A estória parece complicada mas é simples. O Dr. Montenegro anunciou uma redução do IRS neste ano de 1.500 milhões (o que é verdade) e omitiu que o orçamento aprovado pelo PS já incluía uma redução de 1.300 milhões, pelo que a redução da responsabilidade do governo AD era de apenas 200 milhões.
Já aqui zurzi a incompetência do semanário de referência que publicou na primeira página um título completamente falso sobre a duplicação da descida do IRS, incompetência a que o director somou má-fé ao desculpar-se com o governo,
Também já tinha apontado o dedo à aparentemente deliberada pouca clareza do Dr. Montenegro a que acrescento agora a incompetência na gestão da comunicação ao admitir que a sua chico-espertice iria passar desapercebida a uma oposição impaciente que, apesar da também óbvia incompetência, conta com a preciosa ajuda de pelotões de jornalistas de causas e de opinion dealers que em vez escrutinarem as acções do governo fazem backup às falhas da oposição com a maior falta de independência e de objectividade.
Acrescento ainda, desengane-se quem imagina que o importante é o conteúdo e que a comunicação é secundária, para não dizer irrelevante. Se um governo, nomeadamente um primeiro-ministro, não tem competência para comunicar, o que sempre foi grave, é desastroso no mundo mediático em que estamos mergulhados, e, no caso de um governo ideologicamente desalinhado com a turba que habita as redacções (reforçada com o humor de causas do humorista mais popular no activo), é mortal.
E a incompetência na comunicação é uma das marcas dos governos PSD que fica mais visível por causa do desalinhamento com a opinião publicada. Para ficar por um só exemplo, o slogan de Passos Coelho "para além da troika" (ler aqui o que o outro contribuinte escreveu há quase dez anos e este contribuinte subscreve), para além de não corresponder à verdade, deu lenha à esquerdalhada para torrar o governo perante um eleitorado que adora vitimizar-se.
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