- Ó stôra, atão uquéque vomecê vai fazer pela gente que somos pobres?, pergunta a mulher-barril com buço de 2 semanas, enfiada numa bata por cima da camisa de dormir.
- Fazer pedagogia.
- Fazer pedagogia? Que merda é essa ó madame!?, comenta o galã com patilha fina, argola na orelha e cordão d'ouro espreitando na camisa desapertada até ao umbigo.
- Venho explicar que não dou empregos porque não sou o engenheiro Sócrates.
- Ómessa! Pois antes fosse o senhor inginheiro para nos ajudar, a nós que somos pobres, mas não precisamos de emprego (só se for no Estado). Precisamos é de ajudas. Isso sim, empertiga-se um ancião desdentado. Olhá gaja toda finaça a fazer-se de difícil, diz triunfante, soltando um ostensivo escarro anatómico.
- Há uma cultura de direitos e poucos deveres e estas pessoas põem-se muito na posição de assistidas e não na posição de pessoas que têm de contribuir para as suas vidas (falando a boca chiusa para o jornalista ao lado).
- Quéca gaja stá prali a rosnar?, pergunta o adolescente, coçando os túbaros.
- Assiste-se mais a um fenómeno de exclusão do que pobreza e o provérbio chinês, de que é preciso ensinar a pescar, aplica-se muito bem.
- Pescar? Masatão ó stôra, a menina vem práqui pra defender os pobres ou vem mangar connosco? Pescar? A menina vê aqui algum rio a passar na Musgueira?
(diálogo quase imaginário entre a doutora Maria José Nogueira Pinto, candidata do CDS/PP à câmara de Lisboa, e os moradores durante uma visita ao bairro da Musgueira)
Declaração de voto (as if): se eu votasse em Lisboa, Zezinha, terias o meu voto, Zezinha.
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