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15/02/2023

Escrever torto por linhas direitas. Assim, a oposição não vai lá (e a situação lá continuará)

Não é muito frequente o líder do PSD fazer declarações simultaneamente corajosas, com premissas realistas e sensatas, como a que produziu há dias:

«Temos que arriscar, procurar pelo mundo as comunidades que possam interagir melhor connosco, que se possam integrar melhor na nossa cultura, na nossa identidade, e que possam entrar, por via do mercado de trabalho e também por via da formação, para ingressarem no mercado de trabalho mais tarde.»
Declaração corajosa porque vai contra o zeitgeist que a seita do politicamente correcto conseguiu instilar nas tenras meninges de resmas de portugueses. Declaração com premissas realistas porque aceita uma realidade demográfica inegável que é do envelhecimento da população residente e uma realidade social que é a cada vez maior dificuldade de convencer a "geração mais educada de sempre", como dizem os patetas, de jovens razoavelmente ignorantes dotados de licenciaturas em ogias, a trabalharem em profissões que as suas mentes preconceituosas consideram inferiores. Declaração sensata porque se sabe das dificuldades que em toda a Óropa ocorrem na integração de migrantes de comunidades com culturas muito divergentes do país de acolhimento.

Na verdade, talvez mais do que corajosa, realista e sensata, se a submetermos ao bullshit test, a declaração de Luís Montenegro aparece como inócua e, como veremos, provavelmente inexequível. Experimentemos escrever o contrário e verificaremos que é absurdo :

Não devemos procurar pelo mundo as comunidades que possam interagir melhor connosco, etc., e devemos aceitar passivamente os migrantes que nos procurarem, por exemplo, membros do Estado Islâmico, representantes da cleptocracia putinesca, seitas de vudu, etc.

As reacções da seita do politicamente correcto, da bem-pensância e dos patetas ao seu serviço, a quem máquina mediática socialista deu voz, adicionando-lhe o tempero habitual (Ventura, Chega, etc.), não se fizeram esperar: "xenofobia" e "arrogância integracionista", clamaram.

Curiosamente, ninguém tocou no que, a meu ver, é o ponto fraco da política implícita na declaração de Montenegro, a saber: apesar de partir de premissas realistas e de prosseguir objectivos aceitáveis, a política não é fazível, porque a procura pelo mundo das comunidades, etc. dependeria de acções no território dessas comunidades na prática irrealizáveis e que os governos dos países visados repudiariam.

1 comentário:

Afonso de Portugal disse...

«A política não é fazível, porque a procura pelo mundo das comunidades, etc. dependeria de acções no território dessas comunidades na prática irrealizáveis e que os governos dos países visados repudiariam.»

Ai, ai, tenha cuidado, Sr. Dr. (Im)Pertinente, que V. Ex.ª começa a falar como um "verdadeiro fascista"! ��

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