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03/11/2024

Não são fascistas, são matarruanos (ou grunhos)

A esquerdalhada em geral, com a possível e ocasional excepção da esquerda inteligente, quando ouvem falar do Dr. Ventura ou do Chega fazem como a personagem do dramaturgo e poeta nazi Hanns Johst  que na peça Schlageter diz «quando ouço falar de cultura saco logo a minha arma», uma frase que com frequência é erradamente atribuída a Hermann Goering, Joseph Goebbels ou Heinrich Himmler.

No caso do Dr. Ventura ou do Chega, a esquerdalhada saca logo do insulto "fascista" ou "fascismo" e passa adiante. Este não é o caso da Dr.ª Clara Ferreira Alves que sua coluna da revista do semanário de reverência escreve esta semana um artigo (Ventura, nu e cru) onde depois de constatar que «para pertencer doutrinariamente a este clube (o clube da direita de Marine Le Pen ou Bardella, Giorgia Meloni, Viktor Orbán ou Geert Wilders) (...) Ventura e o Chega teriam de estudar história da Europa e história política», o que manifestamente não fizeram, e conclui (e eu com ela): 
«A resposta às democracias liberais terá muitas formas, mas nenhuma com as características de brutalidade verbal e ignorância histórica dos deputados do Chega, inebriados pelo resultado eleitoral que lhes deu um assento no Parlamento. Arruaceiros promovidos, sem ideologia, sem cultura, sem conhecimento, sem doutrina. Sem educação. Se Pacheco de Amorim, o ideólogo culto, pensa que os vai treinar e educar para reinar, pense outra vez. É refém de um grupo de matarruanos, e não foi isto que a extrema-direita portuguesa, com as filiações imperiais e salazaristas contra os desmandos da Primeira República, sonhou.»
Matarruanos ou grunhos, como o outro contribuinte escreveu. E não estou a falar dos eleitores que desses a maioria não são matarruanos, são ressabiados, desiludidos, desapontados, discriminados ou simplesmente desperdiçados, vulneráveis à banha-da-cobra que lhes é impingida. 

Estou já a escutar os protestos de uma direita que se considera inteligente e acredita que vale a pena seduzir uns matarruanos liderados por chico-espertos com muita lábia e poucos princípios, num expediente que em linguagem popular se costuma descrever como "se não se tem cão caça-se com gato". Voltarei um dia a este tema e por agora apenas recordo que um gato só caça ratos, passaritos, lagartixas e similares.

2 comentários:

Jorge disse...

O pensamento da esquerda é mais simples. Quem é de direita é fascista. Gente muito inteligente.

a.leitão disse...

Este país é de facto um país pequeno com 1milhão e tal de matarruanos e 9 milhões e tal de gente inteligente. Na verdade é o país mais pobre da Europa e cuja perspectiva de Futuro é a irrelevância e pobreza a todos os níveis!