Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

10/12/2025

O MEGA do MAGA (1)

Com a publicação da National Security Strategy, a administração Trump introduziu alterações significativas na doutrina de defesa nacional do EUA. O documento publicado há dias merece uma leitura atenta e uma análise séria, resistindo ao estilo paternalista relativamente aos outros Estados e aqui e ali aos sinais da personalidade patologicamente narcisista de Donald Trump.  

Vou dedicar alguns posts a comentar essa doutrina, em particular, nos seus impactos directos sobre a Europa, ou melhor, sobre o conjunto de países que constituem a União Europeia. Começo por transcrever uma tradução automática do capítulo dedicado à Europa.
 
«C. Promoção da Grandeza Europeia

Os responsáveis americanos habituaram-se a pensar nos problemas europeus em termos de despesas militares insuficientes e estagnação económica. Há verdade nisto, mas os verdadeiros problemas da Europa são ainda mais profundos. 

A Europa Continental tem vindo a perder quota do PIB global — de 25 por cento em 1990 para 14 por cento atualmente — em parte devido a regulamentações nacionais e transnacionais que minam a criatividade e a diligência.

Mas este declínio económico é eclipsado pela perspetiva real e mais evidente do apagamento civilizacional. As questões maiores que a Europa enfrenta incluem atividades da União Europeia e de outros organismos transnacionais que minam a liberdade e soberania políticas, políticas migratórias que estão a transformar o continente e a criar conflitos, censura da liberdade de expressão e supressão da oposição política, queda das taxas de natalidade e perda de identidades e autoconfiança nacionais.

Se as tendências atuais continuarem, o continente será irreconhecível dentro de 20 anos ou menos. Assim, está longe de ser óbvio se certos países europeus terão economias e exércitos suficientemente fortes para permanecerem aliados fiáveis. Muitas destas nações estão atualmente a redobrar o seu caminho atual. Queremos que a Europa continue europeia, que recupere a sua autoconfiança civilizacional e que abandone o seu foco falhado na sufocação regulatória.

Esta falta de autoconfiança é mais evidente na relação da Europa com a Rússia. Os aliados europeus beneficiam de uma vantagem significativa de poder duro sobre a Rússia em quase todos os critérios, exceto armas nucleares. Como resultado da guerra da Rússia na Ucrânia, as relações europeias com a Rússia estão agora profundamente atenuadas, e muitos europeus consideram a Rússia uma ameaça existencial. Gerir as relações europeias com a Rússia exigirá um envolvimento diplomático significativo dos EUA, tanto para restabelecer condições de estabilidade estratégica em toda a massa terrestre eurasiática, como para mitigar o risco de conflito entre a Rússia e os Estados europeus.

É do interesse central dos Estados Unidos negociar uma cessação rápida das hostilidades na Ucrânia, de modo a estabilizar as economias europeias, evitar escalada ou expansão não intencional da guerra e restabelecer a estabilidade estratégica com a Rússia, bem como permitir a reconstrução pós-hostilidades da Ucrânia para garantir a sua sobrevivência como Estado viável. 

A Guerra da Ucrânia teve o efeito perverso de aumentar as dependências externas da Europa, especialmente da Alemanha. Hoje, empresas químicas alemãs estão a construir algumas das maiores fábricas de processamento do mundo na China, utilizando gás russo que não conseguem obter em casa. A Administração Trump encontra-se em desacordo com os responsáveis europeus que têm expectativas irrealistas para a guerra, situadas em governos minoritários instáveis, muitos dos quais pisam princípios básicos da democracia para suprimir a oposição. Uma grande maioria europeia quer paz, mas esse desejo não se traduz em política, em grande parte devido à subversão do processo democrático por parte desses governos. Isto é estrategicamente importante para os Estados Unidos precisamente porque os estados europeus não podem reformar-se se estiverem presos numa crise política.

No entanto, a Europa continua a ser estrategicamente e culturalmente vital para os Estados Unidos. O comércio transatlântico continua a ser um dos pilares da economia global e da prosperidade americana. Os setores europeus, desde a indústria transformadora à tecnologia e à energia, continuam a estar entre os mais robustos do mundo. A Europa alberga investigação científica de ponta e instituições culturais de referência mundial. Não só não podemos dar ao luxo de descartar a Europa — fazê-lo seria contraproducente para o que esta estratégia pretende alcançar.

A diplomacia americana deve continuar a defender a democracia genuína, a liberdade de expressão e as celebrações sem desculpas do carácter e da história individual das nações europeias. A América incentiva os seus aliados políticos na Europa a promover este renascimento do espírito, e a crescente influência dos partidos patrióticos europeus dá, de facto, motivos para grande otimismo.

O nosso objetivo deve ser ajudar a Europa a corrigir a sua trajetória atual. Precisaremos de uma Europa forte para nos ajudar a competir com sucesso e para trabalhar em conjunto connosco para evitar que qualquer adversário domine a Europa.

A América está, compreensivelmente, sentimentalmente ligada ao continente europeu — e, claro, à Grã-Bretanha e à Irlanda. O carácter destes países é também estrategicamente importante porque contamos com aliados criativos, capazes, confiantes e democráticos para estabelecer condições de estabilidade e segurança. Queremos trabalhar com países alinhados que querem restaurar a sua antiga grandeza.

A longo prazo, é mais do que plausível que, dentro de algumas décadas, no máximo, certos membros da NATO se tornem maioritariamente não europeus. Assim, é uma questão em aberto se verão o seu lugar no mundo, ou a sua aliança com os Estados Unidos, da mesma forma que aqueles que assinaram a carta da NATO.

A nossa política geral para a Europa deve dar prioridade:

• Restabelecer condições de estabilidade na Europa e estabilidade estratégica com a Rússia;
 • Permitir que a Europa se mantenha de pé por si própria e opere como um grupo de nações soberanas alinhadas, incluindo assumindo a responsabilidade principal pela sua própria defesa, sem ser dominada por qualquer potência adversária;
 • Cultivar resistência à trajetória atual da Europa dentro das nações europeias; 
• Abrir os mercados europeus aos bens e serviços dos EUA e garantir um tratamento justo dos trabalhadores e empresas norte-americanas; 
• Fortalecer as nações saudáveis da Europa Central, Oriental e do Sul através de laços comerciais, venda de armas, colaboração política e intercâmbios culturais e educativos; 
• Acabar com a perceção e impedir a realidade da NATO como uma aliança em constante expansão; e
 • Incentivar a Europa a agir para combater a sobrecapacidade mercantilista, o roubo tecnológico, a ciberespionagem e outras práticas económicas hostis.»

(Continua)

09/12/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (79)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

No Estado sucial não há conflito de interesses. Há interesses em conflito.

Anos depois dos factos e graças a uma justiça delatora que transmite aos jornalistas amigos a parte do resultado das investigações em curso que mais interessa à corporação de juízes, veio agora a conhecer-se mais um episódio da novela Influencer em que o Dr. Lacerda Machado, o melhor amigo do Dr. Costa, lhe levou as queixas da Drª. Isabel dos Santos sobre o governador do BdeP que a queria fora da administração do BIC.

