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27/11/2018

CASE STUDY: Transferindo dióxido de carbono dos países desenvolvidos para os subdesenvolvidos

Há uma dezena de anos, os Estados Unidos e a Europa adoptaram os biocombustíveis como estratégia para reduzir as emissões de dióxido de carbono.

Em teoria, a quantidade de carbono libertada pela queima de biocombustível seria compensada pelo carbono previamente capturado pelas plantas e nelas armazenado. Na realidade, em quase todos os lugares do mundo, plantar mais milho ou soja para produzir biocombustível exigiria aumentar as áreas de utilização agrícola e, não havendo terras adequadas disponíveis, seria necessário suprimir a vegetação já existente libertando carbono na atmosfera.

Rapidamente se concluiu que por razões de clima e de solos disponíveis nem os Estados Unidos nem a Europa poderiam produzir biocombustíveis nas quantidades necessárias e a um preço competitivo.

O óleo de palma indonésio, sobretudo do Bornéu, e malaio é mais barato devido ao clima e ao tipo de solo. Para responder à procura crescente, os produtores indonésios cortaram e queimaram áreas gigantescas de florestas libertando enormes quantidades de carbono aprisionado nas árvores e nos solos o que tornou a Indonésia a quarta maior fonte mundial de emissões de dióxido de carbono, mais do que todo o continente europeu.

[Para mais detalhes ver o artigo de Abrahm Lustgarten «Palm Oil Was Supposed to Help Save the Planet. Instead It Unleashed a Catastrophe», publicado no NYT)

Nota: Devido à contaminação da linguagem pelo newspeak politicamente correcto, aos países do chamado Terceiro Mundo começou a chamar-se subdesenvolvidos e mais tarde países em vias de desenvolvimento. Concordo que Terceiro Mundo é uma designação errada por ter uma conotação geográfica, mas acho mais adequado continuar a designar esses países como subdesenvolvidos visto que alguns deles, e alguns dos hoje considerados desenvolvidos, são na verdade países em vias de subdesenvolvimento.

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