Tive hoje (em rigor, ontem, quinta-feira) um dia horrível a ouvir luminárias a debitarem trivialidades enroupadas.
Para me compensar fui fazer uma visita à Doutora Amélia. Continua a estragar-me com mimos e a fazer-me sentir inseguro quando lê a minh’Alma como se ela fosse transparente. Mora em si (isto, é no Impertinente) o coração sensível de um homem que quer ser domesticado por uma mulher..., disse. Como é que a Doutora consegue perscrutar, por baixo da impertinente fachada marialva, o recalcado anseio de sucumbir à dominação?
Será o resultado das suas Estratégias de Sedução para Solteiras, Divorciadas e Encalhadas?
Encalhadas?! Vou pedir à Doutora para me autorizar a incluir no Glossário das Impertinências este novo termo.
Encalhada
Uma nau catrineta varada nas areias, sem capitão, nem marujos, com um gajeiro cego, numa noite escura como breu, esperando que a desva(i)rem.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/10/2003
Estórias e morais: dar corda aos sapatos ou pôr uma velinha?
1ª Estória
O Dr. Silva Lopes com a autoridade que lhe vem do seu passado como economista e da sua honestidade intelectual, que o inibe de dizer besteiras, apesar das suas simpatias políticas, disse na 3ª Feira, no debate de faca e garfo promovido pelo Fórum dos Administradores de Empresas, que os empresários portugueses, à míngua de competitividade, se concentram nos sectores de bens e serviços não transaccionáveis, onde a concorrência da estranja não se faz sentir de todo, ou muito pouco – quem é que vai comprar hortaliça a Badajoz, ou reboca uma casa à séria comprada em Francoforte para a Reboleira, apara as patilhas nas Ramblas ou abre uma conta num banco da City?
E porquê, pergunta-se. Ele explicou aquilo que nós não perguntamos, nem queremos saber, porque olhos que não vêem, coração que não sente – quem, senão nós que andamos à séculos à espera do Encoberto, é que poderia inventar uma sacana duma sentença destas?
Disse ele que, quando comparamos a relação produtividade média/salário médio com os nossos parceiros europeus, verificamos que desde 1989 andámos para trás e ficámos cada vez menos competitivos, porque o aumento dos nossos salários não foi acompanhado por um aumento equivalente da produtividade.
Que fazer para sair deste atoleiro? Damos corda aos sapatos (uma forma simplificada de dizer que teremos que aplicar aquelas reformas que a gente suspeita serem parecidas com aquelas torturas da Santa Inquisição), ou ficamos à espera dum milagre, como ele sugeriu? Nesta última modalidade já temos uma grande experiência. Na outra nem por isso.
2ª Estória
No entretanto, numa outra galáxia distante, onde só se acredita nos milagres que acontecem quando se dá corda aos sapatos, foi ontem divulgado o crescimento da economia americana no 3º trimestre (sim, no TERCEIRO trimestre, que acabou há 4 semanas). Apenas a taxa mais alta desde 1984: 7,2% - uma assim, tipo China, ou tigre asiático dos anos 80.
Duas estória, uma moral
Há dois tipos de problemas na vida: os problemas políticos, que são insolúveis, e os problemas económicos, que são incompreensíveis (Alec Douglas-Home).
Fim da estória?
Ainda não. Afinal não há uma maneira light de sair do atoleiro, assim uma coisa tipo hedonismo pós-moderno, com amanhãs que cantam, o estado solidário a deitar dinheiro para cima dos problemas, dos empresários, dos artistas, dos excluídos?
Por várias razões, longas de explicar, já não há.
Fim da moral
No pain, no gain.
O Dr. Silva Lopes com a autoridade que lhe vem do seu passado como economista e da sua honestidade intelectual, que o inibe de dizer besteiras, apesar das suas simpatias políticas, disse na 3ª Feira, no debate de faca e garfo promovido pelo Fórum dos Administradores de Empresas, que os empresários portugueses, à míngua de competitividade, se concentram nos sectores de bens e serviços não transaccionáveis, onde a concorrência da estranja não se faz sentir de todo, ou muito pouco – quem é que vai comprar hortaliça a Badajoz, ou reboca uma casa à séria comprada em Francoforte para a Reboleira, apara as patilhas nas Ramblas ou abre uma conta num banco da City?
E porquê, pergunta-se. Ele explicou aquilo que nós não perguntamos, nem queremos saber, porque olhos que não vêem, coração que não sente – quem, senão nós que andamos à séculos à espera do Encoberto, é que poderia inventar uma sacana duma sentença destas?
Disse ele que, quando comparamos a relação produtividade média/salário médio com os nossos parceiros europeus, verificamos que desde 1989 andámos para trás e ficámos cada vez menos competitivos, porque o aumento dos nossos salários não foi acompanhado por um aumento equivalente da produtividade.
Que fazer para sair deste atoleiro? Damos corda aos sapatos (uma forma simplificada de dizer que teremos que aplicar aquelas reformas que a gente suspeita serem parecidas com aquelas torturas da Santa Inquisição), ou ficamos à espera dum milagre, como ele sugeriu? Nesta última modalidade já temos uma grande experiência. Na outra nem por isso.
2ª Estória
No entretanto, numa outra galáxia distante, onde só se acredita nos milagres que acontecem quando se dá corda aos sapatos, foi ontem divulgado o crescimento da economia americana no 3º trimestre (sim, no TERCEIRO trimestre, que acabou há 4 semanas). Apenas a taxa mais alta desde 1984: 7,2% - uma assim, tipo China, ou tigre asiático dos anos 80.
Duas estória, uma moral
Há dois tipos de problemas na vida: os problemas políticos, que são insolúveis, e os problemas económicos, que são incompreensíveis (Alec Douglas-Home).
Fim da estória?
Ainda não. Afinal não há uma maneira light de sair do atoleiro, assim uma coisa tipo hedonismo pós-moderno, com amanhãs que cantam, o estado solidário a deitar dinheiro para cima dos problemas, dos empresários, dos artistas, dos excluídos?
Por várias razões, longas de explicar, já não há.
Fim da moral
No pain, no gain.
30/10/2003
Estórias e morais: uma desgraça nunca vem só.
Estória
Foi divulgado a semana passada o relatório da investigação às circunstâncias do atentado de 19 de Agosto contra as instalações das Nações Unidas em Bagdade, que, acidentalmente, apressou o parto das Impertinências – ver Declarações de princípio.
A investigação independente, pedida pelo Sindicato do Pessoal das Nações Unidas, foi feita por uma equipa liderada pelo antigo presidente da Finlândia Martti Ahtisaari que nas suas conclusões escreveu, preto no branco, a incapacidade do sistema das Nações Unidas em cumprir com os seus próprios regulamentos e directivas de segurança deixa a organização, o seu pessoal e as suas instalações vulneráveis ao tipo de ataque que foi perpetrado a 19 de Agosto de 2003.
O relatório que evidencia claramente a desorganização completa existente nas estruturas da ONU no Iraque, refere também que um funcionário superior da ONU em Bagdade, não identificado, et pour cause, insistiu junto das tropas americanas para que retirassem as barreiras e o dispositivo militar das imediações da sede da ONU.
Moral da estória
Entregues a si próprias, as coisas tendem a ir de mal a pior (segundo corolário de Murphy).
Foi divulgado a semana passada o relatório da investigação às circunstâncias do atentado de 19 de Agosto contra as instalações das Nações Unidas em Bagdade, que, acidentalmente, apressou o parto das Impertinências – ver Declarações de princípio.
A investigação independente, pedida pelo Sindicato do Pessoal das Nações Unidas, foi feita por uma equipa liderada pelo antigo presidente da Finlândia Martti Ahtisaari que nas suas conclusões escreveu, preto no branco, a incapacidade do sistema das Nações Unidas em cumprir com os seus próprios regulamentos e directivas de segurança deixa a organização, o seu pessoal e as suas instalações vulneráveis ao tipo de ataque que foi perpetrado a 19 de Agosto de 2003.
O relatório que evidencia claramente a desorganização completa existente nas estruturas da ONU no Iraque, refere também que um funcionário superior da ONU em Bagdade, não identificado, et pour cause, insistiu junto das tropas americanas para que retirassem as barreiras e o dispositivo militar das imediações da sede da ONU.
Moral da estória
Entregues a si próprias, as coisas tendem a ir de mal a pior (segundo corolário de Murphy).
29/10/2003
NOVA ENTRADA PARA O GLOSSÁRIO DAS IMPERTINÊNCIAS: Emplastro
Por um indesculpável lapso, o Impertinente usou no Diário de Bordo desta tarde o seguinte termo técnico que não estava (mas já está) no Glossário:
Emplastro
Um sujeito que não servindo para nada, senão para confundir e atrapalhar, é um candidato permanente aos chateaubriands. Os emplastros são geralmente pessoas bem intencionadas, bons samaritanos, tipo mãe ansiosa, tudo aceitando, tudo compreendendo. Gostariam de espalhar a sua fé nos milagres da tolerância, mas faltam-lhes (felizmente!) as ganas e a persistência para o fazerem, ficando pelas boas intenções. Exemplos de emplastros: os multiculturalistas, os ambientalistas compulsivos, e em geral quase todos os sociólogos e antropólogos, profissões onde o emplastrum é endémico e que, por isso, emplastram tudo onde tocam.
Emplastro
Um sujeito que não servindo para nada, senão para confundir e atrapalhar, é um candidato permanente aos chateaubriands. Os emplastros são geralmente pessoas bem intencionadas, bons samaritanos, tipo mãe ansiosa, tudo aceitando, tudo compreendendo. Gostariam de espalhar a sua fé nos milagres da tolerância, mas faltam-lhes (felizmente!) as ganas e a persistência para o fazerem, ficando pelas boas intenções. Exemplos de emplastros: os multiculturalistas, os ambientalistas compulsivos, e em geral quase todos os sociólogos e antropólogos, profissões onde o emplastrum é endémico e que, por isso, emplastram tudo onde tocam.
Diário de Bordo: as banlieues françaises mudaram-se para Kabul?
Onde está mais enraizado o fundamentalismo islâmico? Em Kabul ou nas banlieues françaises?
Perguntas estúpidas? Nem por isso. Veja-se aqui o venerável blogue Merde en France (que tem uma bela epígrafe: more than twenty years behind enemy lines).
Ou veja-se o ainda mais venerável The Economist que trata esta semana o mesmo tema em All over an inch of flesh.
Não tarda temos as aulas de sociologia da Sorbonne atestadas de meninas com tchador.
Ao mesmo tempo que nos inquietamos com estes temas inquietantes, podemos disfrutar duma bela imagem da Miss Afeganistão oferecida pelo Merde en France. Oremos para que os taliban tenha poupado o hímen da mocinha, para felicidade da própria, ainda que isso seja indiferente aos emplastros do multiculturalismo, que aceitam todos os costumes - mesmo o costume de os empalar?
Perguntas estúpidas? Nem por isso. Veja-se aqui o venerável blogue Merde en France (que tem uma bela epígrafe: more than twenty years behind enemy lines).
Ou veja-se o ainda mais venerável The Economist que trata esta semana o mesmo tema em All over an inch of flesh.
Não tarda temos as aulas de sociologia da Sorbonne atestadas de meninas com tchador.
Ao mesmo tempo que nos inquietamos com estes temas inquietantes, podemos disfrutar duma bela imagem da Miss Afeganistão oferecida pelo Merde en France. Oremos para que os taliban tenha poupado o hímen da mocinha, para felicidade da própria, ainda que isso seja indiferente aos emplastros do multiculturalismo, que aceitam todos os costumes - mesmo o costume de os empalar?
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multiculturalismo
Case Study: ainda a teoria do caos, desta vez aplicada ao caso Felgueiras.
O exemplo da cadeia causal que vai da Monica Lewinsky à operação Choque & Cagaço não é o único exemplo mediático da teoria do caos. À escala doméstica temos vários. Aqui vai um deles, investigado pelo Impertinente.
1. O estado inicial do sistema
Em 5 de Outubro de 1910 caiu a monarquia de podre. A baderna republicana que se lhe seguiu, antes de cair igualmente de podre às mãos dos militares e do Botas em 1926, teve umas veleidades sociais que incluíram em 1919 o congelamento das rendas e a inflexibilidade contratual dos arrendamentos para habitação, que se manteve por mais de 60 anos, até meio dos anos 80, resistindo ao Botas, ao Prof. Marcelo, aos governos definitivamente provisórios e aos governos provisoriamente definitivos.
Não houve consequências de maior durante décadas de inflação reduzida ou mesmo de deflação, mas a partir dos finais dos gloriosos sixties a coisa começou a derrapar quando a inflação subsequente aos choques petrolíferos desvalorizou irremediavelmente rendas que não eram actualizadas há décadas. Consequências para começar: novos arrendamentos por preços especulativos, niente de obras de conservação e parque habitacional ao nível albanês.
2. A evolução do sistema
Após o 25 de Abril, a coisa derrapou ainda mais, com as taxas de inflação tropicais. O mercado de arrendamento, que já andava pelas ruas da amargura, tornou-se quase inexistente e faleceu quando a banca capitaneada pelo Sr. Eng. Jardim Gonçalves começou a apostar fortemente no crédito imobiliário.
A partir daí, o cruzamento de interesses
- da banca (crédito à construção civil e à compra de habitação),
- dos promotores imobiliários (terrenos comprados às câmaras por grosso e vendidos a retalho aos construtores),
- dos construtores (casas de má qualidade vendidas a preços de boa qualidade),
- das câmaras municipais (venda de terrenos, licenças de construção e sisa),
- dos partidos ("contribuições" dos construtores),
- dos autarcas (generosas "luvas" dos promotores e construtores),
- dos clubes de futebol (terrenos doados, alterações aos PDMs, subsídios, etc.),
fez o resto, sem esquecer os munícipes radiantes com os polivalentes e, mais recentemente, as belas rotundas.
A alteração da lei do arrendamento veio tarde e a más horas e foi meia reforma.
3. O comportamento futuro (agora já presente)
Resultado nesta altura do campeonato: falecimento do mercado de arrendamento; degradação do parque imobiliário, construção civil como motor duma economia atrasada, uma casa de má qualidade para cada português, PDMs com fogos para 30 milhões de portugueses, endividamento médio das família superior ao rendimento disponível, endividamento do sistema financeiro privado à banca internacional, vulnerabilidade da banca portuguesa às OPAs hostis (apesar da betonagem estatutária), aparelho autárquico corrompido até à medula e uma Fátima Felgueiras no Brasil.
4. Onde está a borboleta?
No Brasil.
Será isto um bater de asas da borboleta que causa um furacão? Ou um rato que pare um montanha? Não. Isto é um furacão que cospe uma borboleta ou uma montanha que pare uma rata.
É a teoria do caos, ainda, mas revertida.
1. O estado inicial do sistema
Em 5 de Outubro de 1910 caiu a monarquia de podre. A baderna republicana que se lhe seguiu, antes de cair igualmente de podre às mãos dos militares e do Botas em 1926, teve umas veleidades sociais que incluíram em 1919 o congelamento das rendas e a inflexibilidade contratual dos arrendamentos para habitação, que se manteve por mais de 60 anos, até meio dos anos 80, resistindo ao Botas, ao Prof. Marcelo, aos governos definitivamente provisórios e aos governos provisoriamente definitivos.
Não houve consequências de maior durante décadas de inflação reduzida ou mesmo de deflação, mas a partir dos finais dos gloriosos sixties a coisa começou a derrapar quando a inflação subsequente aos choques petrolíferos desvalorizou irremediavelmente rendas que não eram actualizadas há décadas. Consequências para começar: novos arrendamentos por preços especulativos, niente de obras de conservação e parque habitacional ao nível albanês.
2. A evolução do sistema
Após o 25 de Abril, a coisa derrapou ainda mais, com as taxas de inflação tropicais. O mercado de arrendamento, que já andava pelas ruas da amargura, tornou-se quase inexistente e faleceu quando a banca capitaneada pelo Sr. Eng. Jardim Gonçalves começou a apostar fortemente no crédito imobiliário.
A partir daí, o cruzamento de interesses
- da banca (crédito à construção civil e à compra de habitação),
- dos promotores imobiliários (terrenos comprados às câmaras por grosso e vendidos a retalho aos construtores),
- dos construtores (casas de má qualidade vendidas a preços de boa qualidade),
- das câmaras municipais (venda de terrenos, licenças de construção e sisa),
- dos partidos ("contribuições" dos construtores),
- dos autarcas (generosas "luvas" dos promotores e construtores),
- dos clubes de futebol (terrenos doados, alterações aos PDMs, subsídios, etc.),
fez o resto, sem esquecer os munícipes radiantes com os polivalentes e, mais recentemente, as belas rotundas.
A alteração da lei do arrendamento veio tarde e a más horas e foi meia reforma.
3. O comportamento futuro (agora já presente)
Resultado nesta altura do campeonato: falecimento do mercado de arrendamento; degradação do parque imobiliário, construção civil como motor duma economia atrasada, uma casa de má qualidade para cada português, PDMs com fogos para 30 milhões de portugueses, endividamento médio das família superior ao rendimento disponível, endividamento do sistema financeiro privado à banca internacional, vulnerabilidade da banca portuguesa às OPAs hostis (apesar da betonagem estatutária), aparelho autárquico corrompido até à medula e uma Fátima Felgueiras no Brasil.
4. Onde está a borboleta?
No Brasil.
Será isto um bater de asas da borboleta que causa um furacão? Ou um rato que pare um montanha? Não. Isto é um furacão que cospe uma borboleta ou uma montanha que pare uma rata.
É a teoria do caos, ainda, mas revertida.
28/10/2003
Avaliação contínua: bastonadas e palavras assassinas.
Secção Assaults of thoughts
O ex-bastonário Dr. Pires de Lima, veio em socorro do actual, que proferiu a bastonada já citada pelo Impertinente, e acrescentou ele próprio outra – mais exactamente uma ex-bastonada, mutatis mutandis.
Disse o Dr. Pires de Lima que o Ministério Público actua na convicção de que tem os mesmos poderes que eram utilizados pela PIDE e pela Gestapo.
Se o discurso do Dr. Pires de Lima fosse um veículo TT, dir-se-ia que ele se-atolou-se. E por isso leva o Dr. Pires de Lima 3 chateaubriands.
Secção Frases Assassinas
Numa conversa com o Dr. Luís Campos e Cunha, registada pelo Público de 2ª Feira, o economista ianque Edmund Phelps saiu-se com esta: a arte é um caso ilustrativo da tendência dos governos em proteger interesses instalados. Dessa forma, não se tem muita inovação e o cinema francês é hoje aborrecido e nada inovador, desde a "nouvelle vague", décadas atrás.
Tem direito a 1 afonso (teria 3 se dissesse a mesma coisa ao Figaro, ou, de preferência, ao Monde).
O ex-bastonário Dr. Pires de Lima, veio em socorro do actual, que proferiu a bastonada já citada pelo Impertinente, e acrescentou ele próprio outra – mais exactamente uma ex-bastonada, mutatis mutandis.
Disse o Dr. Pires de Lima que o Ministério Público actua na convicção de que tem os mesmos poderes que eram utilizados pela PIDE e pela Gestapo.
Se o discurso do Dr. Pires de Lima fosse um veículo TT, dir-se-ia que ele se-atolou-se. E por isso leva o Dr. Pires de Lima 3 chateaubriands.
Secção Frases Assassinas
Numa conversa com o Dr. Luís Campos e Cunha, registada pelo Público de 2ª Feira, o economista ianque Edmund Phelps saiu-se com esta: a arte é um caso ilustrativo da tendência dos governos em proteger interesses instalados. Dessa forma, não se tem muita inovação e o cinema francês é hoje aborrecido e nada inovador, desde a "nouvelle vague", décadas atrás.
Tem direito a 1 afonso (teria 3 se dissesse a mesma coisa ao Figaro, ou, de preferência, ao Monde).
27/10/2003
Case Study: outra aplicação da teoria do caos ao trânsito marxista-leninista.
O meu amigo AB, possivelmente invejoso da produção teórica do Impertinente, expediu o seguinte contributo, que espero escape ao escrutínio dum acidental blogueiro m-l:
Gostava dar um exemplo prático da utilização da teoria do caos. Tive um professor de direito na faculdade, já lá vão quase 20 anos o que, juntamente com esta manhã cinzenta e chuvosa, contribui para a minha depressão lunática (de lunes - segunda feira). Esse professor, claramente genial e por isso doido para além de claramente doido e por isso genial, tinha uma teoria com a qual eu concordei imediatamente.