O resultado de oito anos de governo socialista é pior do que se pensava

Como aqui explica Óscar Afonso, economista e director da Faculdade de Economia da UP, feita a correcção da população residente com os 321,5 mil imigrantes, número que só recentemente a AIMA divulgou, os indicadores de nível de vida (e de produtividade) e a posição relativa da economia portuguesa na UE pioram.

Mais um episódio dedicado à Dielmar da novela das intervenções socialistas em empresas

O Grupo Valérius, a quem um governo socialista pagou em 2024 sete milhões de euros do PRR «para revitalizar a operação e sustentar a atividade produtiva» da Dielmar, anunciou ir fazer um despedimento colectivo. Para quem não se lembre dos detalhes desta incursão “empresarial” do Dr. Costa, remeto para este ponto de situação de 2022.

A falta de memória dos apparatchiks socialista só é ultrapassada pela falta de vergonha

Referindo-se à tímida reforma da lei laboral que o Dr. Montenegro pretender aprovar, o Dr. Miguel Cabrita, deputado socialista e antigo secretário de Estado Adjunto do Trabalho considerou-a «muito parecida com a da troika», esquecendo-se de que o memorando da troika foi assinado pelo primeiro ministro socialista de então, como condição para desbloquear os empréstimos tornados indispensáveis para salvar o Estado sucial da bancarrota a que a gestão socialista o levara (ver aqui um retrato gráfico da tesouraria).

08/12/2025

Anti-drug rethoric

The Washington Post

A economia do pastel de nata tem o melhor desempenho este ano?

Which economy did best in 2025?
*Excluding Chile and Costa Rica
†Share of product categories with an annual price increase of more than 2%
‡Or latest available
§National stockmarket indices, October 2025
Sources: Bureau of Labour Statistics; Central Statistics Office; Eurostat; Féidhlim McGowan; OECD; The Economist
Antes de embandeirarmos em arco com a economia portuguesa no topo do ranking da Economist dos membros da OCDE, atentemos no seguinte:
  • Estes resultados traduzem o desempenho medido pelos referidos 5 indicadores; se fossem outros os indicadores, os resultados seriam diferentes;
  • Por exemplo, se fosse considerada a produtividade do trabalho (que diminuiu visto o emprego ter aumentado 2,8% e o PIB apenas 2,4%) ou o PIB per capita PPC (que diminuiu porque o PIB aumentou 2,4%  e a população residente aumentou mais de 3% com cerca de 321 mil estrangeiros que não constavam das estatísticas), a economia portuguesa cairia para a metade inferior da tabela; (*)
  • Alguns indicadores beneficiam da comparação com valores excepcionais no ano de 2024: a capitalização bolsista em 2024 tinha caído cerca de 16% e o PSI 0,3%; o aumento do emprego resultou do aumento do número de imigrantes que entraram no mercado de trabalho;
  • Por último, o desempenho passado (e neste caso o desempenho de apenas um ano) não garante o desempenho futuro e esgotados os dinheiros da bazuca, estancada a entrada de imigrantes e reduzidos os fluxos turísticos, o futuro não é radioso.
(*) Acrescentei neste parágrafo as explicações entre parênteses.

Crónica da passagem de um governo (27)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce

O governo aprovou a Agenda Nacional de Inteligência Artificial, o Pacto de Competências Digitais e actualizou a Estratégia Digital Nacional, três programas «relevantes em matéria de digitalização do país», com «dezenas ou centenas de medidas», programas que, segundo o incontornável ministro da Reforma do Estado, produzirão um aumento da produtividade do qual resultará um acréscimo de 2,7 pontos percentuais no crescimento da economia portuguesa.

O Dr. Matias acrescentou ainda que, ao contrário das interpretações maliciosas, como a deste blogue, que concluíram que ele era um grande lírico quando disse na “Exponoivos para start-ups” que Portugal «tem todas as condições para se tornar um líder mundial na IA», ele agora esclareceu que isso «não significa que Portugal se vá substituir aos EUA e à China». Imaginem o suspiro de alívio do Sr. Donaldo e do Sr. Jinping.

Na competitividade o Portugal dos Pequeninos não está mal, salvo no que mais interessa

mais liberdade

Temos infraestruturas (pagas pelas contribuintes europeus), emitimos muitos certificados de habilitações, o que nos trama é a Produtividade e Eficiência, as Práticas de Gestão, a Mão-de-Obra e a Eficiência Financeira – não se pode ser bom em tudo.

Não tenho a certeza de que o défice de novas habitações seja resolvido. Ainda assim, antes isso que mais do mesmo

Qualquer alma que queira construir habitações em Portugal já ficaria satisfeita se os seus projectos fossem aprovados em 3 meses ou, vá lá, em 8 meses. Uma obra poder iniciar-se oito dias depois da entrega do projecto na câmara é coisa mais próxima de um milagre de todas as medidas tomadas por todos os governos desde Dom Afonso Henriques – se esquecermos que fica nas mãos da burocracia camarária obrigar a alterar o projecto a meio da obra.

Do mesmo modo, a redução do IRS para 10% em todos os arrendamentos até 2.300€, isto é, para quase 100% dos arrendamentos, certamente fará a felicidade de todos os senhorios. Já não é tão certo que essa medida contribua significativamente para aumentar a oferta num país em que um sexto das rendas estão congeladas e um em cada doze não ultrapassam os 100 euros, sem esquecer o facto de se manter o AIMI, ou “imposto Mortágua”.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Provavelmente, a menos que ocorra um milagre, o défice do SNS vai ultrapassar o recorde do ano passado, o que não impede que as urgências façam esperar os doentes urgentes mais de 13 horas no Hospital Amadora-Sintra, um hospital que já foi uma PPP com indicadores de qualidade claramente acima da média até ser revertido pelo governo do Eng. Sócrates.

Canários na mina de carvão

As exportações que alcançaram em 2022 um máximo de 49,5% do PIB, desceram para 46,6% em 2024 e no primeiro semestre deste ano para 44,4%.

Ferrovia 2020 2030

Para não destoar do governo do Dr. Costa que deixou o Ferrovia 2020 com 37 mil dias de atraso no total dos troços, o governo do Dr. Montenegro deixou a modernização, requalificação e electrificação da linha ferroviária Casa Branca-Beja atrasar o suficiente para o programa levar um corte no financiamento pelos contribuintes europeus.

07/12/2025

Dúvidas (363) – Quem é realmente Alexis Tsipras? (4)

[Continuação de (1), (2) e (3)]

Alexis Tsipras foi o líder do Syriza, um partido esquerdista grego e primeiro-ministro entre 2015 e 2019 que foi evoluindo do esquerdismo infantil para a social-democracia colorida, como se evidencia nos posts anteriores.

