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14/06/2024

SERVIÇO PÚBLICO: As sociedades avançadas podem não estar em extinção demográfica como parecem (2)

Continuação de (1

No post anterior citei o estudo The Economics of Fertility: A New Era de Matthias Doepke e outros, de de 2022, onde se concluía que já neste século a taxa de fertilidade aumentou nos países mais desenvolvidos apesar do crescimento da taxa de emprego de emprego feminino. Há certamente várias causas, apesar do estudo explicar o aumento da taxa  de fertilidade como consequência da maior facilidade de compatibilizar emprego e maternidade em resultado de mercados de trabalho flexíveis, homens partilhando os trabalhos domésticos, normas sociais favoráveis e boas políticas de família como creches subsidiadas e licenças parentais.

Um outro estudo posterior (A new era in the economics of fertility) do Centre for Economic Policy Research confirma que a correlação negativa entre riqueza e taxas de fertilidade se alterou e na OCDE existe agora uma correlação positiva entre o PIB per capita e a fecundidade, por um lado, e taxa de emprego de emprego feminino, por outro.

Considerando também os dados sobre a despesa pública em creches e educação pré-escolar e a participação masculina no trabalho doméstico, o estudo concluiu: 
«A clara associação entre países das taxas de fecundidade com medidas de compatibilidade família-carreira mostra que a fecundidade ultrabaixa não é um destino inescapável, mas um reflexo das políticas, instituições e normas predominantes em uma sociedade. Novas pesquisas sobre como essas características determinam as taxas de fertilidade podem ajudar a apontar o caminho para um futuro que evite a trajetória atual de famílias cada vez menores e populações gradualmente decrescentes.»

Sendo certo que a imigração tem um impacto nalguns países significativo, não há evidência de que o aumento das taxas de fecundidade nos países desenvolvidos resulte exclusiva ou principalmente da imigração.

Economist

Veja-se, por exemplo, no mapa acima que países com uma imigração reduzida (como os países bálticos, Finlândia, Irlanda, República Checa, Roménia e Bulgária) têm taxas de fertilidade mais elevadas do que países em que a imigração tem um peso maior (como Espanha e Itália). 

3 comentários:

Afonso de Portugal disse...

Esta é uma daquelas postas que ilustra perfeitamente o que a Economist é realmente: uma publicação de demagogos globalistas que nos atiram para os olhos e se congratulam com o que não tem congratulação possível.

Senão vejamos: segundo as Nações Unidas, o país europeu com a taxa de fertilidade mais elevada é a França, com 1,8 filhos/mulher. Ou seja, não há nenhum país europeu que tenha uma taxa de fertilidade que lhe permita sequer renovar a sua população, muito menos sustentá-la ao longo do tempo.

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_total_fertility_rate

A partir desde dado, tudo o que se possa escrever sobre o assunto será treta, porque sem atingirmos os 2,1 filhos/mulher (taxa mínima de renovação populacional), a única coisa que muda é a velocidade da nossa extinção, não a sua inevitabilidade.


Mas, é claro, o (Im)Pertinente não podia de deixar de nos presentear com algumas das suas pérolas habituais. Por exemplo:

«não há evidência de que o aumento das taxas de fecundidade nos países desenvolvidos resulte exclusiva ou principalmente da imigração.»

Não há é pouca! A Irlanda (1,8 filhos/mulher), ao contrário do que escreveu, é um dos países com mais imigrantes do mundo, com 17,1% de imigrantes residentes. A França (1,8 filhos/mulher) tem 14,1%.

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_sovereign_states_by_immigrant_and_emigrant_population

E eu faço notar que a estes ainda é preciso acrescentar os naturalizados e seus descendentes. A Finlândia tem uma taxa de fertilidade de apenas 1,4 filhos/mulher, ao nível de Portugal. A República Checa tem uma taxa apenas ligeiramente superior, 1,6 filhos/mulher, tal como a Bulgária. A Roménia tem 1,7 filhos/mulher.

Só há uma forma de provar que o acréscimo da natalidade não resulta(ria) da imigração: contabilizar os recém-nascidos por raça/etnia e depois compará-los com a população residente da mesma raça/etnia. Nenhuma outra via é séria! Mas, é claro, os “estudiosos” da Economist e outros charlatães encartados do globalismo militante só farão isso no mesmo dia em que o “nosso” PS desaparecer da cena política… o dia de S. Nunca.

Resumindo e concluindo, nada neste “estudo” não tem ponta por onde se lhe pegue. Os autores cingiram-se à informação que comprova as conclusões pré-estabelecidas (e, mesmo assim, fizeram-no mal), mas ignoraram a informação que as contradiz. Isto parece até uma cedência ao lóbi feminista, que anda há várias décadas a jurar a pés juntos que os problemas demográficos se revolverão se transformarmos os homens em donas de casa. Entretanto, nos países mais machistas do mundo, as taxas de fertilidade continuam bem acima do mínimo requerido para a renovação populacional… mas disso, os “economists” já não falam…

Anónimo disse...

Em breve estar-se-á a discutir novamente o excesso de população. Ou não será este discurso do ambiente/falta de recursos desde já o início da conversa?
O problema demográfico será brevemente ultrapassado com a automatização e os recursos energéticos necessários terão de ser canalizados para a nova "revolução"........

Afonso de Portugal disse...

Anónimo disse...
«Em breve estar-se-á a discutir novamente o excesso de população.»

Essa é outra faceta bipolar destas falsas preocupações dos "economists" com a demografia: os ocidentais são constantemente bombardeados com a conversa de que "o mundo já tem gente a mais" e que não devemos ter mais filhos para "salvar o planeta da nossa ganância autodestrutiva"... porém, em simultâneo, importamos imigrantes vindos dos países mais demograficamente "insustentáveis" que há no mundo, e os "economists" já acham isso bom.