Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

14/04/2024

ARTIGO DEFUNTO: O "semanário de referência" chama embuste e fraude do governo à sua própria incompetência

A qualquer pessoa que tenha seguido com um módico de atenção as medidas de redução do IRS anunciadas pelo governo, deveria ser evidente que o título bombástico na primeira página do semanário de reverência só poderia ser um disparate (ou talvez não, o que seria ainda mais grave).

De facto, o que o Dr. Montenegro disse no parlamento, que o próprio Expresso cita na sua página 6, foi
«É a ‘medida popular’ por definição e custa aos cofres do Estado 1500 milhões de euros, para ajudar a “libertar os portugueses do excessivo fardo fiscal”, como disse Montenegro na apresentação do programa de Governo, esta quinta-feira no Parlamento
Em lado algum, a não ser no título do Expresso, o Dr. Montenegro é citado a dizer que «duplica a descida do IRS» e parecia claro para toda a gente, excepto para o Expresso, que os 1.500 milhões de euros era a montante total da redução em relação ao ano passado, o que inclui a redução já prevista no OE 2024 apresentado pelo governo PS.  

Poderá dizer-se que o Dr. Montenegro, fazendo o que costuma fazer o PS, se exprimiu com pouca clareza não explicitando que cerca de 1.300 milhões dos 1.500 milhões já estavam no OE 2024? Pode dizer-se certamente e competiria o Expresso repor as coisas na sua dimensão. Não o fez e, perante a grossa asneira do título que não tem pés nem cabeça, em vez de se retratar e pedir desculpa pela sua incompetência, publicou uma Nota do director com o título «É mais do que um embuste. É enganar os portugueses» em que desmente o que publicou e atribui a um embuste e fraude do governo o que resulta da sua própria incompetência.

Foi com essa reacção despropositada e mistificadora que o Expresso tentou limpar a sua folha ao ver-se alvo do tiro de barragem do PS pelo título que de facto parecia saído de um gabinete de agitprop. Para quem se intitula semanário de referência não está mal.

Sem comentários: