O IMD publicou ontem o seu World Talent Ranking 2022 (*) e logo os mídia domésticos, por influência da Agência Lusa - a Tass Lusitana - titularam a subida de dois lugares de Portugal, o que, sendo verdade, não é toda a verdade e é até a parte menos importante da verdade. (+)
Vejamos as coisas mais de perto. Em primeiro lugar, a posição no ranking é determinada por três factores nos quais Portugal teve uma classificação diferente:
- "Investimento & Desenvolvimento" - considera os recursos nacionais comprometidos para desenvolver talentos nacionais.
- "Apelo" - avalia a capacidade de atrair e reter talentos dos mercados internacional e doméstico.
- "Prontidão" - quantifica a qualidade das capacidades e competências disponíveis no banco de talentos.
Em segundo lugar, considerar apenas a evolução em dois anos é muito redutor.
O que se passou de facto nos últimos cinco anos é que Portugal estava em 17.º lugar em 2018 e em 2022 tinha caído sete lugares para o 24.º. Por outro lado, em cada um dos factores as mudanças mais significativas foram as quedas de 7.º para 22.º no "Investimento & Desenvolvimento" (provavelmente resultado das cativações do Dr. Centeno) e de 29.º para 40.º no "Apelo" (provavelmente reflectindo a emigração maciça de quadros em consequência da falta de oportunidades de trabalho qualificado num país cada vez mais "socialista").
Aplica-se aqui o provérbio alemão «o diabo está nos detalhes».
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(*) «O IMD World Talent Ranking (WTR) avalia o status e o desenvolvimento das competências necessárias às empresas e à economia para a criação de valor a longo prazo, usando um conjunto de indicadores que medir o desenvolvimento, retenção e atracção de uma força de trabalho altamente qualificada nacional e internacional.»
(+) O que me recorda o poema de António Aleixo:«P'ra a mentira ser segura / e atingir profundidade, / tem de trazer à mistura / qualquer coisa de verdade».
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