lado o buraco, termo que é próprio da linguagem de mineiro, como num dia inspirado concluiu o falecido professor Sousa Franco, quando confrontado com o (então modesto) buraco das finanças públicas, o que isto quer dizer é que falta relevar no passivo do Millenium bcp mais de milhões de euros de responsabilidades por pensões. Não se tratando do estado que tem uma contabilidade de partidas simples e, por essas e por outras não é confiável, estas responsabilidades deveriam estar representadas no passivo e não estão. Se o estivessem, os fundos próprios totais do Millenium bcp, que se reduziram de 6.852 milhões em 30-06-2005 para 6.653 milhões um ano depois, teriam sido reduzidos para 5 mil e tantos milhões se as estimativas da S&P estiverem correctas.

Quem é que falou em lucros excessivos?

ACTUALIZAÇÃO:
O Diário Económico acabou (às 18:20) de publicar um esclarecimento do CFO do Millenium bcp que só li poucos minutos depois de publicar este post:
«Quanto às diferenças actuariais, o banco usa o chamado 'método do corredor', sendo que todo o valor para além deste corredor - 921,6 milhões dedeste corredor - 921,6 milhões de euros - foi já abatido a fundos próprios de base core-Tier1. A nossa situação de capital está pois já descontada desses valores. Para efeitos de resultados adoptou-se um plano de amortizações em 20 anos, em linha com o prazo médio das responsabilidades, mas para efeitos de capital já foi abatido.»

Até saber a reacção da Standard & Poors eu não deitaria foguetes - se não se importam.

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