Enquanto os portugueses incréus, sem auto-estima, jeremíacos, se queixam, o senhor primeiro ministro, se ainda não transforma água em vinho, nem por enquanto faz sair rosas do regaço (dêem-lhe tempo), já faz reformas silenciosas de que brotam milagres do mesmo calibre.
Dizem os detractores do senhor engenheiro Sócrates que o Simplex é só fogo de vista, que do PRACE não saiu nada, nem mesmo no Diário da República os decretos com as leis orgânicas que hão-de transformar a vaca marsupial pública numa graciosa e ágil chita. Dizem, mas estão enganados.
Longe da multidão e dos focos dos mídia, enquanto os detractores detraem, o governo fabrica em silêncio a reforma da administração pública. Quebrando por uma vez a sua conhecida contenção e modéstia na apresentação dos resultados da governação, o senhor engenheiro revelou, lá longe no Faial, o milagre. Citando as palavras contidas, mas espessas, do iGov Central:
O primeiro-ministro José Sócrates mostrou-se orgulhoso pela Administração Pública portuguesa. ... O responsável máximo do governo português defendeu que «os portugueses têm de perceber que têm uma Administração Pública competente», que revelou ser «moderna, exigente e ambiciosa» no processo de criação do novo documento.Trinta e dois anos e vinte e tantos governos depois da queda do fassismo, o senhor engenheiro, qual alquimista que transforma chumbo em ouro, faz o milagre do cartão, e transforma o monstro paquidérmico numa coisa competente, moderna, exigente e ambiciosa. É obra.
Um afonso pela ousadia (levaria cinco se não tivesse a boa imprensa que tem), dois bourbons por continuar igual a si próprio e três chateaubriands por dar mostras de acreditar em parte do que diz.
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