O fim último do Marxismo-Leninismo teórico (abstenho-me de fazer comentários quanto ao Marxismo-Leninismo prático) é o de chegar a uma sociedade em que todos somos iguais, em que ninguém manda em ninguém, sem polícias, sem instituições opressoras, etc.
Ora já imaginaram o trânsito que vem de Cascais todas as manhãs dirigindo-se para Lisboa sem que houvesse a polícia nos cruzamentos mais importantes? Seria o caos total (sem a polícia é só um caso parcial). Ou seja o caos, obrigando a presença da polícia, impossibilita de facto a «nossa» caminhada para um estado Marxista-Leninista.
E viva o Caos!!!
Transcrevo a coisa sob reserva da dúvida se o trânsito para um Estado marxista-leninista não é, de facto, o caminho prático que a maioria das portuguesas, dos portugueses e do(a)s portuguese(a)s deseja, com outro nome, claro.
Gostava dar um exemplo prático da utilização da teoria do caos. Tive um professor de direito na faculdade, já lá vão quase 20 anos o que, juntamente com esta manhã cinzenta e chuvosa, contribui para a minha depressão lunática (de lunes - segunda feira). Esse professor, claramente genial e por isso doido para além de claramente doido e por isso genial, tinha uma teoria com a qual eu concordei imediatamente.
O fim último do Marxismo-Leninismo teórico (abstenho-me de fazer comentários quanto ao Marxismo-Leninismo prático) é o de chegar a uma sociedade em que todos somos iguais, em que ninguém manda em ninguém, sem polícias, sem instituições opressoras, etc.
Ora já imaginaram o trânsito que vem de Cascais todas as manhãs dirigindo-se para Lisboa sem que houvesse a polícia nos cruzamentos mais importantes? Seria o caos total (sem a polícia é só um caso parcial). Ou seja o caos, obrigando a presença da polícia, impossibilita de facto a «nossa» caminhada para um estado Marxista-Leninista.
E viva o Caos!!!
Transcrevo a coisa sob reserva da dúvida se o trânsito para um Estado marxista-leninista não é, de facto, o caminho prático que a maioria das portuguesas, dos portugueses e do(a)s portuguese(a)s deseja, com outro nome, claro.
26/10/2003
Case Study: do fellatio à operação Choque & Cagaço - uma aplicação da teoria do caos.
0. Introdução
A semana passada esteve em Lisboa o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton para participar na conferência sobre Os novos desafios da globalização e a crise de valores comuns. A sua presença agitou as nossas luminárias politicamente correctas (ver, por exemplo, a Pluma Caprichosa da Dr.ª Clara Ferreira Alves no 39º caderno da edição n.º 1617 do semanário do saco de plástico) com indisfarçáveis frissons, suores frios, rubores e tremores nas perninhas.
Comemorando a passagem do Dr. Clinton, o Impertinente à míngua de tempo, ocupado a cumprir o mandado da Doutora Amélia para o arrumo do Glossário, desenterrou da sua mina de produções antigas pré-blogue – quase tão profunda quanto as fossas abissais do Abrupto - o texto seguinte, que, ligeiramente adaptado, serve perfeitamente para encher a hora a mais que ganhámos este domingo.
1. O que é a teoria do caos?
A teoria do caos tenta descrever os sistema caóticos. Um sistema caótico, segundo Gollub & Solomon, é definido como um sistema sensível às condições iniciais. Isto é, qualquer incerteza, por menor que seja, no estado inicial dum sistema conduzirá rapidamente a erros cada vez maiores na previsão do seu comportamento futuro. ... O seu comportamento só pode ser previsto se as condições iniciais foram conhecidas com grau infinito de precisão, o que é impossível.
Entre os exemplos mais óbvios de sistemas caóticos podemos apontar a meteorologia (não por acaso, chove 9 em cada 10 vezes que saímos sem chapéu de chuva), e as sociedades humanas (não carece de explicação).
Como a teoria do caos só é inteligível por mentes superiores, os cientistas do caos inventaram uma vulgata para a tornar acessível aos seres humanos comuns. De acordo com essa vulgata, os sistemas caóticos são caracterizados por pequenas causas poderem dar lugar a grandes efeitos, sendo o exemplo mais comum o do bater de asas duma borboleta em Pequim poder desencadear uma furacão nas Caraíbas, através duma sequência causal e de interacções complexas no sistema atmosférico.
Também poderíamos dizer, de uma forma abreviada, que é como se um rato parisse uma montanha.
2. O estado inicial do sistema
Em 17 de Janeiro de 1998 o presidente Bill Clinton tornou-se o primeiro presidente americano em exercício a depor como arguido num processo civil, acusado de assédio sexual por Paula Corbin Jones. Na investigação deste caso surgiram indícios (charutos, vestidos manchados com sémen presidencial, etc.) dum outro caso com Monica S. Lewinsky, que tinha sido estagiária na Casa Branca entre 1995–96. No depoimento de 17 de Janeiro, Clinton negou que tivesse tido qualquer caso com Monica. Nos meses seguintes as provas reunidas pelo procurador Starr foram-se avolumando e em 17 de Agosto, Clinton foi à televisão pedir perdão ao povo americano e confessar que tinha tido de facto um caso com aquela mulher. Eu lembro-me que o perdoei imediatamente, porque foi no dia do meu aniversário, e estávamos os dois muitos carentes.
Eu perdoei, mas muitos americanos não o fizeram. A falta de perdão contaminou Al Gore que perdeu as eleições para o George W. Bush (ver outras versões sobre o verdadeiro resultado das eleições em http://www./newleftpath.org/makenomistakeaboutelection2000truewinner.htm.
3. A evolução do sistema
Em 31 de Outubro de 1998 o Congresso americano aprovou o Iraq Liberation Act que estabeleceu como política oficial dos EU apoiar os esforços para remover do poder no Iraque o regime chefiado por Saddam Hussein e para promover a emergência de um governo democrático para o substituir e atribuiu ao presidente Clinton vários poderes para pôr em prática essa política (ver texto do Acto).
O próprio Bill Clinton na cerimónia de assinatura do Acto, em 2 de Novembro, enfatizou que Os EU querem que o Iraque se junte à família de nações como um membro amante da liberdade e respeitador da lei. Para eliminar qualquer dúvida, Clinton acrescentou Isto é no nosso interesse e no interesse dos nossos aliados na região.
Embaralhado nas trapalhadas com a estagiária Monica, Bill Clinton perdeu toda a iniciativa política, tornando-se inviável qualquer acção ao abrigo do Iraq Liberation Act. Embora nunca possamos vir a ter a certeza, podemos especular, como o Prof. Freitas do Amaral, que, se tal não tivesse acontecido, Saddam Hussein poderia ter sido persuadido por meios pacíficos a abdicar, abrindo o caminho à democracia no Iraque. Afinal o homem até se revelou uma alma sensível capaz de escrever Zabiba e o Rei» (podemos ver a fundamentação desta tese em http://www.dfa.pt/opresidentesaddameoestadodedireito.htm)
4. O comportamento futuro (agora já passado)
Quando em 11 de Setembro de 2001 se deu o atentado ao WTC, George W. descobriu que, afinal, existia vida noutros continentes. No final das orações que antecederam a reunião no dia seguinte no Gabinete Oval (que durante o mandato de Clinton se tinha chamado Gabinete Oral), Deus falou a Bush pela boca do Donald Rumsfeld (a cuja orelha estava encostada a boca de Paul Wolfowitz) e revelou-lhe o Eixo do Mal. À cabeça dos Estados Párias, disse Deus, está o Iraque de Saddam, o de Tikrit (ver em http://www./newleftpath.org/thenewfascistsentrenchedinwhitehouseandthewtcplot.htm o white paper do Prof. Noam Chomsky, sobre que se passou naquele dia fatídico).
A partir daí é bem conhecida a sequência causal e as turbulências laterais que vieram a desencadear a famosa operação Shock and Awe.
5. Onde está a borboleta?
Chegados a este ponto, estamos preparados para usar a teoria do caos e responder à pergunta: qual foi a causa primitiva da operação Choque & Cagaço?
Uma resposta provável (cfr. o princípio da incerteza da mecânica quântica): o presumível fellatio de Monica S. Lewinsky.
Mas, segundo Gollub & Solomon, nem mesmo o presidente e a estagiária poderiam ter previsto os subsequentes estados do sistema porque, turbados pela luxúria, não conseguiriam lembrar-se com grau infinito de precisão o que se passou nessa tórrida tarde do verão de 1996.
A semana passada esteve em Lisboa o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton para participar na conferência sobre Os novos desafios da globalização e a crise de valores comuns. A sua presença agitou as nossas luminárias politicamente correctas (ver, por exemplo, a Pluma Caprichosa da Dr.ª Clara Ferreira Alves no 39º caderno da edição n.º 1617 do semanário do saco de plástico) com indisfarçáveis frissons, suores frios, rubores e tremores nas perninhas.
Comemorando a passagem do Dr. Clinton, o Impertinente à míngua de tempo, ocupado a cumprir o mandado da Doutora Amélia para o arrumo do Glossário, desenterrou da sua mina de produções antigas pré-blogue – quase tão profunda quanto as fossas abissais do Abrupto - o texto seguinte, que, ligeiramente adaptado, serve perfeitamente para encher a hora a mais que ganhámos este domingo.
1. O que é a teoria do caos?
A teoria do caos tenta descrever os sistema caóticos. Um sistema caótico, segundo Gollub & Solomon, é definido como um sistema sensível às condições iniciais. Isto é, qualquer incerteza, por menor que seja, no estado inicial dum sistema conduzirá rapidamente a erros cada vez maiores na previsão do seu comportamento futuro. ... O seu comportamento só pode ser previsto se as condições iniciais foram conhecidas com grau infinito de precisão, o que é impossível.
Entre os exemplos mais óbvios de sistemas caóticos podemos apontar a meteorologia (não por acaso, chove 9 em cada 10 vezes que saímos sem chapéu de chuva), e as sociedades humanas (não carece de explicação).
Como a teoria do caos só é inteligível por mentes superiores, os cientistas do caos inventaram uma vulgata para a tornar acessível aos seres humanos comuns. De acordo com essa vulgata, os sistemas caóticos são caracterizados por pequenas causas poderem dar lugar a grandes efeitos, sendo o exemplo mais comum o do bater de asas duma borboleta em Pequim poder desencadear uma furacão nas Caraíbas, através duma sequência causal e de interacções complexas no sistema atmosférico.
Também poderíamos dizer, de uma forma abreviada, que é como se um rato parisse uma montanha.
2. O estado inicial do sistema
Em 17 de Janeiro de 1998 o presidente Bill Clinton tornou-se o primeiro presidente americano em exercício a depor como arguido num processo civil, acusado de assédio sexual por Paula Corbin Jones. Na investigação deste caso surgiram indícios (charutos, vestidos manchados com sémen presidencial, etc.) dum outro caso com Monica S. Lewinsky, que tinha sido estagiária na Casa Branca entre 1995–96. No depoimento de 17 de Janeiro, Clinton negou que tivesse tido qualquer caso com Monica. Nos meses seguintes as provas reunidas pelo procurador Starr foram-se avolumando e em 17 de Agosto, Clinton foi à televisão pedir perdão ao povo americano e confessar que tinha tido de facto um caso com aquela mulher. Eu lembro-me que o perdoei imediatamente, porque foi no dia do meu aniversário, e estávamos os dois muitos carentes.
Eu perdoei, mas muitos americanos não o fizeram. A falta de perdão contaminou Al Gore que perdeu as eleições para o George W. Bush (ver outras versões sobre o verdadeiro resultado das eleições em http://www./newleftpath.org/makenomistakeaboutelection2000truewinner.htm.
3. A evolução do sistema
Em 31 de Outubro de 1998 o Congresso americano aprovou o Iraq Liberation Act que estabeleceu como política oficial dos EU apoiar os esforços para remover do poder no Iraque o regime chefiado por Saddam Hussein e para promover a emergência de um governo democrático para o substituir e atribuiu ao presidente Clinton vários poderes para pôr em prática essa política (ver texto do Acto).
O próprio Bill Clinton na cerimónia de assinatura do Acto, em 2 de Novembro, enfatizou que Os EU querem que o Iraque se junte à família de nações como um membro amante da liberdade e respeitador da lei. Para eliminar qualquer dúvida, Clinton acrescentou Isto é no nosso interesse e no interesse dos nossos aliados na região.
Embaralhado nas trapalhadas com a estagiária Monica, Bill Clinton perdeu toda a iniciativa política, tornando-se inviável qualquer acção ao abrigo do Iraq Liberation Act. Embora nunca possamos vir a ter a certeza, podemos especular, como o Prof. Freitas do Amaral, que, se tal não tivesse acontecido, Saddam Hussein poderia ter sido persuadido por meios pacíficos a abdicar, abrindo o caminho à democracia no Iraque. Afinal o homem até se revelou uma alma sensível capaz de escrever Zabiba e o Rei» (podemos ver a fundamentação desta tese em http://www.dfa.pt/opresidentesaddameoestadodedireito.htm)
4. O comportamento futuro (agora já passado)
Quando em 11 de Setembro de 2001 se deu o atentado ao WTC, George W. descobriu que, afinal, existia vida noutros continentes. No final das orações que antecederam a reunião no dia seguinte no Gabinete Oval (que durante o mandato de Clinton se tinha chamado Gabinete Oral), Deus falou a Bush pela boca do Donald Rumsfeld (a cuja orelha estava encostada a boca de Paul Wolfowitz) e revelou-lhe o Eixo do Mal. À cabeça dos Estados Párias, disse Deus, está o Iraque de Saddam, o de Tikrit (ver em http://www./newleftpath.org/thenewfascistsentrenchedinwhitehouseandthewtcplot.htm o white paper do Prof. Noam Chomsky, sobre que se passou naquele dia fatídico).
A partir daí é bem conhecida a sequência causal e as turbulências laterais que vieram a desencadear a famosa operação Shock and Awe.
5. Onde está a borboleta?
Chegados a este ponto, estamos preparados para usar a teoria do caos e responder à pergunta: qual foi a causa primitiva da operação Choque & Cagaço?
Uma resposta provável (cfr. o princípio da incerteza da mecânica quântica): o presumível fellatio de Monica S. Lewinsky.
Mas, segundo Gollub & Solomon, nem mesmo o presidente e a estagiária poderiam ter previsto os subsequentes estados do sistema porque, turbados pela luxúria, não conseguiriam lembrar-se com grau infinito de precisão o que se passou nessa tórrida tarde do verão de 1996.
25/10/2003
Diário de Bordo: o retro-link do anjo impertinente para a Doutora Amélia a pretexto da sua encomenda.
Este fim de semana as Impertinências ficam para trás. O Impertinente vai dedicar-se à encomenda da Doutora Amélia que, antes de ir para Bruxelas, no dia 23, deixou instruções para ele organizar o Glossário por ordem alfabética. A obra impõe-se e, quando mandada fazer com a ternurenta expressão jinhos, meu anjo, o lado feminino do Impertinente exalta-se em suaves ondas de volúpia, e o lado masculino empertiga-se e arregaça as mangas.
Com isto do Impertinente e aquilo da Amélia, estamos em presença duma aplicação prática do dispositivo retro-link, com a Doutora no papel de mestre, e o Impertinente no de discípulo.
Com isto do Impertinente e aquilo da Amélia, estamos em presença duma aplicação prática do dispositivo retro-link, com a Doutora no papel de mestre, e o Impertinente no de discípulo.
24/10/2003
Avaliação contínua: o óbvio ululante do inefável filósofo.
Secção Óbvio Ululante (uma nova e exaltante secção)
Ontem o DN publicou a Carta aberta aos socialistas do inefável Prof. Manuel Maria Carrilho, que nos revela o preocupante estado do Partido Socialista, vítima duma deriva de tipo quase grupuscular, escreve ele. Essa deriva, escreve o Impertinente, conduzirá a instituição ao buraco negro da política, que consiste em, mais do não saber quando vai ser governo, não saber se vai ser governo.
Tirando o bem intencionado grupúsculo, como são todos grupúsculos, que conduz o PS nessa deriva, não alegremente, mas tristemente, ainda por cima, o resto do mundo já se deu conta, faz muito tempo, das revelações do Prof. Carrilho. O governo e os partidos da maioria não só se deram conta, como fazem figas para que o grupúsculo por lá continue por mais uns anos, até que o Dr. Durão possa ingressar na turma dos presidenciáveis.
Um afonso, malgré tout, para o Sr. Professor, pelo óbvio, outro afonso pelo ululante. Ficam de reserva mais 2 se ele se dignar assumir-se candidato para enviar para a reforma o grupúsculo, contra a mole imensa dos que pensam quase como ele, mas não gostam dele e, paralisados por cumplicidades e solidariedades equívocas, preferem deixar apodrecer a situação.
Ontem o DN publicou a Carta aberta aos socialistas do inefável Prof. Manuel Maria Carrilho, que nos revela o preocupante estado do Partido Socialista, vítima duma deriva de tipo quase grupuscular, escreve ele. Essa deriva, escreve o Impertinente, conduzirá a instituição ao buraco negro da política, que consiste em, mais do não saber quando vai ser governo, não saber se vai ser governo.
Tirando o bem intencionado grupúsculo, como são todos grupúsculos, que conduz o PS nessa deriva, não alegremente, mas tristemente, ainda por cima, o resto do mundo já se deu conta, faz muito tempo, das revelações do Prof. Carrilho. O governo e os partidos da maioria não só se deram conta, como fazem figas para que o grupúsculo por lá continue por mais uns anos, até que o Dr. Durão possa ingressar na turma dos presidenciáveis.
Um afonso, malgré tout, para o Sr. Professor, pelo óbvio, outro afonso pelo ululante. Ficam de reserva mais 2 se ele se dignar assumir-se candidato para enviar para a reforma o grupúsculo, contra a mole imensa dos que pensam quase como ele, mas não gostam dele e, paralisados por cumplicidades e solidariedades equívocas, preferem deixar apodrecer a situação.
Nova entrada para os Dicionários do ês: retro-link.
Retro-link (Bloguês)
Um link num blogue para outro blogue onde se contém uma lambidela social ao primeiro, entre mestre e discípulo ou homenagem recíproca entre mestres, conforme o caso, que se citam, cumprimentam, cortejam ou retribuem, conforme o caso.
Sendo um dispositivo recíproco e iterativo podem construir-se infinitas combinações: link-retro-link, retro-retro-link, retro-link-retro-link, etc.
Um link num blogue para outro blogue onde se contém uma lambidela social ao primeiro, entre mestre e discípulo ou homenagem recíproca entre mestres, conforme o caso, que se citam, cumprimentam, cortejam ou retribuem, conforme o caso.
Sendo um dispositivo recíproco e iterativo podem construir-se infinitas combinações: link-retro-link, retro-retro-link, retro-link-retro-link, etc.
Avaliação contínua: um escritor à séria pode estar nas tintas para a audiência.
Advertência prévia: por óbvia falta de competência, o Impertinente não faz crítica de letras e artes. Só fala da vida em geral, que é uma disciplina onde tem vasto curriculum.
Vem isto a propósito, da confirmação por via experimental que o exercício de mergulho em apneia, praticado regularmente nas fossas abissais do Abrupto, em busca de pérolas, por vezes não é um exercício vão.
No mergulho de hoje, encontrei um link ao Aviz, acerca do tema favorito do Dr. Pacheco Pereira – ele próprio. Por sua vez o Aviz tinha um retro-link que remetia para o Abrupto, fechando assim o circuito.
Umas linhas do Aviz mais abaixo, estava escondida a pérola, num link ao blogue Desejo Casar, de Ricardo Esteves Correia, onde saboreei o relato António Lobo Antunes on tour, que conta a performance deste escritor na apresentação em Colónia do Que farei quando tudo arde? É um texto imperdível que, se o perderem, para mim estarão perdidos.
A actuação de Lobo Antunes na apresentação em Colónia ainda é mais extraordinária do que o relato, sendo este, em si mesmo, extraordinário.
E o que mostra esta actuação? Um escritor à séria, autêntico, com as suas manias, borrifando-se para a obsessão mediática que devora os escribas da socialite.
Trinta e três anos antes, no meio dum pelotão de cadetes da EPI em Mafra, composto por ele próprio, mais quatro dezenas de mancebos brutos e o Impertinente, todos ensebados pela falta crónica de água, quem diria havia de sair daquele invólucro jovem e frágil este animal da escrita.
Dois afonsos para o Desejo Casar (pelo relato, se ainda não casou é porque o mulherio anda muito distraído).
Cinco afonsos para o António Lobo Antunes.
Vem isto a propósito, da confirmação por via experimental que o exercício de mergulho em apneia, praticado regularmente nas fossas abissais do Abrupto, em busca de pérolas, por vezes não é um exercício vão.
No mergulho de hoje, encontrei um link ao Aviz, acerca do tema favorito do Dr. Pacheco Pereira – ele próprio. Por sua vez o Aviz tinha um retro-link que remetia para o Abrupto, fechando assim o circuito.
Umas linhas do Aviz mais abaixo, estava escondida a pérola, num link ao blogue Desejo Casar, de Ricardo Esteves Correia, onde saboreei o relato António Lobo Antunes on tour, que conta a performance deste escritor na apresentação em Colónia do Que farei quando tudo arde? É um texto imperdível que, se o perderem, para mim estarão perdidos.
A actuação de Lobo Antunes na apresentação em Colónia ainda é mais extraordinária do que o relato, sendo este, em si mesmo, extraordinário.
E o que mostra esta actuação? Um escritor à séria, autêntico, com as suas manias, borrifando-se para a obsessão mediática que devora os escribas da socialite.
Trinta e três anos antes, no meio dum pelotão de cadetes da EPI em Mafra, composto por ele próprio, mais quatro dezenas de mancebos brutos e o Impertinente, todos ensebados pela falta crónica de água, quem diria havia de sair daquele invólucro jovem e frágil este animal da escrita.
Dois afonsos para o Desejo Casar (pelo relato, se ainda não casou é porque o mulherio anda muito distraído).
Cinco afonsos para o António Lobo Antunes.
23/10/2003
Diário de Bordo: Ainda o escritor e o pedreiro.
O Alf não voltou a telefonar (ver o Diário de Bordo: Alf e o escritor-pedreiro), mas o criminoso volta sempre ao local do crime, e lá foi o Impertinente visitar a Bomba Inteligente, para saber do estado da polémica um mau escritor será ainda um escritor?
Pensava que um mau escritor, era simplesmente um escritor mau, um escritor mal-amanhado, como há em todas as profissões maus profissionais. Maus marceneiros, maus padres, maus escriturários, maus engenheiros, maus políticos, etc., são dos seres mais abundantes do planeta, que nos fazem maus móveis, nos salvam mal a alma, etc., infelizmente para nós cidadãos, incluindo no nós também alguns maus cidadãos.
Estava enganado. Tudo fiava mais fino.
Liguei para a minha amiga Doutora Ana, psicóloga clínica de profissão e socióloga nas horas vagas, para ver se me acudia. Explicou-me que o problema era um irreparável gap entre o self identitário e o self narrativo do mau escritor.
Perdi o sono, que só me foi restituído, pela minha patroa, Doutora Laura, e me salvou da quase irremediável confusão em que me encontrava. Disse ela: Ó filho, um mau escritor é ainda um escritor, mas mau. Sendo mau em vida, não ganha o sustento, e, depois de morto, não dá dinheiro a ganhar a ninguém.
Já posso ir dormir descansado.
Pensava que um mau escritor, era simplesmente um escritor mau, um escritor mal-amanhado, como há em todas as profissões maus profissionais. Maus marceneiros, maus padres, maus escriturários, maus engenheiros, maus políticos, etc., são dos seres mais abundantes do planeta, que nos fazem maus móveis, nos salvam mal a alma, etc., infelizmente para nós cidadãos, incluindo no nós também alguns maus cidadãos.
Estava enganado. Tudo fiava mais fino.
Liguei para a minha amiga Doutora Ana, psicóloga clínica de profissão e socióloga nas horas vagas, para ver se me acudia. Explicou-me que o problema era um irreparável gap entre o self identitário e o self narrativo do mau escritor.
Perdi o sono, que só me foi restituído, pela minha patroa, Doutora Laura, e me salvou da quase irremediável confusão em que me encontrava. Disse ela: Ó filho, um mau escritor é ainda um escritor, mas mau. Sendo mau em vida, não ganha o sustento, e, depois de morto, não dá dinheiro a ganhar a ninguém.
Já posso ir dormir descansado.
22/10/2003
Avaliação contínua: indizíveis, bastonadas e Felicidade Nacional Bruta.
Secção Tiros nos Pés
No seu discurso de ontem o Presidente da República sentiu-se obrigado a dizer, a propósito da novela Casa Pia, que apesar de poder dispor de toda a informação necessária e legítima e de se relacionar com todos os órgãos do Estado e seus titulares, nós que o reelegemos sabemos que nunca iria usar tal informação ou aproveitar tais relações para fins menos legítimos.
A que propósito o disse, se ninguém ainda insinuou interferências suas nesta novela, apesar das suas relações de 30 anos com o Dr. Ferro Rodrigues e de alguns anos com o Dr. Paulo Pedroso?
Disse o indizível e deixou-nos a todos a pensar porque o terá feito.
Três chateaubriands pelo seu despropositado protesto de inocência.
Não querendo deixar escapar a oportunidade de ser solidário com o seu colega Dr. Jorge Sampaio, o Dr. Júdice na sua entrevista de ontem à RTP, disse outro indizível, ainda mais indizível para um bastonário da Ordem dos Advogados: O senhor procurador-geral tem de pôr termo a isto, ou então alguém tem de pôr termo ao procurador. É tão simples como isto.
Isto não é um estado de direito, é um estado de confusão.
Cinco chateaubriands para o Dr. Júdice pelas suas bastonadas.
Secção Sol na eira e chuva no nabal
Enquanto as nossas luminárias se ocupam da novela Casa Pia, um relatório da Standard & Poor’s informa-nos que o endividamento das empresas portuguesas duplicou entre 1995 e 2002, atingindo no ano passado 92% do Produto Interno Bruto. Naquele pequeno país, chamado Irlanda, povoado ainda não há muitas décadas por esfomeados comedores de batata, o mesmo índice, no mesmo período, passou de 55 para 65%.
Pior do que isso, e ainda não dito por nenhum relatório, é a Felicidade Nacional Líquida ter descido do seu clímax de 1998, em pleno consolado do Sr. Eng. Guterres, para o presente nível negativo.
Diz a minha amiga Doutora Ana, formada na Sorbonne em Psicologia Clínica, se não podemos ser ricos, ao menos que sejamos felizes.
Três chateaubriands para ela, que ainda não percebeu que, se o dinheiro não dá a felicidade, pelo menos suaviza as agruras da infelicidade.
No seu discurso de ontem o Presidente da República sentiu-se obrigado a dizer, a propósito da novela Casa Pia, que apesar de poder dispor de toda a informação necessária e legítima e de se relacionar com todos os órgãos do Estado e seus titulares, nós que o reelegemos sabemos que nunca iria usar tal informação ou aproveitar tais relações para fins menos legítimos.
A que propósito o disse, se ninguém ainda insinuou interferências suas nesta novela, apesar das suas relações de 30 anos com o Dr. Ferro Rodrigues e de alguns anos com o Dr. Paulo Pedroso?
Disse o indizível e deixou-nos a todos a pensar porque o terá feito.
Três chateaubriands pelo seu despropositado protesto de inocência.
Não querendo deixar escapar a oportunidade de ser solidário com o seu colega Dr. Jorge Sampaio, o Dr. Júdice na sua entrevista de ontem à RTP, disse outro indizível, ainda mais indizível para um bastonário da Ordem dos Advogados: O senhor procurador-geral tem de pôr termo a isto, ou então alguém tem de pôr termo ao procurador. É tão simples como isto.
Isto não é um estado de direito, é um estado de confusão.
Cinco chateaubriands para o Dr. Júdice pelas suas bastonadas.
Secção Sol na eira e chuva no nabal
Enquanto as nossas luminárias se ocupam da novela Casa Pia, um relatório da Standard & Poor’s informa-nos que o endividamento das empresas portuguesas duplicou entre 1995 e 2002, atingindo no ano passado 92% do Produto Interno Bruto. Naquele pequeno país, chamado Irlanda, povoado ainda não há muitas décadas por esfomeados comedores de batata, o mesmo índice, no mesmo período, passou de 55 para 65%.
Pior do que isso, e ainda não dito por nenhum relatório, é a Felicidade Nacional Líquida ter descido do seu clímax de 1998, em pleno consolado do Sr. Eng. Guterres, para o presente nível negativo.
Diz a minha amiga Doutora Ana, formada na Sorbonne em Psicologia Clínica, se não podemos ser ricos, ao menos que sejamos felizes.
Três chateaubriands para ela, que ainda não percebeu que, se o dinheiro não dá a felicidade, pelo menos suaviza as agruras da infelicidade.
Nova entrada para os Dicionários do ês: bastonada.
Bastonada (juridiquês)
Uma desastrada asneira dita pelo bastonário dos advogados, como em O senhor procurador-geral tem de pôr termo a isto, ou então alguém tem de pôr termo ao procurador. É tão simples como isto.
Uma desastrada asneira dita pelo bastonário dos advogados, como em O senhor procurador-geral tem de pôr termo a isto, ou então alguém tem de pôr termo ao procurador. É tão simples como isto.
21/10/2003
Diário de Bordo: Alf e o escritor-pedreiro.
Cada vez que recebo uma chamada do Gordon Shumway, aka Alf, provavelmente o alienígena mais embaraçante da nossa galáxia, fico com suores frios. É mais uma das suas intrigantes charadas, invariavelmente a pagar no destino. Desta vez tive sorte – não me estava a ligar de Melmac, mas de LA, e quem pagou foram os Tanners.
Disse-me o Alf que tinha ido ao blogue da Bomba Inteligente, que eu lhe havia recomendado, e lá encontrou o seguinte texto enigmático, datado de 15 de Outubro:
Neste dia de grande febrão ando a pensar nas semelhanças entre um escritor e um pedreiro. Um pedreiro, quando faz mal o seu trabalho, não deixa de ser pedreiro. Mas um escritor quando escreve mal é muitas vezes acusado de não ser escritor. Afinal de contas, qual é a diferença? Haverá bons e maus pedreiros e bons e maus escritores. Mas quando é que percebemos que um escritor é tão mau que passa a ser outra coisa?
Chegou-me mais uma pergunta (que possivelmente entra em conflito com a anterior) à cabeça encharcada: a partir de quando pusemos a fasquia tão baixa e começámos a achar que um bom escritor é aquele que não faz erros ortográficos (como se essa também fosse uma condição para a boa escrita)?
E mais uma: uma vez que a escrita é um acto de generosidade temos o direito de nos desiludirmos com um escritor?
Ao ler o texto, Alf suspirou, contou-me ele, abanou as orelhas e murmurou para si no seu calão LA: what a fuck is that smart shell? Is it the new stuff that guy Donald had dropped on the black beret guy’s head?
Esclarecido este pequeno mal entendido, Alf disparou-me algumas perguntas desconcertantes. Fiquei confundido e lembrei-me de lhe devolver as perguntas. Desisti, no mesmo segundo, quando recordei para os meus botões a estória do sikh, a quem o oficial inglês do império britânico perguntou se era verdade o que se dizia dos sikhs, que respondiam às perguntas com perguntas, ao que o sikh terá respondido: porque pergunta isso?
Perguntas disparadas na rajada do Alf:
- Se um mau escritor deixa de ser escritor, passará a ser pedreiro?
- Se um mau pedreiro, como o José Saramago, continuar a ser pedreiro, não poderá passar a escritor? E, podendo, um Nobel estará ao seu alcance?
- Se não fazer erros ortográficos não é uma condição para a boa escrita, será que eu, Alf, posso ser um escritor?
- Se a escrita é um acto de generosidade, isso significa que os escritores não nos vão cobrar os livros que lemos?
- Se o pedreiro assentar os tijolos à borla, a parede passa a ser um acto de generosidade?
Chegado a este ponto o Alf parou para respirar – o pulmão melmaciano ocupa um quarto do corpo deles e tem um volume triplo dos terráqueos. Aproveitei, e encerrei o assunto:
- Alf, a Bomba Inteligente nesse dia estava com febre. Esquece.
Disse-me o Alf que tinha ido ao blogue da Bomba Inteligente, que eu lhe havia recomendado, e lá encontrou o seguinte texto enigmático, datado de 15 de Outubro:
Neste dia de grande febrão ando a pensar nas semelhanças entre um escritor e um pedreiro. Um pedreiro, quando faz mal o seu trabalho, não deixa de ser pedreiro. Mas um escritor quando escreve mal é muitas vezes acusado de não ser escritor. Afinal de contas, qual é a diferença? Haverá bons e maus pedreiros e bons e maus escritores. Mas quando é que percebemos que um escritor é tão mau que passa a ser outra coisa?
Chegou-me mais uma pergunta (que possivelmente entra em conflito com a anterior) à cabeça encharcada: a partir de quando pusemos a fasquia tão baixa e começámos a achar que um bom escritor é aquele que não faz erros ortográficos (como se essa também fosse uma condição para a boa escrita)?
E mais uma: uma vez que a escrita é um acto de generosidade temos o direito de nos desiludirmos com um escritor?
Ao ler o texto, Alf suspirou, contou-me ele, abanou as orelhas e murmurou para si no seu calão LA: what a fuck is that smart shell? Is it the new stuff that guy Donald had dropped on the black beret guy’s head?
Esclarecido este pequeno mal entendido, Alf disparou-me algumas perguntas desconcertantes. Fiquei confundido e lembrei-me de lhe devolver as perguntas. Desisti, no mesmo segundo, quando recordei para os meus botões a estória do sikh, a quem o oficial inglês do império britânico perguntou se era verdade o que se dizia dos sikhs, que respondiam às perguntas com perguntas, ao que o sikh terá respondido: porque pergunta isso?
Perguntas disparadas na rajada do Alf:
- Se um mau escritor deixa de ser escritor, passará a ser pedreiro?
- Se um mau pedreiro, como o José Saramago, continuar a ser pedreiro, não poderá passar a escritor? E, podendo, um Nobel estará ao seu alcance?
- Se não fazer erros ortográficos não é uma condição para a boa escrita, será que eu, Alf, posso ser um escritor?
- Se a escrita é um acto de generosidade, isso significa que os escritores não nos vão cobrar os livros que lemos?
- Se o pedreiro assentar os tijolos à borla, a parede passa a ser um acto de generosidade?
Chegado a este ponto o Alf parou para respirar – o pulmão melmaciano ocupa um quarto do corpo deles e tem um volume triplo dos terráqueos. Aproveitei, e encerrei o assunto:
- Alf, a Bomba Inteligente nesse dia estava com febre. Esquece.
20/10/2003
Avaliação contínua: as escutas e o casino Mayer à luz da EDP.
Secção Tiros nos pés
Seria pura maldade bater em quem já está caído. Seria vicioso repetir os diálogos dos dirigentes socialistas alegadamente gravados durante as escutas divulgadas este fim de semana.
Mas O Impertinente não resiste a perguntar: o que provam essas escutas? Nada de definitivo sobre a questão da pedofilia propriamente dita. Pode ser que sim, pode ser que não.
O que estas escutas definitivamente provam, dentro ou fora do qualquer contexto, são três coisas relativamente à direcção do PS:
- Uma enorme falta de senso
- A irremediável confusão entre o domínio privado e a esfera política
- O absoluto desvario.
Cinco chateaubriands para distribuir solidariamente pela direcção do PS, enquanto não forem iluminados por um sólido bom senso.
Secção Still crazy after all these years
O nosso mayor Dr. Pedro Santana Lopes não dorme em serviço - nem fora dele, sempre ocupadíssimo na noite lisboeta.
Iniciou o seu mandato a atacar o problema urbano do século. Rapidamente inventou a solução para salvar o Parque Mayer e as suas espécies artísticas, que passaram a ser, respectivamente, a sua serra da Malcata e os seus linces.
Para financiar a salvação desse parque natural, o Dr. Pedro começou por imaginar plantar lá o casino. Pressionado pelos ambientalistas puxou, algum tempo depois, o casino uns kms para sul e plantou-o virtualmente no Cais do Sodré. Pressionado pelos verdes, que viam no casino uma ameaça ao ecossistema local, particularmente ao habitat das pegas, e também empurrado pelo prof. Marcelo e os seus pareceres mediáticos, o nosso Dr. Pedro chegou a ponderar, há uns meses atrás, a deslocalização do casino para algures "entre o Palácio da Mitra e Belém".
O Impertinente, se estivesse no lugar dele, esqueceria o "entre" e pensaria nas duas pontas. O palácio da Mitra tem uma tradição e uma conotação absolutamente adequadas para receber os pelintras que percam as massas na roleta. O palácio de Belém poderia alojar o casino, enquanto espera por um novo inquilino que poderia acumular com o lugar de croupier.
A última do Dr. Pedro, aparentando uma perigosa, mas compreensível, volubilidade, é pôr em dúvida não só o projecto do arquitecto Frank Gehry mas o projecto Las Vegas em Lisboa itself.
Para o Dr. Pedro vão 4 merecidos chateaubriands para premiar o estado de confusão em que se encontra e a carência de luz que o ilumine.
Secção Sol na eira e chuva no nabal
Mas como é possível fazer luz nestas mentes ao preço que está a electricidade?
Vem a propósito falar dos dois salários por cada ano de emprego, mais bónus, que o Eng. João Talone se prepara distribuir pelos 1.300 a 2.000 felizardos empregados da EDP, a uma média de 200.000 euros por felizardo, para eles abandonarem a sinecura que os consumidores lhes concedem e irem para casa gastar electricidade a ver o Big Brother em sessões contínuas.
Os quase 500 milhões de custos de reestruturação vão ser repercutidos nas tarifas de electricidade, mas não nos podemos lamentar porque, afinal, a alternativa seria pior – essas mordomias são o preço que os consumidores têm que pagar para evitar que cada trabalhador descontente da EDP se transforme numa cegonha, se instale num cabo de alta tensão e cause o maior apagão de sempre.
Para o Sr. Eng. Talone vão n (n>=1, n<=5) chateaubriands, dependendo do seu grau de distracção, e para os consumidores de electricidade vão 2 urracas pela sua quietude.
Seria pura maldade bater em quem já está caído. Seria vicioso repetir os diálogos dos dirigentes socialistas alegadamente gravados durante as escutas divulgadas este fim de semana.
Mas O Impertinente não resiste a perguntar: o que provam essas escutas? Nada de definitivo sobre a questão da pedofilia propriamente dita. Pode ser que sim, pode ser que não.
O que estas escutas definitivamente provam, dentro ou fora do qualquer contexto, são três coisas relativamente à direcção do PS:
- Uma enorme falta de senso
- A irremediável confusão entre o domínio privado e a esfera política
- O absoluto desvario.
Cinco chateaubriands para distribuir solidariamente pela direcção do PS, enquanto não forem iluminados por um sólido bom senso.
Secção Still crazy after all these years
O nosso mayor Dr. Pedro Santana Lopes não dorme em serviço - nem fora dele, sempre ocupadíssimo na noite lisboeta.
Iniciou o seu mandato a atacar o problema urbano do século. Rapidamente inventou a solução para salvar o Parque Mayer e as suas espécies artísticas, que passaram a ser, respectivamente, a sua serra da Malcata e os seus linces.
Para financiar a salvação desse parque natural, o Dr. Pedro começou por imaginar plantar lá o casino. Pressionado pelos ambientalistas puxou, algum tempo depois, o casino uns kms para sul e plantou-o virtualmente no Cais do Sodré. Pressionado pelos verdes, que viam no casino uma ameaça ao ecossistema local, particularmente ao habitat das pegas, e também empurrado pelo prof. Marcelo e os seus pareceres mediáticos, o nosso Dr. Pedro chegou a ponderar, há uns meses atrás, a deslocalização do casino para algures "entre o Palácio da Mitra e Belém".
O Impertinente, se estivesse no lugar dele, esqueceria o "entre" e pensaria nas duas pontas. O palácio da Mitra tem uma tradição e uma conotação absolutamente adequadas para receber os pelintras que percam as massas na roleta. O palácio de Belém poderia alojar o casino, enquanto espera por um novo inquilino que poderia acumular com o lugar de croupier.
A última do Dr. Pedro, aparentando uma perigosa, mas compreensível, volubilidade, é pôr em dúvida não só o projecto do arquitecto Frank Gehry mas o projecto Las Vegas em Lisboa itself.
Para o Dr. Pedro vão 4 merecidos chateaubriands para premiar o estado de confusão em que se encontra e a carência de luz que o ilumine.
