Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
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03/01/2025

SERVIÇO PÚBLICO: O Espaço é um local inóspito (visionários lunáticos, tomai nota)

«O espaço não é um lugar muito hospitaleiro. Não há ar. Dependendo se você está sob a luz do sol ou não, está muito frio ou muito quente. Existem perigos mais sutis também. Mesmo quando recebem oxigênio e uma temperatura estável de suas espaçonaves, os astronautas parecem adoecer quanto mais tempo passam longe da Terra.

Passar um tempo em órbita, por exemplo, faz com que ossos e músculos, incluindo o coração, se esgotem. Os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) passam várias horas por dia se exercitando na tentativa de combater esse enfraquecimento, com sucesso apenas parcial. Os níveis de radiação além da atmosfera protetora da Terra e do campo magnético são mais altos do que em sua superfície, o que pode aumentar o risco de câncer.

Um relatório publicado em 22 de outubro pela Guy Foundation, uma organização britânica sem fins lucrativos interessada nas ligações entre física e biologia, acrescenta alguns novos riscos potenciais à saúde para os astronautas se preocuparem. O relatório baseia-se em várias vertentes de pesquisas emergentes para argumentar que voos espaciais de longa duração, ou viver em outros planetas, podem ser ainda mais difíceis para os humanos do que se supunha.

A principal preocupação é o dano que as viagens espaciais parecem causar às mitocôndrias, componentes encontrados em quase todas as células que produzem a energia que alimenta o resto da célula. Em 2020, um grupo liderado por Willian da Silveira, da Queens University, em Belfast, e incluindo pesquisadores da NASA, descobriu que o voo espacial causa mudanças dramáticas na forma como as mitocôndrias funcionam. Eles sugeriram que isso poderia explicar muitos problemas de saúde observados em astronautas, desde dificuldades no sistema imunológico até problemas cardiovasculares. O novo relatório sugere que os astronautas enfrentam algo que parece ser um "envelhecimento acelerado" e que isso está associado à interrupção da produção de energia celular.

O relatório apresenta várias causas potenciais para o mau funcionamento das mitocôndrias. Alguns estão bem fundamentados na ciência existente: a radiação pode danificar as células diretamente, por exemplo. Outros são mais especulativos. A queda livre é um vilão em potencial. O relatório apresenta evidências emergentes de que o arrasto da gravidade terrestre pode ser importante para vários processos celulares. Até as luzes da espaçonave são examinadas. Atualmente, eles não reproduzem todo o espectro da luz solar, particularmente a radiação infravermelha. A luz solar é conhecida por governar o ciclo sono-vigília do corpo e também pode afetar outras funções corporais.

Os pesquisadores também observam uma questão emergente na biologia celular: se a influência do campo magnético da Terra pode ser um fator importante para as reações químicas das quais as mitocôndrias dependem para produzir energia. Nem Marte nem a Lua, dois lugares possíveis para o estabelecimento de colônias espaciais, possuem um campo magnético como o da Terra.»

[Excerto da tradução automática de Space may be worse for humans than thought]

02/01/2025

As políticas climáticas também estão sujeitas às leis de Merton

A International Maritime Organisation (IMO) alterou recentemente as regras quanto ao enxofre nos combustíveis dos navios, enxofre que no processo de combustão é transformado em partículas de sulfato que saem pelas chaminés e são altamente nocivas para a saúde. Com a redução dessas emissões, os cientistas climáticos tentaram perceber os seus efeitos nas temperaturas ambientais uma vez que essas partículas contribuem para a formação de nuvens e tornam mais brancas as já existentes que reflectem a luz solar contribuindo para arrefecer a superfície do mar. Com as novas regras estima-se que o oceano esteja a recebe mais 1,2 watts por metro quadrado.

Contudo, os cálculo feitos mostram que o aquecimento do oceano devido ao aumento das partículas de sulfato pelas novas regras da IMO não é suficiente para explicar a redução da formação de nuvens e o seu escurecimento. É preciso adicionar mais uma medida ambiental para explicar este fenómeno: o fecho maciço das centrais chinesas a carvão e os filtros nas que continuam a operar. (fonte)

Devemos então abandonar as medidas relacionadas com a emissão de partículas nocivas? Não, de todo. Seria um enorme disparate se o fizéssemos e uma degradação da saúde pública. Devemos é deixar de olhar para o clima com o pensamento milagroso e as receitas malucas do áctivismo ambiental e tentar perceber a complexidade dos sistemas ambientais e a sua interacção com vida moderna adoptando políticas climáticas realistas que preservem a economia e a qualidade de vida em vez de empobrecermos todos e provavelmente ficarmos com um ambiente pior.

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Para quem não saiba, Robert Merton publicou em 1936 um estudo das «consequências imprevistas da ação social intencional» e onde distinguiu três tipos de consequências imprevistas. O aumento das temperaturas resultante da mudança da quantidade e morfologia das nuvens causadas pela redução da emissão de partículas de sulfato enquadra-se no segundo tipo, das desvantagens inesperadas resultantes de decisões das quais se esperava só terem consequências positivas.

01/01/2025

Demasiado de uma coisa boa pode não ser bom (2)

Continuação daqui 


Como o gráfico mostra, um pouco por todo o mundo, as instalações de produção de energia eléctrica de origem solar estão a exceder todas as previsões e nesta altura a capacidade instalada é quase o dobro da projectada para 2030. 

Em relação a Portugal onde as previsões também têm sido superadas, isso não é necessariamente uma coisa boa do ponto de vista económico porque, como aqui já se tinha registado não existindo ainda soluções economicamente viáveis de armazenamento das energias renováveis com capacidade suficiente, uma parte crescente da produção é vendida abaixo do custo porque a política energética tem sido desenhada para sacar fundos europeus, recompensar os lóbis da energia e fazer agitprop ambientalista, em vez de optimizar os recursos existentes, equilibrando a produção de energias convencionais com a intermitência das renováveis.