Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

18/04/2025

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Os defensores das cotas atribuem às mulheres uma baixa cotação

«As sacrossantas cotas, porque “as cotas favorecem as mulheres”. A sério? Quais mulheres? Sim, as cotas favorecem as incompetentes e prejudicam as mais capazes. Mais uma vez, tratam as mulheres como se fossem iguais entre si, apenas diferentes dos homens, velhacos sem emenda que só pensam em achincalhá-las. Na verdade, é precisamente o contrário. Ser contra as cotas é compreender que homens e mulheres têm a mesma aptidão para atingir o mérito. Os homens não são à nascença mais capazes do que as mulheres, portanto, as mulheres não precisam da condescendência dos homens para chegar aos lugares reservados pela esquerda. Nenhum cidadão merece ser castigado por nascer homem. E nenhum cidadão, homem ou mulher, precisa de ser protegido com paternalismo. As cotas são uma forma de infantilização.»

«Dia das Mulheres Extraordinárias», Margarida Bentes Penedo no Observador

17/04/2025

Dúvidas (350) - Europa é diferente dos EU? E qual é o problema? (II)

Continuação de (I)

«O problema da Europa é que não tem um apego absolutista à liberdade de expressão. Veja-se como os juízes na Romênia e na França descarrilaram as carreiras de políticos de extrema direita, que se convenceram (com poucas evidências) de que foi sua ideologia, e não sua violação da lei, que os colocou em apuros. No entanto, para muitos europeus, a ideia de que a liberdade de expressão está ameaçada parece estranha. Os europeus podem dizer quase tudo o que quiserem, tanto na teoria como na prática. As universidades europeias nunca se tornaram focos de policiamento da expressão por uma raça de guerreiros culturais ou de outra. Pode expressar-se uma opinião controversa em qualquer campus europeu (fora da Hungria, pelo menos) sem medo de perder seu mandato ou sua bolsa. Nenhum centro de detenção aguarda estudantes estrangeiros que têm opiniões erradas sobre Gaza; as agências de notícias não são processadas por entrevistar políticos da oposição. Os escritórios de advocacia não são obrigados a curvar-se aos presidentes como penitência por terem trabalhado para os seus inimigos políticos.»

O que acontece com a Europa é que está a enfrentar uma crise demográfica. Está evitando um declínio acentuado na população apenas reforçando sua força de trabalho com imigrantes, alguns dos quais se integraram mal. Essa imigração mostra o apelo do modo de vida europeu; para aqueles que vêm em busca de refúgio da guerra, mostra a generosidade dos europeus (às vezes equivocada). E embora os europeus ocasionalmente façam uma demonstração de repressão aos migrantes ilegais, eles geralmente dependem dos legais para colher suas colheitas.

O problema da Europa é que sua economia está permanentemente presa no marasmo, um pesadelo global. E não é de admirar. Os europeus aproveitam o mês de Agosto, reformam-se no auge e passam mais tempo a comer e a socializar com as suas famílias do que os habitantes de qualquer outra região. Estranhamente, as pesquisas mostram que as pessoas em países ricos e pobres valorizam esse tempo de lazer; de alguma forma, os europeus conseguiram obter dos seus empregadores para que lhes dessem uma fatia maior. Mesmo quando estavam diminuindo o PIB perdendo tempo brincando com seus filhos, os habitantes da Europa também conseguiram manter a desigualdade relativamente baixa enquanto ela aumentava em outros lugares nos últimos 20 anos. Ninguém na Europa ficou a semana passada a olhar para sua carteira de ações, receando se ainda poderia mandar seus filhos para a universidade. Os europeus não têm ideia do que é "falência médica". Ah, e nenhum líder da UE jamais lançou sua própria criptomoeda.

O problema da Europa é que é ingénua, o único bloco comercial global apegado a normas morais. Insiste em cumprir os decretos da Organização Mundial do Comércio, digamos, ou fazer sua parte para reduzir as emissões de carbono. Não é um lugar que exige que aliados venham rastejando até ele implorando por "favores" nos direitos aduaneiros.

O problema da Europa é que é como um museu ao ar livre, o continente de ontem. Seu modelo é mesmo sustentável? Uma boa pergunta - uma que pressupõe que vale a pena defender o modelo europeu. É um lugar abençoado com cidades onde se pode caminhar, longa esperança de vida e crianças vacinadas que não precisam ser treinadas para se esquivar de atiradores nas escolas. O reino de Carlos Magno é um lugar de muitas falhas, muitas delas duradouras. Mas, à sua maneira, os europeus criaram um lugar onde lhes são garantidos os direitos ao que os outros anseiam: vida, liberdade e procura da felicidade.»

Excerto de The thing about Europe: it’s the actual land of the free now

16/04/2025

Dúvidas (349) - Europa é diferente dos EU? E qual é o problema? (I)

«O problema da Europa é ser excessivamente regulamentada. Imensa burocracia e impostos punitivos significam que não há empreendimentos empresariais de triliões de dólares na França ou na Alemanha que se igualem à Amazon, Google ou Tesla. Mas isso não é tudo que falta à Europa. Também ausentes do continente estão os broligarcas que se sentam em cima desses gigantes, alguns dos quais controlam melhor o poder do que a realidade. Portanto, não há Rasputins europeus injetando incontáveis milhões em campanhas políticas, obtendo um lugar de destaque nas posses dos líderes ou em seus próprios departamentos governamentais recém-criados para administrar. Infelizmente, existem poucos unicórnios na Europa e muito pouca inovação. Dito isso, não há absolutamente nenhum executivo de tecnologia gabando-se nas redes sociais de passar seus fins de semana alimentando pedaços do estado no "triturador de madeira".

O problema da Europa é que é indecisa, lenta demais para agir. Toda crise requer várias cimeiras dos líderes nacionais da União Europeia, muitas vezes discutindo até tarde da noite. Os processos enfadonhos de governo por consenso podem atrasar a UE: foram necessários quatro dias e quatro noites de negociação para chegar a um acordo sobre o último orçamento de sete anos do bloco, em 2020. Por outro lado, o aparelho de estado europeu não fecha arbitrariamente a cada poucos anos quando não é alcançado o acordo político sobre o financiamento, deixando milhões de funcionários públicos em licença e serviços básicos indisponíveis por dias ou semanas. A regra de consenso também significa que os tweets petulantes de um político equivocado - tarifas de 125% sobre a China - não fazem os mercados de globais de acções ficarem de pernas para o ar. O topo da UE não é eleito e, às vezes, não presta contas. Ainda assim, eles não ousariam ser fotografados jogando uma partida de golfe depois de terem encolhido as poupanças de milhões de seus compatriotas.

