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17/04/2025

Dúvidas (350) - Europa é diferente dos EU? E qual é o problema? (II)

Continuação de (I)

«O problema da Europa é que não tem um apego absolutista à liberdade de expressão. Veja-se como os juízes na Romênia e na França descarrilaram as carreiras de políticos de extrema direita, que se convenceram (com poucas evidências) de que foi sua ideologia, e não sua violação da lei, que os colocou em apuros. No entanto, para muitos europeus, a ideia de que a liberdade de expressão está ameaçada parece estranha. Os europeus podem dizer quase tudo o que quiserem, tanto na teoria como na prática. As universidades europeias nunca se tornaram focos de policiamento da expressão por uma raça de guerreiros culturais ou de outra. Pode expressar-se uma opinião controversa em qualquer campus europeu (fora da Hungria, pelo menos) sem medo de perder seu mandato ou sua bolsa. Nenhum centro de detenção aguarda estudantes estrangeiros que têm opiniões erradas sobre Gaza; as agências de notícias não são processadas por entrevistar políticos da oposição. Os escritórios de advocacia não são obrigados a curvar-se aos presidentes como penitência por terem trabalhado para os seus inimigos políticos.»

O que acontece com a Europa é que está a enfrentar uma crise demográfica. Está evitando um declínio acentuado na população apenas reforçando sua força de trabalho com imigrantes, alguns dos quais se integraram mal. Essa imigração mostra o apelo do modo de vida europeu; para aqueles que vêm em busca de refúgio da guerra, mostra a generosidade dos europeus (às vezes equivocada). E embora os europeus ocasionalmente façam uma demonstração de repressão aos migrantes ilegais, eles geralmente dependem dos legais para colher suas colheitas.

O problema da Europa é que sua economia está permanentemente presa no marasmo, um pesadelo global. E não é de admirar. Os europeus aproveitam o mês de Agosto, reformam-se no auge e passam mais tempo a comer e a socializar com as suas famílias do que os habitantes de qualquer outra região. Estranhamente, as pesquisas mostram que as pessoas em países ricos e pobres valorizam esse tempo de lazer; de alguma forma, os europeus conseguiram obter dos seus empregadores para que lhes dessem uma fatia maior. Mesmo quando estavam diminuindo o PIB perdendo tempo brincando com seus filhos, os habitantes da Europa também conseguiram manter a desigualdade relativamente baixa enquanto ela aumentava em outros lugares nos últimos 20 anos. Ninguém na Europa ficou a semana passada a olhar para sua carteira de ações, receando se ainda poderia mandar seus filhos para a universidade. Os europeus não têm ideia do que é "falência médica". Ah, e nenhum líder da UE jamais lançou sua própria criptomoeda.

O problema da Europa é que é ingénua, o único bloco comercial global apegado a normas morais. Insiste em cumprir os decretos da Organização Mundial do Comércio, digamos, ou fazer sua parte para reduzir as emissões de carbono. Não é um lugar que exige que aliados venham rastejando até ele implorando por "favores" nos direitos aduaneiros.

O problema da Europa é que é como um museu ao ar livre, o continente de ontem. Seu modelo é mesmo sustentável? Uma boa pergunta - uma que pressupõe que vale a pena defender o modelo europeu. É um lugar abençoado com cidades onde se pode caminhar, longa esperança de vida e crianças vacinadas que não precisam ser treinadas para se esquivar de atiradores nas escolas. O reino de Carlos Magno é um lugar de muitas falhas, muitas delas duradouras. Mas, à sua maneira, os europeus criaram um lugar onde lhes são garantidos os direitos ao que os outros anseiam: vida, liberdade e procura da felicidade.»

Excerto de The thing about Europe: it’s the actual land of the free now

6 comentários:

Afonso de Portugal disse...

«Veja-se como os juízes na Roménia e na França descarrilaram as carreiras de políticos de extrema direita, que se convenceram (com poucas evidências) de que foi sua ideologia, e não sua violação da lei, que os colocou em apuros.»

Pois claro. Porque é perfeitamente normal impedir uma candidata de concorrer a eleições por um “crime” que não resultou em nenhum benefício pessoal e que muitos outros eurodeputados cometeram. Claro que sim!


