Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

05/11/2003

Diário de Bordo: ainda O Meu Pipi. Pipi who?

Alguns amigos que leram o Case Study de ontem sobre o Pipi, perguntaram: afinal quem é esse Pipi? A princípio fiquei chocado. Como é possível alguém não conhecer o Pipi? É certo que esses amigos têm mais que fazer do que vadiar na blogosfera, mas mesmo assim.
Pensando melhor, percebe-se. O erro de perspectiva é meu. É uma espécie de efeito de insularidade - isto não é uma blogosfera é uma bloguilha. A comunidade blogueira, e o Impertinente com ela, vive demasiado ocupada a contemplar o umbigo.
Somos umas quantas almas penadas a escreverem tretas umas para as outras. Contas feitas, haverá uns poucos milhares de blogues PT, diz-se, e, suspeita o Impertinente, umas poucas dezenas de milhares de visitas por dia – a meia dúzia no top conta no total menos de 10 mil visitas/dia, das quais o Pipi tem um terço. Com estes números, é muito provável que a esmagadora maioria dos visitantes provenha deste huis clos, como lhe chama a minha amiga Doutora Ana, que estudou na Sorbonne.
Chegado a este ponto, lembrei-me de já ter feito umas contas parecidas, trinta anos atrás, para chegar à conclusão que todas as manifs de Abril eram feitas pelos mesmos 50 mil galfarros, incluindo o Impertinente, que circulavam de manif em manif, imaginando que eram uma mole imensa e que o país estava com eles.
E qual é o problema? Nenhum. Mas percebe-se agora que aqueles amigos do Impertinente não façam a mínima ideia sobre quem seja o Pipi.

Post scriptum:
Sentem-se no ar os sinais duma pequena tempestade na bloguilha, onde só podem ocorrer pequenas tempestades, à volta do Pipi e do seu livro. A coisa gira à volta de traições que o Pipi terá feito aos grunhus vulgaris seus seguidores por ter publicado o raio do livro. Se havia dúvidas sobre os efeitos que a obra dum grunhus litteratus pode ter sobre o bestunto dos grunhus vulgaris, já não há.
Devia o Pipi publicar a sua escatologia do sexo? Porque não? Porque sim. Porque ao fazê-lo atinge outras audiências onde há esperança de haver menos grunhus vulgaris. E se, como dizia uma luminária qualquer, o meio é tudo, então é de esperar que o som de retorno desta audiência tenha menos grunhidos.
Não merece troco a condenação do Pipi por querer ganhar uns dinheiros com o livrito, como lhe chama a minha fada blogueira. Afinal não está a vender a alma. E se estivesse? Se estivesse não teria falta de companhia.

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