Yanis Varoufakis é um lunático, esquerdista e pedante de uma vaidade doentia, a propósito de que se escreveram no (Im)pertinências vários posts (como este, aquele ou aqueloutro), que foi ministro das Finanças dos governos de Tsipras.

Mais um exemplo do caminho que Tsipras percorre do obscurantismo esquerdista para a luz da racionalidade é o relato que faz num livro a publicar em breve sobre a sua experiência de 2015-2019, que a respeito de Varoufakis o Guardian classifica como «um dos maiores assassinatos de carácter da memória grega moderna» e que me pareceria melhor classificado como uma autópsia à falta de carácter de Varoufakis.

06/12/2025

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Encalhados na contemplação fantasiosa do umbigo

«Os Portugueses vivem em permanente representação, tão obsessivo é neles o sentimento de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo. A reserva e a modéstia que parecem constituir a nossa segunda natureza escondem na maioria de nós uma vontade de exibição que toca as raias da paranoia, exibição trágica, não aquela desinibida que é característica de sociedades em que o abismo entre o que se é e o que se deve parecer não atinge o grau patológico que existe entre nós».

Como introdução ao texto seguinte de Óscar Afonso, um lúcido retrato por Eduardo Lourenço, um dos poucos que compreendeu e teve a coragem de dissecar a "alma" portuguesa moldada por elites merdosas que fingem venerar o povo para darem graxa a si próprias.

À laia de incentivo à leitura integral um excerto de «Portugal engana-se. Diverge, empobrece e finge crescer», um artigo corajoso e contra a corrente de Óscar Afonso:

«Uns investiram para criar futuro, nós desperdiçámos para preservar um sistema. Em suma, enquanto as economias de leste aproveitaram os fundos para convergir, Portugal continua a avançar aos solavancos, preso a um modelo que favorece a esperteza oportunista em detrimento do mérito, do trabalho sério e da inteligência criadora.

Somos um país onde demasiadas portas se abrem não pelo que se sabe ou pelo que se faz, mas por quem se conhece — um padrão que os nossos maiores escritores denunciaram, com uma precisão quase profética, muito antes de existir a UE. E assim, geração após geração, mantemo-nos reféns dos mesmos bloqueios estruturais, enquanto outros que começaram muito atrás já vão muito à frente. (...)

Aquilo que os números oficiais parecem contar como progresso é, na verdade, uma grande ilusão: Portugal continua a divergir da Europa, a empobrecer em termos relativos e a expulsar os seus melhores, enquanto a narrativa política insiste em proclamar sucessos que a realidade desmente.

Entre a ficção estatística que nos faz parecer mais ricos do que somos, a estagnação estrutural que impede qualquer salto de produtividade e a má moeda que continua a afastar a boa, o país transforma um surto conjuntural de crescimento num autoengano confortável, mas perigoso. É este o pano de fundo da análise que se segue: a verdade proibida sobre um país que finge crescer enquanto afunda, que se engana a si próprio e que esconde, atrás de dados polidos, um processo silencioso de declínio, divergência e desperdício de talento.» 

05/12/2025

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: "Quando a América actua às ordens de Putin"

«O comportamento americano é verdadeiramente assombroso. Revela uma América controlada por aqueles “homens-massa” de que falava Ortega y Gasset, homens sem valores, sem um dentro, incapazes de reconhecerem algo maior do que eles. E por isso dividida contra si mesma, moralmente deslocada do seu antigo eixo, incapaz de reconhecer o sentido profundo da sua própria posição histórica. É uma nação que, num só gesto, dispara sobre os próprios pés e abdica da posição de núcleo da Civilização Ocidental, para se converter, sem transição, em administradora dos interesses de Moscovo. Os inimigos do Ocidente não poderiam sonhar com um enredo mais providencial.

No centro deste processo surgem as figuras de Trump e Witkoff, homens cujas biografias se entrelaçam com interesses russos e que ora aparecem, não como figuras ao serviço da sua pátria, mas como conselheiros oficiosos do Kremlin, indicando a um adversário declarado dos Estados Unidos o caminho mais eficaz para alcançar os seus desígnios. Não se trata de diplomacia, mas talvez de algo mais grave: uma deserção interior, uma traição da própria ideia de responsabilidade pública.

E enquanto isto se desenrola, o Partido Republicano mergulha na discórdia. Vance inclina-se para Moscovo com a naturalidade de quem perdeu o sentido da circunstância; Rubio tenta preservar um último vestígio de racionalidade; e outros senadores levantam a voz, conscientes de que a Administração Trump se tornou uma autêntica correia de transmissão das ambições russas. E só isso explica que o plano americano coincida, ponto por ponto, com as exigências acumuladas pelo Kremlin ao longo de anos.

É o drama clássico das nações que perderam o seu propósito: acabam a servir o projecto de outros.

Nada neste “processo de paz”, tem a ver com qualquer desejo de paz por parte de Rússia que, de resto, seria fácil de alcançar, bastando retirar-se de território alheio, coisa que pode fazer quando quiser.

Toda esta encenação foi “maskirovka”. Manipulação de percepções, fumo e espelhos. O objectivo real de Putin (e pelos vistos de Witkoff e Trump) era outro: matar no útero o projecto bipartidário no Senado americano, capaz de impor sanções verdadeiramente devastadoras à economia russa.

Lamentavelmente conseguiu.

A pergunta deixa, pois, de ser polémica e passa a ser inevitável: quem e porquê está realmente a determinar a estratégia americana?

A Europa, em choque, conseguiu suavizar o indecoroso ultimato americano, rasurou os pontos mais humilhantes e impediu que o documento final fosse uma mera acta de rendição.

Tudo para que no dia seguinte, os EUA fizessem saber (?) que têm intenções de reconhecer os ganhos territoriais russos.

Ou seja, a intervenção europeia não altera o essencial: a ordem internacional baseada em regras, deixou de existir, a NATO está em coma, o divórcio transatlântico parece iminente, e a Europa está hoje no papel de quem por temer lutar, se vê na condição servil de ter de aceitar o diktat dos outros.

Neste ocaso do Ocidente, Kiev, tornou-se tragicamente, o campo de batalha onde colidem dois mundos. Aquele que ainda acredita vagamente em regras e um outro para o qual só existe a força.

E se o divórcio entre os parceiros da Civilização Ocidental se consolidar, só esta perderá.  Ou seja, nós!

Os EUA caminham para um futuro amargo. Isolados na sua ilha, sem aliados, uma entidade política amoral, cujos compromissos valem o mesmo que os da Rússia: nada!

Putin continuará, triunfante, a testar fronteiras, a explorar divisões, a aproveitar cada hesitação, para caminhar paulatinamente em direcção ao seu almejado “Império Euroasiático”

A China observa. Toma notas. Cada concessão feita a Moscovo transforma-se numa lição sobre Taiwan. O choque com a Rússia será inevitável, mas até lá ainda vai algum tempo.

