O governo AD aprovou medidas (em particular a exigência de um contrato de trabalho) no sentido de regular os fluxos de entrada de imigrantes que ameaça o caos. Sem surpresa, houve quem achasse que a medida era de menos e quem achasse que a medida era demais.
Entre os que acham que as medidas são insuficientes, os mais exacerbados, que defendem aberta ou encapotadamente o fim da imigração, ou pelo menos a sua limitação drástica, criaturas que em geral se consideram patriotas (em rigor, seriam melhor caracterizados como adeptos do nativismo), deveriam ter em conta que se as suas ideias fossem adoptadas o Portugal dos Pequeninos fecharia. Ora, vejamos.
A população residente estrangeira em Portugal anda pelos 800 mil e adicionada dos que aguardam resposta da AIMA atingirá pelo menos um milhão, a maioria esmagadora em idade activa. Se toda esta gente fosse expulsa, Portugal perderia quase um quinto dos seus activos.
Segundo o BdP, uma em cada cinco empresas em Portugal conta com mão de obra estrangeira, sobretudo no agricultura (40% da mão de obra), turismo (31% da mão de obra), construção e comércio. Se toda esta gente fosse expulsa, a agricultura e o turismo paralisariam e uma fracção significativa das empresas micro e PME dos outros sectores teriam de fechar.
Se levarmos essas teses até a uma versão pós-moderna do "orgulhosamente sós" e nos lembrarmos que as exportações representam quase metade do PIB e as importações mais de 40%, teremos de concluir que se as teses nativistas fossem adoptadas à letra, a Pátria dos nativistas ficaria reduzida a quase nada e os nativistas teriam de emigrar.
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