Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

21/06/2025

Subvenções, benefícios, subsídios, apoios, as palavras mais usadas do glossário do Estado sucial

Segundo dados da Inspecção-Geral de Finanças citados pelo Jornal Sol, o governo distribuiu o ano passado 8,2 mil milhões de euros, ou 6,6% da despesa pública, por inúmeras entidades com destaque para as seguintes:


Além dos beneficiários do costume, os organismos públicos e a empresas públicas, com a CP em destaque, surge-nos como maior beneficiário a EDP uma empresa privada cujos principais accionistas são entidades estrangeiras.

Estrutura accionista da EDP

Já agora, recorde-se que o governo de Passos Coelho vendeu a EDP e outras empresas em cumprimento do memorando de entendimento (*) assinado em 2011 pelo governo socialista de José Sócrates, como condição para o Estado português ser resgatado da bancarrota em que este último governo o tinha deixado.
__________
(*) Memorando de entendimento:
3.31. (...) «O Governo compromete-se a ir ainda mais longe, prosseguindo uma alienação acelerada da totalidade das acções na EDP e na REN, e tem a expectativa que as condições do mercado venham a permitir a venda destas duas empresas, bem como da TAP, até ao final de 2011. »

20/06/2025

BELIEVE IT OR NOT! Trump Derangement Syndrome (TDS) Research Act of 2025

(David Simonds)

«May 15, 2025

WASHINGTON, D.C. — Today, Rep. Warren Davidson (R-OH) introduced the Trump Derangement Syndrome (TDS) Research Act of 2025. This bill would direct the National Institutes of Health (NIH) to study the psychological and social roots of what is known as Trump Derangement Syndrome, a phenomenon marked by extreme negative reactions to President Donald J. Trump. He was joined by original cosponsor Rep. Barry Moore (R-AL). (...)

By leveraging NIH’s existing programs at the National Institute of Mental Health, the bill will:

Investigate TDS’s origins and contributing factors, including the media’s role in amplifying the spread of TDS.

  • Analyze its long-term impacts on individuals, communities, and public discourse.
  • Explore interventions to mitigate extreme behaviors, informing strategies for a healthier public square.
  • Provide data-driven insights into how media and polarization shape political violence and social unrest.
  • Require an annual report to Congress.
  • No Additional Spending: Uses existing NIH resources and avoids new spending.»

(Source)

19/06/2025

Não é bem competitividade, é mais "competividade"

Continuação de Na "competividade", como diz o Dr. Costa, estamos um poucochinho pior, como também disse o Dr. Costa

O último ranking de Competitividade do IMD atribui ao Portugal dos Pequeninos um score de 67,84 numa escala de 1 a 100 e mostra uma descida de um lugar para 37.º dos 67 países avaliados, ou seja na posição onde estávamos em 2020. Na região EMEA (Europa-Médio Oriente-África) situamo-nos no 25.º lugar entre 45 países. Nos últimos 5 anos a evolução no ranking foi a seguinte:


Dos quatro factores considerados no ranking, os que nos penalizam são a performance económica e a eficiência nos negócios (42.º em ambos os factores) e os que nos beneficiam são eficiência do governo (35º, onde subimos 6 lugares, parabéns Dr. Montenegro) e Infraestruturas 25.º (parabéns Eng. Sócrates e contribuintes europeus). 

Como de costume, os nossos mídia subvalorizaram a descida no ranking e valorizaram termos ficado à frente da Espanha (39.º) e da Itália (43.º) (exemplo). 
_____

Já que estamos a falar de rankings, a universidade de Harvard preparou um índice de tecnologias críticas (inteligência artificial, semicondutores, biotecnologia, espaço e tecnologia quântica) onde, sem surpresa, Portugal nem sequer surge no ranking de 25 países liderado pelos EUA, seguidos da China, com a Europa em terceiro lugar, uma Europa onde apenas foram considerados Reino Unido, França, Itália, Holanda e Espanha (a vingança).

18/06/2025

A defesa dos centros de decisão nacional (34) - Restos de colecção

Outras defesas dos centros de decisão nacional.

Recordemos, uma vez mais, os inúmeros manifestos pela defesa dos centros de decisão nacional, alguns deles assinados por empresários que passado algum tempo venderam a estrangeiros as suas empresas e as inúmeras declarações no mesmo sentido da esquerdalhada em geral. Recordemos também que esta necessidade de vender o país aos retalhos surge pelo endividamento gigantesco de públicos e privados e pela descapitalização da economia portuguesa, consequência de décadas a viver acima das posses.

A propósito, recordemos a nacionalização dos bancos como parte da nacionalização das empresas críticas em vários sectores económicos durante e em consequência do chamado PREC (Processo Revolucionário Em Curso), com vista a quebrar a espinha do "capitalismo monopolista", como então se dizia segundo o Zeitgeist da época.

Decorridos cinquenta anos, o que resta desses Bancos do Povo? Para além da CGD e das miudezas que não foram nacionalizadas, como o Banco Montepio e as Caixas Económicas, os outros bancos foram sendo vendidos a accionistas estrangeiros e, por último, restava o BES resultante da compra pelo GES grupo controlado pelos antigos accionistas.

O BES que a família Espírito Santo, pela mão de Ricardo "Dono Disto Tudo" Salgado, levou à falência, seria resgatado em 2014 dando origem ao BES Mau (que até agora custou aos contribuintes mais de 8 mil milhões de euros) e ao BES Bom, sendo este último comprado pelo fundo americano Lone Star em 2017, mantendo-se o Fundo de Resolução como accionista minoritário.

Foi há dias anunciado que o Novo Banco seria vendido ao grupo francês BPCE por 6,4 mil milhões de euros dos quais cerca de 2 mil milhões serão recuperados pelo Fundo de Resolução, reduzindo assim os custos para os contribuintes para uns 6 mil milhões de euros. 

Moral da estória, os Bancos do Povo nacionalizados para os subtrair ao controlo pelo capitalismo monopolista doméstico são hoje controlados principalmente pelo capitalismo espanhol, francês, chinês e angolano. 

