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10/06/2024

Crónica de um Governo de Passagem (5)

Navegando à bolina
(Continuação de 4)

O Dr. Montenegro primeiro-ministro é menos mau do que o Dr. Montenegro líder do PSD

Como escrevi aqui e aqui, tive imensas dúvidas de que o Dr. Montenegro fosse o líder que o PSD precisava, supondo que o país precisava do PSD (nunca tive dúvidas que o Dr. Rio daria um óptimo adjunto do Dr. Costa). Depois de dois meses de governo, arrisco concluir provisoriamente que como primeiro-ministro está a sair-se melhor do que como líder partidário e não estou sozinho porque a última sondagem da Aximage mostra-o com o único líder com avaliação positiva.

Financiar os mídia?

A acrescentar aos dinheiros públicos com que tem borrifado vários grupos sociais, o Dr. Montenegro admitiu para os mídia «algum financiamento público (porque) aqueles que cumprem serviço público naturalmente que devem esperar do Estado o reconhecimento do serviço que prestam», deixando-me hesitante sobre o que é pior: derramar dinheiro nos mídia ou a sua justificação para o fazer.

Como se não houvesse amanhã

Segundo algumas contas entre as iniciativas do governo e as da oposição o aumento da despesa deste ano já ultrapassa dos 500 milhões e o do próximo ano anda pelos dois mil milhões.

Será prudente o Dr. Montenegro não contar que os seus amanhãs cantarão

É certo que nesta altura os amanhãs do Dr. Montenegro ainda são sobretudo resultantes do ontem do Dr. Costa. Isso retira-lhe as responsabilidades e não as dificuldades que vários sinais anunciam.

Em Abril o défice da balança comercial voltou a registar subidas em cadeia e homóloga. A dívida pública subiu em Abril pelo terceiro mês consecutivo e o saldo dos depósitos em bancos reduziu-se, pelo que a dívida líquida aumentou 4,3 mil milhões de euros, para 261,4 mil milhões de euros. Se ao aumento da dívida acrescentarmos os juros que estão a aumentar em todos os prazos, os amanhãs do Dr. Montenegro não parecem risonhos.

«P'ra a mentira ser segura / e atingir profundidade, / tem de trazer à mistura / qualquer coisa de verdade.»

O verso é do poeta popular António Aleixo e vem a propósito do Dr. Santos Silva acusar o governo de fazer «ocupação partidária do Estado» o que sendo dito por um dos próceres do partido que mais fez ocupação partidária do Estado (os comunistas teriam suplantado e não tiveram tempo) lhe retira a moral, mas não «qualquer coisa de verdade» como se conclui pelas duas dezenas de dirigentes demitidos.

E depois das benesses lá saiu uma reformazita…

… que consistiu em medidas, como a exigência de um contrato de trabalho, para controlar o caos imigratório que os socialistas e os seus acólitos da geringonça criaram.

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