Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

11/04/2025

Pior do que aumentar discricionariamente os direitos de importação é induzir imprevisibilidade no sistema

Fonte
 Na lógica trumpiana o aumento das "tarifas" (*) iria ter três "belos" efeitos para Make America Great Again. Reduzir o desequilíbrio da balança comercial americana, equilibrar as contas públicas com o aumento da receita fiscal e pôr em prática uma estratégia de substituição das importações proposta pela Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) que os governos esquerdistas da América Latina adoptaram nas décadas de 60 e 70 do século passado, com o sucesso conhecido. Tudo isto com o propósito de trazer de novo para os EUA os empregos que tinha voado para a China, o México, etc. 

Esquecendo os efeitos inflacionários e que quem paga as "tarifas" são os consumidores americanos, esquecendo os efeitos da falta de concorrência na produtividade e na eficiência das empresas americanas, esquecendo os efeitos nas exportações americanas das retaliações da China, da UE, do Canadá, do México, etc. e esquecendo várias outras coisas talvez mais importantes, pergunto quem é que num contexto político, social e económico em que tudo pode mudar da manhã para a tarde vai investir na indústria americana para criar novos empregos? 

VIX (CBOE Volatility Index da Chicago Board Options Exchange) 

Antes de responder convém olhar para o índice VIX que traduz a expectativa de volatilidade dos investidores e que atingiu valores só ultrapassados nos últimos 20 anos pela crise do subprime e pela pandemia.

 U.S. Treasury Bond Futures

E, já agora, convém também olhar para os futuros da dívida americana.

(*) O jornalismo de causas amador e ignorante parece ter adoptado "tarifas" para traduzir "tariffs" (sinónimo import levy), termo que faz sentido em inglês e que traduzido em português por tarifas" é um perfeito disparate.
_______________
Já depois de ter escrito este post, li o artigo de Ricardo Reis «As tarifas de Trump são ainda piores do que pensa», cuja meridiana clareza recomenda a leitura. 

1 comentário:

Afonso de Portugal disse...

O que o (Im)Pertinente escreveu sobre o VIX não é verdade. O (Im)Pertinente parece ter usado um gráfico da Yahoo Finance que apenas inclui os "preços" de fecho, omitindo os extremos verificados no período em causa.

Ora, quando se olha para um gráfico com os extremos incluídos, como por exemplo aquele cujo link deixo abaixo, verifica-se rapidamente que o VIX atingiu o valor de 65,73 no início de Agosto do ano passado (2024), acima dos 60,13 pontos observados na semana passada:

https://stockcharts.com/freecharts/gallery.html?$VIX

Portanto, não, cavalheiro, este não é o maior salto do VIX desde a pandemia. Pelo menos, por enquanto.