Secção Sol na eira e chuva no nabal
Mas como é possível fazer luz nestas mentes ao preço que está a electricidade?
Vem a propósito falar dos dois salários por cada ano de emprego, mais bónus, que o Eng. João Talone se prepara distribuir pelos 1.300 a 2.000 felizardos empregados da EDP, a uma média de 200.000 euros por felizardo, para eles abandonarem a sinecura que os consumidores lhes concedem e irem para casa gastar electricidade a ver o Big Brother em sessões contínuas.
Os quase 500 milhões de custos de reestruturação vão ser repercutidos nas tarifas de electricidade, mas não nos podemos lamentar porque, afinal, a alternativa seria pior – essas mordomias são o preço que os consumidores têm que pagar para evitar que cada trabalhador descontente da EDP se transforme numa cegonha, se instale num cabo de alta tensão e cause o maior apagão de sempre.
Para o Sr. Eng. Talone vão n (n>=1, n<=5) chateaubriands, dependendo do seu grau de distracção, e para os consumidores de electricidade vão 2 urracas pela sua quietude.
19/10/2003
Novas entradas para a secção Locuções do Dicionário do ês
Inesperados alçapões (dialecto Critiquês)
Buracos negros cheios de treta pesporrente e gongórica para onde são sorvidos os críticos que escrevem que a música “se desenrole entre explosões de funk digital, cripto-trip-hop em rescaldo de incêndio, labirintos de samples, alusões velvetianas, dissonâncias de cetim virtual... e aquela fúria larvar e mal contida ou literalmente em brasa, sempre na iminência de rebentar, atravessa o álbum inteiro, aqui e ali, fá-lo arrepiantemente gélido, abre INESPERADOS ALÇAPÕES, assombra com a precisão científica do mais implacável terrorismo”. Como João Lisboa escreveu a propósito de HoboSapiens de John Cale, no Actual, 39º apêndice do semanário Expresso.
Buracos negros cheios de treta pesporrente e gongórica para onde são sorvidos os críticos que escrevem que a música “se desenrole entre explosões de funk digital, cripto-trip-hop em rescaldo de incêndio, labirintos de samples, alusões velvetianas, dissonâncias de cetim virtual... e aquela fúria larvar e mal contida ou literalmente em brasa, sempre na iminência de rebentar, atravessa o álbum inteiro, aqui e ali, fá-lo arrepiantemente gélido, abre INESPERADOS ALÇAPÕES, assombra com a precisão científica do mais implacável terrorismo”. Como João Lisboa escreveu a propósito de HoboSapiens de John Cale, no Actual, 39º apêndice do semanário Expresso.
Avaliação contínua: a mórbida dependência não é um teorema. Só se for um postulado.
Pela resposta da Doutora Amélia ao meu Teorema da conspiração de ontem, percebe-se que a coisa lhe passou ao lado. Não que a alma impertinente, se O Impertinente tiver tal adereço, não sinta essa atracção inicial. Mas falar de mórbida dependência em relação à sua pessoa é um pouco exagerado.
É claro que O Impertinente nunca confundiria a Doutora Amélia com o desregramento hormonal da Dr.ª Ana Gomes, nem com os bigodes do Dr. Ferro, ou outros apetrechos ou personagens.
O que O Impertinente confundiu, como o Thomas do Blow up, foram as faceiras do casal naquele foto fatal. Porém, a confusão não resistiu a uma nova ampliação, donde parece concluir-se que os protagonistas de ternurenta cena íntima se calhar são mesmo a sua amiga Dona Milu e o administrador Doutor Não Sei Das Quantas, e não do outro casal.
Sendo assim, não se prova que a Doutora Amélia tenha a ver com o caso, mas fica por explicar qual o papel do Dr. Ferro na sua distraída imolação às mãos da Dr.ª Ana.
Esta inabitual falta de perspicácia da Doutora Amélia, só é desculpável pela sua ousadia ao desafiar, logo a seguir, as megeras suas rivais, e pela criação da personagem Armando.
A falta de perspicácia merece dois chateaubriands, ao abrigo da Secção Tiros nos pés.
À ousadia desafiante, O Impertinente atribui dois afonsos na Secção Assaults of thoughts. Ficam mais dois ou três de reserva, para lhe atribuir, caso a Doutora Amélia aguente o duelo com uma megera rival, das tesas. Se não for assim, os afonsos residuais serão doados à megera vencedora.
Pela criação do Armando, dou-lhe três afonsos e um ignóbil, todos debaixo da Secção Still crazy after all these years. Os afonsos não precisam de explicação. O ignóbil deve-se à prática condenável e repetida de bater nos abrunhos, mesmo de ficção.
P.S. Lá estarei no Royal Maxime, um dos meus locais favoritos, de rosa vermelha na lapela dum baby-grow amarelo da Cenoura.
É claro que O Impertinente nunca confundiria a Doutora Amélia com o desregramento hormonal da Dr.ª Ana Gomes, nem com os bigodes do Dr. Ferro, ou outros apetrechos ou personagens.
O que O Impertinente confundiu, como o Thomas do Blow up, foram as faceiras do casal naquele foto fatal. Porém, a confusão não resistiu a uma nova ampliação, donde parece concluir-se que os protagonistas de ternurenta cena íntima se calhar são mesmo a sua amiga Dona Milu e o administrador Doutor Não Sei Das Quantas, e não do outro casal.
Sendo assim, não se prova que a Doutora Amélia tenha a ver com o caso, mas fica por explicar qual o papel do Dr. Ferro na sua distraída imolação às mãos da Dr.ª Ana.
Esta inabitual falta de perspicácia da Doutora Amélia, só é desculpável pela sua ousadia ao desafiar, logo a seguir, as megeras suas rivais, e pela criação da personagem Armando.
A falta de perspicácia merece dois chateaubriands, ao abrigo da Secção Tiros nos pés.
À ousadia desafiante, O Impertinente atribui dois afonsos na Secção Assaults of thoughts. Ficam mais dois ou três de reserva, para lhe atribuir, caso a Doutora Amélia aguente o duelo com uma megera rival, das tesas. Se não for assim, os afonsos residuais serão doados à megera vencedora.
Pela criação do Armando, dou-lhe três afonsos e um ignóbil, todos debaixo da Secção Still crazy after all these years. Os afonsos não precisam de explicação. O ignóbil deve-se à prática condenável e repetida de bater nos abrunhos, mesmo de ficção.
P.S. Lá estarei no Royal Maxime, um dos meus locais favoritos, de rosa vermelha na lapela dum baby-grow amarelo da Cenoura.
18/10/2003
Case Study: O teorema da conspiração – o fac totum do Cherne e o papel da Doutora Amélia.
O Impertinente não tem obsessões conspirativas e não acredita em bruxas, pero que las hay, las hay.
HIPÓTESE:
Não é necessário lembrar as inúmeras intervenções públicas da Dr.ª Ana Gomes, desde que foi eleita secretária nacional do PS. Ignorem-se as suas presumíveis imensas intervenções privadas, que O Impertinente não está em condições de revelar. É suficiente recordar o fogo de artifício que a Dr.ª Ana soltou nas televisões, nas rádios e nos jornais, depois do regresso do Dr. Paulo Pedroso ao seio do PS, a respeito deste caso, como da nomeação do Dr. José Lamego, seu antigo colega do MRPP e actual do PS
É difícil imaginar algo que possa causar mais danos ao barco do PS, todo ele arrombado a tiros, por dentro, e por fora – sem esquecer os danos colaterais causados pelo fogo de barragem do Dr. Soares pai para preparar o futuro do Dr. Soares filho.
DEMONSTRAÇÃO:
Quem causa esses danos? A Dr.ª Ana Gomes, la Pasionaria do Largo do Rato. Onde militou a Dr.ª Ana na sua juventude? No MRPP, vanguarda da classe operária. Por onde andou a Dr.ª Ana? Pela carreira diplomática, pertencendo aos quadros do MNE. Quando foi nomeada secretária nacional do PS? A seguir à ascensão do Dr. Ferro e depois da fuga do Eng. Guterres para o limbo presidencial.
A quem aproveitam estes danos? Ao governo. Quem é o partido maioritário do governo? O PSD. Quem é o líder do PSD? Dr. Durão Barroso, o Cherne. Onde militou o Dr. Durão Barroso na sua juventude? No MRPP, vanguarda da classe operária. Que lugares em governos passados desempenhou o Dr. Durão? Secretário de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros. Quando foi nomeado primeiro ministro? Depois da fuga do Eng. Guterres para o limbo presidencial.
TESE:
A Dr.ª Ana é um fac totum do Dr. Zé Manel.
q.e.d.
NOTA FINAL:
O Impertinente reconhece na demonstração deste teorema um ponto fraco. Qual é o papel do Dr. Ferro (usou um frondoso bigode na sua juventude) na conspiração, em que parece participar activamente, sendo ele aparentemente a primeira vítima? O Impertinente não faz ideia. Contudo, um pequeno contudo, O Impertinente, inspirado no Blow up do Antonioni, ampliou uma pequena fotografia publicada há dias pela Doutora Amélia e julgou reconhecer dois rostos. Se, um grande se, forem quem parecem ser, está tudo explicado.
Nesse caso, fica por explicar qual é o papel da Doutora Amélia nesta estória.
HIPÓTESE:
Não é necessário lembrar as inúmeras intervenções públicas da Dr.ª Ana Gomes, desde que foi eleita secretária nacional do PS. Ignorem-se as suas presumíveis imensas intervenções privadas, que O Impertinente não está em condições de revelar. É suficiente recordar o fogo de artifício que a Dr.ª Ana soltou nas televisões, nas rádios e nos jornais, depois do regresso do Dr. Paulo Pedroso ao seio do PS, a respeito deste caso, como da nomeação do Dr. José Lamego, seu antigo colega do MRPP e actual do PS
É difícil imaginar algo que possa causar mais danos ao barco do PS, todo ele arrombado a tiros, por dentro, e por fora – sem esquecer os danos colaterais causados pelo fogo de barragem do Dr. Soares pai para preparar o futuro do Dr. Soares filho.
DEMONSTRAÇÃO:
Quem causa esses danos? A Dr.ª Ana Gomes, la Pasionaria do Largo do Rato. Onde militou a Dr.ª Ana na sua juventude? No MRPP, vanguarda da classe operária. Por onde andou a Dr.ª Ana? Pela carreira diplomática, pertencendo aos quadros do MNE. Quando foi nomeada secretária nacional do PS? A seguir à ascensão do Dr. Ferro e depois da fuga do Eng. Guterres para o limbo presidencial.
A quem aproveitam estes danos? Ao governo. Quem é o partido maioritário do governo? O PSD. Quem é o líder do PSD? Dr. Durão Barroso, o Cherne. Onde militou o Dr. Durão Barroso na sua juventude? No MRPP, vanguarda da classe operária. Que lugares em governos passados desempenhou o Dr. Durão? Secretário de Estado e ministro dos Negócios Estrangeiros. Quando foi nomeado primeiro ministro? Depois da fuga do Eng. Guterres para o limbo presidencial.
TESE:
A Dr.ª Ana é um fac totum do Dr. Zé Manel.
q.e.d.
NOTA FINAL:
O Impertinente reconhece na demonstração deste teorema um ponto fraco. Qual é o papel do Dr. Ferro (usou um frondoso bigode na sua juventude) na conspiração, em que parece participar activamente, sendo ele aparentemente a primeira vítima? O Impertinente não faz ideia. Contudo, um pequeno contudo, O Impertinente, inspirado no Blow up do Antonioni, ampliou uma pequena fotografia publicada há dias pela Doutora Amélia e julgou reconhecer dois rostos. Se, um grande se, forem quem parecem ser, está tudo explicado.
Nesse caso, fica por explicar qual é o papel da Doutora Amélia nesta estória.
17/10/2003
Condição masculina: o galifão sucumbido. Parte II - As referências culturais.
Referências culturais complementares ao questionário (não solicitadas, mas importantes para avaliar a conformidade):
- Sorbonne: O Impertinente nunca frequentou esse templo da Cultura, mas tem vária(o)s amiga(o)s que frequentaram. Alguns deles limitaram-se, na época, a levantar o pavimento para se municiarem nas lutas contra a bófia, mas outros obtiveram com brio os seus diplomas, todos nas áreas das ciências do espírito – a Doutora Ana em psicologia e o Doutor Carlos em sociologia, são alguns dos exemplos. A primeira exerce clínica, a que O Impertinente recorre sempre que o médico do posto se comove e lhe passa uma requisição. O segundo exerce cartunância em vários jornais onde tenta converter, com os seus bonecos, os leitores à sua fé, ilustrando as suas obscuras mentes com a visão diabólica dos malefícios de la mondialisation, du nouveau hyper-imperialism américain, etc. Os seus Invendus de la semaine podem ser vistos aqui.
- Assinaturas: em matéria cultural, O Impertinente assina as Selecções, uma revista eclética.
- Proust: um dia comprei La recherche na Gallimard, pensando que a obra era sobre a teoria da relatividade generalizada; li a badana, falava qualquer coisa sobre cisnes e percebi que estava enganado. Ofereci a uma amiga que estava a estudar Literatura na Sorbonne.
- Joyce: comprei o Ulisses, estranhamente traduzido por um mouro chamado Houaiss. Imaginava que era um livro sobre a mitologia grega. Lendo umas páginas onde se falava dum Dedalus a coisa parecia conferir, mas ao chegar a uma tal Marion Bloom fiquei intrigado – quem era mesmo essa megera?
- Cardoso Pires: quando adolescente, O Impertinente começou, mas abandonou, a leitura da Cartilha do Marialva, pensando tratar-se de um manual do engate.
- Doutora Margarida Pinto Rebelo: ainda não li nada, mas tenho intenção de comprar a sua obra completa – se a Senhora tem tantos clientes que lhe compram os livros, eles devem ter algum préstimo ou não?
Nota final:
Consumi-me durante 2 longos serões para responder ao questionário, mas era o mínimo que podia fazer depois da Doutora Amélia me ter promovido a “muito querido”. O meu lado feminino, afogado por hectolitros de depurado machismo, atascado em toneladas de marialvismo, veio à tona e traiu-me. Tive que reprimir as lágrimas. No pior pano cai a melhor nódoa, dizia a mãe d’O Impertinente. Vou agora mesmo a correr marcar uma consulta com a Doutora Ana.
- Sorbonne: O Impertinente nunca frequentou esse templo da Cultura, mas tem vária(o)s amiga(o)s que frequentaram. Alguns deles limitaram-se, na época, a levantar o pavimento para se municiarem nas lutas contra a bófia, mas outros obtiveram com brio os seus diplomas, todos nas áreas das ciências do espírito – a Doutora Ana em psicologia e o Doutor Carlos em sociologia, são alguns dos exemplos. A primeira exerce clínica, a que O Impertinente recorre sempre que o médico do posto se comove e lhe passa uma requisição. O segundo exerce cartunância em vários jornais onde tenta converter, com os seus bonecos, os leitores à sua fé, ilustrando as suas obscuras mentes com a visão diabólica dos malefícios de la mondialisation, du nouveau hyper-imperialism américain, etc. Os seus Invendus de la semaine podem ser vistos aqui.
- Assinaturas: em matéria cultural, O Impertinente assina as Selecções, uma revista eclética.
- Proust: um dia comprei La recherche na Gallimard, pensando que a obra era sobre a teoria da relatividade generalizada; li a badana, falava qualquer coisa sobre cisnes e percebi que estava enganado. Ofereci a uma amiga que estava a estudar Literatura na Sorbonne.
- Joyce: comprei o Ulisses, estranhamente traduzido por um mouro chamado Houaiss. Imaginava que era um livro sobre a mitologia grega. Lendo umas páginas onde se falava dum Dedalus a coisa parecia conferir, mas ao chegar a uma tal Marion Bloom fiquei intrigado – quem era mesmo essa megera?
- Cardoso Pires: quando adolescente, O Impertinente começou, mas abandonou, a leitura da Cartilha do Marialva, pensando tratar-se de um manual do engate.
- Doutora Margarida Pinto Rebelo: ainda não li nada, mas tenho intenção de comprar a sua obra completa – se a Senhora tem tantos clientes que lhe compram os livros, eles devem ter algum préstimo ou não?
Nota final:
Consumi-me durante 2 longos serões para responder ao questionário, mas era o mínimo que podia fazer depois da Doutora Amélia me ter promovido a “muito querido”. O meu lado feminino, afogado por hectolitros de depurado machismo, atascado em toneladas de marialvismo, veio à tona e traiu-me. Tive que reprimir as lágrimas. No pior pano cai a melhor nódoa, dizia a mãe d’O Impertinente. Vou agora mesmo a correr marcar uma consulta com a Doutora Ana.
Condição masculina: o galifão sucumbido. Parte I - O questionário.
A Doutora Amélia entrou na sua fase “mais agressiva, mais proactiva” de selecção e recrutamento do futuro marido com a publicação do questionário para avaliação dos candidatos. Sucumbindo ao chamamento da Doutora Amélia, O Impertinente arremeteu contra o questionário para aferir o tamanho da sua desconformidade com o paradigma feminino. Não foi fácil. O resultado possível, como dizem os artistas que tiveram cortes nos subsídios, vem a seguir.
Pergunta:
Estado civil (assinale com uma cruz):
Casado / Solteiro / Divorciado
Resposta:
Sucessivamente: solteiro, outro, casado (com uma cruz), outro, divorciado, outro.
Pergunta:
Usou bigode nos últimos 10 anos?
Sim..... / Não....
(em caso afirmativo explique sumariamente quais a razões que o levaram a cortá-lo)
Resposta:
Não, mas usei antes de ir para a tropa e lá me foi cortado compulsivamente, por não estar conforme com o paradigma militar.
Pergunta:
Entre os seguintes artistas, qual lhe parece assumir o lado feminino com maior desinibição:
-Ney Mato Grosso / -Eduardo Prado Coelho / -Pedro Mexia / -António Calvário
(explique porquê em poucas palavras)
Resposta:
É difícil responder em poucas palavras; talvez o Dr. Prado Coelho, pelo menos desde que teve o orgasmo vertical; mas o Ney também se meneia bem, sem falar do Calvário que tem um bater de pestanas que faz lembrar a Dietrich. Quanto ao Dr. Pedro Mexia não me pronuncio - só conheço a reputação dele de ficar bem de baby-grow.
Pergunta:
Quando lê o blog do Alexandre:
-Chora / -Sente vontade de chorar mas contém as lágrimas / -Nunca leu porque tem medo de chorar / -É-lhe indiferente
Resposta:
Não choro, mas fico triste. O rapaz, com aquela idade, já se queixa que o sexo dele é uma “lâmina curva e romba”.
Pergunta:
Se alguém lhe tivesse que administrar um clister, preferia que fosse:
- A namorada / - A mãe / - O Eládio Climaco / - O Arnold Schwarzneger
Resposta:
Já não tenho mãe, ainda não tenho namorada e o Arnold tem má reputação para clisteres. Resta o Eládio.
Pergunta:
Se o convidassem a participar no processo de amamentação de uma criança gostaria de o fazer:
- Usando peitos artificiais presos por suspensórios / - Usando um biberon / - Segurando a criança depois e ajudado-a a bolsar / - Recusa-se a participar
Resposta:
Já participei na segunda e terceira modalidades, só me falta a dos peitos artificiais. Estou aberto a novas experiências, mas os suspensórios intimidam-me um pouco.
Pergunta:
Na sua opinião, um blog feminino deve ser:
- Do tipo diário-literário com fotografias cor-de-rosa e alguns poemas
- Ter a fotografia da autora no header e revelar o seu estado civil.
Resposta:
Não sabia que os blogues tinham género. Imaginava que eram como os caracóis.
Fim da Parte I (continua)
Pergunta:
Estado civil (assinale com uma cruz):
Casado / Solteiro / Divorciado
Resposta:
Sucessivamente: solteiro, outro, casado (com uma cruz), outro, divorciado, outro.
Pergunta:
Usou bigode nos últimos 10 anos?
Sim..... / Não....
(em caso afirmativo explique sumariamente quais a razões que o levaram a cortá-lo)
Resposta:
Não, mas usei antes de ir para a tropa e lá me foi cortado compulsivamente, por não estar conforme com o paradigma militar.