17/06/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (63)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O Dr. Centeno é um estereótipo do apparatchik socialista e o BdP é demasiado pequeno para o seu ego

Esta Crónica é inteiramente dedicada ao Dr. Centeno, que bem merece depois ter passado quase cinco anos no ministério das Finanças de onde saiu, substituído pelo seu ex-secretário de Estado Dr. João Leão, para se autonomear (através do Dr. Costa) governador do BdP, instituição que dele dependia enquanto ministro. Como se fosse pouco, o Dr. Centeno, aproveitando a vacatura de primeiro-ministro quando o Dr. Costa se demitiu em Novembro de 2023, ofereceu-se para S. Bento em entrevista ao Financial Times e mais tarde sussurrou para jornalistas amigos a sua disponibilidade para Belém.

Quanto ao BdP ser demasiado pequeno para o Dr. Centeno, teremos de concordar porque, como explicou o outro contribuinte, competindo ao BCE a supervisão das instituições bancárias a que faz sentido chamar bancos com sede em Portugal, isto é as quatro "entidades significativas" BPI, BCP, CGD e Novo Banco, resta ao BdP a supervisão das entidades "insignificativas" tais como as Caixas Agrícolas, o Banco Montepio e outras miudezas, bem como o gabinete de estudos e as estatísticas financeiras. A única coisa que pode consolar o Dr. Centeno é que deve ser o director de gabinete de estudos mais bem pago do mundo com um salário anual de 273 mil euros que o coloca acima do presidente da Fed.

Tudo isto se consegue entender com algum esforço num contexto em que os apparatchiks socialistas se consideram, por assim dizer, proprietários do Estado sucial. Mais difícil de perceber, porque revela que o Dr. Centeno, extasiado consigo próprio, poderá ter perdido de vez o contacto com a realidade ao produzir um discurso delirante de grandeza imaginária no cenário humilde da Caixa Agrícola de Torres Vedras onde nos informa
«Em 2014, pagaram-se 30 mil milhões em salários às famílias portuguesas. Em 2024, este valor já era superior aos 60 mil milhões de euros. Fizemos mais para melhorar os salários das famílias nestes dez anos do que nos 900 anos anteriores", disse o governador numa intervenção numa conferência que assinalou os 110 anos da Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras. Nunca antes, na História do nosso país, conseguimos transformar tantas coisas em tão pouco tempo.»

16/06/2025

Crónica da passagem de um governo (3)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Reformas? Só se não doerem!

O programa que o governo irá aprovar no parlamento com umas pantagruélica 250 páginas lá vem com o tempero das reformas e a receita do costume: redução dos impostos (mantendo a despesa pública - não haverá despedimentos garante-se), aumento do salário mínimo. Também tem inovações: o reforço da defesa (sobretudo pela contabilidade criativa), a imigração “regulada e humanista” e a “mobilização de todos para ultrapassar a crise da habitação” (esta é um autêntico achado) , etc. 

Perdoem-me a falta de fé mas não há reformas sem dor.

O governo AD inova na área da military deception

Esqueçam documentos falsos, exércitos fantasmas, tanques infláveis, aeródromos fictícios, mensagens de rádio falsas, o Dr. Montenegro e o seu governo adoptaram uma nova táctica para enganar o inimigo. Putin e os seus exércitos que se cuidem, o governo AD vai utilizar a contabilidade criativa para confundir o inimigo. Segundo o semanário de reverência, para atingir a despesa de defesa exigida pela NATO o governo incluirá no orçamento da defesa despesas da GNR, combate aéreo a incêndios florestais e até pensões dos militares reformados.

Um Estado sucial extorsionário tem de ser “distorsionário”

Extorcionário  |  "distorcionário"

A fé é que os salva? (continuação)

Como já referi a semana passada, o governo está praticamente sozinho nas previsões de crescimento e dos excedentes orçamentais deste ano e do próximo e também não ajuda o comportamento do comércio externo em Abril com as exportações a caírem 5,7% e as importações a aumentarem 2,4% em relação a Abril do ano passado. A isso se acrescenta o aumento de 2,1% para 2,3% da inflação em Maio. Um cenário cinzento, to say the least, apesar da «persistência de políticas expansionistas (o que) não constitui uma estratégia prudente», como salienta o Dr. Centeno do alto da sua torre de marfim do BdP.

15/06/2025

Dez anos de «Em defesa do SNS, sempre», «O SNS é um tesouro» e os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Nos oito anos em que o PS ocupou o governo, os seus dirigentes e porta-vozes saturaram os mídia com mantras de agit-prop como «em defesa do SNS, sempre» ou «o SNS é um tesouro» ao mesmo tempo que os seus governos reduziam para 35 horas os horários de trabalho ou seja menos 12,5%, redução que, garantiam o governo o Dr. Centeno e o Dr. Marcelo, não teria impacto orçamental, orçamentavam aumentos do investimento nunca executados, inchavam as listas de espera e atingiam 1,7 milhões de "utentes" sem médico de família (ver o relatório do CFP Evolução do Desempenho do Serviço Nacional de Saúde em 2023).

Enquanto os discursos subiam de tom, o sector privado de saúde prosperava com a migração de "utentes" que dispunham de seguros de saúde familiares ou, mais frequentemente, do seguro de grupo das empresas que face à paralisia do SNS perceberam que oferecer um seguro de saúde era um factor atractivo importante. Nos dois anos anteriores o volume de prémios do seguro de saúde aumentou 16,7% e 17,5%, respectivamente, enquanto a facturação dos hospitais privados crescia 11,6% o ano passado e atingia 2,5 mil milhões de euros (fonte). Entretanto o SNS continua mergulhado na sua ineficácia e nos seus escândalos e o governo da AD garante-nos que os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS».

14/06/2025

Double standards: There are insurrections for good causes and there are protests for bad causes

The good insurrection vs the bad protest

«IS THE UNREST in Los Angeles a one-off? Or is it the beginning of a summer of unrest, and of crackdowns by President Donald Trump, who has no patience for protesters in Democratic cities? (...)

On June 9th the Pentagon announced the deployment of hundreds of marines to the city to backstop the National Guard. That is unwise. Marines are not experienced in law enforcement. As the defence secretary likes to point out, soldiers are trained to kill. 

On the contrary, when the president who pardoned his own Capitol-charging insurrectionists sends in troops to take on Democrat-supporting Angelenos, his loyalists are more likely to put aside their worries about the economy or the fuss surrounding the ex-DOGE boss, Elon Musk. The danger is that Mr Trump tries this tactic in other Democratic strongholds, too.»

