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15/01/2008

Em defesa de José Sócrates

Concedo aos seus críticos contumazes que o governo do seu programa pouco cumpriu e deverá ser por isso avaliado. Aparte a redução do défice do OE, falhou mais ou menos estrondosamente em quase tudo o resto, desde a criação de novos empregos até reforma da administração pública e à redução do número de funcionários públicos, passando pela sempre adiada recuperação da economia, etc. A redução do défice só foi conseguida à custa do aumento da carga fiscal e da redução do investimento público.

Concedo igualmente que a acção do governo só é notável na gestão mediática e na manipulação dos média, através das legiões de spin doctors que gravitam ao seu redor.

Concedo tudo isso, mas recordo aos críticos contumazes (como o meu parceiro e anfitrião Impertinente) que este governo de José Sócrates não é nem mais colectivista, nem mais corrupto, nem mais ineficaz do que quase todos os que lhe sucederam, incluindo provavelmente os governos do doutor Cavaco que, convirá lembrar, deram um contributo assinalável para aumentar o pletórico Estado que actualmente temos.

Recordo também que José Sócrates tem conseguido manter um índice de aceitação significativo, apesar do ódio de estimação que as corporações de interesses lhe devotam. Talvez porque, a exemplo de Cavaco, mostra que nunca tem dúvidas e que raramente se engana, e aparenta uma seriedade (que pouco terá, concedo também) e, aos olhos dos eleitores, faz um contraponto positivo à sua concorrência. E quem é a sua concorrência? O doutor Menezes que em 24 horas defende uma política e o seu contrário, que tão depressa mostra uma faceta liberal de salão como deixa escapar o colectivismo mais refinado? O doutor Portas? Ah, o doutor Portas.

É por essas, e por outras, que eu, alguns liberais pragmáticos e conservadores realistas adeptos do estado mínimo, podem muito bem votar em José Sócrates nas próximas eleições, à míngua de alternativas.

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