Pergunta:
Entre os seguintes artistas, qual lhe parece assumir o lado feminino com maior desinibição:
-Ney Mato Grosso / -Eduardo Prado Coelho / -Pedro Mexia / -António Calvário
(explique porquê em poucas palavras)
Resposta:
É difícil responder em poucas palavras; talvez o Dr. Prado Coelho, pelo menos desde que teve o orgasmo vertical; mas o Ney também se meneia bem, sem falar do Calvário que tem um bater de pestanas que faz lembrar a Dietrich. Quanto ao Dr. Pedro Mexia não me pronuncio - só conheço a reputação dele de ficar bem de baby-grow.
Pergunta:
Quando lê o blog do Alexandre:
-Chora / -Sente vontade de chorar mas contém as lágrimas / -Nunca leu porque tem medo de chorar / -É-lhe indiferente
Resposta:
Não choro, mas fico triste. O rapaz, com aquela idade, já se queixa que o sexo dele é uma “lâmina curva e romba”.
Pergunta:
Se alguém lhe tivesse que administrar um clister, preferia que fosse:
- A namorada / - A mãe / - O Eládio Climaco / - O Arnold Schwarzneger
Resposta:
Já não tenho mãe, ainda não tenho namorada e o Arnold tem má reputação para clisteres. Resta o Eládio.
Pergunta:
Se o convidassem a participar no processo de amamentação de uma criança gostaria de o fazer:
- Usando peitos artificiais presos por suspensórios / - Usando um biberon / - Segurando a criança depois e ajudado-a a bolsar / - Recusa-se a participar
Resposta:
Já participei na segunda e terceira modalidades, só me falta a dos peitos artificiais. Estou aberto a novas experiências, mas os suspensórios intimidam-me um pouco.
Pergunta:
Na sua opinião, um blog feminino deve ser:
- Do tipo diário-literário com fotografias cor-de-rosa e alguns poemas
- Ter a fotografia da autora no header e revelar o seu estado civil.
Resposta:
Não sabia que os blogues tinham género. Imaginava que eram como os caracóis.
Fim da Parte I (continua)
16/10/2003
Estórias e morais: as meninas do alterne são a alegria dum patriota.
Não é todos os dias que temos a alegria de ver a capa duma revista internacional dedicada ao nosso torrão natal, ainda para mais tratando-se de Bragança - o cantinho do torrão.
Quem traz a alegria aos patriotas é a edição europeia da Time, com um longo artigo que tem o carinhoso título When The Meninas Came To Town e é dedicado às garotas do alterne de Bragança e ao levantamento das mães bragantinas.
Como este foi um caso bastantemente estudado pel’O Impertinente, aqui vão 3 estórias desenterradas do arquivo morto, para quem não tem tempo de ler as densas páginas da Time.
À guisa de lembrança, O Impertinente recorda que a Cotec, mencionada nas estórias, é uma instituição criada sob a égide do PR para promover a inovação e a produtividade para o nosso torrãozinho natal ficar parecido com a estranja do lado da produção, como já está do lado do consumo.
04-05-2003
Do Portugal real para o Portugal virtual
Também durante a semana, ficámos a saber da ameaça de dissolução das famílias de Bragança causada pela infidelidade marital, atribuída à atracção fatal pelas garotas brasileiras dos bares de alterne da região. As auto-intituladas Mães de Bragança, à míngua de sedução, mas demonstrando uma aguda sensibilidade política, divulgaram um «manifesto» contra a concorrência daquelas profissionais e apelaram à intervenção das autoridades. Diz-se que, em privado, se receia nos lares transmontanos a transferência dos centros de decisão familiar, desta feita para o Brasil.
...
11-05-2003
As mães bragantinas e a inovação
A estória ...
O alterne em Bragança ameaça tornar-se um case study da alma nacional.
Como em todos os problemas, este também tem dois lados: o lado de dentro e o lado de fora.
Do lado de dentro, podemos ouvir uma das mães bragantinas a queixar-se que «antes, estava tudo bem. Quando abriram estas casas de prostituição eles ficaram perdidos. Sabemos que só vão lá por que também temos a certeza que os drogam. Não imaginam como é que eles vêm de lá.» E que fizeram as mães bragantinas? Apelaram às autoridades. Errado. Deveriam ter apelado à Cotec.
Do lado de fora, temos o empresário do alterne que diz que «os maridos chegam a casa e encontram as mulheres a cheirar a gordura, cheias de problemas e mal dispostas. As brasileiras são limpinhas, cheirosas e meigas».
Qual é afinal o problema das mães bragantinas neste mundo em que a concorrência está globalizada? É a falta de inovação, pois claro.
Mais um desígnio nacional para a Cotec e o nosso presidente da República. Mães de Bragança e de todo o Portugal tomai os vossos banhinhos e ponde-vos bem dispostinhas, ficai cheirosas, sede meiguinhas e (um grande «e») aparai o viçoso buço. Vereis que os vossos homens não fugirão para o alterne, nem ficarão sentados no sofá a beberricar cervejolas e a arrotá-las para cima do vosso buço.
... e a moral é ...
A navio roto, todos os ventos são contrários (ditado popular)
24-06-2003
O livro de reclamações
A estória, já aqui contada, do manifesto anti-alterne das mães bragantinas teve um novo episódio.
Comovidas pelo viçoso buço molhado de amargas lágrimas das mães e preocupadas pelos traumas nos tenros infantes produzidos pelo sofrimento maternal, as autoridades bragantinas atacaram o problema. Presumivelmente, fizeram-no na falta das iniciativas adequadas das bragantinas, que continuaram «a cheirar a gordura, cheias de problemas e mal dispostas», incapazes de enfrentar a concorrência das meninas do alterne «limpinhas, cheirosas e meigas», como sabiamente explicou, em devido tempo, o empresário do alterne.
Foi um rodopio de pedir vistos e autorizações de residência às meninas do alterne, mas também de proceder a auditoria aos respectivos estabelecimentos. A diligência das autoridades foi incontornável, como explicou à RTP o chefe da polícia local, que avançou mesmo o argumento definitivo: «não havia livro de reclamações».
Mas afinal, sendo elas «limpinhas, cheirosas e meigas», para que seria necessário o livro de reclamações?
Para nada. Eu, se fosse empresário do alterne, iria já reclamar à Direcção Geral da Concorrência e Preços e exigir que os lares bragantinos também tivessem livros de reclamações.
... e a moral é ...
Não há maior feitiço que o melhor serviço (sabedoria popular).
Quem traz a alegria aos patriotas é a edição europeia da Time, com um longo artigo que tem o carinhoso título When The Meninas Came To Town e é dedicado às garotas do alterne de Bragança e ao levantamento das mães bragantinas.
Como este foi um caso bastantemente estudado pel’O Impertinente, aqui vão 3 estórias desenterradas do arquivo morto, para quem não tem tempo de ler as densas páginas da Time.
À guisa de lembrança, O Impertinente recorda que a Cotec, mencionada nas estórias, é uma instituição criada sob a égide do PR para promover a inovação e a produtividade para o nosso torrãozinho natal ficar parecido com a estranja do lado da produção, como já está do lado do consumo.
04-05-2003
Do Portugal real para o Portugal virtual
Também durante a semana, ficámos a saber da ameaça de dissolução das famílias de Bragança causada pela infidelidade marital, atribuída à atracção fatal pelas garotas brasileiras dos bares de alterne da região. As auto-intituladas Mães de Bragança, à míngua de sedução, mas demonstrando uma aguda sensibilidade política, divulgaram um «manifesto» contra a concorrência daquelas profissionais e apelaram à intervenção das autoridades. Diz-se que, em privado, se receia nos lares transmontanos a transferência dos centros de decisão familiar, desta feita para o Brasil.
...
11-05-2003
As mães bragantinas e a inovação
A estória ...
O alterne em Bragança ameaça tornar-se um case study da alma nacional.
Como em todos os problemas, este também tem dois lados: o lado de dentro e o lado de fora.
Do lado de dentro, podemos ouvir uma das mães bragantinas a queixar-se que «antes, estava tudo bem. Quando abriram estas casas de prostituição eles ficaram perdidos. Sabemos que só vão lá por que também temos a certeza que os drogam. Não imaginam como é que eles vêm de lá.» E que fizeram as mães bragantinas? Apelaram às autoridades. Errado. Deveriam ter apelado à Cotec.
Do lado de fora, temos o empresário do alterne que diz que «os maridos chegam a casa e encontram as mulheres a cheirar a gordura, cheias de problemas e mal dispostas. As brasileiras são limpinhas, cheirosas e meigas».
Qual é afinal o problema das mães bragantinas neste mundo em que a concorrência está globalizada? É a falta de inovação, pois claro.
Mais um desígnio nacional para a Cotec e o nosso presidente da República. Mães de Bragança e de todo o Portugal tomai os vossos banhinhos e ponde-vos bem dispostinhas, ficai cheirosas, sede meiguinhas e (um grande «e») aparai o viçoso buço. Vereis que os vossos homens não fugirão para o alterne, nem ficarão sentados no sofá a beberricar cervejolas e a arrotá-las para cima do vosso buço.
... e a moral é ...
A navio roto, todos os ventos são contrários (ditado popular)
24-06-2003
O livro de reclamações
A estória, já aqui contada, do manifesto anti-alterne das mães bragantinas teve um novo episódio.
Comovidas pelo viçoso buço molhado de amargas lágrimas das mães e preocupadas pelos traumas nos tenros infantes produzidos pelo sofrimento maternal, as autoridades bragantinas atacaram o problema. Presumivelmente, fizeram-no na falta das iniciativas adequadas das bragantinas, que continuaram «a cheirar a gordura, cheias de problemas e mal dispostas», incapazes de enfrentar a concorrência das meninas do alterne «limpinhas, cheirosas e meigas», como sabiamente explicou, em devido tempo, o empresário do alterne.
Foi um rodopio de pedir vistos e autorizações de residência às meninas do alterne, mas também de proceder a auditoria aos respectivos estabelecimentos. A diligência das autoridades foi incontornável, como explicou à RTP o chefe da polícia local, que avançou mesmo o argumento definitivo: «não havia livro de reclamações».
Mas afinal, sendo elas «limpinhas, cheirosas e meigas», para que seria necessário o livro de reclamações?
Para nada. Eu, se fosse empresário do alterne, iria já reclamar à Direcção Geral da Concorrência e Preços e exigir que os lares bragantinos também tivessem livros de reclamações.
... e a moral é ...
Não há maior feitiço que o melhor serviço (sabedoria popular).
15/10/2003
Estória e moral: o buraco do preservativo - o céu pode esperar.
A estória:
Há anos que a OMS, suportada pela maior parte das instituições científicas, defende que a utilização do preservativo é a medida mais eficaz na prevenção da SIDA. Sem falar da abstinência, recorda O Impertinente aos mais distraídos ou promíscuos. Várias experiências de sucesso, o Uganda por exemplo, parecem demonstrar a sua razão.
No programa Panorama da BBC 1 no último domingo (ver The Guardian, o cardeal Alfonso Lopez Trujillo divulgou urbi et orbi que a Igreja tem uma posição “científica” diferente. O Cardeal Trujillo (espero que não seja familiar daquele outro Trujillo da república das bananas) defendeu que “o vírus da sida é quase 450 vezes mais pequeno que o espermatozóide” e por isso passa pelos buracos do preservativo.
Oremos para que a Igreja não pretenda ressuscitar a sua antiga doutrina sobre as descobertas da ciência e recomece a queimar os novos Giordanos Brunos, ou a obrigar os Galileus do século XXI a engolir as palavras.
A moral:
É mais fácil um espermatozóide passar pelo buraco dum preservativo do que um cientista entrar no céu.
Há anos que a OMS, suportada pela maior parte das instituições científicas, defende que a utilização do preservativo é a medida mais eficaz na prevenção da SIDA. Sem falar da abstinência, recorda O Impertinente aos mais distraídos ou promíscuos. Várias experiências de sucesso, o Uganda por exemplo, parecem demonstrar a sua razão.
No programa Panorama da BBC 1 no último domingo (ver The Guardian, o cardeal Alfonso Lopez Trujillo divulgou urbi et orbi que a Igreja tem uma posição “científica” diferente. O Cardeal Trujillo (espero que não seja familiar daquele outro Trujillo da república das bananas) defendeu que “o vírus da sida é quase 450 vezes mais pequeno que o espermatozóide” e por isso passa pelos buracos do preservativo.
Oremos para que a Igreja não pretenda ressuscitar a sua antiga doutrina sobre as descobertas da ciência e recomece a queimar os novos Giordanos Brunos, ou a obrigar os Galileus do século XXI a engolir as palavras.
A moral:
É mais fácil um espermatozóide passar pelo buraco dum preservativo do que um cientista entrar no céu.
14/10/2003
Avaliação contínua: insinuação reles.
Secção Padre Anchieta
O Dr. José Lamego nos seus arroubos de juventude foi um maoísta, mas recuperou a razão há talvez uns 20 anos. Nos últimos anos liderou as relações internacionais do PS, onde foi substituído por outra colega do infortúnio maoísta, que ao contrário dele até hoje não recuperou a razão e O Impertinente já perdeu a esperança que a venha a recuperar – trata-se, como já adivinharam, da frenética Dr.ª Ana Gomes.
Talvez desapontada com o bom senso do Dr. Durão (desta vez, haja deus) que não se lembrou dela para conselheiro principal para os expatriados e imigrantes na administração transitória do Iraque, a Dr.ª Ana Gomes atirou-se ao Dr. José Lamego, como dias antes se tinha atirado ao Gato Constipado – esta alcunha do PGR foi o melhor contributo do Dr. Prado Coelho para o pensamento político contemporâneo desde que abandonou a semiótica.
Como uma Pasionaria pós-moderna, a Dr.ª Ana Gomes investiu contra o pobre Dr. Lamego perguntando-se quem lhe pagava, se “uma cimenteira, se o governo dos Estados Unidos ou o governo português”. Apesar da pergunta fazer todo o sentido na mente da Dr.ª. Ana, conhecidas as dificuldades orçamentais do governo português, o Dr. Lamego mostrou-se pouco dado à benevolência e classificou-a como um "impropério grosseiro", "insinuação reles" e "uma mentira".
O Impertinente ainda pensou em atribuir à Dr.ª Ana alguns ignóbeis, mas a patroa Doutora Laura com o seu imenso bom senso aconselhou: “ó filho, ela não faz por mal, está-lhe no carácter, dá-lhe uns bourbons”.
E é o que faço. Cinco bourbons para a Dr.ª Ana por ter deixado a sua alma irremediavelmente encalhada a meio dos 70’s.
O Dr. José Lamego nos seus arroubos de juventude foi um maoísta, mas recuperou a razão há talvez uns 20 anos. Nos últimos anos liderou as relações internacionais do PS, onde foi substituído por outra colega do infortúnio maoísta, que ao contrário dele até hoje não recuperou a razão e O Impertinente já perdeu a esperança que a venha a recuperar – trata-se, como já adivinharam, da frenética Dr.ª Ana Gomes.
Talvez desapontada com o bom senso do Dr. Durão (desta vez, haja deus) que não se lembrou dela para conselheiro principal para os expatriados e imigrantes na administração transitória do Iraque, a Dr.ª Ana Gomes atirou-se ao Dr. José Lamego, como dias antes se tinha atirado ao Gato Constipado – esta alcunha do PGR foi o melhor contributo do Dr. Prado Coelho para o pensamento político contemporâneo desde que abandonou a semiótica.
Como uma Pasionaria pós-moderna, a Dr.ª Ana Gomes investiu contra o pobre Dr. Lamego perguntando-se quem lhe pagava, se “uma cimenteira, se o governo dos Estados Unidos ou o governo português”. Apesar da pergunta fazer todo o sentido na mente da Dr.ª. Ana, conhecidas as dificuldades orçamentais do governo português, o Dr. Lamego mostrou-se pouco dado à benevolência e classificou-a como um "impropério grosseiro", "insinuação reles" e "uma mentira".
O Impertinente ainda pensou em atribuir à Dr.ª Ana alguns ignóbeis, mas a patroa Doutora Laura com o seu imenso bom senso aconselhou: “ó filho, ela não faz por mal, está-lhe no carácter, dá-lhe uns bourbons”.
E é o que faço. Cinco bourbons para a Dr.ª Ana por ter deixado a sua alma irremediavelmente encalhada a meio dos 70’s.
Avaliação contínua: the anabolised chimpanzee strikes again.
Secção Res ipsa loquitor
Depois de ter nomeado como conselheiro económico principal Warren Buffett, o Sage of Omaha, CEO da Berkshire Hathaway (ver a estória Hasta la vista, baby, do dia 07), Arnold Schwarzenegger, o chimpanzé anabolizado, na feliz definição da Doutora Amélia, começou a nomear a sua equipa de transição para o governo da Califórnia – simplesmente a 8ª economia do mundo.
Entre as várias luminárias convidadas que aceitaram, encontra-se Carly Fiorino, a presidente da Hewlett-Packard, e um bom exemplo das mulheres “que transcendem o inefável circulo do mando doméstico”, continuando a citar a Doutora Amélia.
Dois afonsos para o chimpanzé, reembolsáveis no caso do animal não beliscar o traseiro de Mrs Fiorino.
Depois de ter nomeado como conselheiro económico principal Warren Buffett, o Sage of Omaha, CEO da Berkshire Hathaway (ver a estória Hasta la vista, baby, do dia 07), Arnold Schwarzenegger, o chimpanzé anabolizado, na feliz definição da Doutora Amélia, começou a nomear a sua equipa de transição para o governo da Califórnia – simplesmente a 8ª economia do mundo.
Entre as várias luminárias convidadas que aceitaram, encontra-se Carly Fiorino, a presidente da Hewlett-Packard, e um bom exemplo das mulheres “que transcendem o inefável circulo do mando doméstico”, continuando a citar a Doutora Amélia.
Dois afonsos para o chimpanzé, reembolsáveis no caso do animal não beliscar o traseiro de Mrs Fiorino.
13/10/2003
Avaliação contínua: uma extorsão, uma putativa fatalidade e um pântano ao virar da esquina.
Secção A título póstumo
Há anos que escuto o discurso miserabilista dos nossos artistas, intelectuais e outras classes sociais improdutivas, queixando-se da crónica “falta de verbas” para fabricar os seus produtos culturais, discurso apenas contrariado, aqui e acolá, por vozes isoladas de almas impertinentes, lembrando timidamente que a falta talvez não seja das verbas mas do público, de clientes.
Ao fim de tanto anos, vencido pelo cansaço e convencido que a extorsão dos contribuintes era afinal negligenciável, fiquei siderado quando, ao folhear o caderno Actual, o 23º anexo da edição 1615 do semanário de referência do Saco de Plástico, os meus olhos caiem no título “Portugal apostou forte na cultura”.
Ao ler a prosa fiquei informado que em 1999, em pleno consolado do Sr. Engenheiro das Correntes Frouxas e do seu empertigado Ministro Filósofo, se gastou 1,2% do PIB na “cultura”, índice que só a Suécia, o Luxemburgo e a Dinamarca ultrapassaram.
Por este feito, O Impertinente atribui a título póstumo 3 chateaubriands ao Eng. Guterres e 2 ao Prof. Carrilho, que também teria 3, mas desconta um porque, segundo à época disseram as más-línguas, nunca desmentidas, gastou uma parte da faltosa verba para forrar a casa de banho com belos mármores, talvez à altura do seu ego, mas claramente acima do magro pecúlio cultural, mostrando assim ter uma noção clara do que é realmente importante.
Musgo viscoso
Ontem o Eng. Sócrates, na Conversa Afiada da SIC, perguntado pela D. Maria João Avillez, explicou as três razões porque a candidatura presidencial do Eng. Guterres seria uma inevitabilidade. O Impertinente prefere considerar essa candidatura do Sr. Engenheiro como uma putativa fatalidade, devido a duas das três razões do Eng. Sócrates, que são o perfil e o currículo. A terceira – o prestígio internacional, não comento, porque afinal é vulgar num país de navegadores e de imigrantes.
Esquecendo o perfil, cujos contornos O Impertinente sempre achou difícil distinguir, e focando apenas o currículo, uma retrospectiva superficial dos seus 6 anos de governo é suficiente para nos deixar antever a fatalidade que seria o país ensopado de diálogo escorrendo pelas paredes cor de rosa de Belém.
Por esta confusão de ideias O Impertinente atribui ao Eng. Sócrates entre 1 a 5 chateaubriands, dependendo do grau de cinismo com que ele defendeu estas ideias.
