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28/07/2025

Crónica da passagem de um governo (8)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Hoje há lambujinhas, amanhã não sabemos

O Estado sucial, as empresas e as famílias parecem estar de acordo com o adágio do Eng. Sócrates - «pagar a dívida é ideia de criança» - e continuam a endividar-se a bom ritmo. Em Maio o Estado aumentou o seu endividamento em 4,4 mil milhões (mM) para 374,1 mM, as empresas não financeiras em 2,3 mM para 301,1 mM e as famílias em 1,2mM para 164 mM, no total o endividamento subiu 7,9 mM para 839,1 mM.

Enquanto o endividamento aumenta, a taxa de poupança das famílias que tinha recuperado, aproximando-se dos níveis europeus depois da pandemia, voltou a cair 3 pp no 1.º trimestre.

Não é Não? Talvez não

Não sei que cedências terá feito a AD para o Chega votar a lei da nacionalidade, mas aposto singelo contra dobrado que não chegam aos calcanhares do preço da geringonça que o PS infligiu ao país para governar em 2015 apesar de ter perdido as eleições. Seja como for, numa democracia madura os acordos partidários com menor ou maior amplitude são indispensáveis para assegurar a governabilidade.

Uma no cravo, outra na ferradura

O governo nomeou o Dr. Gabriel Bernardino para presidente da ASF - Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, um matemático com um profundo conhecimento do sector de seguros e presidente em dois mandatos do EIOPS - European Insurance and Occupational Pensions Authority, onde realizou um trabalho reconhecido como de grande mérito.

O governo nomeou também governador do BdP o Dr. Álvaro Santos Pereira, “O Álvaro”, antigo ministro da Economia do governo PSD-CDS de Passos Coelho, aparentemente depois de ter uma nega do Dr. Vítor Gaspar, antigo ministro das Finanças do mesmo governo e claramente mais qualificado para o lugar de governador.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Numa crónica do mês passado escrevi provocatoriamente a propósito dos €714.829 pagos em quatro anos a um dermatologista por 497 cirurgias em produção adicional e quase 1.500 no horário regular que se o pagamento tiver sido pago pelos honorários devidos deveria ser apontado como um bom exemplo. Aparentemente foi isso que aconteceu (e mais umas embrulhadas resultantes da microgestão do SNS), segundo as declarações do CEO do Hospital de Santa Maria ao Expresso.

Faltam médicos no SNS? Peçam ao PS para voltar a meter a pasta na bisnaga da TAP e usem-se os 3,2 mil milhões para acrescentar durante uma década uns 7 mil médicos aos cerca de 30 mil existentes (ninguém parece saber o número exacto).

Ó Dr. Sarmento, guarde uns trocos para o Banco de Fomento

Será a gigafábrica de Inteligência Artificial” em Sines, serão os 6,5 mil milhões de garantias para financiar PME e agora a «revolução» anunciada pelo chairman que consistirá em ressuscitar a Sofid para usar o dinheiro dos contribuintes europeus para investir «em países emergentes e em vias de desenvolvimento» (ou talvez em vias de subdesenvolvimento), aproveitando, acrescento, a experiência do Banco de Fomento a torrar dinheiro no Portugal imergente.

Take Another Plan. Uma bandeirada

mais liberdade
Para não variar, o governo insiste na fantasia de esperar vender 49,9% de uma empresa pública que desde a nacionalização no PREC até 1994 nunca teve um cêntimo de lucro, recebeu a preços actuais mais de mil milhões de euros e nesse ano embolsou mais 1,75 mil milhões, sem esquecer os últimos 3,2 mil milhões à pala da pandemia. (Sérgio Palma Brito)

O mercado da habitação funciona apesar dos programas estatais, mas não da forma prevista

Parece uma ideia despropositada o Estado e as autarquias venderem habitações sociais a quem nelas já reside, pela razão óbvia que não coloca no mercado mais casas para vender ou arrendar. Ou talvez não se, como parece estar a acontecer, os casas vendidas aos seus inquilinos por um preço abaixo do mercado forem por eles vendidas a preços de mercado. Por exemplo, a câmara de Lisboa vendeu 1.630 casas entre 2009 e 2021 a um preço médio de menos de 30 mil euros que decorridos 10 anos estão a ser revendidas por um múltiplo do valor de compra. (fonte)

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