O eixo Paris-Berlim continua activamente a tentar atrelar a União Europeia à sua carroça política e económica. Hoje tratamos do varal económico. O eixo esforça-se por impingir a harmonização fiscal para impedir a concorrência dos novos países aderentes com impostos mais baixos que os tornam mais atractivos para o investimento directo. [Ainda que a teoria económica evidencie que uma zona monetária óptima deverá ter um sistema fiscal único, também é verdade que o «óptimo» da zona monetária depende igualmente duma forte mobilidade do capital e da mão-de-obra, e, todos sabemos, que esta última defronta gigantescas barreiras linguísticas, culturais e corporativas.]
Nas circunstâncias actuais, é perfeitamente legítimo que esses países recusem o embuste da «harmonização» e reduzam os seus impostos. A longo prazo esse emagrecimento fiscal só será sustentável emagrecendo o aparelho administrativo do estado – uma boa notícia numa UE anquilosada por estados obesos e cadaverosos.
Ao mesmo tempo que quer impor a harmonização fiscal, o eixo Paris-Berlim continua a defender a manutenção da PAC – um monstro gerador de ineficiências, uma máquina de sugar dinheiro dos contribuintes para proteger da concorrência os agricultores europeus, com os agricultores franceses à cabeça. Berlim não ganha nada com o negócio, mas é o preço a pagar a Paris.
Um bom exemplo das ineficiências geradas pela PAC e do impacto brutal que tem nos países subdesenvolvidos (*) é o açúcar. O custo de produção do açúcar (de beterraba) na UE é o triplo do preço corrente no mercado internacional e o sêxtuplo do custo de produção do Brasil (açúcar de cana). Quem perde com a PAC? Os países produtores (subdesenvolvidos). Quem ganha? Os grandes refinadores europeus: Beghin Say, francês, USD 236 milhões/ano , Sudzucker, alemão, USD 201 milhões/ano e Tate & Lyle, britânico, USD 158 milhões/ano. O que faz a esquerdalhada? Lambe as botas dos agricultores, enche os bolsos dos «tubarões» e prolonga a miséria dos «explorados» nas ex-colónias. Um belo programa.
(*) Não gosto de usar o ridículo politicamente correcto país em desenvolvimento, por várias razões, a última das quais é que alguns desses países não se estão a desenvolver.
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