«Dir-se-á: mas se o PCP e o Bloco diminuíram a intensidade dos protestos, porque é que a direita não ocupou o seu lugar? A resposta é simples: porque não o sabe fazer, nem tem estruturas para isso. Existe uma rotina de protesto que foi constituída e alimentada durante 40 anos de democracia. Os sindicatos têm milhares de funcionários cujo trabalho não é outro senão esse, e os meios de comunicação social têm formas de trabalhar que são sempre iguais: directo à porta do protesto, conversa previamente combinada com o sindicalista de serviço, números de adesão estratosféricos, jornalistas a debitar a cassete do trabalhador oprimido, discussão do tema nos canais por cabo à noite, e por aí fora. Esta coreografia está altamente rotinada e não é nada fácil de quebrar. Se a esquerda não dança, a comunicação social fica sem par – e a direita não conhece os passos. Esta foi a grande fragilidade de PSD e CDS nos últimos três anos. Ao mostrarem-se incapazes de ocupar o espaço que PCP e Bloco deixaram ao abandono, a direita ficou não só sem governo, mas também sem oposição.»
Excerto de O monopólio do protesto e a xanaxização do país, João Miguel Tavares no Público
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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2 comentários:
A questão é que não existe (ainda) direita organizada em Portugal.
O que existe são umas alternativas minúsculas do PS.
O PSD, principalmente agora, procura com microscópio as suas diferenças do PS com particular cuidado não vá ofender.
O CDS/PP tem sido um fornecedor de mão-de-obra para o PS não sendo de estranhar se a D. Cristas vier no futuro a juntar-se ao Basílio, ao Freitas e companhia.
E não existe direita(ignoremos a pseudo-direita no parlamento) porquê?Vejamos uma análise bem assertiva aqui https://blasfemias.net/2018/11/30/comunismo-nunca-mais/ (deixando agora de parte o facto de que qualquer partido de direita tradicional que apareça será logo,e em massa,rotulado de "fassista" tal como temos visto ultimamente,pois implica defender as fronteiras e a cultura/identidade/demografia do país)
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