Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/05/2004

CASE STUDY: Bankamatic, o funcionário do futuro, ou Turquia-Portugal, a mesma luta.

Há quem diga que o semanário Expresso é, semana a semana, mais pasquim. Não concordo. Nas suas dezenas de caderninhos há sempre informações úteis. Não me refiro aos cadernos do emprego e do imobiliário que, como é sua função, são da maior utilidade para quem precisa de ganhar dinheiro, e não encontrou um processo inteligente, ou para quem está com vontade de o gastar no cimento e tijolo mais caro do planeta.

Exemplos? Podia dar imensos. Por falta de tempo, vou dar só um.
O caderno Única (ainda não percebi a razão do feminino) informou-nos a semana passada da existência duma nova classe de funcionários públicos bankamatic, como escreveu o imaginativo jornalista que foi a Ancara de propósito para encontrar estes espécimens. Ficámos também a saber que bankamatic significa «ATM em turco» (Automatic Teller Machine é, como se sabe, uma expressão genuinamente turca).
E que missão têm os funcionários bankamatic? «O único trabalho que fazem é ir levantar o seu salário às caixas automáticas» («ATM em turco», recorde-se). Único, mas vital. Hoje há 30% de bankamatics, mas amanhã poderá haver muitos mais. Um dia que a Turquia seja admitida no clube europeu de velhas ricas e criadas pobres, poderão, quem sabe?, todos os funcionários ser reconvertidos em bankamatics.

A coisa poderá parecer, à primeira vista, absurda. Mas será mesmo? Não é melhor ter os bankamatics em casa, ou nas belas praia turcas, do que estarem a ocupar espaço nos edifícios públicos distraindo os outros 70%? Não se pouparão alguns subsídios, como os de almoço, lanche, transportes e outros? E as baixas que se deixam de ter? E os cuidados médicos e os medicamentos que se economizam com uma vida saudável ao ar livre, evitando os ambientes, geralmente pestíferos, das repartições enfumaçadas de tabaco turco?

Qual é interesse desta solução para o nosso país? Imenso. Só não vê quem não quer. Se já temos os sanitários e banhos turcos e as toalhas turcas, porque não as repartições turcas? O que nos falta? Quase nada. Mandar os nossos bankamatics para casa (as nossas praias têm água muito fria e poluída).

Nota final:
À consideração do professor Deus Pinheiro que poderá ainda fazer um aditamento à sua proposta de reforma administrativa.

Sem comentários: