Cada Estado tem a justiça que merece
No caso do Estado Sucial do Portugal dos Pequeninos a instrução dos processos de criminalidade grave ou organizada está entregue ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC, ou, na gíria do juridiquês, o Ticão) que dispõe de 2-juízes-2. Em média são produzidos processos que enchem vários milhares de páginas e consomem meia dúzia de anos para preparar a acusação. A distribuição dos processos pelos 2-juízes-2 é feita por um algoritmo que se suporia de Inteligência Artificial mas na verdade está mais próximo da Estupidez Natural porque, segundo o jornal SOL, «chega a dar erro oito vezes antes de escolher o nome do juiz».
Perante este estado de coisas da justiça, em boa verdade co-responsabilidade dos socialistas do PS e dos socialistas do PS-D, não é preciso ser-se adepto das teorias da conspiração para suspeitar que há razões inconfessáveis da nomenclatura governativa que podem explicar a falta de vontade de mudar esse estado da justiça.
O passado persegue o Dr. Costa
No tempo em que o Dr. Costa foi MAI do Eng. Sócrates adjudicou a compra dos helicópteros russos Kamov de combate aos incêndios florestais, compra que foi decidida por um júri de que fez parte o Dr. Lacerda Machado, um conhecido amigo do Dr. Costa que também foi administrador da Geocapital, parceira da TAP na compra catastrófica da Varig Engenharia e Manutenção, advogado da Motorola que venceu o concurso do SIRESP e actualmente reside no conselho de administração da TAP, depois de ter aconselhado o governo sobre a reversão da privatização parcial.
Desde então, os benditos Kamov estiveram quase sempre avariados e estão absolutamente parados há dois anos. Como se fosse pouco, a Everjets, a empresa que foi contratada em 2014 para a operação dos helicópteros apresentou em 2018 por exigência da Protecção Civil uma garantia bancária falsa, descobriu agora o semanário de reverência, com dois anos de atraso em relação à TVI.
«O verdadeiro discípulo é aquele que supera o mestre»
Só o futuro poderá confirmar se o pensamento em epígrafe de Aristóteles se aplica inteiramente a Medina. Por agora, podemos garantir que o discípulo se esforça e disso são exemplos o programa de renda acessível, essencialmente operação de propaganda sem resultados práticos, e agora a Lisboa Capital Verde Europeia que, entre outras iniciativas importantíssimas, inclui a construção de uma praia artificial no Tejo, cuja falta era sentida por todos os que vivem e se deslocam em Lisboa, sobretudo quando sob a canícula de Verão dentro de um carro encalhado num dos frequentes engarrafamentos na 77.ª cidade mais congestionada do mundo (em 403), a par com Nizhny Novgorod na Putinlândia.
«Em defesa do SNS, sempre»
Por falar em discípulo, do ponto de vista da propaganda e da auto-promoção, devemos conceder ao Ronaldo das Finanças um lugar de destaque no firmamento socialista e, talvez por isso, o Dr. Costa ande com ele de candeia às avessas. Mostrando os seus dotes, o Dr. Centeno não tem qualquer dificuldade em garantir que o agonizante SNS «nunca teve tantos recursos como nos últimos quatro anos» o que não sendo mentira omite que 56% do aumento de 1,7 mil milhões de euros da despesas do SNS em 2019 em relação a 2015 têm origem no aumento da despesa com pessoal resultante da redução das 40 para 35 horas, redução que segundo os Drs. Costa e Centeno não teria impacto orçamental.
Em consequência da abundância de dinheiro, os serviços do SNS degradaram-se ao ponto dos "utentes" desatarem a agredir os profissionais de saúde o que motivou várias iniciativas prontas e enérgicas para resolver o problema, por exemplo: montar uma «estratégia até ao final do mês de Janeiro», a cargo da ministra que canta a Internacional Socialista para se descontrair, ou «acções de formação de defesa pessoal e porte de meios de defesa pessoal» propostas pelo Sindicato Independente dos Médicos.
«Temos resultados, temos contas certas»
Infelizmente para o Dr. Centeno a UTAO não parece ser fã do seu alegado rigor e aponta-lhe o dedo para uma diferença de 255 milhões de euros no excedente previsto no OE 2020, suborçamentação das despesas com pessoal, reservas sobre o aumento no investimento, diferenças nas medidas dos anos anteriores e das novas medidas e aumento de 50% das «dotações centralizadas» - eufemismo para designar uma espécie de "saco azul" controlado directamente pelo ministro.
Já virámos a página da austeridade
Por enquanto o ilusionismo do Dr. Costa ainda não é perfeito. Por isso, de vez em quando emergem os casos de organismos sem dinheiro, como os Institutos de Castelo Branco, Santarém e Tomar que não conseguem para salários. E, como medida de prudência para o futuro, no OE 2020 o Dr. Centeno "cativou" 2,8 mil milhões da despesa.
O crescimento é "poucochinho"
O Dr. Costa costuma comparar-se com um campeonato onde não participa. No campeonato onde concorre Portugal o crescimento é "poucochinho", como ele diria se não fosse ilusionista.
Apud Insurgente |
Quando leio nos jornais as notícias sobre o comércio externo lembro-me, vá-se lá saber porquê, das notícias sobre os yields da dívida pública durante o consolado do Sr. Eng. Sócrates que ora subiam um dia para no outro descerem, induzindo as meninges dos leitores que a coisa estava mais ou menos estável. Quando finalmente o Sr. Eng. mandou o ajudante das Finanças pedir o resgate, o povo incréu acordou com os yields na estratosfera. Vem isto a propósito do anúncio do crescimento das exportações em Novembro «seis vezes mais do que importações» induzido pelo sector automóvel. Quando olhamos para o comparativo anual no gráfico seguinte verifica-se que o défice acumulado da balança comercial tem vindo a crescer todos os meses nos quatro últimos anos.
Jornal Eco |
Acresce que a redução do desemprego, que à míngua do aumento da produtividade tem sido um do sustentáculo do magro crescimento, está a atingir o seu limite e o desemprego até subiu ligeiramente em Novembro para 6,7%.
O choque da realidade com a Boa Nova
A Boa Nova foi anunciada em Fevereiro: 104 milhões de euros (três quartos dos quais destinados à área metropolitana de Lisboa) para permitir reduzir o preço dos passes sociais, de onde resultariam mais 100 mil pessoas por ano nos transportes públicos, mais 63 milhões de viagens e menos 72 mil toneladas de dióxido de carbono. O Dr. Costa inspirando ainda multiplicou as promessas tirando da cartola as coisas mirabolantes aqui descritas.
A parte do aumento da procura do transporte público até é possível que venha a ser atingida com os reformados e ociosos que passaram a usá-lo. Quanto à redução das emissões deve ser uma fábula porque no caso de Lisboa provavelmente a redução das entradas de veículos não ultrapassará os 3-4%.
As greves e manifs são legítimas? Depende
No caso da greve nacional de educadores e professores convocada para 31 Janeiro pela Fenprof, uma federação sindical devidamente certificada, não se coloca a questão da ilegitimidade das greves dos motoristas de matérias perigosas convocadas por sindicatos desalinhados.
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