À míngua de reformas à séria, o governo do engenheiro Sócrates tem-nos vindo a aliviar o bolso de documentos. Primeiro foi a identificação do chaço e agora vai ser a identificação do sujeito passivo. Não fiquei desvanecido, mas confesso-me ligeiramente agradecido pelo alívio da cartonada.
Depois de um estóico esforço na área dos cartões, reconhecidamente a reforma de maior fôlego até agora (parcialmente) realizada, o governo, exausto, voltou aos velhos vícios que contaminam a alma de qualquer socialista que se preze e anunciou a criação da Caderneta de Competências profissionais.
A nova criatura visa «consolidar o dispositivo de Reconhecimento, Certificação e Validação de Competências, de forma a assegurar a adequação da oferta formativa às necessidades das pessoas, a valorizar as aprendizagens por via da experiência e procurando o crescente envolvimento das empresas na qualificação dos seus trabalhadores». Pelo caminho, o governo ainda «pretende reformar o actual Sistema Nacional de Certificação Profissional, criando o Sistema Nacional de Qualificações (SNQ) e o Sistema de Regulação de Acesso a Profissões.» (Público)
Que uma modesta caderneta consiga assegurar a adequação da oferta formativa às necessidades das pessoas parece-me bastante fazível. Que a caderneta consiga assegurar a adequação da oferta formativa às necessidades do mercado isso já entraria na classe dos milagres.
PS: Quereis uma prova da minha tolerância em relação ao governo do senhor engenheiro? Reparai que consegui escrever «tem-nos vindo a aliviar o bolso» sem falar do aumento do IVA e de outros impostos que solenemente o senhor engenheiro jurou não aumentar.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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