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30/10/2008

CASE STUDY: os mitos da educação pública (2)

[Continuação de (1)]

Os resultados agora divulgados dos exames nacionais do 9.º ano mostram progressos em relação aos anos lectivos anteriores de tal modo notáveis que só seriam possíveis se as preguiçosas meninges do nosso aluno-padrão tivessem sido injectadas por um software mental proveniente da Finlândia ou, mais acessivelmente, do Cáucaso. Não tendo sido aparentemente o caso, como explicar que das 200 escolas que tiveram em 2007 médias positivas no exame nacional de Matemática do 9.º ano se passou para mais de mil escolas em 2008?

Simples, meu caro Watson. Tão simples como conseguir que os nossos atarracados estudantes atinjam as alturas dos espigadotes nórdicos. Basta fazer 1 m = 80 cm e temos os nossos baixotes de 1,5 m a medir quase 1,9 m e a baterem-se de igual para igual. E se, ainda assim, e para continuar nas alturas, ficarem os anões para trás? Decreta-se que todos têm altura suficiente.

É o projecto do Conselho Nacional de Educação que propõe ao governo o fim das reprovações até aos 12 anos (deve ser a primeira fase), porque o «o problema das repetições assume proporções catastróficas para os alunos e para o sistema». Supõe-se que o problema da ileteracia e da inumeracia não chegue sequer a ser um problema.

Eventualmente a porta-voz do CNE, doutora dona Ana Maria Bettencourt e outros membros do CNE não têm nenhum conflito de interesse com estas proposituras porque os seus filhos estudam na Academia de Música de Santa Cecília, ou nos Salesianos, ou no Colégio São João de Brito, ou no Liceu Francês, ou no Colégio Alemão, ou no St. Julian's, ou equivalente. Trata-se apenas de manter na choldra os filhos da choldra, como diria D. Carlos se ainda por cá andasse. O projecto de instrução nacional do Botas de ensinar os filhos da choldra a escrever e contar (bem) deveria ser considerado progressista comparativamente com as ideias do CNE .

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