O problema da Europa é que ela se aproveita da defesa, não gastando o suficiente nas forças armadas para se defender sozinha das ameaças. Isso continuará a ser verdade por muito tempo, mesmo que os orçamentos de defesa sejam aumentados na maior parte do continente. Mas também reflete uma compreensão diferente do que significa "defesa". Por um lado, ninguém na Europa - fora da Rússia, pelo menos - está sugerindo que invadirá outros países. Não há piadas em Bruxelas sobre transformar um vizinho relutante no "nosso 28.º estado" (pelo contrário, muitos dos vizinhos da UE estão desesperados para se juntar ao clube). Os vice-presidentes europeus também não voam sem serem convidados para lugares que procuram anexar, sob o pretexto de que seu cônjuge quer assistir a uma corrida de trenós. A Europa pode ter economizado na recolha de informações, mas os seus vários líderes conhecem a identidade do agressor que iniciou os combates na Ucrânia (dica: não é a Ucrânia). Muitos deles anteciparam as armadilhas de invadir o Iraque há algum tempo.»

Excerto de The thing about Europe: it’s the actual land of the free now

(Continua)

15/04/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (56)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Eu diria mesmo mais, «as propostas do secretário-geral do PS são uma mistura de Marx com Pai Natal»

A fórmula de Rui Moreira em entrevista ao jornal Sol para caracterizar o programa eleitoral do PS parece muita adequada à falta de reformas e medidas estruturais e ao cabaz com IVA zero, ao "pé-de-meia" para os jovens e a redução da semana de trabalho previstos no programa eleitoral do PS.

A demagogia das políticas de imigração da extrema-direita são filhas da políticas socialistas

Segundo a AIMA, em 2017 viviam em Portugal cerca de 420 mil estrangeiros, um número que em 8 anos se multiplicou quatro vezes para cerca de 1,6 milhões, a cavalo das “manifestações de interesse” inventadas pelos governos socialistas. Só um milagre permitiria integrar um número desta dimensão. Recordemos que durante o PREC, a chegada em dois anos de um número três vezes inferior de retornados das colónias durante o PREC, portugueses e não estrangeiros, teve impactos sociais e gerou hostilidades.

Há um consenso sobre a governação: o fisco deve ser gerido como se fosse “privado”

O PS e o PSD podem divergir em várias áreas, mas não em relação ao fisco como máquina de extorsão. O instinto de sobrevivência levam-os a tratar o fisco como se fosse uma empresa privada. Exemplo: vai ser pago aos apparatchiks da Autoridade Tributária o bónus máximo de 5% da cobrança coerciva de impostos de 2023 no total de 65 milhões de euros.

¿Por qué no te callas?

A denúncia das supostas malfeitorias do Dr. Montenegro a que o Dr. Pedro Nuno deu um papel central na campanha eleitoral do PS é dificilmente compatível com a opacidade do seu percurso e com alguns factos conhecidos como viver em Lisboa e declarar morar em São João da Madeira para receber o subsídio, ter circulado num Porsche pago pelo pai, cuja empresa recebeu fundos europeus e beneficiou de adjudicação directa em contratos com o Estado. 

Sendo certo que isto são miudezas quando recordamos que a falência do BES que envolveu o Eng. Sócrates e outros membros do seu governo deixou uma perda superior a 11 mil milhões.

14/04/2025

DIÁRIO DE BORDO: R.I.P.

Mario Vargas Llosa (1936-2025)
«Todas las dictaduras, de derechas y de izquierdas, practican la censura y usan el chantaje, la intimidación o el soborno para controlar el flujo de información. Se puede medir la salud democrática de un país evaluando la diversidad de opiniones, la libertad de expresión y el espíritu crítico de sus diversos medios de comunicación.»

Crónica de um Governo de Passagem (48)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Nas eleições a fingir o Dr. Montenegro continua cada vez menos à frente. Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura

A evolução das sondagens mais recentes parece mostrar que a ligeira vantagem da AD está a minguar e na última sondagem da Intercampus o PS ficaria à frente da AD com 24,4% contra 23%. É difícil não admitir que a persistência da oposição, com a ajuda da maior parte da imprensa a escarafunchar os negócios do Dr. Montenegro, não tenha efeitos nas intenções de votos. Só as palavras “negócio” e “empresa” causam urticária num bom número de eleitores.

Se o Dr. Montenegro não perder as eleições não será por culpa do Expresso

No escarafunchar dos negócios do Dr. Montenegro há um especial destaque para o semanário de reverência que, mais uma vez, pelo pena do Grande Repórter Dr. Micael Pereira, dedica duas páginas do seu caderno principal para nos informar do resultado da sua investigação (que consistiu em consultar as contas anuais públicas do PSD depositadas na ECFP).

Nessas duas páginas o Grande Repórter elabora sobre as relações entre a família proprietária da gasolineira de Braga, por um lado, e, por outro, o Dr. Montenegro, a Spinumviva e o PSD, a quem a família doou em 8 (oito) anos a fabulosa quantia de € 30.500 (trinta mil e quinhentos euros). É certo que tal quantia está ainda longe dos mais de USD 200 milhões que o Dr. Musk doou à campanha do Dr. Trump, como também é certo que os € 30.500 da família Barros Rodrigues, ainda que tivessem sido pagos de um só vez, não lhe dariam direito a figurar a lista do Dr. Trump, mas é ainda certo que o Portugal dos Pequeninos é muito pequenino - apesar de ter um semanário com grandes repórteres - e os EUA, que já eram grandes, ficarão ainda maiores graças ao Dr. Trump.

Falta sempre qualquer coisa

Durante várias décadas, salvo em anos excepcionais, a taxa de poupança das famílias foi metade da média da UE, o que inevitavelmente reduziu a taxa de investimento também para cerca de metade (ver por exemplo este post).

Fonte

A cartola do Dr. Montenegro é quase tão grande como a do Dr. Costa. Reembalando pacotes

Entretanto, o governo anuncia um pacote de 10 mil milhões para “responder a Trump” (titula o semanário de reverência, agora em serviço para outro cliente). E em que consiste o este pacote? Consiste no Programa Reforçar «para mitigar o impacto das tarifas de Donald Trump na economia e empresas nacionais» programa que, milagre dos milagres, «praticamente não tem impacto orçamental» garante o Dr. Miranda Sarmento. E a que se deve o milagre? Deve-se a ser apenas um arranjo de programas e medidas já existentes que não envolvem «praticamente» despesa adicional.

