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Moral
Entradas de leão, saídas de carneiro.
«Nós hoje vivemos em Portugal uma situação perversa. Nesse aspecto somos dos piores países da Europa. E isto porque quem financia a actividade partidária, a actividade dos dirigentes partidários são, normalmente, os empreiteiros. Financiam as campanhas e financiam a vida privada de muitos dirigentes partidários, que fazem desta vida política a sua profissão. Não sabem fazer mais nada. Profissionalizaram-se na política e da política depende a sua sobrevivência.(Excertos duma entrevista esclarecedora de Paulo Morais, ex-vereador da CM Porto, a O Primeiro de Janeiro, via Grande Loja do Queijo Limiano)
Sejamos mais claros: muitos promotores imobiliários financiam a vida política e partidária para que depois os políticos, financiados por eles, e que estão no aparelho de Estado, na Administração Central ou local, façam a gestão pública não em função do interesse da população mas em função do interesse de quem os sustenta, como bom dever de gratidão.
E muitos planos directores municipais não passam de bolsas de terreno que são elaborados em função de quem é o proprietário dos terrenos. E isto é justo? É justo que se faça o planeamento do país em função de interesses privados? É evidente, que quando estes interesses são assumidos como interesse colectivo faz-se o que se quer, e muitas das vezes na administração o que se faz, ilegitimamente, passa a legítimo, com bons gabinetes de advogados. Naturalmente que tudo é muito bem formatado, muito bem embrulhado. É assumido como público um interesse que afinal não é mais do que privado. E hoje na área do urbanismo há uma aliança perversa entre promotores imobiliários, alguns arquitectos de uma pseudo-esquerda e que por serem de uma pseudo-esquerda vêm branquear projectos imobiliários que são autênticas aberrações, e escritórios de advogados. E é esse tripé que manda hoje, como sempre mandou neste país. Alguns arquitectos que vêm tentar limpar a face do negócio e escritórios de advogados que conseguem formatar juridicamente todos estes embrulhos, isto é uma "santa aliança perversa".»
«He (Peter Drucker) was too sensitive to the thinness of the crust of civilization to share the classic liberal faith in the market, but too clear-sighted to embrace the growing fashion for big-government solutions. The man in grey-flannel suit held out more hope for the mankind than either the hidden hand or the gentlemen in Whitehall.»(Trusting the teacher in grey-flannel suit)
«One way to describe libertarianism is that we believe in the separation of family and state as strongly as the American Civil Liberties Union believes in the separation of church and state. In contrast, both the Left and the Right view government as a substitute parent. As pointed out by George Lakoff in Moral Politics, the Left wants government to be a nurturant parent and the Right wants government to be a strict parent. Libertarianism does not want the government to act as a parent.»(de Arnold Kling, citado por John Ray, como sequela desta Breiquingue Niuz)
«Arrogância cultural
”Eles abafam piedosamente o sorriso ao falarem de cientistas que nunca leram uma obra relevante da literatura inglesa. Descontam-nos como especialistas ignorantes. Contudo, a sua própria ignorância e a sua própria especialização são alarmantes. Por diversas vezes tenho estado presente em encontros de pessoas que, pelos padrões da cultura tradicional, são considerados muito cultos e que, com considerável prazer, têm expressado a sua incredulidade pela ignorância dos cientistas. Uma ou outra vez fui provocado e perguntei à minha companhia quantos deles conseguem descrever a Segunda Lei da Termodinâmica. A resposta foi fria e foi também negativa. Todavia, eu perguntei algo que pode ser o equivalente científico de: ‘Já leu uma obra de Shakespeare?’”
Charles Snow, ”The Two Cultures”
Existe nas sociedades modernas, uma perigosa segmentação cultural, que se tem vindo a agravar com a especialização do ensino, entre a formação com origem nas chamadas ”humanidades” e com origem nas ciências. Se se entender a cultura, muito simplesmente, ”como aquilo que torna a vida digna de ser vivida”, como admite T. S. Eliot (Notas para uma Definição de Cultura), uma equilibrada articulação entre diferentes actividades e diferentes áreas do saber é essencial para o sucesso cultural, e a sua ausência pode conduzir à desintegração cultural, conducente, ela própria, à desintegração social.
Os efeitos desta segmentação são, porém, agravados por um sentimento de arrogante superioridade moral muitas vezes demonstrado por alguns ”intelectuais literários”, que se consideram a si mesmos detentores da ”verdadeira cultura”, desvalorizando como mera tecnocracia os conhecimentos obtidos pelo estudo das ciências. Este sentimento, de raízes pré-modernas, tem atravessado praticamente toda a modernidade, alimentando recorrentes controvérsias, e carrega os sinais claros de uma expressa marca social que, entre outras manifestações, sobrepõe o pensamento à acção, as artes aos ofícios e o ”intelectual” ao ”manual”.
Este mesmo sentimento re-emergiu recentemente entre nós, para desvalorizar as qualificações científicas dos economistas para o desempenho de funções de representação política, contrapondo-lhe a superioridade dos ”conhecimentos literários” (ainda que por vezes não passem da especialização em generalidades). Mas sob o véu das diferenças culturais, o que esta linha argumentativa acaba por transportar é a ideia subliminar de uma aristocrática distinção social, insinuando que a origem patrícia assegura melhor preparação para o desempenho de funções políticas do que a origem plebeia.
O que mais surpreende nesta posição é que ela provenha de sectores de esquerda, provavelmente os mais afectados pela burguesa corrosão ”pós-modernista”. Primeiro, porque a esquerda, originariamente trabalhista e programaticamente progressista, foi tradicionalmente favorável às virtudes das ciências, vistas como fonte de progresso. Segundo, porque o conhecimento técnico e científico proporciona mais oportunidades de progressão social do que a ”cultura literária”. Terceiro, porque se perguntarem aos trabalhadores se preferem ser politicamente representados por quem saiba manter uma conversação erudita nos salões sociais ou por quem compreenda os mecanismos necessários à criação e preservação de empregos e à melhoria dos níveis de vida, o que é que acham que eles vão escolher?
É que, como lembrava Alfred Marshall, no final do século XIX, ”… o carácter do homem tem sido moldado pelo seu trabalho de todos os dias e pelos recursos materiais que desse modo procura, mais do que por qualquer outra influência, com excepção dos seus ideais religiosos; e as duas grandes acções formadoras da história mundial têm sido a religiosa e a económica”. Sendo assim, saber de economia talvez seja conveniente.»
«Quando Soares ontem disse, no contexto de uma questão sobre a universidade de Coimbra, que era o «anti-Salazar», melhor teria sido dizer (ou era isso que estava nas entrelinhas) que era o «anti-Cavaco». Por um lado, porque esta construção da personagem de Cavaco - o anti-politicismo, o messianismo, a desconfiança perante os mecanismos essencialmente liberais de debate (no parlamento, no espaço público, etc.) - é na essência uma herança da memória de Salazar (cuja marca na nossa memória política não é propriamente pequena). Mas, por outro lado, Soares é, na circunstância presente, o anti-Cavaco no sentido em que se apresenta não como a solução para a crise, mas como um elemento de continuidade numa solução já existente.»O parágrafo anterior faz parte de post levemente delirante do Ivan do SuperMário (blogue não oficial de apoio à candidatura de Mário Soares à reforma compulsiva).
Vi-me agora num espelhoO importante para esta secção é a lenda. Corria o ano de 1554, num certo dia, numa breve parada, após longa, acelerada e extenuante caminhada para Reritiba à frente dos Tupis que lhe carregavam as trouxas, o Padre Anchieta deu-se conta que os índios, sentados sobre as suas tralhas se recusavam a recomeçar. Perguntando-lhes o porquê, explicaram-se os Tupis, com grande soma de pachorra, que na rapidez da caminhada a alma lhes tinha ficado para trás e tinham precisão de esperar por ela.
e comecei de dizer:
Corcós, toma bom conselho
Porque cedo hás de morrer.
