Outras Crónicas do Governo de Passagem
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Navegando à bolina |
De volta ao mistério dos obstetras
A semana passada referi que os 1.960 obstetras (e ginecologistas) inscritos na Ordem dos Médicos fizeram cerca de 85 mil partos em 2024, e que desses os 748 que trabalham no SNS fizeram 80% dos partos. Acrescento agora que os maiores hospitais privados dispõem de 412 obstetras (Luz 113; Cuf 299) e que, baseado no número de certidões pedidas à OM, estimo que menos de 100 obstetras exercem medicina no estrangeiro.
Comparando o número de partos por obstetra/ano, Portugal tem 45 (85 mil, 1,9 mil), Espanha tem 64 (318 mil, 5 mil) e Reino Unido tem 73 (660 mil, 9 mil), o que me leva a concluir que por cá a produtividade não é grande coisa, para ser simpático.
Na falta de dados rigorosos cada um pode imaginar o que quiser ao seu gosto, porém baseado nos números disponíveis não se pode concluir que exista uma insuficiência absoluta de obstetras e, por isso, é mais provável que se trate de uma má gestão dos recursos existentes, como de resto quase todos os recursos do Portugal dos Pequeninos e é isso que explica uma produtividade geral medíocre, para ser outra vez simpático, e em consequência um nível de vida inevitavelmente medíocre.
Afinal quantos professores temos?
Todos os dias a imprensa do regime continua a falar da falta de professores, das turmas sobrelotadas, dos alunos sem professores, dod horários por preencher, etc. (
exemplo) O
próprio ministro minimiza o problema e admite que em 130 mil professores existem “mil horários” por preencher.
130 mil professores? Pelas minhas contas, existiriam cerca de 150 mil e, por via das dúvidas, fui consultar a Pordata, que, em 2024, baseada nos dados oficiais, inventariou 149.124 professores no ensino não universitário. A ser assim, evaporaram-se 20 mil professores, a menos que o ministro não esteja a contar com os 11 mil que em média faltam e com os milhares de delegados sindicais da FENPROF, da FNE (Federação Nacional de Educação) e dos 5 sindicatos independentes.
Em conclusão, não se sabe ao certo quantos professores existem, sendo certo que qualquer que seja o número pode sempre concluir-se que são insuficientes aumentando o número de disciplinas, como se vem fazendo para compensar a apesar da redução de cem mil alunos do ensino não universitário durante os governos socialistas.
Insanidade é continuar a fazer o mesmo e esperar resultados diferentes Não obstante a oferta de habitação ser insuficiente porque não se constrói o suficiente, o governo continua a promover o aumento da procura,
aumentando a garantia pública de 1,2 mil milhões para 1,55 milhões. É claro que o número de transações e os preços da habitação
continuaram a aumentar no 2.º trimestre (15,5% e 17,2%, respectivamente, em relação ao mesmo trimestre do ano passado).
Há quem diga que o aumento dos preços da habitação não é um problema porque 70% das famílias são proprietárias das casas onde vivem e por isso ficam mais ricas. Não é uma visão que adira à realidade porque as famílias ficam com o mesmo activo com um valor de mercado inflacionado e se quiseram trocar de casa vão ter de pagar um preço igualmente inflacionado, ou seja em termos reais ficam na mesma
A inflação dos preços da habitação está para o Estado sucial como o turismo para a economia
Como se viu, as famílias proprietárias não ganham nada com o aumento do preço das habitações. Quem ganha são as autarquias, cujas receitas de IMI e IMT aumentaram 1,5 mil milhões em 10 anos e o peso destes dois impostos na receita total dos municípios mais do que duplicou (
fonte). Sem o balão dos preços do imobiliário e sem o turismo que pesa 12% do PIB já estaríamos a pedir o regresso da troika.