(What’s happening in LA could be a template for the Trump administration)

13/06/2025

Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP (2)

[Continuação daqui]

Há dias o Expresso, um grande entusiasta das startups lusas, titulava com tristeza «Startups nacionais com pouca saída: faltam oportunidades de desinvestimento em Portugal» querendo significar que um número cada vez menor de startups consegue encontrar investidores privados (venture capitalists) e por isso ficam penduradas no Estado sucial via Portugal Ventures, uma sociedade de capital de risco participada pelo Banco Português de Fomento que desde 2012 até ao ano passado registou perdas de 124 milhões nas cerca de 300 startups em que participou.

Dificilmente poderia ser de outro modo porque apparatchiks sentados na Portugal Ventures só por milagre têm o know-how para avaliar riscos, anteciparem hipotéticos futuros sucessos e detectarem potenciais unicórnios enquanto apostam o dinheiro dos contribuintes e certamente não têm incentivo indispensável dos venture capitalists que arriscam o seu dinheiro nas empresas em que apostam.

12/06/2025

Dito de outro modo...

Fonte

... os Estados chinês e americano irão sacar aos seus contribuintes 10% e 55%, respectivamente, sobre os produtos importados do outro Estado, esperando o Sr. Trump que daí resulte que os americanos deixarão de consumir bens chineses a uma fracção do preço dos bens americanos equivalentes ou, em alternativa, que as empresas chinesas vão produzir esses bens nos EUA a um múltiplo dos preços equivalentes se produzidas na China.

10/06/2025

People who cannot distinguish between fact and fiction are the support of totalitarism

«The ideal subject of totalitarian rule is not the convinced Nazi or the convinced Communist, but people for whom the distinction between fact and fiction (i.e., the reality of experience) and the distinction between true and false (i.e., the standards of thought) no longer exist.»
Hannah Arendt, The Origins of Totalitarianism
These individuals tend to deny the facts, or they seek to select among the facts those that confirm their beliefs, or if they do not find them, they create what they call alternative facts. They also employ a double standard to evaluate friends and adversaries, whom they tend to consider as enemies.

09/06/2025

Crónica da passagem de um governo (2)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Acreditar que um ministro da Reforma reforma o Estado sucial, é equivalente a acreditar que um ministro da Cultura torna cultos os cidadãos

A principal inovação do novo governo do Dr. Montenegro é a criação de um ministério da Reforma do Estado entregue ao ministro-adjunto Dr. Gonçalo Saraiva Matias, que tem reputação de competente. Portanto, podemos concluir que é desta vez que o Estado sucial vai ser transformado numa máquina eficaz e eficiente? Não sabemos.

Recorde-se em primeiro lugar que, ao que parece, desde 1978 este será o 10.º ministro com esse propósito, et pourtant. Em segundo lugar, saiba-se que Zia Yusuf o ministro da Reforma do governo inglês acaba de se demitir dizendo «Já não acredito que trabalhar para eleger um governo reformista seja um bom uso do meu tempo e, por este meio, renuncio ao cargo.» Em terceiro lugar, lembre-se que até um Elon Musk com as suas doses cavalares de cetamina, o seu ego inflado e o seu DOGE, teve de fechar a loja das grandes reformas reduzindo os cortes na despesa federal a menos de 10% dos seus Magalómanos anúncios.

Boa sorte, Dr. Gonçalo Saraiva Matias

A fé é que os salva?

O governo está praticamente sozinho nas previsões de crescimento e dos excedentes orçamentais este ano e no próximo. A OCDE no seu Economic Outlook publicado há dias junta-se a outros descrentes como o CFP, o BdP e a CE para colocar em dúvida as metas do governo.

Boa sorte, Dr. Miranda Sarmento.

A bazuca do Dr. Costa continua encravada nas mãos do Dr. Montenegro

Depois de 4 anos a torrar o dinheiro do PRR e a um ano de terminar o prazo para a torrefacção só um terço dos investimentos estão concluídos ou em linha o plano de investimento. Concluir-se que poderá haver desperdício dos fundos pressupõe que os projectos financiados têm um retorno adequado para a economia, o que a avaliar pelos oceanos de dinheiro desperdiçados em 44 anos é uma conclusão arrojada, como se pode concluir do diagrama seguinte.
 
mais liberdade

A pactologia não assegura uma vida longa ao Dr. Carneiro

Que o putativo novo líder do PS tenha declarado que irá propor ao governo cinco pactos de regime na política externa e europeia, Defesa, Segurança, Justiça e organização do Estado, é uma louvável e rara manifestação de bom senso político. Infelizmente, no estado actual do exercício da política no Portugal dos Pequeninos (e em vários outros países) isso não lhe assegura que não seja apeado na primeira oportunidade pela facção berloquista ou outra qualquer.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Que o SNS não está de boa saúde, nomeadamente desde que o Dr. Costa decretou a reversão do horário de trabalho para 35 horas, não oferece dúvidas. Já saber a gravidade da doença é mais difícil num país onde a respeito dos obstetras do Hospital Garcia de Orta a informação jornalística nos diz coisas tão diferentes como existem 17 profissionais e vão ser contratados mais 2, que «vai perder mais dois obstetras. São já nove só este ano» ou ainda que «vai ficar com apenas três obstetras».

Consequências imprevistas do intervencionismo nos preços

«A tarifa regulada corresponde ao preço da energia que é definido anualmente pela ERSE e aplicado aos clientes que ainda estão no mercado regulado de eletricidade». A tarifa regulada seria assim uma espécie da tarifa social para os pobrezinhos. Seria, mas não é porque pode sair mais cara do que as tarifas propostas pelos operadores no mercado livre.


08/06/2025

Uma "operação especial" que duraria uma semana deu uma guerra que já vai em 40 meses e que o Sr. Trump teria terminado no dia 21 de Janeiro

Fonte




Fonte

Mais assombroso do que uma grande potência com o segundo maior exército do mundo não conseguir ter sucesso na invasão de um país com menos de um terço da sua população e menos de um quinto das suas forças armadas, é a existência de sucessores dos idiotas úteis de Lenine ao serviço da URSS nos anos 20 que deliram com os imaginários sucessos russos, por exemplo os generais reformados do exército português ao serviço de Putin nas TV portuguesas.

