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23/01/2020

De como o Mosquito de João Nuno Pinto é um exemplo a posteriori para o Otto e mezzo de Fellini

O realizador João Nuno Pinto confessou ao Público que Mosquito, o seu segundo filme, apresentado ontem na abertura do festival de Roterdão, «é uma forma de me redimir por ser filho de colonizadores».

Devemos relevar este propósito redentor de expiar a culpa dos pais colonizadores, por várias razões. E uma delas é que o mesmo jornal, precisamente no mesmo dia, anunciava que Fellini «vai estar no centro da programação da 13.ª edição da Festa do Cinema Italiano, que terá lugar de 1 a 9 de Abril».

Não será preciso explicar quem foi Federico Fellini, e não deveria ser indispensável lembrar que é italiano, nascido em Rimini,  o que faz dele um descendente dos colonizadores romanos da Lusitânia. Por coincidência, foi no fórum de Rimini que Júlio César apelou às legiões depois de ter atravessado o Rubicão.

A morte de Viriato, um herói da luta anticolonial, de José de Madrazo
É aqui que entra o Mosquito, João Nuno Pinto e a sua superioridade moral e da sua obra sobre um Fellini que em nenhum do seus filmes expiou a culpa das legiões romanas pela ocupação da Lusitânia, o massacre e escravização dos lusitanos, o que deveria e poderia muito bem tê-lo feito, por exemplo no auto-biográfico Otto e mezzo, em vez de celebrar as abundantes bundas e gloriosas tetas, como fez em muitos dos seus filmes, por exemplo em Amarcord, aqui devidamente evocado pelo outro contribuinte.

1 comentário:

Unknown disse...

Pura indigência intelectual , o que mais que justifica ( e reforça...) a sua burocrática condição de "Artista do Regime".