Se o "Relatório do observatório da segurança e defesa" há dias divulgado pela SEDES for credível como parece (pelo que conheço da SEDES, uma instituição independente com 55 anos, vou tomá-lo como tal), há uma acentuada dicotomia entre a percepção da criminalidade tal como os mídia a apresentam e a realidade que as estatísticas sugerem. Citando o sumário executivo do anexo B "Segurança e Insegurança: um paradoxo nacional" do relatório:
«Este estudo foca a perceção da insegurança e a relação desta com a criminalidade existente em Portugal, apresentando contributos para abordar os problemas identificados. É analisado o paradoxo existente entre a diminuição da criminalidade participada em Portugal (-1,3% entre 2000-2024) e um crescimento de 130% nas menções a crimes nas primeiras páginas dos jornais, sendo identificados quatro fatores determinantes para esta realidade. São também identificados quatro problemas que concorrem para este paradoxo, sendo apresentados quatro contributos estruturais que permitem debelar a questão numa abordagem holística, visando alinhar a perceção pública com a realidade criminal, melhorar a confiança nas instituições bem como desenvolver melhores políticas públicas.»
É interessante verificar que os dados disponíveis sugerem um enviesamento dos mídia que empolam a criminalidade e ao fazê-lo suscitam em certos sectores da opinião pública sentimentos de insegurança e de hostilidade aos imigrantes, a quem é atribuído o suposto aumento da criminalidade, hostilidade que os mídia, onde predominam jornalistas de esquerda, vêm de seguida lamentar e contraditar. Se assim for, é mais uma consequência indesejada de acções do jornalismo de causas que faria as delícias de Robert Merton ou, em português corrente, mais um tiro no pé direito da esquerda.
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