A estória é bastante embrulhada e envolta nas brumas das mentiras e meias-verdades, como é habitual nos casos de cunhas (pistolão no Brasil) e empenhos. Indo ao osso do assunto que parece estar suficientemente estabelecido, o filho de S. Ex.ª meteu uma cunha ao pai (e talvez a outras pessoas, o pai diz que desconhece) para às gémeas brasileiras filhas de uns amigos brasileiros ser administrado pelo SNS português - que não consegue dar resposta às necessidades mais básicas - um medicamento custando o equivalente a 5.263 salários mínimos mediante um expediente de lhe ser atribuída nacionalidade portuguesa por um processo fast track. O pai diz que se limitou a encarregar a sua assessora para a área de Saúde de saber o estado do processo. No final o medicamente foi administrado e às gémeas foram disponibilizadas duas vezes 2 cadeiras.
Na minha impertinente visão da coisa, um presidente com integridade imune ao compadrio e bom educador teria educado o seu filho que saberia ser seu dever rejeitar desde logo o pedido dos amigos. O mesmo presidente se tivesse falhado na educação do filho e este lhe apresentasse o pedido ter-lhe-ia a dito para deixar cair o pedido.
Com um presidente cujo passado não permite estabelecer com segurança a sua integridade, só se pode concluir que a sua versão da estória revela ou uma ingenuidade dificilmente compatível com seu passado de cinco décadas de conspiração política ou uma tentativa maquiavélica de limpar a sua folha insultando a inteligência dos 63% de eleitores que avaliam como mau o seu desempenho ou têm dúvidas.
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