Secção Res ipsa loquitor
Mas se a oposição anda perdida em cabalas e currículos, o governo também não passa bem. Na gestão da crise da admissão a Medicina da menina Diana filha do ex-MNE, ou crise das instituições democráticas, como a classificou o tele-evangelista Prof. Louçã, o Dr. Durão Barroso tentou primeiro assobiar para o lado e apaziguar o crocodilo oferecendo-lhe um dedo, para de seguida correr o risco de ficar sem braço e ter de lhe sacrificar mais outro dedo (desta vez o polegar).
Ou o Dr. Durão Barroso se cuida, ou ainda acaba num pântano igual ao do seu antecessor, com o inconveniente de ser muito novo para se candidatar à presidência e ter uma longa lista de espera à sua frente.
A continuar assim fica difícil seguir o Cherne, mesmo com a Dr.ª Teresa no governo. Leva 2 pilatos, por ser a primeira vez.
Há anos que escuto o discurso miserabilista dos nossos artistas, intelectuais e outras classes sociais improdutivas, queixando-se da crónica “falta de verbas” para fabricar os seus produtos culturais, discurso apenas contrariado, aqui e acolá, por vozes isoladas de almas impertinentes, lembrando timidamente que a falta talvez não seja das verbas mas do público, de clientes.
Ao fim de tanto anos, vencido pelo cansaço e convencido que a extorsão dos contribuintes era afinal negligenciável, fiquei siderado quando, ao folhear o caderno Actual, o 23º anexo da edição 1615 do semanário de referência do Saco de Plástico, os meus olhos caiem no título “Portugal apostou forte na cultura”.
Ao ler a prosa fiquei informado que em 1999, em pleno consolado do Sr. Engenheiro das Correntes Frouxas e do seu empertigado Ministro Filósofo, se gastou 1,2% do PIB na “cultura”, índice que só a Suécia, o Luxemburgo e a Dinamarca ultrapassaram.
Por este feito, O Impertinente atribui a título póstumo 3 chateaubriands ao Eng. Guterres e 2 ao Prof. Carrilho, que também teria 3, mas desconta um porque, segundo à época disseram as más-línguas, nunca desmentidas, gastou uma parte da faltosa verba para forrar a casa de banho com belos mármores, talvez à altura do seu ego, mas claramente acima do magro pecúlio cultural, mostrando assim ter uma noção clara do que é realmente importante.
Musgo viscoso
Ontem o Eng. Sócrates, na Conversa Afiada da SIC, perguntado pela D. Maria João Avillez, explicou as três razões porque a candidatura presidencial do Eng. Guterres seria uma inevitabilidade. O Impertinente prefere considerar essa candidatura do Sr. Engenheiro como uma putativa fatalidade, devido a duas das três razões do Eng. Sócrates, que são o perfil e o currículo. A terceira – o prestígio internacional, não comento, porque afinal é vulgar num país de navegadores e de imigrantes.
Esquecendo o perfil, cujos contornos O Impertinente sempre achou difícil distinguir, e focando apenas o currículo, uma retrospectiva superficial dos seus 6 anos de governo é suficiente para nos deixar antever a fatalidade que seria o país ensopado de diálogo escorrendo pelas paredes cor de rosa de Belém.
Por esta confusão de ideias O Impertinente atribui ao Eng. Sócrates entre 1 a 5 chateaubriands, dependendo do grau de cinismo com que ele defendeu estas ideias.
Secção Res ipsa loquitor
Mas se a oposição anda perdida em cabalas e currículos, o governo também não passa bem. Na gestão da crise da admissão a Medicina da menina Diana filha do ex-MNE, ou crise das instituições democráticas, como a classificou o tele-evangelista Prof. Louçã, o Dr. Durão Barroso tentou primeiro assobiar para o lado e apaziguar o crocodilo oferecendo-lhe um dedo, para de seguida correr o risco de ficar sem braço e ter de lhe sacrificar mais outro dedo (desta vez o polegar).
Ou o Dr. Durão Barroso se cuida, ou ainda acaba num pântano igual ao do seu antecessor, com o inconveniente de ser muito novo para se candidatar à presidência e ter uma longa lista de espera à sua frente.
A continuar assim fica difícil seguir o Cherne, mesmo com a Dr.ª Teresa no governo. Leva 2 pilatos, por ser a primeira vez.
12/10/2003
Estória e moral: Cabala I
Num domingo de há 5 meses, O Impertinente, na fase pré-impertinências, escreveu uma estória titulada "A democracia está em perigo?”. A parte seguinte dessa estória reganhou actualidade.
A estória foi ...
Com a possível excepção dos profissionais da justiça, todas as pessoas normais provavelmente pensarão que a justiça doméstica não é cega, mas zarolha, e, de tão lenta, mais parece alentejana. E muita gente hoje duvida para que serve, ou percebe sequer o que seja, essa vaca sagrada do segredo de justiça, que parece ter por finalidade o arguido ler a acusação nos jornais. Sem esquecer a prisão preventiva que mais parece um dispositivo para permitir ao juiz de instrução e à judite trabalhar sem estresse, que é péssimo para a saúde, e aos escrivães não terem tendinites nas mãozinhas a escrever as toneladas de páginas que qualquer investigaçãozeca de quinta categoria precisa para parecer mais competente.
É por isso que ninguém no seu perfeito juízo percebe a reacção do Dr. Ferro a falar em "cabalas", a rugir "firmeza" e "energia", a perorar sobre o "momento de extrema gravidade", a manifestar a sua "profunda indignação face a estas invenções caluniosas" a exigir, "como secretário-geral do PS" ... saber quem e por que razão envolveram o meu nome".
E ninguém percebe porque, afinal, trata-se de tomar a mesma medicina fabricada pelos Drs. Ferros e Costas, e todos os seus antecessores, que os outros cidadãos já vêm tomando há décadas sofrendo humildemente os seus desagradáveis efeitos secundários. Numa palavra trata-se da medicina que o próprio Dr. Ferro vem prescrevendo ao Dr. Paulinho das Feiras, agora na Defesa, a propósito das trapalhadas da Moderna.
... e a moral era ... “a cão fraco acodem as moscas”.
A estória foi ...
Com a possível excepção dos profissionais da justiça, todas as pessoas normais provavelmente pensarão que a justiça doméstica não é cega, mas zarolha, e, de tão lenta, mais parece alentejana. E muita gente hoje duvida para que serve, ou percebe sequer o que seja, essa vaca sagrada do segredo de justiça, que parece ter por finalidade o arguido ler a acusação nos jornais. Sem esquecer a prisão preventiva que mais parece um dispositivo para permitir ao juiz de instrução e à judite trabalhar sem estresse, que é péssimo para a saúde, e aos escrivães não terem tendinites nas mãozinhas a escrever as toneladas de páginas que qualquer investigaçãozeca de quinta categoria precisa para parecer mais competente.
É por isso que ninguém no seu perfeito juízo percebe a reacção do Dr. Ferro a falar em "cabalas", a rugir "firmeza" e "energia", a perorar sobre o "momento de extrema gravidade", a manifestar a sua "profunda indignação face a estas invenções caluniosas" a exigir, "como secretário-geral do PS" ... saber quem e por que razão envolveram o meu nome".
E ninguém percebe porque, afinal, trata-se de tomar a mesma medicina fabricada pelos Drs. Ferros e Costas, e todos os seus antecessores, que os outros cidadãos já vêm tomando há décadas sofrendo humildemente os seus desagradáveis efeitos secundários. Numa palavra trata-se da medicina que o próprio Dr. Ferro vem prescrevendo ao Dr. Paulinho das Feiras, agora na Defesa, a propósito das trapalhadas da Moderna.
... e a moral era ... “a cão fraco acodem as moscas”.
Estória e moral: Cabala II
A estória ...
Antes de contar a estória, aviso que a Doutora Laura, patroa d’O Impertinente, em cujo instinto O Impertinente confia cegamente (fica só a espreitar com um olho semicerrado), resmunga a respeito do Dr. Paulo Pedroso: “aquela carinha, aquela boquinha, aquele beicinho? Hum... Hum ... Hum”.
Cinco meses depois o Dr. Paulo Pedroso continua a ser arguido num caso de pedofilia, mas o Tribunal da Relação decidiu, por maioria, não haver fundamento para a prisão preventiva.
Em vez de ir para casa discretamente, o Dr. Paulo Pedroso dirige-se à Assembleia da República para retomar o seu lugar de deputado, e é alvo duma manifestação de exuberante alegria a respeito da qual O Impertinente conclui mesmo que a sua patroa concluiu a respeito do Dr. Pedroso: “Hum ... Hum ... Hum”.
Desde que o Dr. Pedroso foi dispensado da prisão preventiva, O Impertinente tem procurado encontrar uma declaração do Dr. Ferro a respeito de cabalas, mas não encontrou nenhuma.
Se a moral para quem só chora as mortes dos palestinos e fica indiferente às mortes dos israelitas foi “O que conta não é quem morre, o que conta é quem mata”, então para as Cabalas I e II ... a moral deve ser ...
O que conta não é o visado pela cabala, o que conta é quem monta a cabala.
Antes de contar a estória, aviso que a Doutora Laura, patroa d’O Impertinente, em cujo instinto O Impertinente confia cegamente (fica só a espreitar com um olho semicerrado), resmunga a respeito do Dr. Paulo Pedroso: “aquela carinha, aquela boquinha, aquele beicinho? Hum... Hum ... Hum”.
Cinco meses depois o Dr. Paulo Pedroso continua a ser arguido num caso de pedofilia, mas o Tribunal da Relação decidiu, por maioria, não haver fundamento para a prisão preventiva.
Em vez de ir para casa discretamente, o Dr. Paulo Pedroso dirige-se à Assembleia da República para retomar o seu lugar de deputado, e é alvo duma manifestação de exuberante alegria a respeito da qual O Impertinente conclui mesmo que a sua patroa concluiu a respeito do Dr. Pedroso: “Hum ... Hum ... Hum”.
Desde que o Dr. Pedroso foi dispensado da prisão preventiva, O Impertinente tem procurado encontrar uma declaração do Dr. Ferro a respeito de cabalas, mas não encontrou nenhuma.
Se a moral para quem só chora as mortes dos palestinos e fica indiferente às mortes dos israelitas foi “O que conta não é quem morre, o que conta é quem mata”, então para as Cabalas I e II ... a moral deve ser ...
O que conta não é o visado pela cabala, o que conta é quem monta a cabala.
10/10/2003
Avaliação contínua: o pescador de pérolas, a bela, o monstro e a crise da vapornomics.
Secção Albergue espanhol (subsecção rejeição)
Os jornais escreveram que a primeira baixa da coligação PSD-CDS para as eleições europeias foi o eurodeputado Dr. Pacheco Pereira, pela recusa de participar nas futuras listas. Ele saberá se deve ou não considerar-se uma vítima. Eu, no lugar dele, suspiraria de alívio pelo fim do purgatório que é passear de Lisboa, para Bruxelas e Estrasburgo e vice-versa, três cidades pouco interessantes, e aturar aquelas luminárias cacofónicas que fazem a maioria da deputação europeia.
Mas quer ele seja ou não uma baixa, certo é que O Impertinente será uma das vítimas. E porquê?
Porque O Impertinente frequenta com assiduidade o blogue Abrupto, produzido pelo heterónimo JPP do Dr. Pacheco Pereira. Com assiduidade, mas também com sentimentos contraditórios de interesse à mistura com o enfado que dá a canseira que é procurar algumas pérolas soterradas debaixo de toneladas de tralha, composta por prosa rebarbativa, mensagens de admiradores, reproduções de gravuras, óleos, aguarelas, águas fortes e fracas que recobrem as paredes de todos os museus que constam da lista do tour 7 cidades em 7 dias, poemas, citações, e todo a pletórica parafernália que nos deixa embasbacados pela monumental erudição de JPP, tal que levou o Dr. Paulo Querido a baptizar o Abrupto de Tele-escola .
Imagine-se, pois, o Abrupto a acolher o fruto da disponibilidade crescente do Dr. Pacheco Pereira, em breve liberto dos seus afazeres europeus. E imagine-se o sofrimento crescente que espera O Impertinente na escavação das entranhas da montanha.
Enquanto espera, O Impertinente atribui ao Dr. Pacheco Pereira dois afonsos pela firmeza nos propósitos de não privar com os rapazes do Dr. Portas, propósitos que só lhe ficam bem.
Secção Still crazy after all these years
Vítima foi também o Dr. Martins da Cruz, mas do pequeno comércio de influências.
Há males que vêm por bem, porque o Dr. Durão Barroso lembrou-se de convidar para o substituir a Drª Teresa Pinto Basto Gouveia, antigamente Patrício Gouveia, que no esplendor dos seus 57 anos, dará à nossa diplomacia uma poderosa arma de sedução das grandes potências, das pequenas potências e das impotências.
A Dr.ª Teresa é, na opinião d’O Impertinente, um bom exemplo de como o mérito feminino não precisa de queimar os sutiãs, nem berrar estridências frenéticas, como costuma a Dr.ª. Ana Gomes, que seria a candidata natural do PS a ministra dos Negócios Estrangeiros. Mais para dar uma bicada Dr. Martins da Cruz do que para fazer justiça à actual ministra, a Dr.ª Ana reconheceu que ela tem “uma personalidade contrastante com a do seu antecessor: serena, dialogante, inteligente”.
O Impertinente dá à nova ministra dois afonsos, convencido que ela deve saber que a espera uma mistura explosiva de bastante falta de dinheiro, bastante falta de diligência, alguma incompetência, com novas missões da diplomacia e as armadilhas do monstro europeu gerado no ventre de M. d’Estaing.
Secção Assaults of thoughts
Sendo a Economia uma ciência lúgubre (dismal science), praticada por sujeitos cinzentos, tem imensa necessidade dos sacerdotes carismáticos que nos períodos de exuberância irracional, como lhes chamou o vovô Greenspan, produzem uma ciência tipo vapornomics. Passada a euforia, vem um back to basics onde até os Nobels ficam cinzentos, com algum a atraso, mas os anciães da Academia Sueca não são dados a pressas.
Parece ter sido o que aconteceu com prémio Nobel da Economia que este ano foi partilhado por Robert Engle e Clive Granger, que, dizem eles, se têm ocupado da trivialidade das análises estatísticas, em geral e das séries temporais em particular, aplicadas à gestão de activos, às taxas de câmbio, preços e juros, e outras trapalhadas pouco excitantes.
Três afonsos para cada um dos dois cinzentões pela determinação de se dedicaram a tais obscuras investigações.
Os jornais escreveram que a primeira baixa da coligação PSD-CDS para as eleições europeias foi o eurodeputado Dr. Pacheco Pereira, pela recusa de participar nas futuras listas. Ele saberá se deve ou não considerar-se uma vítima. Eu, no lugar dele, suspiraria de alívio pelo fim do purgatório que é passear de Lisboa, para Bruxelas e Estrasburgo e vice-versa, três cidades pouco interessantes, e aturar aquelas luminárias cacofónicas que fazem a maioria da deputação europeia.
Mas quer ele seja ou não uma baixa, certo é que O Impertinente será uma das vítimas. E porquê?
Porque O Impertinente frequenta com assiduidade o blogue Abrupto, produzido pelo heterónimo JPP do Dr. Pacheco Pereira. Com assiduidade, mas também com sentimentos contraditórios de interesse à mistura com o enfado que dá a canseira que é procurar algumas pérolas soterradas debaixo de toneladas de tralha, composta por prosa rebarbativa, mensagens de admiradores, reproduções de gravuras, óleos, aguarelas, águas fortes e fracas que recobrem as paredes de todos os museus que constam da lista do tour 7 cidades em 7 dias, poemas, citações, e todo a pletórica parafernália que nos deixa embasbacados pela monumental erudição de JPP, tal que levou o Dr. Paulo Querido a baptizar o Abrupto de Tele-escola .
Imagine-se, pois, o Abrupto a acolher o fruto da disponibilidade crescente do Dr. Pacheco Pereira, em breve liberto dos seus afazeres europeus. E imagine-se o sofrimento crescente que espera O Impertinente na escavação das entranhas da montanha.
Enquanto espera, O Impertinente atribui ao Dr. Pacheco Pereira dois afonsos pela firmeza nos propósitos de não privar com os rapazes do Dr. Portas, propósitos que só lhe ficam bem.
Secção Still crazy after all these years
Vítima foi também o Dr. Martins da Cruz, mas do pequeno comércio de influências.
Há males que vêm por bem, porque o Dr. Durão Barroso lembrou-se de convidar para o substituir a Drª Teresa Pinto Basto Gouveia, antigamente Patrício Gouveia, que no esplendor dos seus 57 anos, dará à nossa diplomacia uma poderosa arma de sedução das grandes potências, das pequenas potências e das impotências.
A Dr.ª Teresa é, na opinião d’O Impertinente, um bom exemplo de como o mérito feminino não precisa de queimar os sutiãs, nem berrar estridências frenéticas, como costuma a Dr.ª. Ana Gomes, que seria a candidata natural do PS a ministra dos Negócios Estrangeiros. Mais para dar uma bicada Dr. Martins da Cruz do que para fazer justiça à actual ministra, a Dr.ª Ana reconheceu que ela tem “uma personalidade contrastante com a do seu antecessor: serena, dialogante, inteligente”.
O Impertinente dá à nova ministra dois afonsos, convencido que ela deve saber que a espera uma mistura explosiva de bastante falta de dinheiro, bastante falta de diligência, alguma incompetência, com novas missões da diplomacia e as armadilhas do monstro europeu gerado no ventre de M. d’Estaing.
Secção Assaults of thoughts
Sendo a Economia uma ciência lúgubre (dismal science), praticada por sujeitos cinzentos, tem imensa necessidade dos sacerdotes carismáticos que nos períodos de exuberância irracional, como lhes chamou o vovô Greenspan, produzem uma ciência tipo vapornomics. Passada a euforia, vem um back to basics onde até os Nobels ficam cinzentos, com algum a atraso, mas os anciães da Academia Sueca não são dados a pressas.
Parece ter sido o que aconteceu com prémio Nobel da Economia que este ano foi partilhado por Robert Engle e Clive Granger, que, dizem eles, se têm ocupado da trivialidade das análises estatísticas, em geral e das séries temporais em particular, aplicadas à gestão de activos, às taxas de câmbio, preços e juros, e outras trapalhadas pouco excitantes.
Três afonsos para cada um dos dois cinzentões pela determinação de se dedicaram a tais obscuras investigações.
09/10/2003
Diário de Bordo: o meu amigo LG não é deste mundo.
Conheci-o antes de me conhecer. Era, é e será um incontinente, como lhe chamou um amigo comum. A incontinência dava-lhe para ser emotivo, generoso e disponível, sempre pronto a sofrer, como uma mãe ansiosa com as traquinices dos seus filhos.
Era um Dom Quixote que, para disfarçar os seus excessos de generosidade, me chamava cavaleiro andante de lutas perdidas.
Hoje, mais moderamente incontinente, mais sofrido com as perdas que a má fortuna lhe trouxe, mas com a inocência de sempre. Deu-lhe para escrever, sobre a terra dele e as coisas simples das vidas que já foram e das que ainda são.
Já vai no quarto livrinho, todos simples e comoventes. Fala-nos da aldeia que foi e da vila que queria ser, e já é, dá-nos umas notas soltas do quotidiano dos tempos que passaram, dos monumentos vivos e dos mortos e, com crescente misticismo, leva-nos até à água que corre das fontes de vida.
Não concorre para o prémio Pessoa, concorre para o prémio pessoa, que o júri que tem como membro único O Impertinente lhe atribui por unanimidade.
Era um Dom Quixote que, para disfarçar os seus excessos de generosidade, me chamava cavaleiro andante de lutas perdidas.
Hoje, mais moderamente incontinente, mais sofrido com as perdas que a má fortuna lhe trouxe, mas com a inocência de sempre. Deu-lhe para escrever, sobre a terra dele e as coisas simples das vidas que já foram e das que ainda são.
Já vai no quarto livrinho, todos simples e comoventes. Fala-nos da aldeia que foi e da vila que queria ser, e já é, dá-nos umas notas soltas do quotidiano dos tempos que passaram, dos monumentos vivos e dos mortos e, com crescente misticismo, leva-nos até à água que corre das fontes de vida.
Não concorre para o prémio Pessoa, concorre para o prémio pessoa, que o júri que tem como membro único O Impertinente lhe atribui por unanimidade.
08/10/2003
Diário de Bordo: o chimpanzé anabolizado e o magoado Impertinente, vistos pela Doutora Amélia.