Os restantes países extraem a única conclusão possível: na selva hobbesiana, sem armas nucleares, sem garantias credíveis, haverá sempre alguém disposto a rifar o nosso território quando lhe apetecer.»

José António Rodrigues do Carmo no Observador

03/12/2025

Europeans have been warned. Beware.

«We are not planning to go to war against Europe. I have said that a hundred times. But if Europe wants to wage a war against us and suddenly starts a war with us, we are ready. There should be no doubt about that. The only question is if Europe suddenly starts a war against us, I think very quickly… Europe is not Ukraine. In Ukraine, we are acting with surgical precision. You see my point, don’t you? It is not a war in the direct, modern sense of the word. If Europe suddenly decides to go to war against us and actually follows through with it, then a situation may arise very quickly where we will be left with no one to negotiate with.»

Vladimir Putin at a press conference yesterday in Moscow


In theory, the Russian Empire, a great power with the second-largest army in the world, that failed to successfully invade a country with less than a third of its population and less than a fifth of its armed forces, an Empire with an economy smaller than Italy's, would have no chance of defeating the EU. In practice, a dictatorship, where there is no such thing as freedom of expression or public opinion, ruled by a despot with a price on his head, represents an existential threat to a collection of states managed by Eurocrats who are only risking their jobs.

02/12/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (78)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

A obra empresarial socialista

Em boa verdade, a responsabilidade pela persistência do sector empresarial do Estado (SEE) e pelas perdas pantagruélicas, que acabam a ser pagas pelos contribuintes, não é exclusivamente socialista. O PSD, ou mais exactamente a fracção PS-D, partilha essas responsabilidades, mais pelas omissões do que pelas acções. Ainda assim, devemos assacar ao PS a maior quota de responsabilidade, quer por mais anos que governou quer, sobretudo, pela promoção activa do papel do Estado na economia.

O estudo “Sector Empresarial do Estado e Regional 2023-2024” do Conselho das Finanças Públicas traça um retrato arrasador do SEE. Só 36 empresas das 88 analisadas tiveram resultados positivos. No total o SEE ocupa quase 190 mil trabalhadores (quase 4% da população activa). De 2023 para 2024 o volume de negócios e o investimento cresceram e o prejuízo total aumentou de -766 milhões para -1.312 milhões e o número de empresas com capitais próprios negativos (o que de acordo com o Código das Sociedades faria delas empresas falidas) aumentou de 29 para 35. O caso das entidades do SNS é particularmente grave. Mais de 70 dessas entidades tinham capitais próprios negativos em 2024. Pior é difícil.

O PS apagou as “linhas vermelhas” que o separam do partido do Dr. Ventura?

Os dois partidos chumbaram uma actualização de menos de 2% das propinas do ensino universitário. Possivelmente não perceberam que isso não ajuda o alunos pobres que merecem ser ajudados, os quais deveriam ser parcialmente ou totalmente dispensados de propinas e/ou terem bolsas. Isso significa que terá de aumentar o financiamento das universidades pelo Estado à custa dos impostos pagos de todas as famílias, mesmo pelas que não têm estudantes universitários. E esses impostos para substituir o aumento das propinas representam uma fracção maior precisamente nas famílias de menores rendimentos,

Como se fosse pouco, os dois partidos aprovaram a eliminação de portagens de onde terão de ser aumentadas as compensações aos concessionários, uma vez mais pagas com impostos regressivos e também por quem não utiliza essas portagens.

01/12/2025

Crónica da passagem de um governo (26)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Será o Dr. Matias um metafísico?

A dúvida resulta de ao ler a entrevista do Dr. Matias ao Jornal Sol em que ele, sem explicar como, garante que «o potencial impacto da reforma do Estado na economia é de cerca de 10 mil milhões de euros», e confirma, uma vez mais, que «a reforma do Estado não é para fazer cortes», me ter ocorrido uma citação cujo autor se perdeu no meu cansado hipocampo «A metafísica!... Num deserto de ideias, um dilúvio de palavras».

Partilho, por isso, com Luís Marques «a dificuldade de explicar o efeito que o exercício do poder exerce no cérebro de pessoas inteligentes, bem preparadas e aparentemente sensatas, oriundas da chamada sociedade civil» e o conselho de «deixar para Marcelo o monopólio do “somos o melhor povo do mundo”, estamos “entre os melhores do mundo”, ou de qualquer coisa que se faça “estar entre o melhor que se faz no mundo”».

Canários na mina de carvão

[Como já escrevi, nas minas de carvão usavam-se canários que são muito sensíveis ao monóxido de carbono e ao metano para alertar os mineiros de um perigo iminente.]

O número de trabalhadores em “lay-off”, um regime legal a que as empresas podem recorrer em determinadas circunstâncias de dificuldades, aumentou 22% em Outubro.

O governo queixa-se dele próprio

O presidente do IAPMEI justifica o atraso na execução do PRR (a bazuca do Dr. Costa) e confessa-se preocupado «com o licenciamento de alguns projetos», licenciamente que, como é sabido, depende do governo.

Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos, nem queremos saber

Segundo a Comissão Europeia o OE2026 português é o quinto mais expansionista da UE, ou seja, é o quinto com mais fé que a economia cresce com o governo a torrar mais dinheiro dos contribuintes europeus através da bazuca. É claro que a economia cresce quando se despeja dinheiro nas empresas e nas famílias, o problema é onde o dinheiro se aplica e qual o efeito sustentado a longo prazo.

Fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes pode mostrar fé, mas não mostra clarividência

Em resultado dos incentivos que o governo adoptou, o montante do crédito concedido para compra de habitação até Agosto aumentou 15% ultrapassando 18 mil milhões de euros. Como o número de novas habitações continua insuficiente para a procura, ninguém se deveria admirar que os preços por m2 tenham aumentado em Outubro 17,7% face ao mesmo mês de 2024.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

mais liberdade

Este é o resultado de anos de governação socialista sob os lemas «Em defesa do SNS, sempre» e «O SNS é um tesouro», um SNS cada vez mais capturado pelas corporações, a começar pelos médicos que têm conseguido limitar a oferta de cursos de medicina e usar as cirurgias adicionas e outros expedientes, como atribuir ao cirurgião a classificação do grau de complexidade da intervenção o que leva a remoção de um quisto sebáceo seja classificada como o incentivo máximo (fonte). A saúde privada agradece, ou, se quiserem, os melhores amigos da iniciativa privada são os defensores da expansão do Estado sucial.

30/11/2025

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (76) - Líder mundial na IA? No desperdício alimentar ninguém nos bate

Outros portugueses no topo do mundo.

O nosso Portugal dos Pequeninos não terá «as condições para se tornar um líder mundial na IA», como garantiu o Dr. Matias, ministro da Reforma do Estado, excitado pela numerosa plateia internacional que o escutava na Web Summit, mas ninguém lhe tira o lugar no topo do despercício alimentar, segundo os dados do Eurostat citados pelo Expresso.