07/06/2025

BELIEVE IT OR NOT! TACO, the un-happening of happenings


«A lot happens under Donald Trump, but a lot un-happens, too.

In the past four months, President Trump has announced tariffs on Canada, paused tariffs on Canada, restarted tariffs on Canada, ruled out tariffs on certain Canadian goods, and then ruled in, and even raised, tariffs on Canadian steel and aluminum.

And that’s just for starters. On April 2, so-called Liberation Day, Trump announced a broader set of tariffs on almost every country in the world. Soon after, the plan was half-suspended. Then Trump announced a new set of elevated tariffs on China, from which he backtracked as well. Next the courts, as often happens, took over the job of erasing the president’s previously announced policies. Last week, a trade court struck down the president’s entire Liberation Day tariff regime as unconstitutional, only for a federal circuit court to reinstate the tariffs shortly thereafter. Now a higher court has the opportunity to do the funniest thing: undo the undoing of the undoing of the tariffs, which have been in a permanent state of being undone ever since they were created.

Got all that? No, you most certainly do not, and neither does anybody else. Economists and corporate executives I’ve interviewed to understand future tariff policy have communicated to me a combination of confusion, fury, and resignation. Commentators have noticed the chaos too, of course. Observing how frequently Trump seems to back out of his own brinkmanship, the Financial Times columnist Robert Armstrong memorably deemed this trend TACO, or “Trump Always Chickens Out.”»

Derek Thompson at The Atlantic

06/06/2025

Truth comes out in anger or with friends like these, who needs enemies?

Elon Musk's post on X

Produtividade, o calcanhar de Aquiles da economia portuguesa

Foi há dois dias publicado pela Comissão Europeia o «2025 Country Report - Portugal». Com mais de uma centena de páginas traça o retrato em várias dimensões do Portugal dos Pequeninos de entre as quais destaco a produtividade do trabalho que é a chave para criar a riqueza de um país. Criar riqueza? Sem dúvida porque, ao contrário da doutrina predominante na esquerda e na direita, nem do aumento dos salários em geral, nem em particular do salário mínimo, resulta necessariamente riqueza. O que resulta inevitavelmente é aumento do consumo e, em certas condições, inflação.  


Como o gráfico mostra, desde 2012 o diferencial entre a produtividade portuguesa e a média da União Europeia tem aumentado em vez de diminuir, como seria indispensável para Portugal se aproximar da média europeia e dos países mais avançados. 


É claro que há uma profusão de factores que explicam a divergência e entre eles destaco a inovação medida pelo número de patentes, domínio tem sido fruto de inúmeros exercícios de um wishful thinking praticado pelo jornalismo de causas e cultivado pelas elites medíocres domésticas (ver a série de posts O surto inovador e inventivo que nos assalta) que o gráfico mostra ser completamente despropositado.

05/06/2025

SERVIÇO PÚBLICO: a extinção extinta (2)

Em retrospectiva, em 25 de Junho de 2001, foi ejaculado o Decreto-Lei n.º 188/2001, que determinou a extinção retroactiva (retroactiva!) a 19 de Junho do ano anterior da SILOPOR, uma empresa pública que durante muitos anos teve o monopólio da importação e comercialização de cereais. Extinto o monopólio em consequência da adesão à CEE, a SILOPOR, limitada às operações de descarga e ao armazenamento, entrou rapidamente em perda e, já cadaverosa, teve uma certidão de óbito passado pelo governo de então chefiado pelo Eng. Guterres, o picareta falante, agora a perorar nas Nações Unidas.

Vinte e quatro (24) anos e muitas ejaculações legislativas de diferentes naturezas depois, a SILOPOR continua em liquidação, e pela última ejaculação (Decreto-Lei n.º 13-B/2025, de 14 de março)  a actividade da SILOPOR é (será?) transmitida para a APL-Administração do Porto de Lisboa.

Durante esses anos 24 anos, uma comissão liquidatária com as suas secretárias, o seu volumoso staff, as suas viaturas de serviço, os seus gabinetes, já torrou muitos milhões de euros para liquidar o que parece ser iliquidável. É claro que este não será o único exemplo, nem talvez o mais danoso, da ineficácia e ineficiência do Estado sucial mas o facto de entretanto terem passado por S. Bento onze governos mostra que a ineficácia e ineficiência são atributos permanentes do Estado sucial do Portugal dos Pequeninos administrado por elites geralmente medíocres e preenchido por burocratas geralmente pouco competentes e desmotivados. É uma realidade que nenhuma revisão constitucional resolverá.

04/06/2025

Pro memoria (443) - Os cortes no orçamento federal anunciados pelo Sr. Musk podem ser um bocadinho magalómanos... e o défice pode ainda aumentar

Continuação de Os cortes no orçamento federal anunciados pelo Sr. Musk podem ser um bocadinho magalómanos

Recordemos que o Sr. Musk garantiu o ano passado num comício MAGAlómano no Madison Square Garden que iria cortar um terço do orçamento federal anual de US$ 7 biliões, o equivalente a US$ 2,3 biliões (2.300.000.000.000) e que as últimas estimativas apontam para cortes que não devem ultrapassar os 150 a 170 milhões.

Por muito paradoxal que seja a acção do DOGE, ainda mais paradoxal é que, entre o pork barrel e o prolongamento das redução de taxas sobre o rendimento introduzidas no primeiro mandato de Donald Trump, do que está em discussão no Congresso podem resultar incrementos das despesas federais e redução dos impostos que acrescentarão à dívida biliões de dólares.

The Cost of BIG, BEAUTIFUL DEBT (fonte)

Em resultado, várias agências reviram em baixa a classificação de crédito da dívida americana que perdeu o triple A pela primeira vez em décadas. É mais um exemplo notável das leis Merton de unintended consequences de que a administração MAGAlómana nos tem dado inúmeros exemplos.

Como corolário a lei de Merton, Elon Musk, o mentor do DOGE, saltou em andamento do comboio do MAGA com um post bombástico na sua rede X:

«I’m sorry, but I just can’t stand it anymore. This massive, outrageous, pork-filled Congressional spending bill is a disgusting abomination. Shame on those who voted for it: you know you did wrong. You know it.»

E assim terminou uma GREAT and BEAUTIFUL friendship.