De modo que temos de ter fé e esperar que do aumento do salário mínimo, aproximando-se mais do salário médio e comprometendo a viabilidade da multidão de pequenas empresas em que assenta a economia, e de uma nova redução do IRS que o programa da AD prevê, resulte um incentivo à poupança e os empresários resolvam pedir crédito aos bancos para o investimento produtivo e os bancos se disponham a concedê-lo, saindo do business as usual do crédito para consumo e compra de habitação.

Quem não parece ter fé é o Conselho das Finanças Públicas que prevê que este ano não haverá superavit e no próximo ano voltaremos aos défices orçamentais.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Queixou-se o Dr. Álvaro Almeida, nomeado há 2 meses director executivo do SNS, que «são precisos 19 especialistas para assegurar uma urgência e os hospitais têm entre 8 a 11». Achei (o “achismo” é uma metodologia a que é difícil escapar) que 19 especialistas era um bocadinho exagerado.

Resumindo-se a minha ciência em matéria de gestão hospitalar a ser vítima rara dos hospitais, achei que faria sentido perguntar ao ChatGPT o que ele acharia. E o ChatGPT achou que 12 seriam suficientes, já incluindo especialidades esotéricas como psiquiatras e especialistas em doenças contagiosas. Em conclusão, ou bem o recém nomeado director executivo está um bocadinho fora do contexto ou está a coleccionar desculpas a priori, sendo que nenhuma das possibilidade será uma razão para confiar no SNS, como nos prometeu o Dr. Montenegro.

13/04/2025

The price of vassalage

Cartoon by Anne Telnaes, Pulitzer Prize-winning, refused to be published by Jeff Bezos' Washington Post / Bloomberg

Warren Buffett, who has the worst opinion of Mr. Trump, Bernard Arnault, who is in another league, Bill Gates and Steve Ballmer cannot be accused of vassalage.

12/04/2025

SERVIÇO PÚBLICO: Num oceano de delírios ideológicos ressabiados uma ilha de racionalidade. Se não leu, deverá ler

«Uns e outros projectam em Donald Trump os seus particulares e entranhados ódios e amores. Uns e outros sublinham aquilo com que concordam e desculpam ou ignoram tudo aquilo que não lhes é palatável. Funcionam basicamente como clubes de fãs, cultos idólatras, ou grupos de ódio. (...)

Pontapear a ideologia woke para fora das instituições, reforçar o apoio a Israel face ao tsunami do antissemitismo, disciplinar a balbúrdia das fronteiras abertas, recuperar o orgulho nacional, acabar com a roda livre de burocracias e intelectuais orgânicos instaladas na manjedoura do orçamento e nas instituições, impor o bom senso nas questões da energia e do clima, etc., são coisas saudáveis, fazem bem à América e ao mundo ocidental, se nos servirem de exemplo.

Dirigir a economia, esfaquear aliados, passear de braço dado com criaturas medonhas como Putin, intimidar os mais fracos e deslizar o estado de direito pelo fio da navalha são, pelo contrário, acções desastrosas para as mesmas entidades. Até porque atrás de tempos, tempos vêm, e quem trata mal aqueles por quem passa ao subir, vai dar-se mal quando voltar a passar por eles ao descer. (...)

A parte positiva disto tudo? Embora não acredite que tenha sido essa a intenção (basta atentar no modo condescendente e até de desprezo com que Donald Trump e a sua entourage se referem a nós, europeus), se o que se está a passar for assumido como um acordar violento a obrigar à acção, ainda poderemos vir a agradecer ao presidente americano este choque de realidade.

Tempos difíceis criam pessoas fortes e estas fazem tempos fáceis.»

A Administração Trump, entre o melhor e o pior, José António Rodrigues do Carmo no Observador

11/04/2025

Pior do que aumentar discricionariamente os direitos de importação é induzir imprevisibilidade no sistema

Fonte
 Na lógica trumpiana o aumento das "tarifas" (*) iria ter três "belos" efeitos para Make America Great Again. Reduzir o desequilíbrio da balança comercial americana, equilibrar as contas públicas com o aumento da receita fiscal e pôr em prática uma estratégia de substituição das importações proposta pela Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) que os governos esquerdistas da América Latina adoptaram nas décadas de 60 e 70 do século passado, com o sucesso conhecido. Tudo isto com o propósito de trazer de novo para os EUA os empregos que tinha voado para a China, o México, etc. 

Esquecendo os efeitos inflacionários e que quem paga as "tarifas" são os consumidores americanos, esquecendo os efeitos da falta de concorrência na produtividade e na eficiência das empresas americanas, esquecendo os efeitos nas exportações americanas das retaliações da China, da UE, do Canadá, do México, etc. e esquecendo várias outras coisas talvez mais importantes, pergunto quem é que num contexto político, social e económico em que tudo pode mudar da manhã para a tarde vai investir na indústria americana para criar novos empregos? 

VIX (CBOE Volatility Index da Chicago Board Options Exchange) 

Antes de responder convém olhar para o índice VIX que traduz a expectativa de volatilidade dos investidores e que atingiu valores só ultrapassados nos últimos 20 anos pela crise do subprime e pela pandemia.

 U.S. Treasury Bond Futures

E, já agora, convém também olhar para os futuros da dívida americana.

(*) O jornalismo de causas amador e ignorante parece ter adoptado "tarifas" para traduzir "tariffs" (sinónimo import levy), termo que faz sentido em inglês e que traduzido em português por tarifas" é um perfeito disparate.
_______________
Já depois de ter escrito este post, li o artigo de Ricardo Reis «As tarifas de Trump são ainda piores do que pensa», cuja meridiana clareza recomenda a leitura. 

10/04/2025

Dúvidas (348) - Não será um poucochinho exagerado? (7) - O surto inovador e inventivo que nos assalta

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5) e (6)

Não falha. O European Patent Office divulga os dados das patentes do ano anterior e os jornais do Portugal dos Pequeninos celebram os feitos dos "inventores" portugueses. Alguns exemplos de títulos bombásticos:
Para um país pouco dado à inovação que parte de uma base muito baixa, o crescimento do número de patentes é inevitavelmente elevado como se pode ver no gráfico seguinte.


