A ASML Holding NV é uma empresa multinacional dos Países Baixos fabricante de equipamentos para a produção de circuitos integrados, tais como RAM, chips de memória flash e CPU. O seu último produto é uma máquina litográfica para projetar padrões de chips nanoscópicos (um nanômetro é um bilionésimo de metro) em wafers de silício, provavelmente o mais sofisticado equipamento deste tipo alguma vez comercializado. No princípio deste ano a Intel foi a primeira multinacional de semicondutores a comprar este equipamento inovador para a sua fábrica no Oregon. Em 2022 a facturação da ASML atingiu 21 mil milhões (o volume de negócios da Galp foi 27 mil milhões) e e os lucros foram de 6 mil milhões de euros, o valor de mercado da ASML quadruplicou nos últimos cinco anos para 260 mil milhões de euros, aproximadamente o valor do PIB português, e a sua margem operacional em 2023 ultrapassou 34% (fonte).
Estou a contar esta estória porque ao ler sobre a ASML me ocorreu uma outra, sobre a qual escrevi há quatro anos, do Dr. Miguel Sousa Tavares irritado e ressabiado com «os holandeses, os novos-ricos da Europa, actuando como gauleiters da Alemanha» por estarem reticentes a financiar a devassidão orçamental dos Estados falidos do Europa do Sul. A irritação e o ressabiamento levaram-no a fazer um exercício de downgrading dos Países Baixos em contraponto com um exaltante upgrading de um Portugal por ele imaginado.
Nesse exercício de downgrading o Dr. Sousa Tavares escreveu coisas tão alucinantes que de facto pareceu estupidamente ignorante, coisa que ele decerto não é. No post que então escrevi, desmontei os casos mais óbvios de omissão ou atropelo da verdade, aos quais no domínio da inovação empresarial acrescento agora o exemplo notável da ASML.
1 comentário:
Os sábios têm o silêncio e o tempo comos aliados.
Os comentadores têm de opinar permanentemente o que se pode tornar inoportuno ou extemporâneo.
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