03/06/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (62)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O PS foi atropelado pelas leis de Merton

Robert Merton publicou em 1936 um estudo das «consequências imprevistas da ação social intencional» onde distinguiu três tipos de consequências imprevistas. O que aconteceu ao PS nas eleições dia 18 foi um exemplo perfeito das consequências negativas imprevistas da sua prática nos últimos anos de tentar empurrar o PSD para os braços do Chega na esperança que o eleitorado do PSD o repudiasse e os seus votos se transferissem maciçamente para o PS. Ao contrário, a transferência de votos foi sobretudo do PCP para o Chega e do PS para o PSD e para a abstenção. E não, o Dr. Pedro Nuno não foi o único responsável pelo afundamento do PS, nem foi talvez o maior responsável. Durante vários anos o Dr. Costa e a sua trupe trabalharam para isso.

À força de querer parecer outro, o Dr. Pedro Nuno já não sabia quem era (agora é oficial)

Um ano depois de ter apoiado o candidato Dr. Pedro Nuno, que «sendo filho de um empresário, sabe da realidade da vida», para ascender à liderança socialista, o Dr. Ascenso Simões, um apparatchik socialista com um vasto currículo que vai da defesa da demolição do Padrão dos Descobrimentos, à agressão de um polícia e à defesa de uma condecoração para o Eng. Sócrates uma dúzia de anos depois do Animal Feroz ter conduzido o Estado sucial à falência, veio confirmar em entrevista ao Observador o segredo de Polichinelo: «a moderação de Pedro Nuno Santos era completamente falsa».

Um carneiro sacrificial

Como em quase todas as situações em que um partido sofre uma derrota pesada, o líder demite-se ou é demitido e o seu sucessor é frequentemente um líder de passagem tolerado por quase todos e falsamente apoiado por muitos que fica a aquecer o lugar até que das catacumbas do coliseu partidário emerjam os verdadeiros candidatos. Será esse o papel que o Dr. José Luís Carneiro reservou para si próprio.

Take Another Plan. Está-lhe no ADN

Só mesmo nos delírios da esquerda a TAP, gerida pela trela do líder socialista demissionário Dr. Pedro Nuno, estaria a caminho da regeneração. Segundo a FlightRight citada pela Euronews, com 37,14% dos voos, a TAP é a companhia europeia com maior percentagem de atrasos, e com 1,08% é a sexta com mais cancelamentos

Os lucros de 177 milhões em 2023, e os 72 milhões no segundo trimestre de 2024, que compensaram os prejuízos quase iguais do 1.º trimestre, e o lucro no ano de 2024 de 53,7 milhões são amendoins para um elefante branco como a TAP que recebeu 3,2 mil milhões de subsídios que lhe pouparam uns 200 milhões de juros por ano e a dispensaram de gerar margens para amortizar os 3,2 mil milhões. Não foi preciso esperar muito para a TAP regressar ao seu normal com um prejuízo de 108 milhões no 1.º trimestre deste ano.

02/06/2025

Crónica da passagem de um governo (1)

Sequela das Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
O mito redentor da revisão constitucional

Inspirado principalmente pelo Dr. Ventura, a revisão da Constituição voltou à ordem do dia. A constituição de 1976, mesmo com as alterações posteriores, é um dinossáurio político impregnado de ideologia e contaminado pelos equívocos de pretender ser um programa de governo, para uns, ou, para outros, o congelador das “conquistas de Abril”. Simplesmente a revisão da Constituição é provavelmente uma distração inútil e perigosa por várias razões, a começar pelo facto de ser praticamente impossível nesta altura encontrar uma plataforma partidária para aprovar as alterações e a terminar porque as alterações já apresentadas publicamente são na melhor hipótese exercícios de redacção ou votos piedosos (redução do papel do Estado que meia dúzia de cidadãos poderá aceitar e nenhum partido quererá) ou, na pior hipótese, chutos na mente dos cidadãos (prisão perpétua, castração química). Em qualquer caso, é pueril a ideia de que o Portugal dos Pequeninos não ultrapassa os obstáculos ao desenvolvimento e se aproxima da Óropa se deve à Constituição ou, pior ainda, que a alteração removeria esses obstáculos que resultam de uma cultura de mediocridade e de aversão ao risco perpetuada por elites merdosas que se alimentam dessa cultura.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Se alguém pensou que o povo quer e o governo pode reformar o SNS e o elefante branco assim reformado sirvará os portugueses de acordo com as boas práticas, com eficácia e a custos controlados, é melhor esquecer. O que se discute com paixão e inveja são os €714.829 pagos em quatro anos a um dermatologista por 497 cirurgias em produção adicional e quase 1.500 no horário regular, ou seja, cerca de 360 euros por cirurgia. Se bem entendo, foram pagos os honorários devidos de acordo com as tabelas a um médico que, ao contrário da maioria, deu corda aos sapatos, fez o seu trabalho e deveria ser apontado como um bom exemplo.

Hoje há, amanhã não sabemos

Expresso

Depois de oito anos de vacas gordas (e voadoras,) a dívida pública líquida estabilizou nos últimos quatro anos ao redor dos 250 mil milhões voltando a crescer no 1.º trimestre deste ano para 260 mil milhões. O rácio dívida/PIB que atingiu um máximo de 137,5% em 2021 desceu até ao final do ano passado para 94,9% e no 1.º trimestre retomou a subida para 96,3%. Se, como apontam as projecções da CE, o crescimento baixar este ano para 1,8% e, segundo as projecções da CE e do CFP, este ano o saldo das contas públicas for praticamente nulo e no próximo ano as contas voltarem aos défices, e a economia mundial começar a sentir os efeitos das “tarifas” trumpistas, teremos perdido uma boa oportunidade para evitar os tormentos de Sísifo.

Um Estado sucial autofágico devora a bazuca

Dos 7,7 mil milhões do dinheiro dos contribuintes portugueses e europeus até agora distribuídos aos beneficiários apenas cerca de 3 mil milhões foram atribuídos às famílias e às empresas, a fatia maior foi distribuída a entidades públicas (fonte).

01/06/2025

Trump' small stick policy and MAGAlomaniacal speeches

US President Theodore Roosevelt often said in foreign policy matters «speak softly and carry a big stick; you will go far», a doctrine that came to be called «big stick» policy. President Donald Trump, on any political issue, including foreign policy, always starts by speaking loudly. The case of the Russian invasion of Ukraine, which he promised to achieve peace in the first 24 hours, is a good example.