Porém, os 347 pedidos de patentes em 2024 colocam-no no 28.º lugar entre os 39 membros da European Patent Organisation, dos quais 12 não são membros da UE. Poderia concluir-se que isso resulta da pequenez do Portugal dos Pequeninos. Poderia, mas não pode.


Quando vemos o gráfico anterior do número de pedidos por milhão de habitantes e constatamos que nos situamos no 28.º lugar com um rácio (33,5) que é um quarto da média da EPO (137,4) somos forçados a aceitar, uma vez mais, que as celebrações da nossa "patriótica" imprensa são muito exageradas.

09/04/2025

BELIEVE IT OR NOT! A Billionaire Talks to Americans Like They're Idiots

«Billionaire investor Bill Ackman walked back his attack on Commerce Secretary Howard Lutnick on Monday in a post on social media, after previously arguing the commerce secretary profits if the economy implodes amid ongoing backlash to President Donald Trump's tariffs. (...)

"I am just frustrated watching what I believe to be a major policy error occur after our country and the president have been making huge economic progress that is now at risk due to the tariffs," Ackman continued. (...)

"This is not what we voted for," Ackman said. »

(Fox Business)

«This is not what we voted for"? Is this talk for idiots? How is it possible that Mr. Ackman and many others with him, wash their hands claiming that they were surprised when perhaps Donaldo's only quality is that he shouted out loud much in advance what he was going to do?

Dúvidas (347) - Terá o MAGA uma vocação global?

Jornal Eco

«A embaixada dos Estados Unidos em Portugal está a realizar uma revisão global padrão dos contratos, que se aplica a todos os fornecedores e beneficiários de subvenções do Governo dos EUA. Este processo inclui um pedido de certificação para garantir o cumprimento das leis norte-americanas anti-discriminação, indicou ao ECO fonte oficial da embaixada.»

Não me recordo da administração Biden ter instruído as embaixadas americanas para compelirem os seus fornecedores locais a adoptar as políticas DEI.

08/04/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (55)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

A Nau Catrineta sem o Dr. Costa ameaça encalhar

O Dr. Pedro Nuno seria como aquela senhora da anedota que tinha muito passado, pouco presente e nenhum futuro, se não fosse o facto de também o seu passado não ser muito. Quanto ao resto está como a senhora. De facto, por um lado é abandonado por costistas, como o Dr. Medina, e por livres-pensadores (ou o que há de mais parecido com isso no PS), como o Dr. Sousa Pinto, por outro a Dr. Alexandra Leitão disfarça cada vez menos as suas ambições e candidata-se a presidente da câmara de Lisboa, ensaiando o caminho bem sucedido para a liderança do Dr. Costa e  o caminho interrompido do Dr. Medina.

Insanidade é pretender continuar a fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes

Ao proporem resolver o problema da habitação com o congelamento das rendas o Berloque de Esquerda e o PCP poderão ter algumas desculpas - o primeiro nunca esteve no governo e o segundo já lá não está desde o PREC. O PS não tem nenhumas desculpas porque experimentou a receita durante oito anos com os resultados conhecidos.

O mesmo PS não precisa de ser sujeito ao teste do algodão e mostra ao que iria se ganhasse as eleições. Propõe-se usar 1.500 milhões do excedente orçamental «não para resultados imprevisíveis» (por exemplo investimento), mas para «decisões fáceis, com resultados imediatos ou diretos», por exemplo IVA zero num cabaz básico, IVA reduzido na electricidade e, inevitavelmente, propõe-se aumentar o salário mínimo.

Um quarto de século de várias modalidades de socialismo só podia dar nisto

mais liberdade

«Não faltam saídas a “um dos maiores ativos da política portuguesa”»

Foi com este título encomiástico e quiçá encomendado que a jornalista, porta-voz e assessora de imprensa do Dr. Marcelo, «faz agora quatro meses (foi) atrás de Mário Centeno até à Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, onde o governador do Banco de Portugal ia dar uma aula aberta» para escrever uma peça com 8 (oito) longas páginas promovendo-o a um lugar à altura que pode ser «cargo internacional ou voltar à política. Há um PS que conta com ele. Se a instabilidade apertar, quem sabe?» Sim, quem sabe se o Dr. Marcelo também não conta com ele para chefiar uma espécie de governo de iniciativa presidencial de “salvação nacional” depois de eleições inconclusivas.

07/04/2025

Crónica de um Governo de Passagem (47)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Nas eleições a fingir o Dr. Montenegro continua à frente. Nas eleições a sério ainda não sabemos

As sondagens apontam todas na mesma direcção. Os títulos é que não, como o do semanário de reverência a pagar as suas dívidas do edifício da sede, que titulou «empate técnico entre AD e PS». A sondagem da Pitagórica dá 6,6% de vantagem à AD sobre o PS, a do CESOP-Católica 4% e a da Consulmark2 5,7%, com o Chega a descer, apesar (ou será por causa?) do cartaz que põe lado a lado o Dr. Montenegro e o Eng. Sócrates para ilustrar os “50 anos de corrupção

Em todas as sondagens o Dr. Montenegro surge como preferido ao Dr. Pedro Nuno para primeiro-ministro, apesar da Spinumviva (ou será por causa? já que o Dr. Pedro Nuno até agora só conseguiu viver do pai e do Estado). Por falar em Spinumviva, o jornalismo de causas depois de andar semanas a apontar o dedo à empresa do Dr. Montenegro, que presta serviços de encarregado de protecção de dados, por não estar registada na Comissão Nacional de Proteção de Dados, ficou a saber que quem tem de fazer o registo é o cliente e não prestador.

O tiro no pé chega um ano depois

O ano passado o governo AD reduziu as retenções de IRS para passar a mão no lombo dos eleitores. Este ano, em plena campanha eleitoral, quando mais precisaria de os afagar, a oposição agita a redução dos reembolsos contando com a ignorância e distracção dos eleitores que não percebem que lhes foi mais favorável pagarem o ano passado menos IRS do que lhes devolverem um ano depois o excesso.

Combater o inimigo no mar com as pensões em terra

Parece ser isso que o novo chefe do Estado-Maior da Armada diz (ou dizem os jornalistas do semanário de reverência que ele disse) que «assume a ambição de adquirir mais meios, como submarinos e fragatas, mas pede atenção à condição militar, defendendo uma reversão do corte nas reformas do tempo da troika. Caso contrário, com novos navios a chegar nos próximos anos, corre o risco de não ter gente para os operar.»

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Agora são os obstetras do Hospital Garcia de Orta que se vão embora. O semanário de reverência diz no título que são sete e depois perde-se nas contas e chegamos ao fim da peça sem saber quantos saem e quantos ficam.

