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27/12/2005

DIÁRIO DE BORDO: o misterioso professor Cavaco Silva

Misterioso, mas não para o Impertinências que esteve num ano lectivo, antes do doutoramento em York do doutor Cavaco, 2 horas por semana, a ver o rigor mortis da sua expressão corporal, facial e mental. O seu pensamento económico e político é o fruto do casamento dos planos de fomento com a doutrina dominante na época - o social-colectivismo nas suas diferentes encarnações, das quais o professor preferiu a social-democrata. Trata-se de uma pessoa séria, responsável, competente, trabalhadora e que, presumo, raramente mente (a não ser quando tem a boca cheia com bolo-rei), porque faz uma gestão cuidada dos seus silêncios. Vou votar nele por razões de que não me orgulho.

Como é possível que uma pessoa tão previsível seja misteriosa para os sociais-colectivistas de direita e de esquerda, que o vêem como um perigoso liberal, e para alguns liberais, que sonham ser ele um dos seus, ainda que social-travestido para não assustar o eleitorado?

Exagero? Talvez não. O que proporia um liberal para garantir a desejável permanência a longo prazo das empresas estrangeiras a operar em Portugal? Reduzir os impostos? Criar incentivos financeiros? Simplificar a burocracia? Lubrificar o funcionamento dos tribunais? Melhorar as infra-estruturas vitais para o investimento estrangeiro? Flexibilizar as leis laborais? Melhorar a qualidade e incentivar o ensino técnico-profissional?

Podemos discutir horas sobre qual o mix de medidas mais adequado, mas certamento nenhuma criatura, mesmo só ligeiramente contaminada pelo pensamento liberal, se lembraria de propor a «criação de uma secretaria de Estado para acompanhar a vida das empresas estrangeiras a actuar em Portugal».

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