In late March, after Putin launched a massive drone and missile strike on Kiev, Donald Trump complained on his private social network Truth Social: «Not necessary, and very bad timing. Vladimir, STOP!». Vladimir’s response a month later suggesting that Trump was suffering from «emotional overload» would have embarrassed the POTUS if the POTUS had any shame. It’s an example of what could be called «small stick policy», something that we can compare with the same policy of Barack Obama who, even though he had a small stick, did not speak so loudly.

Another recent example of MAGAlomaniacal hubris, extraordinary even for a creature like Donald Trump, was his commencement speech at West Point where he said «And you will become officers of the greatest and most powerful army the world has ever known. And I know, because I rebuilt that army, and I rebuilt the military. And we rebuilt it like nobody has ever rebuilt it before in my first term.»

23/05/2025

A liberdade de imprensa não parece ser um dos nossos problemas (segundo os jornalistas)

RSF World Press Freedom Index 2025

O oitavo lugar de Portugal no ranking mundial da liberdade de imprensa dos Reporters Without Borders difere muito pouco do sétimo lugar no ranking mundial de futebol da FIFA. Como ninguém se queixa da performance do Portugal dos Pequeninos no futebol talvez se possa concluir que a liberdade de imprensa não é um dos nossos problemas. Sob reserva que enquanto no futebol o ranking é resultante dos resultados dos encontros de futebol, na liberdade de imprensa o ranking é estabelecido pelos jornalistas.

22/05/2025

United States on the Path from a Flawed Democracy to a Flawed Autocracy

«A presenter on CBS’s “60 Minutes”, America’s premier current-affairs programme, told viewers that Paramount, CBS’s owner, was supervising its content and that the show’s top producer had resigned because he felt he had lost his independence. None of its stories has been pulled, but speculation has swirled that Paramount wants to ensure its merger with Skydance Media won’t be torpedoed by the Trump administration because of its networks’ political coverage. Meanwhile, Paramount was reportedly ready to settle a lawsuit brought by Mr Trump that accuses CBS News of underhandedly editing an interview with Kamala Harris, Mr Trump’s Democratic opponent last year.»

«In a sign of the White House’s sensitivity to the public’s scepticism on tariffs, Mr Trump’s press secretary described Amazon’s reported plan to display the cost of import duties against products on its website as a “hostile and political” act. We have no such plans, Amazon hastily responded. Mr Trump called Jeff Bezos to smooth things over. He “solved the problem very quickly”, said the president. “He did the right thing. Good guy.”»

(Source)

__________

Trumpism is a form of Max Weber's patrimonialism

21/05/2025

History teaches us that closure results in decline. Trumpism will confirm the loss of US hegemony and its subsequent decline.

amazon.uk

«The way to start a “golden age” is to erect big, beautiful barriers to keep out foreign goods and people. That, at least, is the view of the most powerful man on the planet. Johan Norberg, a Swedish historian, makes the opposite case. In “Peak Human”, Mr Norberg charts the rise and fall of golden ages around the world over the past three millennia, ranging from Athens to the Anglosphere via the Abbasid caliphate. He finds that the polities that outshone their peers did so because they were more open: to trade, to strangers and to ideas that discomfited the mighty. When they closed up again, they lost their shine.

Previous golden ages all ended like Rome’s did, jinxed by a mix of bad luck and bad leadership. Many thriving societies isolated themselves or suffered a “Socrates moment”, silencing their most rational voices. “Peak Human” does not mention Donald Trump; it was written before he was re-elected. America’s president will not read it, but others should. The current age of globalisation could still, perhaps, be saved. As Mr Norberg argues: “Failure is not a fate but a choice.” » (Review)

20/05/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (61)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O Dr. Montenegro deveria agradecer ao Dr. Pedro Nuno

Certamente a herança dos governos socialistas, nomeadamente nos domínios da saúde, da educação e da habitação, ajudou imenso a AD a ganhar as eleições. Apesar disso, não tenho dúvidas que o Dr. Pedro Nuno e o descrédito que a sua falta de autenticidade criou foram uma preciosa ajuda para o Dr. Montenegro que nas últimas sondagens tinha uma vantagem sobre o Dr. Pedro Nuno de 18 pp nas preferências para primeiro-ministro. A queda abissal do PS tem virtualidades de antecipar a reforma do Dr. Pedro Nuno, em alternativa a tornar o PS um saco de gatos durante os próximos tempos.

O gosto dos governos socialistas de espremeram os capitalistas privou-os de receitas

Já se sabia, pelo menos desde Keynes e tornou-se visual com Arthur Laffer e a sua famosa curva, desenhada pela primeira vez em 1974 num jantar com os assessores de Gerald Ford, que a partir de certo ponto o aumento das taxas de imposto pode conduzir à redução da receita fiscal. 

A  Curva de Laffer apesar de ser sobretudo aplicável no domínio dos impostos sobre o rendimento pessoal é também observável nos impostos sobre os lucros das empresas. 


O diagrama anterior exemplifica isso claramente, mesmo que se tenha de reconhecer que o caso da Irlanda é especialíssimo e deve mais a circunstâncias peculiares do que a Laffer.

19/05/2025

Crónica de um Governo de Passagem (53)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Finalmente, terminou o concurso de normalidades

Não obstante o enorme esforço, os incontáveis abraços e beijinhos aos adeptos e, nalguns casos, as incontáveis sandes de chouriço comidas pelo Dr. Pedro Nuno, pelo Dr. Rui, pelo Dr. Raimundo, pela Drª. Mariana e pela Dr.ª Joana (que apresentou o rácio gritaria/votos mais alto e, suspeito, foi outra vez muito ajudada pela repetição da confusão da velhada entre AD e ADN) os eleitores acharam que o Dr. Luís é o mais normal de todos e, apesar (ou talvez por causa) da Spinumviva, valia nas últimas sondagens mais 11 pp do que a coligação que lidera, coligação que ganhou uma dezenas de deputados a um PS que se afundou na relativa irrelevância, condenado a disputar o segundo lugar com o partido unipessoal do Dr. Ventura.

Relevo o desaparecimento de um Berloque de Esquerda liderado por uma construção do Dr. Louçã, a quem os bracarenses mandaram para a reforma, juntamente com as outras duas múmias que saíram episodicamente da naftalina.

