António Garotinho é um político brasileiro populista, de famílias pobres da baixa fluminense, com pouca educação, evangélico, que veste com gosto duvidoso. Começou a sua carreira política montado na popularidade que ganhou como «radialista» com os seus programas de grande sucesso. Cumpriu dois mandatos como governador do Rio, e está a cumprir um terceiro por interposta pessoa - sua mulher Rosinha que o nomeou seu secretário de estado da segurança. Foi candidato a PR e perdeu contra Lula.
O doutor António Mexia é um sujeito de boas famílias, com um bom ar, que veste com elegância, tem um MBA de grande prestígio (salvo erro do INSEAD), foi presidente da Galp Energia e é o actual ministro das obras públicas, transportes e comunicação.
O que há de comum entre duas pessoas aparentemente tão diferentes? Falam ambos português, claro. Um é filho de portugueses e o outro talvez seja neto ou bisneto.
Com esse património comum partilham ainda outra coisa: a política de hipotecar o futuro à salvação das encrencas do presente.
O primeiro trocou 30 anos de receitas do petróleo do estado do Rio «por entrada de dinheiro fresco agora», torrando a grana para os 10 governadores seguintes. O segundo «para descalçar a bota das Scut ... decidiu "encaixar" já, através de um contrato de securitização, as receitas das portagens a cobrar ... do ano 2035 em diante» (Sérgio Figueiredo no JN)
[Os Garotinhos, Garotinho com Fidel e Mexia (sem Rosinha nem Fidel) - dois países, a mesma luta]
Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do Alentejo
De quem numa bravata
Arrebato um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
...
Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre Trás-os-Montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial
[Fado Tropical, Chico Buarque]
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