«No entanto, para muitos europeus, a ideia de que a liberdade de expressão está ameaçada parece estranha.»

“Muitos europeus”??? Quantos, exactamente? O cretino que escreveu isto fez alguma sondagem? É que eu apostaria que a esmagadora maioria dos europeus não concorda com ele!


«Os europeus podem dizer quase tudo o que quiserem, tanto na teoria como na prática.»

Completamente FALSO! Aliás, como descobriu o Sr. Adam Smith-Connor, preso apenas por rezar nas imediações de uma “clínica” de aborto em Bournemouth, os europeus já nem precisam de abrir a boca para serem presos!

E o que dizer deste pai inglês, preso por fazer comentários acerca da escola da sua filha no Whatsapp?

https://www.youtube.com/watch?v=3Zfz5rjjifM

Ou destes agentes da polícia alemães, que se congratulam por prender os seus cidadãos apens por comentários deixados nas redes sociais?

https://www.youtube.com/watch?v=-bMzFDpfDwc

Um grandessíssimo ALDRABÃO, é o que esse “economist” é!


«As universidades europeias nunca se tornaram focos de policiamento da expressão por uma raça de guerreiros culturais ou de outra.»

A criatura que escreveu isto nunca deve ter ouvido falar do “nosso” Boaventura Sousa Santos, nem de todos os seus camaradas neomarxistas patológicos que infectam as universidades europeias.


«Pode expressar-se uma opinião controversa em qualquer campus europeu (fora da Hungria, pelo menos) sem medo de perder seu mandato ou sua bolsa.»

Mentira! Que o diga o Prof. Pedro Cosme Vieira, expulso da Faculdade de Economia da Universidade do Porto “por ter proferido comentários sexistas, racistas e xenófobos nas suas aulas.” Das duas uma: ou o “economist” que escreveu isto é profundamente ignorante ou, talvez mais provável, é um sonso de primeira categoria!


«Nenhum centro de detenção aguarda estudantes estrangeiros que têm opiniões erradas sobre Gaza»

Não é por “ter opiniões erradas sobre Gaza”, mas sim por ter apelado abertamente à violência contra os judeus no campus que frequentava. E duvido muito que o “economist” não saiba disso!


«as agências de notícias não são processadas por entrevistar políticos da oposição.»

Pois não, mas isso é porque, regra geral, as agências de notícias europeias só entrevistam os políticos alinhados com o poder vigente.

Afonso de Portugal disse...

«Os escritórios de advocacia não são obrigados a curvar-se aos presidentes como penitência por terem trabalhado para os seus inimigos políticos.»

Tretas. Nenhum advogado ou firma de advogados europeus arranja trabalho à custa de um governo cujos membros antagonizou no passado. Querer atribuir à Administração Trump a exclusividade deste comportamento é pura e simplesmente ridículo! Faz parte do jogo político, para o melhor e para o pior.


«O que acontece com a Europa é que está a enfrentar uma crise demográfica.»

Uma “crise” concebida de propósito. Os governantes europeus tiveram pelo menos duas gerações para acautelar a quebra generalizada da natalidade, mas preferiram “resolver” a coisa à custa da importação maciça de gente do terceiro mundo. Isto não é uma “crise”, isto é um CRIME!


«alguns dos quais se integraram mal.»

“Alguns”? “Alguns”????? Ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah!


«Essa imigração mostra o apelo do modo de vida europeu»

Errado. Essa imigração apenas mostra o apelo da MAMA europeia, o que é totalmente diferente. Os imigrantes não querem ser europeus, eles só querem é usufruir dos benefícios de “serem” europeus, em particular abusar do estado social generoso!


«Ninguém na Europa ficou a semana passada a olhar para sua carteira de ações, receando se ainda poderia mandar seus filhos para a universidade.»

Outra falácia. Desde logo, há muitos europeus com acções e fundos americanos nas suas carteiras. Por outro lado, as bolsas europeias também caíram a pique desde que o Presidente Trump anunciou as tarifas. Mas, sobretudo, o facto de haver muitos europeus com a maior parte das suas poupanças em veículos de investimento de baixo risco (depósitos a prazo, títulos de dívida soberana, etc.) resulta das preferências individuais dos investidores europeus, não de uma política consequente dos governantes europeus.