Hoje há, amanhã logo se vê

Com a inesperada excepção do PS, quanto mais afastados do poder estão os partidos maiores são as promessas de dar a uns eleitores com o dinheiro dos “ricos”.

mais liberdade

Portugal é um oásis da Óropa, outra vez

O primeiro a dizê-lo foi o Dr. Braga de Macedo, ministro das Finanças do Dr. Cavaco, algum tempo antes da recessão de 1993 cá chegar. O segundo foi o Dr. Pedro Reis, actual ministro da Economia, cujo «oásis anti-burocracia» é, contudo, de âmbito mais limitado e é mais um propósito idealista num dos países mais burocráticos da Óropa, algo que reconheça-se não é fácil.

É discutível que o Portugal dos Pequeninos seja um oásis, no entanto, com 6,7% o rendimento das famílias portuguesas foi o que teve o maior crescimento real entre os 38 membros da OCDE e, por isso, não espanta que o crédito ao consumo tenha crescido 8,6% em termos homólogos no primeiro trimestre. Tudo isto só é possível porque os fundos do PRR continuam a injectar dinheiro na economia e o turismo continuou a crescer 4% no primeiro trimestre,

A parte que falta para ser um oásis é a produtividade por pessoa empregada que é 76% da média da UE o que nos coloca no 21.º lugar.

… e o Estado sucial prospera

O governo AD não quis ficar atrás dos governos socialistas que receberam 655 mil funcionários públicos do governo de Passos Coelho (que, por sua vez, herdou 730 mil do socialismo socrático) e aumentaram esses efectivos para mais de 740 mil. A AD continua a aumentar os efectivos que até ao fim do 1.º trimestre cresceram em termos homólogos quase 10 mil para 759 mil.

Além da produtividade há um outro pequeno problema…

… que é a descapitalização da economia e a aversão ao risco do empresariado nacional que, a respeito da venda em curso do Novo Banco, nos está a levar a uma de duas opções: ou bem os espanhóis do Caixabank, que controlam o BPI, compram o Novo Banco e os bancos espanhóis ficam com a maioria do mercado, ou bem a CGD, um banco do Estado sucial que já detém uma quota de mercado de 21%, ficaria com uma quota de 1/3.

Depois do desastre da "internacionalização” estará a Santa Casa a entrar no eixos?

Após 8 anos de gestão socialista, dos delírios de internacionalização de que resultaram perdas estimadas em 20 milhões e de um aumento de cinco mil apparatchiks, a Santa Casa parece estar a entrar nos eixos e apresentou um resultado de 30 milhões em 2024.

18/05/2025

Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (103) - Dois generais portugueses reformados embrulhados em naftalina deliram nas TV sobre a invasão de Ucrânia

Há 3 anos os exércitos de Putin invadiram a Ucrânia alegadamente para expulsar os nazis, propósito até agora sem sucesso, seja porque os nazis ofereceram mais resistência do que o esperado, dizem uns, ou porque, não havendo nazis, os invasores tiverem que enfrentar patriotas ucranianos dispostos a lutar pela independência do seu país, dizem outros.

Seja como for, com excepção da clique putinesca, quase toda a gente interpreta os factos conhecidos e indiscutíveis, tais como uma guerra que era para terminar numa semana e decorridos mais de três anos os invasores só conseguiram controlar mais 1% do território ucraniano à custa de quase um milhão de baixas e de dezenas de milhar de equipamentos destruídos, como representando um desaire para a tropa putinesca. 

Toda a gente? Não exactamente. Num pequeno país nos cus de judas da Óropa, dois generais avençados continuam a exaltar nas televisões as vitórias onde quase todos os outros só vêem derrotas. Quem são então esses generais? Serão dois generais russos residentes no Portugal dos Pequeninos?

Com a ajuda do coronel Rodrigues do Carmo, o (Im)pertinências concluiu que esses generais que se prestam a estas encomendas são dois reformados do exército português, simpatizantes do partido que no passado via a Rússia de Lenine, Estaline, Kruschev, Brejnev, Andropov e Chernenko como o Sol da Humanidade (até que chegou o traidor Gorbachev), reformados encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo algures entre os anos 20 e os anos 40.

17/05/2025

Olhe que não Dr.ª Mortágua. Taxar os ricos não "alivia quem trabalha"...

«‘Tax the rich’ comes the familiar cry from the left – but what happens when the rich leave? As Michael Simmons observes in this week’s cover piece, Britain is becoming an increasingly inhospitable place for the wealthy and, unsurprisingly, many are voting with their feet. Since 2016, more than 30,000 millionaires have left the UK – an exodus unmatched in the developed world. It’s not easy to muster sympathy for the ultra-rich. But the uncomfortable truth is that Britain depends on them: the top 1 per cent of earners contribute nearly 30 per cent of all income tax. The Treasury thought it could squeeze the rich without consequence. It was wrong. Unless that mistake is acknowledged soon, it won’t just be the wealthy who pay the price; it will be all of us.»

Olhe que não Dr.ª Mortágua, não alivia, carrega. Se espremer demasiado os "ricos" eles emigram e serão os "pobres" a pagar mais impostos para manter o Estado sucial

16/05/2025

Pro memoria (442) - Os cortes no orçamento federal anunciados pelo Sr. Musk podem ser um bocadinho magalómanos

Antes de olharmos para os cortes anunciados pelo Sr. Musk, recordemos uma estimativa feita em Setembro do ano passado sobre os impactos orçamentais no período 2025-34 das políticas anunciadas pelos candidatos de onde resultava que o défice total estimado para uma administração Trump seria o dobro do de uma administração Harris.

Fonte

De volta ao Sr. Musk que perante o delírio dos magalómanos presentes no MAGA-comício no Madison Square Garden garantiu o ano passado que iria cortar um terço do orçamento federal anual de US$ 7 biliões, o equivalente a US$ 2,3 biliões (2.300.000.000.000). 

Seis meses depois a propaganda do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental) anuncia ter feito cortes de US$ 170 mil milhões ou 7,3% do anunciado, dos quais a parte mais bem documentada são os US$ 31,8 mil milhões de 10.248 cancelamentos e alterações de contratos dos quais o Financial Times só conseguiu confirmar cerca de 2/3. Ainda assim, há provas de avaliações inflacionadas, por exemplo considerando como corte da despesa contratos já terminados, e muitos dos cortes anunciados são pontuais e não recorrentes nos próximos anos e outros ameaçam paralisar o aparelho federal.


