Continuação das Crónicas: «
da anunciada avaria irreparável da geringonça», «
da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «
da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa».
Outras edições do Semanário de Bordo.
O Dr. Costa, a corrupção e a mentira
«
Não, não desvalorizo a corrupção, mas também não desvalorizo a mentira» garantiu ele num
artigo de opinião. Não parece questionável que o Dr. Costa desvalorize a mentira, já que usa abundantemente uma modalidade que o poeta popular António Aleixo descreveu assim: «
P'ra a mentira ser segura / e atingir profundidade, / tem de trazer à mistura / qualquer coisa de verdade».
Já quanto à corrupção a coisa fia mais fino. O Avante! da Sonae escreveu há tempo que a «
Entidade para a Transparência espera há “meses” por autorização de António Costa».
O Dr. Costa e o futebol
Se não fosse
Helena Matos, tinha-me escapado o inusitado e patriótico interesse do Dr. Costa pelo futebol que o leva a estar presente em sítios improváveis onde decorrem cerimónias dessa religião, como a Hungria, onde foi para dar um abraço ao Sr. Mourinho, ou a Nova Zelândia para acompanhar as meninas da selecção, o que quase o fez faltar ao Conselho de Estado.
O Dr. Costa já tem o seu Dr. Goebbels (calma! Isto é só uma metáfora hiperbólica) O Dr. Adão, ministro da Cultura, como o Dr. Goebbels (o ministério da Cultura do III Reich chamava-se da Propaganda, nome muito mais apropriado), multiplica-se em entrevistas a fazer declarações replicando as palavras do seu Fuehrer Dr. Costa (calma! Isto é só mais uma metáfora hiperbólica) sobre «
as preocupações das pessoas», preocupações que ele conhece muito bem pelos artistas independentes que recebem subsídios do seu ministério.
Uma no cravo, outra no Dr. Cravinho que fumou, mas não inalou O Dr. Cravinho, um exemplo do elevado nível de exigência ética do Dr. Costa, confrontado com a prova de que tinha tido conhecimento da intenção de ser contratado como consultor o Dr. Capitão, mais tarde Secretário de Estado demitido,
garantiu na comissão Parlamentar de Defesa não ter tido nada a ver com a contratação.
Então não estamos a crescer mais do que a Óropa? O Dr. Costa deveria colocar uma vela a S. Cristóvão
Sim, estamos, basta ver, por exemplo, o semanário de reverência que celebra com o título galvanizante «
economia portuguesa é a quarta que mais cresce na UE este ano», apesar do último valor de 16-07 do indicador diário de actividade económica do BdP ser
negativo com uma queda de 4% e os últimos dados do
turismo no Algarve não serem muito animadores.
Sabendo-se que o turismo representa cerca de 16% do PIB e tem registado este ano um
crescimento na faixa dos 20-25% e que, portanto, o impacto esperado no PIB seria na ordem dos 3-4%, daqui decorre que os 2,4% de crescimento da economia previstos para 2023 significam que o resto da economia irá decrescer.
Sem o turismo, que registou um excedente de
2,7 mil milhões, o excedente externo de 704 milhões das contas externas até Maio teria sido um défice de 2 mil milhões.
Se não for no PIB, o Dr. Costa coloca-nos no topo da Óropa nos ansiolíticos
«
Portugal é o segundo país da OCDE com maior utilização de antidepressivos. No caso dos ansiolíticos, é mesmo o primeiro»,
garante o semanário de reverência que nestas coisas nunca se engana.
«A educação é a nossa paixão». O elevador social socialista deixa os pobres no rés-do-chão
Continuando o caminho de dificultar a aquisição de conhecimentos e facilitar nos exames e, assim, avariar ainda mais o elevador social, o governo determinou o
fim da obrigatoriedade do exame de Matemática para os alunos de Ciências. O próximo passo vai ser tornar obrigatório o exame da disciplina de Educação Sexual.
«Temos resultados, temos contas certas» (que o TdeC não consegue certificar)
Segundo as conclusões do relatório de auditoria do Tribunal de Contas ao processo de preparação da Conta Geral do Estado de 2023, existem constrangimentos que «
são inultrapassáveis dentro do prazo estabelecido para a apresentação da CGE de 2023».
Choque da realidade com as políticas de habitação do Dr. Costa
Simultaneamente com a aprovação do Mais Habitação, o governo anunciou o enésimo programa para promover o arrendamento, desta vez com o nome Programa Arrendar para Subarrendar (a ministra da Habitação, que ao menos podia ter bom aspecto, deveria usar os judites da PJ que inventam belos nomes para as suas operações – ver
aqui alguns exemplos). Ao abrigo desse
programa que envolve um investimento de 2,8 milhões (aproximadamente o preço de uma penthouse no Parque das Nações) o governo anunciou acordo para 320 imóveis, sendo 220 do Instituto Financeiro da Segurança Social e da Santa Casa da Misericórdia, estando os restantes 100 em mãos de privados.
Recorde-se que há oito meses o
balanço feito pelo Expresso mostrava que de todos os projectos de habitação acessível geridos pelo IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana) até então havia 71 (setenta e um) fogos arrendados. Do
Programa de Arrendamento Acessível havia 900 contratos activos para dois mil alojamentos e 30 mil candidaturas.
(Continua)