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13/01/2018

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (167) - O móbil de Costa

À primeira vista poderá parecer uma teoria da conspiração a especulação de Maria de Fátima Bonifácio ("Chico-espertismo" no Público) sobre o móbil de Costa ao colocar a ministra da Justiça a concluir numa entrevista, a dez meses de distância do termo do mandato e com fundamento num descosido imaginário jurídico, que a procuradora-geral Joana Marques Vidal não poderia ser reconduzida. Joana Marques Vidal, que foi, recorde-se, a primeira PGR a abrir a possibilidade das figuras de cera do regime, dos políticos e dos donos disto tudo serem investigados.

À segunda vista, conhecendo-se os dotes comprovados de Costa, a sua cobardia e a ainda considerável influência de Sócrates, o animal feroz que se referiu a ele como «o merdas do Costa que não tem tomates», e o círculo dos seus fiéis que cerca Costa, a especulação ganha verosimilhança.

«O julgamento, a iniciar-se, como deve (ou deveria), lá para o Outono do ano corrente, vai certamente prolongar-se por muitos meses (ou até anos). Com toda a probabilidade, o julgamento de José Sócrates estará em curso ao longo de 2019, ano de eleições em Maio/Junho (para o Parlamento Europeu) e em Setembro/Outubro (para a Assembleia da República). Ora a “ferocidade” do “animal” (“eu sou um animal feroz”, disse Sócrates) não deve entretanto ter-se amansado, bem pelo contrário, deve ter-se assanhado. E, portanto, é certo e sabido que o acusado usará do direito legal de indicar as suas testemunhas, que não podem recusar-se a depor, presencialmente ou por escrito. E que testemunhas chamará ele de preferência? Os seus anteriores cúmplices ou simplesmente coniventes, alguns deles hoje no Governo, a começar pelo primeiro-ministro. Estão a imaginar ministros e quadros do PS a peregrinar para o Campus de Justiça na Expo? Estão a imaginar a que maquinações Sócrates recorrerá para produzir o máximo de escândalo público?

A remoção de Joana Marques Vidal, per se, não evitará o julgamento. Mas poderá facilitar ou promover o adiamento para depois das eleições, quando já nada afectará os resultados eleitorais.»

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