É extraordinário que os cidadãos de um país onde ainda hoje há quem tenha fome e ainda estão vivos os que há não muitas décadas conviviam com uma frugalidade a que hoje se chamaria fome, deitem para o lixo em média quase 300 gramas de comida por dia.

29/11/2025

You can't fool all of the people all the time (9)

Other "You can't fool all of the people all the time"

YouGov (Source)

Going deeper.


In many of the states that voted for Trump, polls already show a majority of disapproval. Only 10 loyal states remain.

28/11/2025

Bons exemplos (143) - Passos Coelho, o enigma

«É neste reino de descontentamento que a figura severa de Passos Coelho reina. Ao contrário de quem governa, não precisa de uma maioria ou de meios. Pode manifestar a insatisfação com um simples gesto ou uma frase. Há muita gente em Portugal que gostaria que regressasse e há muita gente, os insiders do costume cheios de informação privilegiada, que conspiraria para que regressasse. São boutades de salão que só Passos Coelho poderá concretizar ou confirmar. A força, e poderia dizer-se força moral, de Passos Coelho tem outra fonte que não o campo de intriga do PSD ou o ninho de vespas da política. Ninguém no partido dele levantará a mão contra ele, por temor e fraqueza.

A força de ter-se mantido, desde que foi afastado do poder pela coligação de esquerda de António Costa, invisível e incorruptível. Não deslizou para os quadros de uma grande empresa, não faz parte de assembleias gerais ou conselhos de administração, não fugiu para um cargo internacional, não enriqueceu sem causa. Não aceitou ser comentador num canal de televisão, e tenho a certeza de que muitos o contratariam por quantias superiores às de um primeiro-ministro. Mantém uma casa nos subúrbios, teve perdas pessoais que encaixou sem lamento, não controla a figura pública com a obsessão das figuras públicas, não escreveu livros confessionais ou outros. E decerto o convidaram a escrever as memórias da troika. Não está nas redes, a aparafusar indignações. Não vai às televisões explicar-se. Não dá entrevistas. Não se lhe conhecem crimes ou comportamentos desviantes, muito menos onde o dinheiro estaria envolvido. Escreve uns prefácios, faz umas apresentações de livros, diz umas coisas, não muitas. É breve e conciso e, pasme-se, coerente. É um enigma.»

O enigma Passos Coelho, Clara Ferreira Alves no Expresso

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Registo que esta peça, que faz justiça a Pedro Passos Coelho, foi escrita pela mesma jornalista que escreveu há uma dúzia de anos, a pedido do Dr. Mário Soares por quem ela tinha devoção, um artigo de limpeza do cadastro do Eng. José Sócrates, artigo que dissequei em quatro verrinosos posts: (I), (II), (III) e (IV). É um exemplo de que a maioria das pessoas é capaz do pior e algumas vezes também do melhor.

26/11/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (77)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O Dr. Costa é um habilidoso que aspira a ser maquiavélico…

A propósito de mais uma argolada do Ministério Público no caso das escutas ao Dr. Costa e aos seus apoderados na Operação Influencer, o mesmíssimo Dr. Costa instruiu o seus advogados para fazer fogo sobre o MP fazendo-se de vítima para justificar uma renúncia que, como é evidente para toda a gente, estava na sua agenda desde que tempos antes ele iniciou a sua campanha para presidente do Conselho Europeu e aguardava apenas o pretexto oferecido pelo MP.

… e o seu ajudante e substituto, Dr. Pedro Nuno, é uma espécie de Bourbon…

Dizia-se dos Bourbon que nada esqueciam e nada aprendiam. Foi que fez o Dr. Pedro Nuno com o seu artigo de hoje no Público em que justifica e louvaminha a geringonça de que ele foi um dos obreiros, mas não beneficiário porque o benefício foi apoderado pelo Dr. Costa, sem perceber que a geringonça foi chão que deu uvas e é hoje geralmente abominada pelos eleitores, pelo que a sua evocação só pode trazer prejuízo a quem pretende voltar ao poder.

… e tem a companhia dos apparatchiks da UGT…

Em resposta às patetices do governo para tentar desmobilizar a greve conjunta da UGT com a CGTP, o apparatchik-mor da UGT declarou que «se calhar o que temos de passar é marcar dois dias de greve em vez de ser só um». Talvez esteja enganado porque, numa conjuntura em que os aumentos nominais de salários têm ultrapassado a inflação, com o dinheiro da bazuca ainda a circular e o consumo a aumentar, a greve geral pode ser um fiasco.

… e do grupo par[a]lamentar

Na senda do Animal Feroz, que decidiu terminar a PPP do hospital Amadora-Sintra, e dos dois governos do Dr. Costa que, pela mão da Dr.ª Temido, a ministra que confessou cantar a Internacional para relaxar, extinguiram as PPP em quatro hospitais, hospitais que funcionaram sob a gestão privada com melhor qualidade e menores custos do que os hospitais públicos, o grupo parlamentar do PS votou na companhia do Livre, do PCP, do BE e PAN, contra a proposta de o governo promover a adjudicação de contratos PPP.

A promoção do facilitismo não está a facilitar

Não obstante as propostas do aumento permanente extra das pensões, do congelamento das propinas e da proibição da venda de imóveis do Estado com aptidão habitacional e all that jazz, a sondagem da Pitagórica da semana passada dá uma vantagem do PSD sobre o PS de 12 pontos percentuais. Resta ao PS a consolação de continuar a ser atractivo para os candidatos a apparatchiks do Estado sucial que en masse se têm inscrito como militantes.

24/11/2025

Crónica da passagem de um governo (25)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Canários na mina de carvão

[Nas minas de carvão usavam-se canários que são muito sensíveis ao monóxido de carbono e ao metano para alertar os mineiros de um perigo iminente.]

Nos três primeiros trimestres deste ano os despedimentos colectivos aumentaram 17% e atingiram o número mais alto desde 2020.

No terceiro trimestre o número de dormidas dos turistas estrangeiros representa a percentagem mais baixa do total de dormidas desde 2022.

Em Setembro o endividamento da economia aumentou em relação a Setembro do ano passado 9,4 mil milhões dos quais 6,7 milhões são dívida pública. O endividamento das empresas privadas cresceu 2,5% e o dos particulares 7,8% (BdP). Enquanto isso, o crédito ao consumo aumentou 8,5% desde Janeiro.

Contra as previsões do governo, a Comissão Europeia prevê um saldo orçamental nulo este ano e um défice de 0,3% em 2026.

Contra a expectativa de um upgrade, a Moody’s manteve o rating de crédito de Portugal em A3.

A falta de ímpeto reformista está a ter resultados (por agora)

Se houvesse dúvidas de que os eleitores não apreciam reformas (como o Dr. Costa sabiamente percebeu), a sondagem da Pitagórica, que dá uma vantagem do PSD sobre o PS de 12 pontos percentuais e sobre o Chega de 20 pontos percentuais confirma que o Dr. Montenegro, acolitado pelo Dr. Matias, pode não ser grande reformista, mas é um razoável oportunista.

