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25/04/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (63b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 63a)

Eu sei que um pateta terminal é inimputável, mas tudo tem limites

O Dr. Pedro Marques actual deputado europeu e antigo ministro das Infraestruturas, que como ministro só não se pode considerar um falhanço total porque foi sucedido pelo Dr. Pedro Nuno Santos, agora em licença sabática, faz parte da legião de boys neo-situacionistas. No remanso de Bruxelas, aproveita o tempo livre para fazer umas horas extraordinárias ao serviço do seu protector e foi nesse papel que produziu declarações sobre a “privatização desastrosa” da TAP e as “cortina de fumo” do PSD, isto no meio da nacionalização desastrosa da TAP e das cortinas de fumo do governo do seu protector. Até para ele é demasiado.

Num deserto de realizações, um dilúvio de anúncios. O descarrilamento

Na ferrovia como em todos os outros “projectos”, “desígnios” e “paixões” o governo do Dr. Costa descarrila. Obras na Linha do Norte entre Espinho e Gaia que eram para ter terminado no segundo trimestre de 2019 descarrilaram para meados de 2024.

Alguém se lembra que a redução do horário para 35 horas não tinha impacto orçamental

Em Fevereiro de 2016 o Dr. Centeno, hoje em repouso no BdP e à época ministro das Finanças, voltou-se para os deputados da oposição e disse-lhes que a redução para as 35 horas «não é discussão de natureza orçamental neste momento", o tema «só tem impacto» para a oposição. Também o Dr. Marcelo em Junho desse ano declarou que «promulga 35 horas mas envia para o TC se despesa aumentar».

Sete anos depois o número de funcionários públicos aumentou 80 mil e só no SNS o ano passado foram feitas 18 milhões de horas extraordinárias e 3 milhões nos dois primeiros meses deste ano.

Take Another Plan. Take 1 – Das caravelas do século XXI ao pechisbeque para compor a tesouraria

A TAP cuja nacionalização era para o Dr. Costa «tão fundamental para o país como foram as caravelas» vai agora ser privatizada e o sucessor do Dr. Costa celebra o facto de a privatização da TAP ir contribuir para a sustentabilidade das finanças públicas. O Dr. Medina, um cada vez mais digno sucessor do Dr. Costa, esqueceu de mencionar que essa suposta e certamente modesta contribuição para a sustentabilidade se segue a uma enorme contribuição de mais de 3 mil milhões de euros para a insustentabilidade das mesmas finanças públicas. Até para o Dr. Medina é demasiado.

Take Another Plan. Take 2 – Ao contrário do que se diz, o governo não ofende a verdade. Está demasiado longe para lhe causar danos

Primeiro havia um parecer jurídico que suportava a demissão por justa causa de Mme Ourmières-Widener. Depois esse parecer não podia ser divulgado porque apresentava "riscos da defesa" do Estado, segundo a ministra adjunta Dr. Ana. Dias depois foi dito que não havia nem precisaria de haver parecer jurídico.

Take Another Plan. Take 3 – O que é hoje verdade pode ser amanhã mentira

Em 6 de Março os Drs. Medina e Galamba assinaram uma deliberação para demitir Mme Ourmières-Widener e nomear o Dr. Luís Rodrigues. Confrontado com a irregularidade formal dessa nomeação o governo diz agora que diz agora que não foi “decisão final.

Take Another Plan. Take 4 – Há moralidade ou comem todos

Afinal não era apenas Mme Ourmières-Widener que utilizava o carro oficial para uso pessoal. O mesmo fizeram a Dr.ª Stéphanie Sá Silva, a mulher do Dr. Medina, sempre ele, a Dr. Alexandre Reis que renunciou/foi demitida (cortar ao gosto) com 500 mil, que mais tarde foi SE do Dr. Medina, outra vez ele, o CFO Dr. Pires, etc., um grande etc.

O Fundo que bateu no fundo

O Fundo para a Revitalização e Modernização do Tecido Empresarial (FRME) é um elefante branco criado pelo governo do Eng. Guterres antes de ele fugir do pântano. Depois de 24 anos “intervencionou” 16 empresas metade das quais “insolvente”, “inativa” ou “sem indícios de atividade”. O FRME está agora a ser auditado pelo TdC.

Chuva na eira e sol no nabal

«Desde 2018 e até 10 de abril foram emitidos 26 525 vistos D7, documento atribuído a pessoas que comprovem a existência de rendimentos próprios no seu país de origem». Ou seja, 27 mil “ricos” que só ano passado gastaram 3,6 mil milhões euros a comprar casas (fonte). Infelizmente isso contribuiu para aumentar o preço das casas e outras consequências negativas. Um dia o Dr. Costa vai atender ao apelo da esquerda e exigir que os estrangeiros endinheirados se deixem ficar na sua terra e apenas mandem o dinheiro para cá.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

O endividamento da economia, ou seja, a dívida total das famílias e das empresas não financeiras aumentou em Fevereiro 7,6 mil milhões para 892 mil milhões, devido exclusivamente ao aumento de 9 mil milhões da dívida do Estado.

2 comentários:

Afonso de Portugal disse...

Uma pequena correcção, caro (Im)Pertinente: sol na eira e chuva no nabal.

Conforme se pode ler aqui:

https://observalinguaportuguesa.org/episodio-93-nao-se-pode-ter-sol-na-eira/

«Uma “eira” é um “terreno liso ou empedrado onde se põem a secar legumes ou cereais” e “nabal” é um terreno semeado de nabos. É do interesse do agricultor dono destes dois terrenos que a eira esteja exposta ao sol e sempre seca, e o nabal exposto à chuva e molhado, pois para que os nabos cresçam saudáveis precisam de regas abundantes.»

Cumprimentos!

Impertinente disse...

Obrigado pela boa vontade, mas foi isso mesmo que se quis escrever. É uma ironia, é desejar duas coisas boas incompatíveis e acabar a ter duas coisas más.