Mais verificável é a opacidade do funcionamento do DOGE sobre o qual pouco se sabe. É também mais verificável a perda de biliões de dólares da fortuna pessoal do Sr. Musk pela desvalorização da Tesla e o cancelamento de contratos da Starlink.

[Leia What has Elon Musk’s Doge actually achieved? para ter mais detalhes dos excessos magalómanos]

15/05/2025

Caesar said that his wife ought not even to be under suspicion she ought to be above suspicion. The First Lady should say that her husband is not above suspicion and does appear to be under suspicion.

There’s No Such Thing as a Free Plane

«Donald Trump is in talks to accept a $400 million gift from a foreign government. The president has become impatient as he awaits replacements for Air Force One—initially due from Boeing in 2024, they’re now expected in 2027—and ABC News reported yesterday that the small Persian Gulf country of Qatar, an American ally, intends to give him a plane.

The most astonishing thing is that Trump is doing this out in the open. One secret to his impunity thus far has been that rather than try to hide his misdeeds—that’s what amateurs such as Nixon and Harding did—he calculates that if he makes no pretense, he can get away with them. This worked when he called on foreign countries to interfere in U.S. elections, when he declined to divest from his companies in his first term, and when he tried to subvert the 2020 presidential election. Now he is daring the courts, Congress, and Americans to either stop him or else declare graft legal—at least for him.

Underscoring the crookedness, the plane would ultimately belong not to the U.S. government but to Trump: Once he leaves office, it would reportedly “be transferred to the Trump Presidential Library Foundation no later than Jan. 1, 2029, and any costs relating to its transfer will be paid for by the U.S. Air Force,” per ABC. In short, a foreign government might give the president of the United States a $400 million personal gift. Not a bad haul at a time when Trump is asking American children to do with fewer dolls and pencils. (Federal law allows officials to accept personal gifts below a certain amount, currently set at $480. That’s 0.0001 percent the estimated value of the plane.)»

14/05/2025

SERVIÇO PÚBLICO: A "riqueza" que o resto do mundo roubou aos Estados Unidos


«Quando os Estados Unidos investiam noutros países, ou quando importavam bens e serviços de outros países, precisavam de dólares para os pagar. De onde vinham esses dólares? De umas impressoras no Banco Central dos Estados Unidos. Eram papel que o resto do mundo começou por aceitar porque era pagável em ouro e que continuou a aceitar a partir do momento em que deixou de o ser. Não são riqueza saída dos Estados Unidos. São dívida que, a partir de 1971, os Estados Unidos deixaram de pagar.

É a isto que Donald Trump chama riqueza americana detida pelos outros países através de um processo de roubo. Há bandeiras dos Estados Unidos sobre muitos milhares, para não dizer milhões, de terrenos, de minas, de fábricas, de imóveis, de empresas detidas por americanos em praticamente todo o mundo. Há centenas de milhões de cidadãos e milhões de empresas, dentro dos Estados Unidos, que, durante 80 anos seguidos, compraram os bens e os serviços produzidos em todo o mundo, que consumiram (sem os terem produzido). Estes ativos e estes bens e serviços foram “pagos” com dívida americana (dólares) que o mundo foi aceitando, só tendo sido realmente pagos nos casos em que estes dólares regressaram aos Estados Unidos, para compra de ativos e para compra de bens e serviços americanos por parte dos outros países.

Os dólares hoje detidos por todo o mundo, os que tendo saído dos Estados Unidos não regressaram (o défice acumulado da balança de capitais e da balança de bens e serviços dos Estados Unidos durante estes últimos 80 anos) são dívida externa dos Estados Unidos — não do Estado, ou do Governo, ou do Tesouro, mas da nação americana, através do seu sistema bancário, tendo no vértice o Banco Central (melhor, o conjunto de Bancos Centrais dos Estados Unidos que integram o chamado Sistema de Reserva Federal).

É isto que Donald Trump designa de riqueza roubada pelo resto do mundo: dívida externa dos Estados Unidos, a maior dívida do mundo, desde há muitos anos em aumento consecutivo, de que são credores os povos do mundo inteiro.

Há nesta “narrativa” de Donald Trump (para usarmos o termo consagrado por José Sócrates) um misto de ignorância, de atrevimento e de boçalidade. Não admira que esteja a levar o resto do mundo a tomar consciência da verdadeira natureza do dólar, apeando-o de um estatuto que deixou definitivamente de merecer.»

Excerto do artigo de Daniel Bessa no caderno de Economia do Expresso de 9 de Maio

13/05/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (60)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

À força de querer parecer outro, o Dr. Pedro Nuno já não sabe quem é (continuação)

Não se trata apenas de um facelift para transmitir uma imagem moderada. É uma cirurgia plástica profunda para mudar de cara com os maus resultados que costumam ter estas cirurgias. A criatura perdeu a autenticidade que já teve de um rapazito rebelde sem causas, fora do prazo de validade, que conduzia um Porsche e era proprietário de três casas, tudo pago pelo pai, e ameaçava pôr as pernas dos banqueiros alemães a tremer.

Ao perder essa autenticidade começou a afundar-se e em desespero agarrou-se às bóias da demagogia berrando que o seu concorrente Dr. Montenegro queria “privatizar” as pensões – ele, coitado, que foge das reformas como o diabo da cruz, assombrando os eleitores com as «nuvens cinzentas no horizonte» - nisso ele não está desprovido de razão - e tentando fazer esquecer o seu papel de devoto da geringonça substituindo-a por «todos e, nomeadamente, com o povo português».

A saga dos cacilheiros

A compra de cacilheiros eléctricos pela Transtejo em 2019 que ficaram acostados anos por falta de baterias é um case study de empresas públicas geridas por apparatchiks lunáticos, incompetentes e desonestos. Seis anos depois apenas dois dos seis cacilheiros estavam a navegar a título experimental por dificuldades de carregamento das baterias. Alguns meses depois ficou a saber-se que os barcos se destinavam à navegação em lagos, dos dez apenas três estão a ser usados e um quarto foi severamente danificado por ter chocado com o cais devido ao mau tempo - afinal destinava-se às águas mansas dos lagos.