Take Another Plan. Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay

Dez anos depois da privatização de 2015 e dias antes do termo do prazo para manifestação de interesse na privatização prevista para 2026 e com grande sentido de oportunidade, o Ministério Público envia uma equipa apoiada por dezenas de Judites para fazer «buscas em 25 locais por suspeita de crimes no processo de privatização da TAP». Um dos visados é Fernando Pinto, o anterior presidente da TAP, por suspeita de ter recebido dois milhões de euros para beneficiar consórcio que comprou a TAP, em 2015. Outros dois arguidos são Humberto Pedrosa e o seu filho, donos da Barraqueiro. Estão em causa «suspeitas de crimes de administração danosa, de participação económica em negócio, de corrupção passiva no sector privado, de fraude fiscal qualificada e de fraude à Segurança Social».

Há quem pense que esta operação é uma montagem para comprometer a privatização. Sim, é uma explicação possível, em alternativa à demonstração notória, pública e internacional pela justiça portuguesa da sua incompetência terminal.

“A audácia de liderar”

Rivalizando com o Dr. Matias que no palco da Web Summit declarou solenemente que Portugal «tem todas as condições para se tornar um líder mundial na IA», o Eng. Moedas escreveu um artigo de opinião no Jornal Sol com o título “A audácia de liderar” (uma homenagem ao lema dos comandos "Audaces Fortuna Juvat"?) declarando o propósito de fazer da «Área Metropolitana de Lisboa (AML) o centro da inovação europeia». A exemplo do Dr. Matias, que se deveria concentrar em coisas triviais como a burocracia que afoga a "Empresa na Hora", também o Eng. Moedas se deveria concentrar em coisas como a recolha do lixo e, já agora, na redução de uma fracção dos mais de 10 mil apparatchiks que povoam a câmara.

A produtividade do parlamento

Como que a compensar uma das mais baixas produtividades do trabalho da UE, os deputados do parlamento português apresentaram 2.176 propostas de alteração do OE2026, com uma notável contribuição dos 3 deputados comunistas que, apesar de representarem apenas 1,3% do total, apresentaram um quarto das propostas.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

mais liberdade

Os dados do quadro acima dizem mais sobre a degradação dos serviços públicos da saúde materna do que as notícias, que os jornalistas adoram e que excitam os leitores, dos bebés nascidos nas ambulâncias, como se o SNS devesse ter em cada grávida um detector de rotura da bolsa amniótica e um contador de contracções.
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Aditamento:
Não existindo dados estatísticos, no mínimo é uma hipótese arrojada pretender justificar um aumento de 2,8 vezes das taxas de mortalidade materna num período de 10 anos, num quadro de degradação do SNS, com o peso crescente dos hospitais privados - veja-se o quadro seguinte:
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O pior de dois mundos (republicação actualizada)

Segundo a vulgata socialista, o SNS seria a solução de saúde pública em que os “utentes” teriam cuidados médicos “tendencialmente gratuitos”, melhores do que os dos “privados”, os profissionais seriam bem pagos, com empregos estáveis sem “precariedade”, e sem nenhum daqueles pecados da medicina privada. Saiu tudo ao contrário. A saúde pública custa a cada português mais de 2.700 euros por ano, custo superior em média a um seguro privado de saúde, o SNS está em avançado grau de decomposição, a maioria dos profissionais são mal pagos, e os “precários” (alguns deles empresários em nome individual para “optimização fiscal”) têm um peso cada vez maior – em 2024 os gastos com “tarefeiros” aumentaram 11% e ultrapassaram 200 milhões e este ano podem ultrapassar os 260 milhões.

Ah, já me esquecia, o SNS seria também o contrário da saúde privada capitalista movida pela procura do lucro.

Créditos: Observador

O quadro acima, que diz respeito apenas às cirurgias extras do hospital de Santa Maria, é um bom exemplo do poder da “iniciativa privada capitalista” aproveitando uma solução de desenrascanço para tapar as falhas, não do mercado, mas do Estado sucial.

22/11/2025

Dúvidas (362) - Qual o efeito na natalidade das políticas de promoção da natalidade? (I)

Uma das bandeiras do nativismo é o aumento da natalidade para combater a "Grande Substituição", uma modalidade das míticas ameaças externas a que todos os ideários autocráticos recorrem. Na UE há dois países que adoptaram políticas para aumentar a fecundidade: a Polónia e a Hungria. O governo de Viktor Orbán gasta 6% do PIB da Hungria com esse propósito, que inclui uma isenção vitalícia do imposto sobre o rendimento das mães com mais de um filho.

Os resultados não são encorajadores. Na Hungria o número de nascimentos (77.500) o ano passado foi o mais baixo de sempre e a taxa de natalidade de 1,38 foi a mais baixa desde 2014. Na Polónia, o ano passado a taxa de natalidade foi de 1,1, pouco mais de metade em relação a 1990 (1,9).

Fonte

Quando comparados com os restantes países da UE que não adoptaram activamente essas políticas, os resultados não são muito diferentes. Por exemplo, vários países vizinhos têm até taxas de fecundidade superiores: Chéquia (1,46), Croácia (1,47),  Eslováquia (1,49), Eslovénio (1,51), Roménia (1,54), Bulgária (1,81). 

(Continua)

20/11/2025

Did you guess who wrote "Opioid of the Masses"? Believe It or Not!

A sort of follow-up to yesterday's post.

The article "Opioid of the Masses," in which the current POTUS is portrayed with great realism, was published by J.D. Vance, the current vice president, on July 4, 2016, in The Atlantic magazine, which in 2020 endorsed the Democratic presidential nominee, Joe Biden, in the presidential election. At that time, J. D. Vance had not yet been recruited by Peter Thiel - who had not yet discovered that the Antichrist was back  (*) - to be part of the administration that he and other technocrats, such as Elon Musk, would support to instill some rationality into the government in the short term and replace Donald Trump in the medium term, either through his resignation or in new elections.

(*) See here, here, and there.

19/11/2025

Guess who wrote "Opioid of the Masses"?

«During this election season, it appears that many Americans have reached for a new pain reliever. It too, promises a quick escape from life’s cares, an easy solution to the mounting social problems of U.S. communities and culture. It demands nothing and requires little more than a modest presence and maybe a few enablers. It enters minds, not through lungs or veins, but through eyes and ears, and its name is Donald Trump.

Last Sunday, the day before Memorial Day, I met a Marine veteran of the Vietnam War at a local coffee shop. “I was lucky,” he told me. “At least I came home. A lot of my buddies didn’t. The thing is, the media still talks about us like we lost that war! I like to think my dead friends accomplished something.” Imagine, for that man, the vengeful joy of a Trump rally. That brief feeling of power, of defiance, of sending a message to the very political and media establishment that, for 45 years, has refused to listen. Trump brings power to those who hate their lack of it, and his message is tonic to communities that have felt nothing but decline for decades.

