Não é estranho, num país com reduzida mobilidade social, que o sentimento de injustiça que essa desigualdade gera se tenha visivelmente exarcebado quando o rebentar do escândalo tornou conhecido do grande público os salários e as pensões dos administradores do Millenium bcp. Dir-se-ia que um dos danos colaterais do descrédito da organização privada mais venerada e de maior sucesso do país foi colocar aos olhos de muitos cidadãos o sector privado no mesmo plano do sector público. Com uma diferença: os governos do país, eleitos por milhões de eleitores, não duram em média mais de 2 anos e os governos das empresas, eleitos por umas dezenas de accionistas, que não hesitam em saltar para o colo dos governos ao primeiro susto, duram em média mais de 5 anos.
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