O algodão não engana. O governo do Dr. Montenegro é quase tão socialista como um governo socialista

Nós aqui no (Im)pertinências temos uma certa fixação no teste do algodão que neste caso consiste em verificar se para desenvolver o país e fazer a economia crescer um governo pretende aumentar os rendimentos ou o aumentar o investimento produtivo e/ou reduzir os impostos. Ao puxar pelos salários e diminuir o investimento (que caiu 7,1%) e aumentar a carga fiscal para 35,7% no seu primeiro ano, o governo do Dr. Montenegro passou com distinção o teste. A confirmar o teste, a despesa pública aumentou 7,6%, continuando a obra do Dr. Costa que a havia aumentado 50% entre 2015 e 2023.

É claro que, com a despesa pública a crescer a este ritmo, mesmo com o aumento da receita fiscal, a dívida pública continua a crescer em Fevereiro subiu 277 mil milhões.

06/04/2025

ARTIGO DEFUNTO: O jornalismo de causas tem dificuldade de lidar com a causalidade

O outro contribuinte escreveu há dias sobre a dívida que o governo socialista do Eng. Sócrates deixou a Passos Coelho, dívida que o Diário de Notícias classificou como a «megadívida de Passos Coelho».

Ora a causa dessa megadívida foram os empréstimos da troika, a causa dos empréstimos foi a bancarrota do Estado sucial cuja causa foi a governação corrupta, irresponsável e ruinosa do Eng. Sócrates e da sua trupe, alguma da qual ainda por aí anda. O que é de Passos Coelho não é, portanto, a megadívida, em vez disso, é o resgate limpo que deixou o país a crescer, a balança comercial superavitária pela primeira vez em décadas e as "contas certas" que o Dr. Costa se auto-atribuiu. 

Algumas das medidas do resgate obrigaram à venda de várias empresas públicas, inevitavelmente a interesses estrangeiros porque Portugal estava descapitalizado e os empresários portugueses não tinham dinheiro nem para mandar cantar um cego. Também inevitavelmente, os dividendos dessas empresas são pagos a accionistas estrangeiros que, outra vez inevitavelmente, estão no estrangeiro.

E assim chegamos a um exemplo de jornalismo de causas mais subtil do que o tosco do DN com uma peça do semanário de reverência. Peça confusa, com vários erros e o título pesaroso «Quase três quartos dos dividendos da Bolsa vão para o estrangeiro», isto é, vão para «as gigantes que entraram em Portugal durante a crise financeira», como se este facto não fosse causado pela bancarrota que o governo socialista deixou, mas tivesse resultado de uma qualquer fatalidade, um cataclismo da natureza ou da maldade do "neoliberalismo". 

05/04/2025

Unintended consequences: what if Mr. Trump was making China great instead of making America great again?

«As Donald Trump unleashes a volley of tariffs and his administration talks up the strength of its military alliances in Asia, you might think that these are anxious times in the country that America sees as its main adversary. In fact, our reporting from Beijing reveals a very different picture. MAGA is putting pressure on China’s leaders to correct their worst economic errors. It is also creating opportunities to redraw the geopolitical map of Asia in China’s favour. (...)

Mr Xi has been preparing for today’s chaotic world ever since becoming China’s leader in 2012. He has urged economic and technological self-sufficiency on his country. China has reduced its vulnerability to American chokeholds, such as sanctions and export controls. Although its banks still need access to dollars, it now makes most non-bank international payments in yuan.

China’s domestic economy has unrecognised strengths. Competition and an embrace of technology mean that its industrial firms thrash Western rivals in everything from electric vehicles to the “low-altitude economy”, meaning drones and flying taxis. Viewed from China, Mr Trump’s tariffs will condemn Detroit to 1970s-style obsolescence, just as his crusade against universities will set back innovation. (...)»

 How America could end up making China great again

04/04/2025

Lost in translation (371) – "Megadívida de Passos Coelho" significa a dívida que o governo socialista do Eng. Sócrates deixou a Passos Coelho enquanto fazia um período sabático em Paris

Diário de Notícias

Inspirado pela imprensa amiga do governo socialista criei há uns anos no Glossário das Impertinências a entrada Diário da manhã, classificação que o DN e outros jornais continuam a justificar, pelo menos por algumas "notícias", como a que cito. Comecemos por recordar em que consistiu a «megadívida de Passos Coelho».

Para quem não tenha tido ou já não tenha memória do que foi resgate que o governo de Passos Coelho teve de enfrentar, republico o gráfico acima e recordo que o governo de José Sócrates levou o Estado sucial à falência com a tesouraria à beira da ruptura no final do 1.º trimestre de 2011. Foi essa iminência que retirou a margem a Teixeira dos Santos para enfiar outra vez o problema para debaixo do tapete, como andava a fazer há muitos meses, e o forçou a encostar José Sócrates às cordas e obrigou este a lançar a toalha ao chão pedindo a intervenção da troika. O Memorandum of Understanding foi negociado em Abril e é assinado a 17-05-2011. O governo «neoliberal» toma posse a 5 de Junho e a primeira tranche do empréstimo chega nesse mês, escassamente a tempo de cobrir mais de meia dúzia de mil milhões de euros de pagamentos previstos para os quais não havia dinheiro. É a entrada dessa 1.ª tranche, a primeira de várias que engrossaram a "megadívida", que explica o salto no saldo de caixa no final do 2.º trimestre de 2011.

03/04/2025

Pro memoria (440) - Nearly a $2 trillion wipeout


«Roughly $1.7 trillion was erased from the S&P 500 at the start of US trading on Thursday amid worries that President Donald Trump’s sweeping new round of tariffs could plunge the economy into a recession. The index is on the brink of a crucial technical inflection point that threatens a longer-term wipeout. 

The damage was heaviest in companies whose supply chains are most dependent on overseas manufacturing. Apple, which makes the majority of its US-sold devices in China, plunged after the open – even after a yearslong effort to insulate itself from trade wars.»  (Bloomberg newletter)

O Portugal dos Pequeninos não é deste mundo (2)

 Continuação de (1)


Ao lítio, um metal essencial para a tão celebrada "transição energética" cuja exploração continua a ser empatada, ao petróleo cuja exploração foi proibida, e aos terrenos para construção cuja "lei dos solos" foi reduzida a quase nada, parlamento acrescentou uma moratória sobre a mineração em mar profundo até 2050 (Lei n.º 36/2025, de 31 de março). 