In some ways, Trump’s large, national coalition defies easy characterization. He draws from a broad base of good people: kind folks who open their homes and hearts to people of all colors and creeds, married couples with happy homes and families who live nearby, public servants who put their lives on the line to fight fires in their communities. Not all Trump voters spend their days searching for an analgesic.

Yet a common thread among Trump’s faithful, even among those whose individual circumstances remain unspoiled, is that they hail from broken communities. These are places where good jobs are impossible to come by. Where people have lost their faith and abandoned the churches of their parents and grandparents. Where the death rates of poor white people go up even as the death rates of all other groups go down. Where too many young people spend their days stoned instead of working and learning.

Many years ago, our neighbor (and my grandma’s old friend) in Middletown moved out and rented his house on a Section 8 voucher—a federal program that offers housing subsidies to low-income people. One of the first folks to move in called her landlord to report a leaky roof. By the time the landlord arrived, he discovered the woman naked on her couch. After calling him, she had started the water for a bath, gotten high, and passed out. Forget about the original leak, now much of the upstairs—including her and her children’s possessions—was completely destroyed. Not every Trump voter lives like this woman, but nearly every Trump voter knows someone who does.

Though the details differ, men and women like my neighbor represent, in the aggregate, a social crisis of historic proportions. There is no group of people hurtling more quickly to social decay. No group of people fears the future more, dies with such frequency from heroin, and exposes its children to such significant domestic chaos. Not long ago, a teacher who works with at-risk youth in my hometown told me, “We’re expected to be shepherds to these children, but they’re all raised by wolves.” And those wolves are here—not coming in from Mexico, not prowling the halls of power in Washington or Wall Street—but here in ordinary American communities and families and homes.

Trump’s promises are the needle in America’s collective vein.

What Trump offers is an easy escape from the pain. To every complex problem, he promises a simple solution. He can bring jobs back simply by punishing offshoring companies into submission. As he told a New Hampshire crowd—folks all too familiar with the opioid scourge—he can cure the addiction epidemic by building a Mexican wall and keeping the cartels out. He will spare the United States from humiliation and military defeat with indiscriminate bombing. It doesn’t matter that no credible military leader has endorsed his plan. He never offers details for how these plans will work, because he can’t. Trump’s promises are the needle in America’s collective vein.

The great tragedy is that many of the problems Trump identifies are real, and so many of the hurts he exploits demand serious thought and measured action—from governments, yes, but also from community leaders and individuals. Yet so long as people rely on that quick high, so long as wolves point their fingers at everyone but themselves, the nation delays a necessary reckoning. There is no self-reflection in the midst of a false euphoria. Trump is cultural heroin. He makes some feel better for a bit. But he cannot fix what ails them, and one day they’ll realize it.

I’m not sure when or how that realization arrives: maybe in a few months, when Trump loses the election; maybe in a few years, when his supporters realize that even with a President Trump, their homes and families are still domestic war zones, their newspapers’ obituaries continue to fill with the names of people who died too soon, and their faith in the American Dream continues to falter. But it will come, and when it does, I hope Americans cast their gaze to those with the most power to address so many of these problems: each other. And then, perhaps the nation will trade the quick high of “Make America Great Again” for real medicine.»

Opioid of the Masses

18/11/2025

Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem saber qual é a doença (14) - Adam Smith de 1776 em vez da verborreia ideológica

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12) e (13)

mais liberdade

«Quando a quantidade de qualquer mercadoria que chega ao mercado é inferior à procura efectiva, todos aqueles que estão dispostos a pagar o valor total da renda, dos salários e do lucro necessários para que ela chegue ao mercado, não podem obter a quantidade desejada. Em vez de ficarem sem nada, alguns estarão dispostos a pagar mais. Imediatamente, começará uma competição entre eles, e o preço de mercado subirá mais ou menos acima do preço natural, conforme a magnitude da escassez ou a riqueza e o luxo desenfreado dos concorrentes estimulem, em maior ou menor grau, o fervor da competição. Entre concorrentes de igual riqueza e luxo, a mesma escassez geralmente ocasionará uma competição mais ou menos acirrada, conforme a aquisição da mercadoria seja mais ou menos importante para eles. Daí o preço exorbitante dos bens de primeira necessidade durante o bloqueio de uma cidade ou em tempos de fome.»

Adam Smith, An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations - The Wealth of Nations - Book I - Chapter VII

17/11/2025

Crónica da passagem de um governo (24)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Tanto barulho para nada. A única coisa notável na “reforma” da legislação laboral é a greve geral

Posso estar equivocado, mas não encontro nas alterações que o governo pretende aprovar nada que afecte significativamente o funcionamento do mercado de trabalho – supondo que tal coisa existe – ou os direitos dos trabalhadores, para utilizar o patuá sindical. Em consequência, não creio que essas alterações tenham efeitos visíveis na “flexibilização” e ainda menos impactos na eficiência das empresas e na produtividade do trabalho.

A greve geral é tanto mais despropositada quanto, segundo o INE, o aumento homólogo no 3.º trimestre da remuneração bruta total mensal média por trabalhador atingiu 5,3% e em termos reais, descontada a inflação, o aumento foi de 2,6%.

À atenção do Dr. Gonçalo Matias, ministro Reforma do Estado

Dos 30 países considerados no estudo da OCDE, o Estado sucial português é o segundo, só superado pela Turquia, com serviços públicos administrativos mais centralizados.

Ó Dr. Matias não perca tempo com pensamentos milagrosos e declarações bombásticas, como a de que Portugal «tem todas as condições para se tornar um líder mundial na IA», desça à terra e comece a tratar disto.

Os contribuintes são todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros

O caso dos impostos (IMI e imposto de selo) de mais de 300 milhões devidos pela venda das barragens da EDP à multinacional francesa Engie para reduzir o endividamento, operação disfarçada pela EDP como uma reorganização empresarial, impostos que a EDP assumiu perante o comprador não seriam devidos, são o exemplo mais notório de como o governo AD pela boca do ministro das Finanças sucumbiu ao lóbi accionista sino-hispano-americano admitindo que uma obrigação fiscal confirmada pelo Ministério Público poderia não ser cumprida.

A realidade vai-se impondo ao pensamento milagroso

adaptado de mais liberdade

Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos, nem queremos saber

Mostrando que em certas matérias, como no investimento, é mais o que une os dois grandes partidos do regime do que o que os separa, a taxa de execução do investimento público do governo AD em 2024 andou pelos 84%, afinal ainda inferior aos 90% das taxas dos governos PS. Num país pendurado no Estado sucial os empresários seguiram o exemplo e o investimento privado caiu igualmente em 2024 para 13%.