«Os europeus não têm ideia do que é "falência médica".»

Não temos é pouco. Uma coisa é a saúde ser mais barata, outra coisa é ser de qualidade.


«Ah, e nenhum líder da UE jamais lançou sua própria criptomoeda.»

O que apenas denota a iliteracia tecnológica e a falta de sentido de oportunidade dos líderes europeus, mais nada.


«O problema da Europa é que é ingénua, o único bloco comercial global apegado a normas morais.»

Claro que sim, cobrar um imposto de importação de 10% aos automóveis feitos nos EUA quando os EUA só cobravam 2,5% aos automóveis feitos na Europa é uma moralidade do caraças! Para quem eventualmente julgar que os meus números estão errados:

https://eco.sapo.pt/2025/02/07/ue-ja-admite-reduzir-tarifas-sobre-importacoes-de-carros-americanos/

Afonso de Portugal disse...

«ou fazer sua parte para reduzir as emissões de carbono.»

Como se as ecotretas que a “Europa” tem imposto aos seus cidadãos não fossem um negócio obsceno concebido para enriquecer uma escassa minoria pela via do aumento dos custos de energia para a população em geral! Santa sonsidade!


«Não é um lugar que exige que aliados venham rastejando até ele implorando por "favores" nos direitos aduaneiros.»

“Favores”? A igualdade agora é um “favor”???


«Seu modelo é mesmo sustentável?»

Não, não é sustentável de todo, e o “economist” sabe disso perfeitamente.


«É um lugar abençoado com cidades onde se pode caminhar»

Depende da cidade e depende do bairro. E o “economist” quer mesmo convencer-nos que nos EUA não se pode caminhar? Então e os milhões de vídeos nas redes sociais filmados por pessoas a passear nas ruas e parques das cidades norte-americanas, foram todos criados por IA? Isto chega a ser pitoresco, de tão rebuscado que é!


«longa esperança de vida»

Excepto que a esperança média de vida dos EUA supera a de vários países europeus:

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_life_expectancy


«crianças vacinadas que não precisam ser treinadas para se esquivar de atiradores nas escolas.»

Só acabam por ser mortalmente esfaqueadas por imigrantes muçulmanos à porta da escola ou até do infantário. Isto quando não são rebentadas em mil pedacinhos pelas bombas dos adeptos do credo da mafoma, como aconteceu há uns anos no Reino Unido durante um concerto da Ariana Grande.


«Mas, à sua maneira, os europeus criaram um lugar onde lhes são garantidos os direitos ao que os outros anseiam: vida, liberdade e procura da felicidade.»

Excepto que não é verdade. Os europeus não estão mais vivos do que os norte-americanos, muito menos mais livres. E apesar de haver muitos países europeus no top 10 do ranking da felicidade, há vários outros bem abaixo dos EUA no mesmo ranking:

https://en.wikipedia.org/wiki/World_Happiness_Report

Afonso de Portugal disse...

Resumindo e concluindo: este artigo da “economist” é, mais uma vez, uma peça de propaganda política sonsa e descarada. O(s) autor(es) usam um conjunto de pressupostos falsos e de generalizações abusivas como verdades universais, para criarem a imagem de uma Europa que, pura e simplesmente, não existe.

Por mais que nos custe – e a mim, pessoalmente, custa imenso! – a terra dos livres continua a ser os EUA. São a única nação do mundo que tem a Liberdade de Expressão consagrada na Primeira Emenda, e também a Segunda Emenda, porque “não há Primeira sem a Segunda”.

De resto, qualquer pessoa que insista que um povo cujo discurso pode ser regulado pelo Estado é livre declara-se imediatamente como inimiga da Liberdade. Mas de uma revistazeca facciosa que vendeu a sua alma ao partido “democrata” há já várias décadas, já não podemos esperar outra coisa.

Anónimo disse...

Maior prazer ( e concordância ...) na leitura dos comentários do que na do enviesado artigo (em "brasileirês"...) da "Economist" ...

Afonso de Portugal disse...

Muito obrigado, caro Anónimo. 👍

Duvido muito que o (Im)Pertinente leia os meus comentários, mas os meus comentários também não são para ele! 😉