«Um argumento muito comum contra os testes e exames é o da sua inutilidade. Diz-se que não é por ser testado que um aluno aprende, é antes por ser ensinado e por estudar. É um argumento muito comum, embora irracional. O mesmo argumento poderia ser aplicado às análises e outros exames médicos. Não são eles que nos curam, mas nem por isso são inúteis.
A inutilidade dos testes e exames vai contra a racionalidade. E vai também contra a prática dos professores experimentados, que passam a vida a indicar trabalhos de casa e perdem noites a corrigir esses trabalhos, semana após semana, ano após ano. Os professores fazem-no porque sabem que essa é uma forma de os estudantes verificarem e reforçarem os seus conhecimentos, reverem as matérias e praticarem os procedimentos que estudam. Ou seja, os professores sabem que os alunos aprendem melhor quando se defrontam consigo próprios face a uma tarefa. E os professores experimentados fazem mais. Estão constantemente a fazer perguntas aos alunos e dão à turma trabalhos para serem feitos individualmente ou em pequenos grupos, durante ou depois da aula.
Tudo isso são formas de testar os conhecimentos – e de os reforçar. É o que se chama avaliação formativa, sem impacto, ou com pouco impacto, na classificação dos alunos.
A tese da inutilidade dos exames e testes vai também contra as ciências cognitivas modernas, que descobriram e estudaram experimentalmente o efeito da testagem de conhecimentos sobre a aprendizagem. E o que descobriram? Que ser-se testado é uma forma muito eficaz de consolidar a aprendizagem e de aprender. Tão eficaz que hoje se lhe dá um nome: o «efeito de teste».»
«Aprender, aprender, aprender sempre», Nuno Crato no Jornal Económico
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