16/11/2025

Ser de esquerda é... (33) - ... é trocar de causas como quem troca de camisa (sempre com o mesmo tronco)

«Desastres eleitorais sucessivos, transferência de votos para a direita a par do envelhecimento do seu eleitorado, levaram as esquerdas  a primeiro deitar contas à vida e, em seguida, atirar pressurosamente para o caixote do lixo as vítimas que até ontem animavam o seu activismo. E assim, porque chegou a hora dos camaradas subirem ao palanque, num ápice sumiram-se os “camarados” e os “camarades”. (...)

O problema é que não só conseguem impor novos activismos como está implícito que esqueçamos as consequências do activismo da véspera. É mesmo como se esse activismo nunca tivesse existido. O direito à desmemória é o grande privilégio da esquerda que, enquanto mergulha as sociedades em processos contínuos de mortificação pelos crimes cometidos  por aqueles que aponta como seus inimigos no passado — e que podem ser tão distantes quanto os descobridores portugueses do século XV —, se arroga a si mesma o direito de não ser confrontada por aquilo que fez e disse ontem. Ou anteontem. Ou há um ou dois anos. (...)

Pois é agora já ninguém quer saber das casas de banho para as crianças trans, nem da linguagem dita inclusiva porque agora vamos voltar à “classe contra classe até à vitória final” como se estivéssemos no PREC. Alguém esperava que assim não fosse? Para que tal acontecesse era necessário ter denunciado, criticado, confrontado… os activistas quando estes andavam por aí com o linguarejar (cada activismo tem o seu idiolecto próprio) do sonho e da conquista irreversível para designar a estatização e consequente destruição da economia do país. É caso para dizer, olá camaradas. Façam de conta que estão na vossa casa.»

Helena Matos no Observador

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Outros "Ser de esquerda é..."

Em boa verdade, a volubilidade da esquerdalhada é apenas aparente, porque persiste o mesmo propósito de sempre: impor uma agenda e sabotar a liberdade em nome de grandes princípios. Afinal, o mesmo propósito que a direita iliberal prossegue. 

13/11/2025

Is President Trump the paper tiger of Emperor Xi?

«XI JINPING, CHINA’S supreme leader, is not frightened of President Donald Trump. Increasingly, Chinese elites see Mr Trump as “very soft” on their country, say Beijing insiders.

China was “a bit panicky” during Mr Trump’s first term, concedes an analyst in Beijing. The first Trump administration expanded a trade war into an ideological contest, with officials making stern critiques of China’s political and economic systems. China is not panicking any more, insists the analyst. When Trumpian bullying resumed this year, China’s leaders pushed back hard, refusing to buy American soyabeans and restricting exports of rare-earth minerals and permanent magnets that are vital to carmakers and other industries. Mr Trump “blinked first”, the analyst says.

At a meeting with Mr Xi in South Korea on October 30th Mr Trump offered concessions, including a one-year pause of a rule extending American export controls to the subsidiaries of blacklisted Chinese companies. China agreed to buy soyabeans and made vaguer promises to block smuggled shipments of chemicals used to make fentanyl, and to facilitate exports of rare earths.

Pundits in Beijing claim other wins. Since returning to power ten months ago, Mr Trump has shown no ideological ill-will towards the Communist Party, even when imposing dizzying tariffs on China. In the telling of Chinese scholars, Mr Trump treats China as an “indispensable” nation. He urges China to buy American goods and has welcomed its companies to invest in America. As an added bonus, in his second term Mr Trump has so tightened his grip over the federal government and the Republican Party that conservatives dare not challenge him for engaging with China. 

(...)

Mr Trump does seem ready to treat Mr Xi as a peer. After their encounter in South Korea, Mr Trump bragged on social media about a “G2 meeting” that would lead to “everlasting peace and success”. China has learned how to intimidate America’s president: hence the current, uneasy truce in their trade war. Wooing Mr Trump is a trickier task. China hawks in Washington have much to fear, should Mr Xi succeed.»

Beijing insiders’ plan to play Donald Trump

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«"Paper tiger" is a calque of the Chinese phrase zhǐlǎohǔ (simplified Chinese: 纸老虎; traditional Chinese: 紙老虎). The term refers to something or someone that claims or appears to be powerful or threatening but is actually ineffectual and unable to withstand challenge.

The expression became well known internationally as a slogan used by Mao Zedong, former chairman of the Chinese Communist Party and paramount leader of China, against his political opponents, particularly the United States. It has since been used in various capacities and variations to describe many other opponents and entities.» (
Wikipedia)

11/11/2025

Crónica da passagem de um governo (23 b)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
(Continuação de 23 a)

Ó Dr. Matias, antes do Portugal dos Pequeninos ser líder de alguma coisa, é preciso que Estado sucial funcione decentemente

Talvez empolgado pela plateia da Web Summit, o Dr. Matias, ministro da Reforma do Estado, declarou solenemente que Portugal «tem todas as condições para se tornar um líder mundial na IA». Não carece, por agora já ficaríamos felizes se não fosse preciso esperar um ano para criar uma “Empresa na Hora”. Se não conseguir reformar o Instituto de Registos e Notariado, mude o nome da coisa para “Empresa no Ano”. Em qualquer caso, não contrate os dois mil funcionários que lhe dizem ser necessários.

Boa Nova?


O semanário de reverência festeja o aumento homólogo de 192 mil empregos no 3.º trimestre da população empregada para 5,3 milhões e a criação de quase um milhão de empregos nos últimos dez anos. Os aumentos do emprego superiores ao crescimento real do PIB significam que estão a ser criados empregos pouco sofisticados em actividades de baixa produtividade.

Querer fazer o lugar do outro

Desde que foi anunciada pelo governo a intenção de abolir a fiscalização prévia dos contratos públicos o Tribunal de Contas vem fazendo a sua campanha para a manter, propósito que releva mais da preocupação de não perder poder do que de apego ao combate à corrupção. A presidente do TdC afirmou no parlamento que «é a intervenção do Tribunal que garante a credibilidade financeira do Estado português» sem se dar conta de que está a responsabilizar-se pela falta de credibilidade do Estado.

Outro exemplo de instituições que pretendem fazer o lugar de outras, é o caso do grupo parlamentar do PSD que classificou como «completamente desalinhadas» as previsões económicas e orçamentais pondo em causa «a racionalidade e metodologia utilizada» pelo Conselho das Finanças Públicas a quem compete fiscalizar o cumprimento das regras orçamentais e a sustentabilidade das finanças públicas, Conselho que colocou em dúvida as previsões do governo subjacentes à proposta de OE 2026

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

mais liberdade

O gráfico confirma que despejar  dinheiro em cima dos problemas não os resolve. Enquanto a despesa do SNS a preços constantes aumentou 41% em dez anos (em termos nominais o aumento foi de 72%), o número de actos médicos aumentou muito menos, salvo no caso das cirurgias em que aumentou apenas mais 2%, certamente muito à custa do expediente das “cirurgias adicionais” pagas com um tarifário especial.