Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

27/01/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (16)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Isabel? Isabel quê? Não conhecemos

«Permissão para entrar no BCP foi dada pelo primeiro-ministro António Costa, numa reunião com a empresária» (fonte), em troca, recordemos, da saída do BPI imposta pelo BCE.

Quem também mal deve conhecer a Princesa é o Dr. Teixeira dos Santos em cujo currículo se conta: (1) a nomeação para a Caixa da dupla de amigos e factótuns do Eng. Sócrates, Caixa que financiou a compra de acções do BCP e factótuns que a seguir para lá se trasladaram; (2) ter sido em 2008 o pior dos 19 ministros das Finanças da Zona Euro; (3) ter batido os recordes do défice orçamental e do défice de memória; (4) ter nacionalizado o BPN que era para não ter custado nada e o nada já vai em vários milhares de milhões; (5) por uma improbabilíssima coincidência, é hoje o presidente do EuroBic que comprou a parte sobrante do BPN, depois de expurgado dos activos tóxicos doados aos contribuintes; e (6) o EuroBic, por outra improbabilíssima coincidência, serviu para a Princesa movimentar as suas poupanças que já vêm do tempo em que vendia ovos. Tudo isso explica que o BdP não esteja a reavaliar a idoneidade do Dr. Teixeira dos Santos, com toda a razão porque o seu presente não acrescenta muito ao seu passado.

Porém, ainda que a conhecessem como poderiam saber? É certo que uma revista internacional em 2013 já tinha publicado o artigo «Daddy's Girl: How An African 'Princess' Banked $3 Billion In A Country Living On $2 A Day», mas quem é que, ocupado com a leitura da imprensa amiga do regime, tem tempo para ler a Forbes?

Entretanto, a Eng. Isabel, aborrecida com toda a confusão sobre como conseguiu chegar da meia dúzia de ovos até às 400 empresas e aos 2 mil milhões de euros de património, está a vender as suas empresas a "empresários" que, por acaso, também têm provavelmente a qualidade de membros do partido comunista chinês, de onde poderemos ter a nomenclatura chinesa a caminho de substituir a cleptocracia angolana.

Idiotas úteis

Uma referência especial ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação e à maioria dos jornais e dos jornalistas portugueses que se têm empenhado em expor os podres da Princesa, da família Dos Santos e daquela parte da cleptocracia que foi expulsa do poder, com grande júbilo do resto da cleptocracia que continua no poder, alimentando com zelo os crocodilos dos mídia na esperança de os manter afastados de si próprios.

Ministério à medida, disse ela

Quatro coisas que na Óropa pareceriam virtualmente impossíveis (1) ter um ministério da Coesão num país que é coeso há séculos; (2) ter uma ministra que confessa com grande à vontade que «o ministério foi feito um bocadinho à minha medida»; (3) ter um jornal que se confunde com o regime a dedicar-lhe no mesmo número três páginas formato broadsheet, duas para a entrevista e uma para anunciar 140 milhões que vão chover nas empresas do interior e (4) esse jornal intitular-se semanário de referência.

A família socialista (ibérica) tem imenso jeito para o negócio (e não é de agora)

«Uma sociedade do ex-ministro socialista António Vitorino é apontada pela justiça espanhola num esquema de corrupção e branqueamento de capitais que envolve o antigo embaixador de Espanha em Lisboa, Raul Morodo, amigo de Mário Soares e compadre de Dias Loureiro» (Sábado)

O estado do Estado Sucial administrado pelos socialistas

Um Estado Sucial é um Estado em que o governo socialista reabre 21 tribunais encerrados pelo governo anterior "neoliberal" e passados nove meses esses tribunais realizaram em média menos de um julgamento por mês.

Um Estado Sucial é também aquele em que os polícias dizem que têm de comprar equipamento e o ministro, amigo íntimo do primeiro-ministro socialista, explica que «compram porque querem e não têm nenhuma necessidade de o fazer». Num Estado Sucial em que as polícias têm 36% mais efectivos do que as polícias na média dos países europeus e o respectivo ministro ainda se propõe contratar mais 10 mil, é bem possível que os pobres polícias ocupem o tempo a tratar de novos equipamentos. Pode ser essa a razão de não compreenderam a sorte que têm e se porem a vaiar quem com eles tanto se preocupa.

E o que dizer de um líder de uma central sindical socialista que se queixa do primeiro-ministro de um governo socialista nunca se ter reunido com ele por, explica, ter apoiado o outro candidato à liderança de um partido socialista?

Será preciso dizer que um Estado Sucial administrado pelos socialistas precisa de indicadores socialistas ajeitados para confirmar a doutrina socialista? Deve ter sido o que fez o IAVE, a entidade que preparou o PISA 2018 em Portugal e que, como mostra Alexandre Homem Cristo neste seu artigo, ajeitou a amostra dos alunos do ensino privado para concluir que os desempenhos médios desses alunos desceram imenso ficando ao nível do ensino público. Quod erat demonstrandum,

O ministério da Verdade

Se há uma secretária de Estado que não poderia faltar no governo socialista do Estado Sucial com um extenso elenco de 19 ministérios e dezenas de secretarias de Estado é a Secretaria de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, encabeçada pelo Dr. Nuno Artur Silva, outro amigo do Dr. Costa, que em boa hora vai lançar uma «campanha de sensibilização que visa a informação séria».

O Estado Sucial como máquina de extorsão

É claro que um Estado Sucial assim não fica barato. E, por isso, só gente distraída como os técnicos da Unidade de Apoio Técnico Orçamental se surpreendem por terem concluído que o conceito de carga fiscal do Dr. Centeno é diferente do conceito do INE e da Comissão Europeia de onde, com este conceito de gente que ainda não foi iluminada pelo Ronaldo das Finanças, a carga fiscal já não é de 35,0%, nem mesmo de 35,3% mas de 35,4%. Gente distraída e gente maledicente que acusa o Dr. Centeno de tornar o orçamento opaco para esconder os aumentos da carga fiscal.

As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu

Será supérfluo escrevê-lo mas, pelo sim, pelo não, sempre recordo que, não sendo o Estado Sucial barato, precisa de dinheiro emprestado, muito. E assim o endividamento total da economia voltou a aumentar em Novembro para 725 mil milhões, com o sector privado a reduzir a dívida e o sector público a aumentá-la em 7 mil milhões.

Jornal Eco

E assim continuamos no pódio da dívida pública, num honroso terceiro lugar apenas ultrapassados pela Grécia e Itália.

«Aeroporto na margem Sul? Jamais! Jamais!»

Como que a dar razão ao Dr. Mário Lino que disse premonitoriamente há 12 anos «Aeroporto na margem Sul? Jamais! Jamais!», o projecto do aeroporto do Montijo arrisca-se a nunca sair do papel o que talvez não seja um problema considerando que desde há décadas o esgotamento da Portela é anunciado regularmente.

Enquanto isso, o Dr. Pedro Nunes Santos, sucessor do Dr. Mário Lino e candidato a sucessor do Dr. Costa, vai anunciando um aeroporto em Monte Real. São anúncios que têm a vantagem serem mais baratos do que os 1.747 milhões de euros do aeroporto do Montijo - acrescidos do multiplicador de derrapagem - que têm potencial para estragar as contas do Dr. Centeno.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como regra as Segundas-Feiras, por estas bandas, são um dia em cheio.
Excelente post. Escrito para 'nerds'.
Abraço