Graças à Doutora Amélia está acessível a todos os admiradores uma bela foto de Arnold Schwarzenegger, pitorescamente descrito como um “chimpanzé alimentado a esteróides anabolizantes, que grunhe, que apalpa traseiros femininos e que (horror dos horrores!) gere bem a sua carreira...”
Apesar dum excesso de colorido, parece-me uma boa descrição, mas é um tanto discriminatória a qualificação como horror dos horrores da boa gestão da carreira, aos olhos do Impertinente, que defende deverem ser dadas aos homens as mesmas oportunidades das mulheres “que transcendem o inefável circulo do mando doméstico”, como sabiamente escreveu a Doutora Amélia.
Os resultados provisórios da eleição de ontem parecem evidenciar que uma fracção maioritária dos eleitores aprecia apalpar um belo traseiro ou dispõe de um belo traseiro que gosta de ser apalpado. É um sinal de optimismo num mundo cada vez menos preocupado com as coisas do espírito.
Mas que importância tem isso perante os ternurentos jinhos que a Doutora endereça, apimentando o lado feminino do magoado Impertinente e suavizando o anúncio esmagador dos seus atributos, que vão de Proust até às assinaturas, passando pela Sorbonne?
Apesar dum excesso de colorido, parece-me uma boa descrição, mas é um tanto discriminatória a qualificação como horror dos horrores da boa gestão da carreira, aos olhos do Impertinente, que defende deverem ser dadas aos homens as mesmas oportunidades das mulheres “que transcendem o inefável circulo do mando doméstico”, como sabiamente escreveu a Doutora Amélia.
Os resultados provisórios da eleição de ontem parecem evidenciar que uma fracção maioritária dos eleitores aprecia apalpar um belo traseiro ou dispõe de um belo traseiro que gosta de ser apalpado. É um sinal de optimismo num mundo cada vez menos preocupado com as coisas do espírito.
Mas que importância tem isso perante os ternurentos jinhos que a Doutora endereça, apimentando o lado feminino do magoado Impertinente e suavizando o anúncio esmagador dos seus atributos, que vão de Proust até às assinaturas, passando pela Sorbonne?
07/10/2003
Diário de Bordo: a oposição radical chic em acção, vista de Melmac.
A estória é conhecida, ou melhor tem partes conhecidas e outras especulativas.
A menina Diana tinha média de 18,5 para entrar para Medicina mas, à cautela, requereu a admissão na quota reservada aos filhos dos diplomatas que concluíram o 12º ano no estrangeiro. Não era o caso dela porque o último ano foi feito em Portugal e no Liceu Francês (a segunda é uma excelente escolha).
O colega de governo do pai dela deferiu o requerimento, o que segundo as luminárias jurídicas não se sustenta na lei. O colega diz que voltaria a fazer o mesmo e o pai diz que não pediu nada ao colega. Este demitiu-se a semana passada e o pai demitiu-se hoje.
No entretanto, esta trivialidade ocupa desde então as pantalhas da comunicação social, ofuscando assim o caso Casa Pia, e mantém toda a oposição ocupada a masturbar-se, liderada pelo tele-evangelista radical chic Sr. Prof. Louçã que pediu um inquérito parlamentar à actuação dos dois ministros por uma comissão eventual porque, segundo ele, as instituições democráticas estão em perigo.
Se já estava embasbacado, mais fiquei quando recebi, caída em plena sopa do jantar, uma chamada de Melmac a pagar no destino. Era um telefonema do Alf, de férias dos Tanners, na terra natal, a perguntar what a fuck is that shit?, desabafou tentado perceber se havia alguma damned opposition in your bloody country.
Expliquei-lhe pacientemente que a oposição in this bloody country não se ocupa de coisas insignificantes como empurrar a reforma administrativa, pressionar as medidas anti-evasão fiscal, exigir o fim do mordomado das reformas dos funcionários públicos, etc., etc.
Nada disso, expliquei, a oposição ocupa-se da defesa das instituições democráticas. I see, disse ele. That’s exactly what Malmecian opposition assholes were making at the time I left. See the reason I came to your shitty planet and crashed my ship in Tanners’ backyard?
A menina Diana tinha média de 18,5 para entrar para Medicina mas, à cautela, requereu a admissão na quota reservada aos filhos dos diplomatas que concluíram o 12º ano no estrangeiro. Não era o caso dela porque o último ano foi feito em Portugal e no Liceu Francês (a segunda é uma excelente escolha).
O colega de governo do pai dela deferiu o requerimento, o que segundo as luminárias jurídicas não se sustenta na lei. O colega diz que voltaria a fazer o mesmo e o pai diz que não pediu nada ao colega. Este demitiu-se a semana passada e o pai demitiu-se hoje.
No entretanto, esta trivialidade ocupa desde então as pantalhas da comunicação social, ofuscando assim o caso Casa Pia, e mantém toda a oposição ocupada a masturbar-se, liderada pelo tele-evangelista radical chic Sr. Prof. Louçã que pediu um inquérito parlamentar à actuação dos dois ministros por uma comissão eventual porque, segundo ele, as instituições democráticas estão em perigo.
Se já estava embasbacado, mais fiquei quando recebi, caída em plena sopa do jantar, uma chamada de Melmac a pagar no destino. Era um telefonema do Alf, de férias dos Tanners, na terra natal, a perguntar what a fuck is that shit?, desabafou tentado perceber se havia alguma damned opposition in your bloody country.
Expliquei-lhe pacientemente que a oposição in this bloody country não se ocupa de coisas insignificantes como empurrar a reforma administrativa, pressionar as medidas anti-evasão fiscal, exigir o fim do mordomado das reformas dos funcionários públicos, etc., etc.
Nada disso, expliquei, a oposição ocupa-se da defesa das instituições democráticas. I see, disse ele. That’s exactly what Malmecian opposition assholes were making at the time I left. See the reason I came to your shitty planet and crashed my ship in Tanners’ backyard?
Estórias e morais – Hasta la vista, baby.
A estória ...
Arnold Schwarzenegger foi várias vezes Mister Universo. Apesar do seu aspecto um bocado bruto, ou por isso mesmo, tem feito uma carreira no cinema gerida inteligentemente e com bastante sucesso. Começou com uns filmezecos já esquecidos, até ao primeiro êxito, com Conan, o Bárbaro. Continuou com os Terminators, passando pela monumental paródia do Last Action Hero. Protagonizou dezenas de filmes e até produziu e dirigiu alguns, evidenciando em vários um notável sentido de humor.
Tem ganho imenso dinheiro e nunca recebeu um chavo de subsídios. De caminho casou com uma Kennedy.
Por tudo isso, o Arnold tem o suficiente para atrair os ódios de estimação de intelectuais raquíticos e invejosos que vivem à sombra dos subsídios dos contribuintes, a produzir xaropadas que só outros intelectuais raquíticos e invejosos se dão ao trabalho de ver ou ler ou escutar, conforme o caso.
Está hoje em curso na Califórnia a votação para destituição do governador democrata Gray Davis. Se for aprovada a destituição, o candidato melhor colocado é o Arnold.
Mostrando que não é nenhum parvo, Arnold nomeou como conselheiro económico principal Warren Buffett, conhecido, não por acaso, como o Sage of Omaha, o maior accionista e CEO da Berkshire Hathaway, considerada uma das melhores sociedades de investimentos em todo o mundo, que acabou de anunciar 2.200 milhões de USD de lucros no 2º trimestre - o equivalente a 2% do PIB português, para que conste. O Sage foi dos poucos investidores que percebeu desde o princípio que não havia nova nem velha economia, havia simplesmente economia. Isso enquanto as luminárias financeiras se babavam perante a árvore virtual das patacas.
Para o Arnold ter o perfil ideal só faltava verificar as suas credenciais como galifão e marialva. Ora bem, o Arnold acaba de atingir os mínimos nas difíceis prova: já apareceram 15-mulheres-15 a queixarem-se de assédio nos últimos trinta anos.
Apesar da média ser baixa (1 assédio cada 24 meses), não dando para os mínimos do Pipi, é já é alguma coisa.
Mas, infelizmente, manda a prudência dizer que mesmo essa magra média é duvidosamente verdadeira, porque só os jornais infiltrados pela esquerdalhada lá do sítio (Los Angeles Times, Washington Post, The New York Times) é que falam disso. Nenhum dos verdadeiros especialistas, isto é os tablóides de supermercado fala das performances do Arnold.
... e a moral é ...
Hasta la vista, Baby.
Arnold Schwarzenegger foi várias vezes Mister Universo. Apesar do seu aspecto um bocado bruto, ou por isso mesmo, tem feito uma carreira no cinema gerida inteligentemente e com bastante sucesso. Começou com uns filmezecos já esquecidos, até ao primeiro êxito, com Conan, o Bárbaro. Continuou com os Terminators, passando pela monumental paródia do Last Action Hero. Protagonizou dezenas de filmes e até produziu e dirigiu alguns, evidenciando em vários um notável sentido de humor.
Tem ganho imenso dinheiro e nunca recebeu um chavo de subsídios. De caminho casou com uma Kennedy.
Por tudo isso, o Arnold tem o suficiente para atrair os ódios de estimação de intelectuais raquíticos e invejosos que vivem à sombra dos subsídios dos contribuintes, a produzir xaropadas que só outros intelectuais raquíticos e invejosos se dão ao trabalho de ver ou ler ou escutar, conforme o caso.
Está hoje em curso na Califórnia a votação para destituição do governador democrata Gray Davis. Se for aprovada a destituição, o candidato melhor colocado é o Arnold.
Mostrando que não é nenhum parvo, Arnold nomeou como conselheiro económico principal Warren Buffett, conhecido, não por acaso, como o Sage of Omaha, o maior accionista e CEO da Berkshire Hathaway, considerada uma das melhores sociedades de investimentos em todo o mundo, que acabou de anunciar 2.200 milhões de USD de lucros no 2º trimestre - o equivalente a 2% do PIB português, para que conste. O Sage foi dos poucos investidores que percebeu desde o princípio que não havia nova nem velha economia, havia simplesmente economia. Isso enquanto as luminárias financeiras se babavam perante a árvore virtual das patacas.
Para o Arnold ter o perfil ideal só faltava verificar as suas credenciais como galifão e marialva. Ora bem, o Arnold acaba de atingir os mínimos nas difíceis prova: já apareceram 15-mulheres-15 a queixarem-se de assédio nos últimos trinta anos.
Apesar da média ser baixa (1 assédio cada 24 meses), não dando para os mínimos do Pipi, é já é alguma coisa.
Mas, infelizmente, manda a prudência dizer que mesmo essa magra média é duvidosamente verdadeira, porque só os jornais infiltrados pela esquerdalhada lá do sítio (Los Angeles Times, Washington Post, The New York Times) é que falam disso. Nenhum dos verdadeiros especialistas, isto é os tablóides de supermercado fala das performances do Arnold.
... e a moral é ...
Hasta la vista, Baby.
06/10/2003
Estórias e morais - Às vezes também conta quem mata.
A estória ...
A posta de ontem sobre o atentado de Haifa não ficou sem resposta. Um amigo, talvez sionista, veio chamar-me a atenção para a condenação pelos tribunais israelitas dos Srs. Shlomo Dvir, Ofer Gamliel e Yarden Morag, 3 terroristas da Bat Ayin, organização sionista talvez simétrica da Jihad islâmica, por uma série de atentados contra a comunidade muçulmana.
Uma das fontes que citou é o Haaretz (liberal? esquerda?), que parece insuspeito de simpatias pelo sionismo fundamentalista, mas que, por isso, ou apesar disso, sei lá, não nos informa qual foi a pena aplicada. Mas o meu amigo é um fanático do rigor e manda-me para o site da Communauté juive de France, onde ficamos a saber que aqueles filhos do diabo levaram uma pena de 15 anos. Por mim podiam ter levado a mesma pena que os terroristas da Jihad islâmica se auto-infligem.
Dito isto, é bom lembrar que, ao contrário, os actos terroristas perpetrados pelas organizações terroristas palestinas e outras, são glorificados em público pelo povo muçulmano, açulado pelos chefes fundamentalistas, e por alguns destes apenas glorificados em privado, et pour cause – como o vovô Arafat.
... e a moral ...
que diabo, afinal tinha que haver uma diferença entre a civilização e a barbárie, ou não?
A posta de ontem sobre o atentado de Haifa não ficou sem resposta. Um amigo, talvez sionista, veio chamar-me a atenção para a condenação pelos tribunais israelitas dos Srs. Shlomo Dvir, Ofer Gamliel e Yarden Morag, 3 terroristas da Bat Ayin, organização sionista talvez simétrica da Jihad islâmica, por uma série de atentados contra a comunidade muçulmana.
Uma das fontes que citou é o Haaretz (liberal? esquerda?), que parece insuspeito de simpatias pelo sionismo fundamentalista, mas que, por isso, ou apesar disso, sei lá, não nos informa qual foi a pena aplicada. Mas o meu amigo é um fanático do rigor e manda-me para o site da Communauté juive de France, onde ficamos a saber que aqueles filhos do diabo levaram uma pena de 15 anos. Por mim podiam ter levado a mesma pena que os terroristas da Jihad islâmica se auto-infligem.
Dito isto, é bom lembrar que, ao contrário, os actos terroristas perpetrados pelas organizações terroristas palestinas e outras, são glorificados em público pelo povo muçulmano, açulado pelos chefes fundamentalistas, e por alguns destes apenas glorificados em privado, et pour cause – como o vovô Arafat.
... e a moral ...
que diabo, afinal tinha que haver uma diferença entre a civilização e a barbárie, ou não?
Avaliação contínua - Ele não está a pensar nela, mas nunca se sabe...
Secção Res ipsa loquitor
O Dr. Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente, terá dito, segundo o Público, “Não estou a pensar nela, mas não vou mentir e dizer que a posso excluir. O que eu digo é que há pessoas a pensar mais a sério nela do que eu”.
A quem se referiria o Dr. Monjardino? À Doutora Amélia? Até podia ser, se não fosse ele estar um pouco fora do escalão etário que a Doutora estabeleceu.
Não, o Dr. Monjardino referia-se à sua candidatura à presidência, desta vez da Fundação Portugal, constituída em 1143 por Dom Afonso Henriques.
É por isso que O Impertinente atribui ao Dr. Monjardino, um afonso pela bravura demonstrada ao admitir enfrentar tão enorme e valiosa concorrência, que pode ir desde o Dr. Mário Soares e o seu alter ego Prof. Freitas do Amaral, ao Eng. (Correntes Frouxas) António Guterres, ao Prof. Cavaco Silva, ao Prof. Marcelo Rebelo de Sousa (na condição de Cristo descer à terra), passando pelo jovem e impetuoso Dr. Pedro Santana Lopes, e muito outros jovens e menos jovens que se perfilam no horizonte presidencial, até ao Dr. do MRPP (foi-se-me abaixo a memória) que tem lugar cativo na linha de partida.
O Dr. Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente, terá dito, segundo o Público, “Não estou a pensar nela, mas não vou mentir e dizer que a posso excluir. O que eu digo é que há pessoas a pensar mais a sério nela do que eu”.
A quem se referiria o Dr. Monjardino? À Doutora Amélia? Até podia ser, se não fosse ele estar um pouco fora do escalão etário que a Doutora estabeleceu.
Não, o Dr. Monjardino referia-se à sua candidatura à presidência, desta vez da Fundação Portugal, constituída em 1143 por Dom Afonso Henriques.
É por isso que O Impertinente atribui ao Dr. Monjardino, um afonso pela bravura demonstrada ao admitir enfrentar tão enorme e valiosa concorrência, que pode ir desde o Dr. Mário Soares e o seu alter ego Prof. Freitas do Amaral, ao Eng. (Correntes Frouxas) António Guterres, ao Prof. Cavaco Silva, ao Prof. Marcelo Rebelo de Sousa (na condição de Cristo descer à terra), passando pelo jovem e impetuoso Dr. Pedro Santana Lopes, e muito outros jovens e menos jovens que se perfilam no horizonte presidencial, até ao Dr. do MRPP (foi-se-me abaixo a memória) que tem lugar cativo na linha de partida.
Diário de Bordo - Pelo sim, pelo não, vou declarar-me.
Quem ler só a epígrafe deste Diário de Bordo, pode pensar que vou propor-me à Doutora Amélia, mas não é assim.
Quero apenas declarar-me não candidato às próximas eleições presidenciais. Com isto passo a fazer parte duma exclusiva minoria de portugueses.
Quero apenas declarar-me não candidato às próximas eleições presidenciais. Com isto passo a fazer parte duma exclusiva minoria de portugueses.
05/10/2003
Estórias e morais: o que conta não é quem morre.
A estória ...
Ontem, em Haifa o movimento patriótico Jihad islâmica atacou um alvo militar israelista (na circunstância disfarçado de restaurante) e provocou 19 mortos, incluindo 5 soldados sionistas disfarçados de crianças, e mais cerca de 50 feridos.
Deve ser esta a forma como os cérebros da esquerdalhada reelaboram o assassinato terrorista de ontem. A não ser assim não se percebe o seu pesado silêncio nestas circunstâncias, contrastando com o habitual ruído de cada vez que os falcões israelitas, que se alimentam destas mortes, revidam e atacam alvos militares, atingindo de caminho mais uns inocentes do outro lado.
Porquê aquelas almas sensíveis se mortificam tanto nuns casos, quando existem vítimas colaterais das acções israelitas, e ficam indiferentes com ao terrorismo puro e duro que visa expressamente civis?
Tenho uma boa resposta, dada por um dos meus amigos galifões (afinal eles devem servir para alguma coisa).
... e a moral é ...
“O que conta não é quem morre, o que conta é quem mata” (AB).
Ontem, em Haifa o movimento patriótico Jihad islâmica atacou um alvo militar israelista (na circunstância disfarçado de restaurante) e provocou 19 mortos, incluindo 5 soldados sionistas disfarçados de crianças, e mais cerca de 50 feridos.
Deve ser esta a forma como os cérebros da esquerdalhada reelaboram o assassinato terrorista de ontem. A não ser assim não se percebe o seu pesado silêncio nestas circunstâncias, contrastando com o habitual ruído de cada vez que os falcões israelitas, que se alimentam destas mortes, revidam e atacam alvos militares, atingindo de caminho mais uns inocentes do outro lado.
Porquê aquelas almas sensíveis se mortificam tanto nuns casos, quando existem vítimas colaterais das acções israelitas, e ficam indiferentes com ao terrorismo puro e duro que visa expressamente civis?
Tenho uma boa resposta, dada por um dos meus amigos galifões (afinal eles devem servir para alguma coisa).
... e a moral é ...
“O que conta não é quem morre, o que conta é quem mata” (AB).
04/10/2003
Diário de Bordo: com amigos destes não preciso de inimigos e o que me vale é a patroa.
Vou esta manhã jogar ténis com uma galifão amigo e ele pica-me para dar com o pau na Doutora Amélia, que estava mesmo a pedi-las, disse.
Volto para casa e telefonam-me outros galifões tomando as dores de mais um coitado que a Doutora Amélia resolveu hoje humilhar, alongando a lista de abrunhos, reais ou imaginários, que a Doutora se tem esforçado por achincalhar regularmente. Desta vez calhou a sorte ao desgraçado Armando de Torres Vedras, que a Doutora Amélia confronta com o pentâmetro jâmbico shaskespeareano.
Até a minha amiga Doutora Ana, que queimou o sutiã em Paris em 1968 e lá procurou la plage sous le pavé, me diz que isso não se faz, nem mesmo a um homem.
Encurralado por esta matilha amigável, quase que me dispus a tratar mal a Doutora, levemente indignado por ela estar a bater em mortos, como diziam os jovens galifões da minha geração, quando davam porrada nuns queques merdosos que nem cara tinham para apanhar.
Felizmente que a minha patroa, Doutora Laura, com o seu imenso bom senso, me chama à realidade: “ó filho, não reajas assim, sê compreensivo, é uma mulher mal amada, afinal não és tu que dizes que quem se deita com cães, amanhece com pulgas”.
E pronto. Voltei às Teses sobre O Pipi.
Volto para casa e telefonam-me outros galifões tomando as dores de mais um coitado que a Doutora Amélia resolveu hoje humilhar, alongando a lista de abrunhos, reais ou imaginários, que a Doutora se tem esforçado por achincalhar regularmente. Desta vez calhou a sorte ao desgraçado Armando de Torres Vedras, que a Doutora Amélia confronta com o pentâmetro jâmbico shaskespeareano.