Para um país que importa anualmente mais de 20 milhões de toneladas de minerais e produz pouco mais de 1 milhão de toneladas, que tem uma Zona Económica Exclusiva com 1,7 milhões de kms ou quase 20 vezes a área do território, ZEE que é a 3. ª maior da UE e representa 11 % da ZEE da União Europeia, abdicar da mineração em mar profundo nos próximos 25 anos, em que estão em curso avanços tecnológicos importantes para reduzir o impacto ambiental dessa mineração, é uma mutilação suicidária.

01/04/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (54)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O Dr. Pedro Nuno teve mais uma epifania habitacional

Não satisfeito com o fracasso dos seus múltiplos programas de habitação, o Dr. Pedro Nuno apresentou mais uma ideia que, suspeito, naquela sua cabecinha pensadora é uma espécie de milagre e consiste em usar uma parte dos lucros da Caixa para alimentar «uma conta corrente no Estado que permita às nossas autarquias recorrer a financiamento para avançar com projetos de habitação». E pronto, era uma vez um problema da habitação. Como é que ninguém se tinha lembrado disto antes?

Confirma-se, o “1.º Direito” deu para o torto

A um ano do fim do PRR, das 26 mil casas do Programa de Apoio ao Acesso à Habitação “1.º Direito”, lançado pelo Dr. Costa e o Dr. Pedro Nuno no início de 2023 está contratualizada mais de 90% da primeira tranche do dinheiro disponível e só foram entregues menos de 10% das casas previstas para 2026.

Take another plan. O balão esvaziou

Os dirigentes da TAP felicitaram-se pelos lucros de 177 milhões em 2023 e pelos 72 milhões no segundo trimestre de 2024, que compensaram os prejuízos quase iguais do 1.º trimestre, e fecharam o ano com um lucro de 53,7 milhões, o que são amendoins para um elefante branco como a TAP que recebeu 3,2 mil milhões de subsídios que lhe pouparam uns 200 milhões de juros por ano e a dispensaram de gerar margens para amortizar os 3,2 mil milhões.

Jornal Eco

Comparando a TAP com a concorrência, a felicidade dos dirigentes (e do Dr. Pedro Nuno que lá andou a brincar aos gestores) transforma-se em falta de decoro.

Take another plan. Nove anos depois, o accionista Parpública tirou da manga um disclaimer

A semana passada chegou ao parlamento uma nota de 2017 em que a Parpública, o accionista da TAP, se queixa de não ter tido acesso a todos os documentos da renacionalização pelo Dr. Costa e a considera um «retrocesso sem precedentes» no que toca às responsabilidade e obrigações financeiras do Estado,

Os investigadores da Judite são historiadores frustrados

Em 2021 a Judite iniciou a Operação Mais-Valia de investigação à venda em 2018 da antiga sede da Federação Portuguesa de Futebol (fonte). Um dia numa década distante irá constatar-se que o “crime” prescreveu.

31/03/2025

Crónica de um Governo de Passagem (46)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
O Dr. Montenegro deveria agradecer ao Dr. Ventura o cartaz

Com o cartaz em que põe lado a lado o Dr. Montenegro e o Eng. Sócrates para ilustrar os “50 anos de corrupção, o Dr. Ventura dá um tiro no próprio pé e uma preciosa ajuda ao Dr. Montenegro, que fica com mais uma (boa) razão para reforçar o “não é não”. Para retribuir, o Dr. Montenegro dá ele próprio um tiro no pé ao apresentar queixa contra o Dr. Ventura por o ter tentado ajudar com o cartão.

Como que a confirmar que há menos gente a acreditar no Dr. Pedro Nuno para governar o país e menos gente a acreditar que o Dr. Ventura seja uma alternativa ao Dr. Pedro Nuno, as sondagens mostram que as intenções de voto nos partidos de ambos estão a descer, o primeiro para 23,1% e o segundo para 13,2%.

A vitória do PSD na Madeira parece ter mostrado que o eleitorado já está por tudo e prefere o mal conhecido ao mal desconhecido.

Esgotada a Spinunviva, vamos à “maior obra de Espinho

Em mais duas páginas completas do caderno principal, o semanário de reverência, pela pena do mesmo jornalista que andou a tentar extrair sumo do caso do “palacete” do Dr. Montenegro, tenta agora em duas páginas tirar sumo do caso da “maior obra de Espinho, em que a suspeita sobre a malfeitoria do Dr. Montenegro é ter sido sócio de uma sociedade de advogados que interveio na obra em nome da câmara de Espinho e o projectista contratado pela câmara ser o mesmo que desenhou o “palacete” do Dr. Montenegro.

A justiça expedita consiste em juntar o investigador e o juiz na mesma pessoa

Até ao caso da “maior obra de Espinho”, um visado por uma investigação da PJ (Judite para os amigos) num determinado caso era presumível culpado até ser demonstrada a sua inocência, ou até mais tarde, de cada vez que um qualquer jornalista amigo de um inimigo do visado enchia uma página de um jornal amigo do inimigo com referências tortuosas e redondas ao caso, que imediatamente eram citadas por outros jornais como provando para além de qualquer dúvida que o visado era culpado.

Deixou de ser assim com o caso da investigação da venda do edifício da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), em que o Dr. Luís Neves, a celebridade que ocupa o cargo de director da Judite, veio dizer urbi et orbi que o Dr. Fernando Gomes, ex-presidente da FPF apesar de alvo das buscas estava inocente.

«Contas públicas robustas», carga fiscal pesada

Face ao excedente orçamental de 2024 (0,7%), o Dr. Miranda Sarmento felicita-se antecipando «contas públicas robustas» em 2025. Esqueceu-se de mencionar que a robustez se ficou a dever a mais um aumento em 2024 da carga fiscal para 35,7%, ao aumento de 8,9 mil milhões da dívida pública, apesar da descida do rácio face ao PIB, e à não execução de 1,6 mil milhões do investimento previsto segundo o princípio da autoestrada mexicana do PS.

Don't get carried away by the carry-over

Como aqui lembra o economista Óscar Afonso, «mais de metade do crescimento previsto para 2025 resulta de um efeito estatístico (…) de carry-over (que) justifica 1,4 p.p. – ou seja, 61% – do crescimento económico projetado de 2,3% para 2025».

Boa Nova

O Dr. Pinto Luz, o substituto do Dr. Pedro Nuno no ministério as Infraestruturas, iluminou-nos com mais uma previsão a de que «em Junho, mais de 13 mil fogos estarão construídos». 

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Continua a aumentar em bom ritmo o número de “utentes” sem médico de família. Nos últimos 12 meses terminados em Fevereiro esses utentes (assim se designam no Estado sucial os contribuintes que usariam o SNS se pudessem) aumentaram 36 mil para mais de 1,5 milhão. Segundo o Dr. Montenegro, no final de 2025 todos os utentes teriam um médico de família. É caso para dizer que o Dr. Montenegro parece estar a abusar da trumpolinice.

30/03/2025

Left-wing and right-wing extremism are enemies of freedom and share many things, including resentment

 «Resentment is like drinking poison and expecting it to kill your enemies.» 
Nelson Mandela

29/03/2025

The Trump Administration's accomplishments are highly debatable (at best), with one exception


As a kind of self-inflicted damage, the abundant production of contradictory non-sense and bullshit has raised the level of uncertainty above that of any other event in the last 40 years with the exception (so far) of the euro crisis and the pandemic. It's a wonderful job!

28/03/2025

ACREDITE SE QUISER: SignalGate e os 37 milhões de imigrantes que irão comer os animais de estimação das famílias americanas

Fonte

Por muito que a imprensa amiga se esforce por disfarçar, o SignalGate é o resultado da incompetência pura entre os muitos fiéis que fazem parte da administração Trump não pelas competências, mas pelas fidelidades, e não vale a pena comentar.

Fonte

Já o caso dos "Gold Cards" não é apenas incompetência (como a de se emendar a mão logo a seguir ao anúncio). Uma administração que pretendia deportar n milhões de imigrantes ilegais (o valor de n depende do dia e o valor final será o que for), entre os quais haitianos que comiam animais de estimação, segundo o vice-presidente, e agora pretende vender "Gold Cards" a 37 milhões de imigrantes dispostos a pagar uns milhões de dólares, o que pode incluir desde capi da Mafia e chefes Yakuza até oligarcas corruptos, passe a redundância, é uma administração com uma MAGnA falta de princípios.

27/03/2025

ARTIGO DEFUNTO: Jornalismo de causas artísticas, um exemplo

Steve Reich é um velhote com quase 90 anos compositor de inspiração minimalista, rótulo que ele questiona. Ganhou um Grammy em 1990 e o Pullitzer da Música em 2009 e a sua peça mais conhecida é provavelmente "Música para 18 Músicos". A pretexto do lançamento de uma edição da sua obra completa (até agora), foi entrevistado pela Blitz e a entrevista foi também publicada pela Revista do Expresso.

A certa altura, o entrevistador vai à sua agenda de jornalismo de causas artísticas e saca de várias perguntas absolutamente previsíveis na sua tentativa tosca de politizar a música no pressuposto que os músicos são ou devem ser militantes ideológicos. As respostas de Reich, de que cito a seguir alguns excertos, são desarmantes.

«Não, a ideia de mudar o mundo é... é uma ambição tola para um artista. (...) Por isso não acho que a arte consiga mudar o mundo, acho, sim, que imaginamos ou esperamos que os artistas tenham um efeito transformador no mundo. (...)

Porquê começar por Gaza? Comecemos muito antes, há 2000 anos, por exemplo. Ou talvez ainda mais, há 3400 anos. A questão é que a terra de Israel tem sido um ponto fulcral na civilização ocidental e na civilização oriental há quase 4000 anos, por um motivo ou por outro. (...)

Bem, ser remunerado é importante. Qualquer outro ser humano que trabalhe poderá concordar com isso. Um dos meus modelos, claro, foi Igor Stravinsky, que era famoso por sempre encontrar uma forma de ser recompensado pelo seu trabalho. Ele pensava numa peça e depois tentava encontrar quem a quisesse e pudesse pagar por ela. Sempre trabalhei com agentes, na Europa, aqui nos Estados Unidos, é basicamente a mesma coisa. É um princípio muito simples: se conseguirmos que muitas pessoas paguem por uma só coisa, fica mais barato para cada uma. (...)

Como é que as condições políticas atuais me afetam a mim ou a outras pessoas enquanto compositores? Não tenho a certeza que afetem, na verdade. Quero dizer, não sei quantos Presidentes diferentes em partidos políticos diferentes estiveram no poder durante todas estas décadas em que tenho trabalhado. Claro que isso faz diferença no mundo, mas em termos da minha própria perceção do trabalho, sigo aquilo que me interessa.»

26/03/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (54)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Há escrutínios e escrutínios

«Tivesse o primeiro-ministro sido escrutinado como fui antes das últimas eleições e provavelmente não teríamos os problemas que temos hoje», disse o Dr. Pedro Nuno, omitindo o facto de ter sido “escrutinado” por imprensa amiga que passou lado dos desastres a que conduziu a TAP e a CP, para só citar dois exemplos evidentes, e a sua inépcia ao lançar, em concorrência com o Dr. Medina na câmara de Lisboa, sucessivos e falhados Programas de Arrendamento Acessível dos quais após oito anos de anúncios no final de 2023 tinham resultado 900 contratos activos dois mil alojamentos e 30 mil candidaturas. 

Um escrutínio que teria levado a concluir pela sua inaptidão para chefiar um governo, a que se junta a inaptidão para ter um meio de vida que lhe permitisse aos 47 anos ser independente do negócio do pai.

«AMT. Albergue Socialista» (continuação daqui)

O jornal Sol voltou ao caso da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes presidida pela Drª. Ana Paula Vitorino, ministra do Mar do Dr. Costa de 2015 a 2019, esposa do Dr. Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna e melhor amigo do Dr. Costa, identificando os 14 (catorze) apparatchiks socialistas a quem foi dada uma tença na AMT.

O lambebotismo do Dr. Ascenso é melhor do que o do Dr. Bugalho

Escreve o Dr. Ascenso Simões que o Dr. Sebastião Bugalho fez ao Dr. Montenegro um «elogio típico do “lambebotismo” português». Pode ter feito, contudo, no mesmo artigo de opinião o Dr. Ascenso faz um elogio típico do “lambebotismo” português ao Dr. Pedro Nuno que «sendo filho de um empresário, sabe da realidade da vida» e, podia ter acrescentado, até conduziu o Porsche pago pelo pai.

Efeitos indesejados de pretender fazer a economia crescer aumentando os salários. Um exemplo

A Yazaki Saltano, uma empresa japonesa de componentes para automóvel, anunciou que irá despedir 364 pessoas porque os salários (muitos deles salários mínimos) aumentaram desde 2019 de €808 para €1.303 na sua fábrica de Ova, e nas suas outras fábricas de 361 para €583 na Bulgária, de €284 para €362 em Marrocos e de €163 para os €284 em Marrocos.

