Já não falo mais do meu caso. Apesar das minhas críticas vitriólicas à Nação, não deixo de ser um seu filho, pródigo, mas Filho malgré moi. Mas vou estoicamente esquecer o meu caso. Aceito, rendo-me, desisto de lutar por uma Comenda.
Mas que dirão uns milhares de Portugueses que nunca mereceram uma atenção no 10 de Junho? Que devem pensar esses excluídos, a quem nunca um Venerando Chefe de Estado prantou uma Comendazinha no peito? Desde que foi instituído o Dia da Pátria, por coincidência no mesmo dia consagrado pelo fassismo à raça, já passaram por Belém Generais, Marechais, Doutores, Professores, uns Republicanos, outros fassistas, ainda outros Democratas ou Socialistas ou Social-democratas e esses milhares de excluídos continuam à espera, impacientes.
Esperava que professor Cavaco, que inscreveu no seu Pograma o Combate à Exclusão, erradicasse esta mancha do Estado Social. Imaginei que era desta, quando li que o Venerando Chefe de Estado iria este ano à Cidade Invicta condecorar várias Personalidades Locais. Imaginei, por um momento, que finalmente tínhamos um critério claro e inequívoco - o Venerando iria a partir de agora condecorar, Concelho a Concelho, ou Distrito a Distrito, quem sabe?, as Forças Vivas Concelhias ou Distritais. É certo que, mesmo sendo o Distrito a unidade escolhida, o Venerando precisaria de 4 Mandatos, mas sempre se poderia alterar a Constituição da República, por uma Boa Causa. Se os neo-liberais admitem alterá-La para abolir os Direitos Adquiridos, porque não alterá-La para aumentá-Los - os do Presidente (o Direito a condecorar) e os dos Cidadãos (o Direito a serem condecorados)?
Pensei que sim, mas já não penso. Afinal o Venerando condecorou também vários sulistas e elitistas.
ACTUALIZAÇÃO (a pedido da patroa):
E as quotas? Quotas? Para as Portuguesas, para não ir mais longe.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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