É cada vez mais evidente que o Novo Império do Meio usou, usa e usará como arma o controlo das exportações e, nomeadamente, o controlo da exportação das chamadas "terras raras", um conjunto de minerais por agora essenciais para quase todos os dispositivos eléctricos e electrónicos, minerais dos quais a China dispõe de cerca de 90% das reservas mundiais. Com essa arma a China já conseguiu eliminar as restrições dos EU à importação de chips da Nvidia e adiar a aplicação das "tarifas".
Por isso, à primeira vista, o controlo das exportações, por exemplo de terras raras, concede à China um poder incontestável nas guerras comerciais. À segunda vista não é bem assim. Apesar da China deter 90% das reservas, os restantes reservas são uma quantidade imensa que em muitos casos não são exploradas por restrições ambientais que a China não tem. Por outro lado, inevitavelmente, a escassez irá ser um poderoso incentivo para desenvolver processos de extração e refinação menos poluentes e encontrar alternativas, como no caso da BMW e Renault que já fabricam veículos eléctricos sem utilizar terras raras (fonte: China’s power over rare earths is not as great as it seems)
Finalmente, como resulta do modelo desenvolvido por Albert Hirschman (National Power and the Structure of Foreign Trade) a partir da economia de guerra alemã, utilizado recentemente por Clayton, Maggiori e Schreger (A Theory of Economic Coercion and Fragmentation) para estudar o poder geoeconómico que os serviços financeiros proporcionam aos EUA, se é certo se mesmo um pequeno aumento da quota de mercado de um país num produto - por exemplo a China nas terras raras - poderá ter efeitos muito superiores no poder de controlo do mercado, é igualmente certo que uma pequena redução dessa quota terá efeitos múltiplos na redução desse poder do mesmo país.
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