Case study. A sede do grupo Impresa é um bem móvel

Em 2018 a Impresa (que inclui o Expresso e a SIC) vendeu ao Novo Banco por 24,2 milhões o edifício da sua sede em Carnaxide, avaliado em 16 milhões, para poder amortizar um empréstimo obrigacionista depois de ter falhado uma outra emissão de obrigações. Esse edifício foi de seguida objecto de um lease-back a uma Impresa com dívidas de 179,2 milhões que ultrapassavam as receitas totais, numa operação do Novo Banco (que ficou com os restos do BES) que estava ainda em recuperação tendo o Estado uma participação de 25%.

No final de 2022, o mesmo edifício foi recomprado pela Impresa com um empréstimo hipotecário de 19,6 milhões do mesmo Novo Banco, sem que o relatório e contas de 2022 faça qualquer referência a esta operação.

Três anos depois, segundo o jornal Sol da semana passada, a Impresa, ainda mais descapitalizada, procura repetir a operação de 2018. Evidentemente que as operações anteriores tiveram o nihil obstat, se não a benção, dos governos do Dr. Costa. Espero com curiosidade para saber se o próximo governo também abençoará a operação seguinte.

25/03/2025

O POTUS perdido com o planeamento e o calendário da paz. A guerra acabará quando Putin quiser (a não ser que)

Em 2023 Donald Trump garantia que terminaria a guerra na Ucrânia em 24 horas, usando as suas relações com Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin.

Em Novembro do ano passado Trump dizia «It’s gotta stop. Russia and Ukraine’s gotta stop

Em Janeiro, Trump falava em seis meses para acabar a guerra e o seu enviado especial General Keith Kellogg disse que a guerra acabaria até 100 dias depois da tomada de posse.

Depois da conversa da semana passada de mais de duas horas com Vladimir Putin, Donald Trump não tinha nenhum resultado para mostrar. Putin rejeitou o cessar fogo e garantiu que não atacaria a infraestrutura de energia durante 30 dias e de imediato lançou um ataque feroz a infraestruturas civis, incluindo hospitais.

«Apenas um homem possuidor de ousadia ilimitada poderia fingir que era uma vitória. Uma semana antes (...) Trump disse que, se a Rússia não assinasse, ele poderia atingi-la com novas sanções duras», escreveu a Economist, enquanto a Spectator titulava «Putin está a enganar Trump».

No dia 23 de Março deste ano, Trump garantia que os esforços para moderar a guerra estavam «somewhat under control» e que só ele poderia parar Putin.

Nada disto nos deveria surpreender. É um jogo entre um xadrezista cínico, com uma estratégia bem definida, que tem em risco a sua cabeça, e um bullshitter rodeado de fiéis sem ideias próprias, quase todos, ou com ideias mas sem coragem para o contrariar, talvez um ou dois.

24/03/2025

Crónica de um Governo de Passagem (45)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Não deveríamos tratar o homem como se fosse de esquerda e conceder-lhe a presunção de inocência?

Com semanas de atraso o Dr. Montenegro diz que vai entregar toda documentação da Spinumviva à PGR (documentação a que teve acesso Luís Rosa, um jornalista profissional e independente). Entretanto, vai-se sabendo que afinal havia gente para fazer o trabalho (gente que de acordo com as melhores práticas é  do mesmo partido do Dr. Montenegro) e, quanto à casinha de Espinho, sobre a qual não foi descoberta nenhuma ilegalidade, tudo começou com o esgravatamento nos registos fiscais do Dr, Montenegro por funcionários que estão a ser objecto de processos disciplinares.

Sendo certo que parecem existir conflitos de interesse e o Dr. Montenegro se pôs a jeito ao lidar com incompetência inadmissível num advogado de profissão, a maior parte do comentariado não tem moral para apontar o dedo, nem os apparatchiks socialistas que acharam normal o Eng. Sócrates viver de empréstimos de um amigo. E, por falar em falta de moral, também não têm moral as luso-criaturas que apontam o dedo ao Dr. Montenegro e são admiradores do Dr. Trump, cuja administração tem uma concentração de conflitos de interesse de maganitude histórica.

Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes?

O quadro que as últimas sondagens sugerem poderá resultar das próximas eleições não parece muito diferente do que saiu das anteriores, salvo quanto às consequências de 39% dos inquiridos se declarem indecisos. O mais interessante é que que a algazarra à volta dos negócios do Dr. Montenegro não terá efeitos significativos visto que apenas 37% consideram que a responsabilidade pela crise é exclusivamente do governo e a avaliação positiva do desempenho do governo excede em 4 pontos percentuais a avaliação negativa.

Se não sabes medir, não sabes gerir

O governo do Dr. Montenegro mandou desenvolver uma ferramenta baptizada de "Sistema de Acompanhamento da Acção Governativa" que mostra o grau de execução da medidas programadas (no Portuga dos Pequeninos as medidas são chamadas “promessas”). Diz essa ferramenta que mais de 1/3 das medidas já estão executadas. Não confirmo, nem desminto, registo apenas que se esforçam por medir.

Continuar a fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes

O ano passado os preços das habitações aumentaram 9,1% graças à redução dos juros e às facilidades para o “crédito jovem” que representou cerca de metade do aumento de quase 15% do número total de transações. Quanto ao financiamento, 30% do crédito foi concedido a estrangeiros (sobretudo brasileiros, americanos e angolanos). Continua assim a esperar-se que a escassez da oferta de habitação se resolva promovendo o aumento da procura.

Enquanto isso, a câmara de Lisboa, que sob presidência do Dr. Medina tinha 800 casas municipais ocupadas ilegalmente, sob a presidência do Eng. Moedas acrescentou mais 225 atingindo um total de 1.015 casas ou seja 5% do total de cerca de 23 mil.

Boa Nova

O ministro das Infraestruturas diz que a concessão da Lusoponte (que abrange as pontes 25 de Abril e Vasco da Gama) poderá ser extensiva em 2030 à construção da ponte Chelas-Barreiro e do túnel Algés-Trafaria. Espero que o ministro não se tenha baseado em informações da IP que, titula o Público, «enganou mais um ministro» a respeito da execução do Ferrovia 2020 que está atrasado cinco anos e nada garante que não se transforme no Ferrovia 2030.