Até a minha amiga Doutora Ana, que queimou o sutiã em Paris em 1968 e lá procurou la plage sous le pavé, me diz que isso não se faz, nem mesmo a um homem.
Encurralado por esta matilha amigável, quase que me dispus a tratar mal a Doutora, levemente indignado por ela estar a bater em mortos, como diziam os jovens galifões da minha geração, quando davam porrada nuns queques merdosos que nem cara tinham para apanhar.
Felizmente que a minha patroa, Doutora Laura, com o seu imenso bom senso, me chama à realidade: “ó filho, não reajas assim, sê compreensivo, é uma mulher mal amada, afinal não és tu que dizes que quem se deita com cães, amanhece com pulgas”.
E pronto. Voltei às Teses sobre O Pipi.
03/10/2003
Diário de Bordo: o galifão espartilhado pelo marialvismo e desapontado com a Doutora Amélia
Confessa o galifão que sempre teve uma irreprimível vontade de apanhar uma boa coça duma mulher. A mãe não lhe batia, mesmo quando ele fazia grossa asneira e, mais tarde, as namoradas e patroas também nunca lhe chegaram a roupa ao pêlo, apesar do seu secreto desejo.
Por isso, O Impertinente sonhava levar, finalmente, uma boa tosa da Doutora Amélia. Mais uma desilusão - a Doutora passou ao largo deste lado negro da alma d’O Impertinente e fez-lhe o discurso didáctico e previsível do costume, começando no marialvismo, continuando no bisavô, nas mulheres bem sucedidas, no mando das namoradas, na suave massagem e terminando com as rabichices do Almodovar com as suas personagens que só são comidas quando estão em coma.
O Impertinente esperava mais ousadia da Doutora Amélia, na massagem, que parece extraída do Kamasutra para adolescentes, como no resto.
Mas as coisas são o que são. No hard feelings e lá estarei no lançamento do “naturalmente sincera!” e, para provar em definitivo a minha misericórdia vou adicionar um link ao Procuro marido. Quanto à foto, mandarei logo que o bigode fique mais frondoso.
E pronto, agora vou tratar de coisas verdadeiramente importantes – as Teses sobre O Pipi.
Por isso, O Impertinente sonhava levar, finalmente, uma boa tosa da Doutora Amélia. Mais uma desilusão - a Doutora passou ao largo deste lado negro da alma d’O Impertinente e fez-lhe o discurso didáctico e previsível do costume, começando no marialvismo, continuando no bisavô, nas mulheres bem sucedidas, no mando das namoradas, na suave massagem e terminando com as rabichices do Almodovar com as suas personagens que só são comidas quando estão em coma.
O Impertinente esperava mais ousadia da Doutora Amélia, na massagem, que parece extraída do Kamasutra para adolescentes, como no resto.
Mas as coisas são o que são. No hard feelings e lá estarei no lançamento do “naturalmente sincera!” e, para provar em definitivo a minha misericórdia vou adicionar um link ao Procuro marido. Quanto à foto, mandarei logo que o bigode fique mais frondoso.
E pronto, agora vou tratar de coisas verdadeiramente importantes – as Teses sobre O Pipi.
Avaliação contínua – o drible dos ministros e a distracção do árbitro e do público
Secção Tiros nos pés
Mais um episódio admirável: a filha do Ministro dos Negócios Estrangeiros dribla a lei com a ajuda do Ministro da Ciência e do Ensino Superior para entrar em Medicina (média de admissão superior a 18 – isto é só para génios). Resultado: um golo na própria baliza.
O que revela isto? Um misto de arrogância e oportunismo das personagens. E, pior que tudo, estupidez, por não anteciparem que uma coisa destas proporcionaria, inevitavelmente, uma masturbação ao nosso jornalismo de pacotilha, ao tele-evangelista e a todas as outras pudicas virgens.
Contudo, fez-se o silêncio mais ruidoso quanto à única questão verdadeiramente importante – qual é o sentido duma quota para os filhos dos diplomatas ou filhos de quaisquer outros pais, ou mães? Porque razão se admite que pode entrar para uma universidade um songamonga com 10 valores, que ainda por cima teve a chance de estudar provavelmente em melhores escolas, passando por cima de outros alunos melhor qualificados?
Um ignóbil para cada um dos ministros, uma urraca para a menina e 5 chateaubriands para o jornalismo piroso, o tele-evangelista e as outras luminárias que deram um chuto na relva.
Mais um episódio admirável: a filha do Ministro dos Negócios Estrangeiros dribla a lei com a ajuda do Ministro da Ciência e do Ensino Superior para entrar em Medicina (média de admissão superior a 18 – isto é só para génios). Resultado: um golo na própria baliza.
O que revela isto? Um misto de arrogância e oportunismo das personagens. E, pior que tudo, estupidez, por não anteciparem que uma coisa destas proporcionaria, inevitavelmente, uma masturbação ao nosso jornalismo de pacotilha, ao tele-evangelista e a todas as outras pudicas virgens.
Contudo, fez-se o silêncio mais ruidoso quanto à única questão verdadeiramente importante – qual é o sentido duma quota para os filhos dos diplomatas ou filhos de quaisquer outros pais, ou mães? Porque razão se admite que pode entrar para uma universidade um songamonga com 10 valores, que ainda por cima teve a chance de estudar provavelmente em melhores escolas, passando por cima de outros alunos melhor qualificados?
Um ignóbil para cada um dos ministros, uma urraca para a menina e 5 chateaubriands para o jornalismo piroso, o tele-evangelista e as outras luminárias que deram um chuto na relva.
02/10/2003
Diário de Bordo: A Doutora Amélia prepara um bote ao galifão, com a ajuda da Doutora Milu
Leio, com um misto de curiosidade e preocupação, o anúncio da Doutora Amélia que se prepara, em parceria com a Doutora Milu, para fazer o “galifão”, quer dizer esteve vosso Impertinente, engolir as suas impertinências “sem misericórdia”.
Fiz queixa à minha mulher, Doutora Laura, que me tranquilizou, com o seu ar maternal “ó filho não te inquietes, o mais que te poderia acontecer era teres que fazer o xixi sentado”.
Logo a seguir a este anúncio, a Doutora Amélia revela-nos um trecho flatulento do seu “naturalmente sincera!. Não tendo nada de semelhante para oferecer, fui desenterrar um texto que emailei para os amigos no princípio do ano passado, a propósito dum ensaio publicado em The Economist (20-12-2001) com o elucidativo título Sometimes it's hard to be a man. Vem a seguir, numa nova área temática que é dedicada à Doutora Amélia. Quem quiser lê-lo na íntegra pode pedir-mo para aqui.
É, por esta e por outras, é que O Impertinente está a trabalhar afincadamente nas Teses sobre O Pipi dele, que espera começar a revelar em primeira mão na blogosfera, um dia destes.
Fiz queixa à minha mulher, Doutora Laura, que me tranquilizou, com o seu ar maternal “ó filho não te inquietes, o mais que te poderia acontecer era teres que fazer o xixi sentado”.
Logo a seguir a este anúncio, a Doutora Amélia revela-nos um trecho flatulento do seu “naturalmente sincera!. Não tendo nada de semelhante para oferecer, fui desenterrar um texto que emailei para os amigos no princípio do ano passado, a propósito dum ensaio publicado em The Economist (20-12-2001) com o elucidativo título Sometimes it's hard to be a man. Vem a seguir, numa nova área temática que é dedicada à Doutora Amélia. Quem quiser lê-lo na íntegra pode pedir-mo para aqui.
É, por esta e por outras, é que O Impertinente está a trabalhar afincadamente nas Teses sobre O Pipi dele, que espera começar a revelar em primeira mão na blogosfera, um dia destes.
A condição masculina: It must be bad.
Finalmente, nós os machos dominantes chegámos ao fim dum processo de prolongada decadência e profunda agonia. Resistimos a tudo: à guerra, à paz, à globalização, ao fim da história, à ataque insano e inútil do feminismo, à queima dos sutiãs. Em particular nós, os machos lusitanos, resistimos até à Doutora Maria Teresa Horta, o que pode ser considerado um último grande feito.
Mas acabámos por baquear. Da dominância passámos à perda de confiança nos padrões comportamentais genuinamente machos: escarrar para o chão, bater na patroa, dar palmadas nas costas dos amigos, sopesar os testículos, assobiar apreciativamente às garotas passantes, etc.
Daí à falência da nossa auto-estima foi um passo. Entrámos numa crise de valores mais profunda do que a da Nasdaq depois do envelhecimento da nova economia. A nossa autoconfiança ficou mais em baixo do que a cotação das dotcoms e toda a parafernália das empresas do vapourware. Passámos a ter dúvidas sobre a nossa sexualidade, assistimos a milhões de machos de todas as idades a fazer o coming out e passarem-se para o inimigo, passámos a usar cremes, começámos a tentar chorar para parecermos sensíveis aos olhos do inimigo. Enfim, tentámos tudo para ser parecidos com o inimigo, e até desprezando a sabedoria popular: se Deus quisesse que os machos fossem iguais às fêmeas só tinha feito caracóis.
E qual o resultado desta estrondosa humilhação? It must be bad! Even feminists feel sorry for the state of men today, concluiu a jornalista anónima do Economist.
Mas acabámos por baquear. Da dominância passámos à perda de confiança nos padrões comportamentais genuinamente machos: escarrar para o chão, bater na patroa, dar palmadas nas costas dos amigos, sopesar os testículos, assobiar apreciativamente às garotas passantes, etc.
Daí à falência da nossa auto-estima foi um passo. Entrámos numa crise de valores mais profunda do que a da Nasdaq depois do envelhecimento da nova economia. A nossa autoconfiança ficou mais em baixo do que a cotação das dotcoms e toda a parafernália das empresas do vapourware. Passámos a ter dúvidas sobre a nossa sexualidade, assistimos a milhões de machos de todas as idades a fazer o coming out e passarem-se para o inimigo, passámos a usar cremes, começámos a tentar chorar para parecermos sensíveis aos olhos do inimigo. Enfim, tentámos tudo para ser parecidos com o inimigo, e até desprezando a sabedoria popular: se Deus quisesse que os machos fossem iguais às fêmeas só tinha feito caracóis.
E qual o resultado desta estrondosa humilhação? It must be bad! Even feminists feel sorry for the state of men today, concluiu a jornalista anónima do Economist.
01/10/2003
Carta aberta à Doutora Amélia que procura marido
O Impertinente frequenta regularmente a Doutora Amélia no seu blogue Procuro marido, mas só hoje se deu conta que a Doutora incluiu as Impertinências na lista dos seus links. Tratando o Procuro marido da temática da formatação do decadente macho lusitano num ser minimamente conforme ao paradigma feminino, e sendo as Impertinências o que são, o que teria levaria a Doutora Amélia a tal?
Não encontrei respostas. Seja como for, fiquei comovido por ser a única mulher que parece ter-se interessado pelas Impertinências.
O mínimo que O Impertinente pode fazer é ir a correr comprar o romance da Doutora Amélia «naturalmente sincera!» que está para sair, que narra a história de um «marido que ... foge com uma senhora que tem um blog literário mas que, afinal, é uma net-dater».
Bem haja, Doutora Amélia. Que a divina providência coloque nos seus braços um marido sensível, sem bigode e com 27 aninhos acabados de fazer.
Bem precisará da divina providência porque, nos tempos que correm, a coisa não está fácil. Imensos homens estão ou, pior ainda, são desempregados, ou alcoólatras, ou drogados, ou já foram condenados, ou ainda estão presos, ou punem-se duma qualquer outra forma, como vestir o cabedal e levar com o chicote. Outro número não menos imenso de homens meneiam-se, agitam as mãozinhas, põem-nas na anca, fazem trejeitos e boquinhas enquanto compõem os trapinhos. O número residual pertence ao género marido e é que o alvo preferido das net-daters, como se calhar o seu romance demonstra.
Tão profunda é a crise que já vi escrito, preto no branco, por um grande especialista da condição masculina, que “por detrás de um homem de sucesso há sempre uma mulher espantada”.
Esta é a face pública da questão. A face privada é não menos preocupante. Durante muitos anos as mulheres portuguesas assumiram o mando doméstico, com autoridade, sim, mas também, com o pudor, recato e respeito devidos pelas aparências. Pudor, recato e respeito que se perderam nos dias de hoje em que os homens já têm que urinar sentados na sanita, obedientemente instruídos pelas respectivas esposas.
Termino, Doutora Amélia, fazendo-lhe um único pedido: corte-lhe o bigode, mas tenha a misericórdia de o deixar mijar de pé.
Não encontrei respostas. Seja como for, fiquei comovido por ser a única mulher que parece ter-se interessado pelas Impertinências.
O mínimo que O Impertinente pode fazer é ir a correr comprar o romance da Doutora Amélia «naturalmente sincera!» que está para sair, que narra a história de um «marido que ... foge com uma senhora que tem um blog literário mas que, afinal, é uma net-dater».
Bem haja, Doutora Amélia. Que a divina providência coloque nos seus braços um marido sensível, sem bigode e com 27 aninhos acabados de fazer.
Bem precisará da divina providência porque, nos tempos que correm, a coisa não está fácil. Imensos homens estão ou, pior ainda, são desempregados, ou alcoólatras, ou drogados, ou já foram condenados, ou ainda estão presos, ou punem-se duma qualquer outra forma, como vestir o cabedal e levar com o chicote. Outro número não menos imenso de homens meneiam-se, agitam as mãozinhas, põem-nas na anca, fazem trejeitos e boquinhas enquanto compõem os trapinhos. O número residual pertence ao género marido e é que o alvo preferido das net-daters, como se calhar o seu romance demonstra.
Tão profunda é a crise que já vi escrito, preto no branco, por um grande especialista da condição masculina, que “por detrás de um homem de sucesso há sempre uma mulher espantada”.
Esta é a face pública da questão. A face privada é não menos preocupante. Durante muitos anos as mulheres portuguesas assumiram o mando doméstico, com autoridade, sim, mas também, com o pudor, recato e respeito devidos pelas aparências. Pudor, recato e respeito que se perderam nos dias de hoje em que os homens já têm que urinar sentados na sanita, obedientemente instruídos pelas respectivas esposas.
Termino, Doutora Amélia, fazendo-lhe um único pedido: corte-lhe o bigode, mas tenha a misericórdia de o deixar mijar de pé.
Avaliação contínua - da falta que fazem as escolas C+S até à excelência no funcionalismo, passando pelos resíduos
Secção Res ipsa loquitor
Havia uma qualquer coisa de estranho naquela mulher, a Drª. Teresa Caeiro, a nova SE da Segurança Social. Como é que uma jovem de trinta e poucos anos, ainda por cima bem parecida e de boas famílias (o que no reino de Pacheco vale um mestrado), aceita um lugar de Governador Civil destinado a pré-reformados a quem o partido de serviço deve um qualquer favor? Como explicar que a mulher lá trabalhou (sim TRABALHOU) metódica e incansavelmente 12 horas por dia a tratar daquelas trapalhadas e burocracias nada mediáticas?
Percebi hoje o porquê: a Dr.ª Teresa fez todo o secundário na escola alemã em Bruxelas. Onde é que já se viu um moçoila com os neurónios modelados nas nossas escolas C+S dedicar-se a tal modo de vida?
Ainda podia ser dos genes, mas, neste caso, não me parece que seja uma grande ajuda ser-se sobrinha-neta de Mário Cesariny, um indiscutido talento, mas afinal por dois dos atributos mais vulgares na nossa terra - poeta e surrealista.
Pelas qualidades que tem demonstrado, O Impertinente dá 2 afonsos à Dr.ª Teresa Caeiro. Dar-lhe-ia mais 2 afonsos suplementares se ela tivesse sido submetida à disciplina consentida duma qualquer C+S da Brandoa, e voltasse para nos contar. E mais um, se não pertencesse àquele partido de queques de direita a que pertence.
Secção Insultos à inteligência
Ontem, o Secretário Geral do PS, na companhia do ex-ministro do Ambiente Eng. Sócrates, foi denunciar no Seixal a acumulação de “dezenas de milhares de toneladas” de resíduos na Siderurgia. Ele não diz, mas a gente adivinha, que o Eng. Sócrates só lá deixou uns quilitos.
En passant, o Dr. Ferro Rodrigues concede mais uma moratória ao Governo, já de si com pouca vontade de resolver o assunto, ao lembrar que a co-incineração «estava em marcha ..., no tempo do Governo socialista». Se o Dr. Durão aproveitar a boleia, ainda lhe faltam quatro anos e meio para continuar a marcha.
Para serem solidariamente partilhados pelo Dr. Ferro e Eng. Sócrates, O Impertinente dá-lhes 3 chateaubriands.
Secção Insultos à inteligência (bis)
O Dr. Bettencourt Picanço, dirigente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado veio à lide combater o projecto de lei sobre o sistema de avaliação de desempenho, invocando, entre outras razões igualmente poderosas, que o seu sindicato não aceita a quota máxima de 25% de trabalhadores que podem receber a classificação de «muito bom» e «excelente».
Ao contrário do que podeis pensar, o Dr. Picanço não estava a defender que quaisquer 5% seriam mais do que suficientes para contar os «muito bons» e «excelentes» no estado actual comatoso do funcionalismo. Não. O que o Dr. Picanço queria era uma quota máxima de 50%.
Se isto não fosse uma anedota, O Impertinente proporia ao governo exportar funcionários públicos para outros países europeus menos dotados.
Para o Dr. Picanço vão 5 merecidos chateaubriands.
Havia uma qualquer coisa de estranho naquela mulher, a Drª. Teresa Caeiro, a nova SE da Segurança Social. Como é que uma jovem de trinta e poucos anos, ainda por cima bem parecida e de boas famílias (o que no reino de Pacheco vale um mestrado), aceita um lugar de Governador Civil destinado a pré-reformados a quem o partido de serviço deve um qualquer favor? Como explicar que a mulher lá trabalhou (sim TRABALHOU) metódica e incansavelmente 12 horas por dia a tratar daquelas trapalhadas e burocracias nada mediáticas?
Percebi hoje o porquê: a Dr.ª Teresa fez todo o secundário na escola alemã em Bruxelas. Onde é que já se viu um moçoila com os neurónios modelados nas nossas escolas C+S dedicar-se a tal modo de vida?
Ainda podia ser dos genes, mas, neste caso, não me parece que seja uma grande ajuda ser-se sobrinha-neta de Mário Cesariny, um indiscutido talento, mas afinal por dois dos atributos mais vulgares na nossa terra - poeta e surrealista.
Pelas qualidades que tem demonstrado, O Impertinente dá 2 afonsos à Dr.ª Teresa Caeiro. Dar-lhe-ia mais 2 afonsos suplementares se ela tivesse sido submetida à disciplina consentida duma qualquer C+S da Brandoa, e voltasse para nos contar. E mais um, se não pertencesse àquele partido de queques de direita a que pertence.
Secção Insultos à inteligência
Ontem, o Secretário Geral do PS, na companhia do ex-ministro do Ambiente Eng. Sócrates, foi denunciar no Seixal a acumulação de “dezenas de milhares de toneladas” de resíduos na Siderurgia. Ele não diz, mas a gente adivinha, que o Eng. Sócrates só lá deixou uns quilitos.
En passant, o Dr. Ferro Rodrigues concede mais uma moratória ao Governo, já de si com pouca vontade de resolver o assunto, ao lembrar que a co-incineração «estava em marcha ..., no tempo do Governo socialista». Se o Dr. Durão aproveitar a boleia, ainda lhe faltam quatro anos e meio para continuar a marcha.
Para serem solidariamente partilhados pelo Dr. Ferro e Eng. Sócrates, O Impertinente dá-lhes 3 chateaubriands.
Secção Insultos à inteligência (bis)
O Dr. Bettencourt Picanço, dirigente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado veio à lide combater o projecto de lei sobre o sistema de avaliação de desempenho, invocando, entre outras razões igualmente poderosas, que o seu sindicato não aceita a quota máxima de 25% de trabalhadores que podem receber a classificação de «muito bom» e «excelente».
Ao contrário do que podeis pensar, o Dr. Picanço não estava a defender que quaisquer 5% seriam mais do que suficientes para contar os «muito bons» e «excelentes» no estado actual comatoso do funcionalismo. Não. O que o Dr. Picanço queria era uma quota máxima de 50%.
Se isto não fosse uma anedota, O Impertinente proporia ao governo exportar funcionários públicos para outros países europeus menos dotados.
Para o Dr. Picanço vão 5 merecidos chateaubriands.
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