Mas, com justamente ver
o beiço um pouco vermelho
Disse: fraco estás e velho
Mas pode ser que Deus quer
Que vivas, para conselho
«Mas, entretanto, no Metro de Londres e a 7 de Julho, a Al Khaeda matou politicamente Mário Soares. O que então disse e depois repetiu, demonstram que Mário Soares se infantilizou para esconder a respeitabilidade que lhe devemos pelos seus oitenta anos de idade. Mário Soares já não tem a idade para ser esquerdista, um esquerdista irresponsável do género bloquista, porque lhe falta - lei da vida - a margem do tempo para ganhar experiência, maturidade e bom senso que, mais tarde, equilibre os desequilíbrios das “verduras”. ...(Encontrado aqui, no Água Lisa (3), um blogue surpreendente)
O que Mário Soares disse, e repetiu, sobre o terrorismo, é plenamente aceitável como opinião individual ou mesmo na qualidade de opinion maker. É espantoso e irresponsável mas é legítimo como opinião. Mas Soares colocou-se além das margens do sistema de defesa das democracias e, por isso, irrecuperável para desempenhar um papel institucional e, muito menos, voltar ao cargo de Supremo Magistrado da Nação.
O drama do terrorismo, pela sua eficácia e poder corruptor, obrigou a colocar-nos acima (se preferirem, ao lado) da divisão esquerda/direita. Porque, com a morte da civilização, também as ideologias e separações de visão social, iriam na enxurrada. Cedendo à Al Khaeda de que adiantaria ser-se de esquerda? Nada, penso eu. Neste sentido, vejo Soares como um candidato inútil para a esquerda. Por assim pensar, nunca terá o meu voto (agora, nem com a mão a tapar-lhe o retrato). Um voto apenas, mas um voto. Que será contra Mário Soares e o abdicacionismo que ele representaria, se se candidatasse.»
El Pibe é um exemplo de como um génio também pode ser um idiota. A outra personalidade é um exemplo de como ter muito passado não garante um grande presente e muito menos um grande futuro.«O célebre Maradona tem-se apresentado ultimamente como defensor dos povos oprimidos. Ainda recentemente, quando o doido do Hugo Chávez disse que «se criássemos um clube dos países devedores seriamos mais fortes» (ou seja vamos lá ver se nos organizamos para não pagar as nossas dívidas) o não-menos-doido Maradona auto-proclamou-se paladino dos países devedores na cimeira de Mar del Plata.
Será porque ele próprio deve ao fisco italiano Eur 31.782.429 por não ter pago impostos entre 1985 e 1990?
Será porque se junta aos contestatários da globalização quando é ele próprio o produto mais acabado dessa mesma globalização?
Será porque só recebia cerca de US$ 10.000.000 por ano de patrocínio para representar essa vil marca que explora os pobres de todo o mundo vendendo-lhes Coca Cola?
Será ainda porque, quando magoado por outro jogador durante um jogo de futebol, pretendia que esse jogador lhe entregasse todo o salário até ao fim da recuperação?
Até o New York Times o apelidou de «a perfect latin american idiot» apoiando-se no título do livro «»Guia ao perfeito idiota sul-americano» escrito pelo filho de Mário Vargas Llosa e outros jornalistas!
Devia ter sabido retirar-se da cena mundial a tempo.
Lembra-me outra personalidade cá da praça que se recusa a aceitar que seu tempo foi outro.»(AB, um amigo e um detractor compulsivo)
«O Estado está a substituir mais de cinco mil pais na prestação de alimentos aos filhos menores. Segundo os últimos dados do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS), a que o DN teve acesso, desde Janeiro e até 31 de Outubro os processos do Fundo de Garantia de Alimentos Devidos a Menores (FGADM) custaram ao Estado 6,1 milhões de euros - ultrapassando já os 5,3 milhões gastos em 2004.» (DN)
«Readers of the Daily Kos, a left-wing blog, are so excited about the fact that Patrick Fitzgerald is about to wrap up his two-year inquiry into the Bush administration's alleged outing of a CIA agent, Valerie Plame, that they are swapping tips on how to keep calm. Give up the coffee; resist the urge to check the Drudge report every minute; and when what they call "Fitzmas" finally comes, enjoy the moment, take a deep breath, and witness a great wrong being righted.»Um dos autores do Daily Kos cita aquela passagem de The Economist e confirma aqui a excitação: «I'll get a little thrill of pleasure to see Karl Rove in handcuffs, resigned, and disgraced.» Mais um exemplo do que é o ódio o combustível que alimenta a mente da esquerdalhada.