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07/05/2011

CASE STUDY: Here we are, still

Ouvimos durante meses os responsáveis europeus a jurarem que Portugal não precisaria de bailout. Percebe-se, porque se reconhecessem que precisaria, os yields subiriam à estratosfera e os mercados fechar-se-iam irremediavelmente (na verdade já estavam fechados, porque quem comprou a dívida nos últimos meses foram os bancos portugueses, et pour cause).

Também se percebe que Fernando Ulrich fique «chocado quando [vê] alguns jovens, transformados em jornalistas, irem para os jornais falar das vantagens de Portugal reestruturar a dívida». Pudera, em 31-12-2010 o BPI detinha mais de 2,7 mil milhões de OT com mais de 300 milhões de menos valias ainda sem afectarem resultados. Imagine-se um haircut a obrigar a registar perdas de centenas de milhões de euros, equivalentes a vários anos de resultados.

Igualmente se entende que «Poul Thomsen, chefe da missão do FMI, [garanta] que um cenário de reestruturação da dívida nacional está completamente fora de questão». Se não o fizesse estaria a dizer implicitamente aos mercados para deixarem de comprar a dívida do protectorado.

Percebendo-se tudo isso, convirá sobretudo perceber que os mercados, ou os especuladores, se preferirem, são pouco sensíveis às conveniências dos banqueiros e dos técnicos do FMI e são completamente surdos à conversa fiada dos sócrates deste mundo. É ver o que tem acontecido com os yields desde o anúncio do bailout no dia 6 de Abril. É por essas, e por outras, que agora não tenho tempo de explicar, que o (Im)pertinências, sem jovens no staff e muito menos jornalistas, nem mandato dos eleitores para os fazer felizes, prevê há meses que a reestruturação deverá chegar e, se não chegar, devemos preparar-nos para uma longa recessão e continuar por décadas a divergência económica com a UE iniciada há 10 anos.

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