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Beneficiando das reposições de que resultaram aumentos de salários e, consequentemente, das bases de cálculo das pensões, mais de 12 mil utentes da vaca marsupial pública aposentaram-se no ano passado com belas pensões - belas quando comparadas com as do sector privado, entenda-se. Falando de privilégios dos utentes da vaca, que constituem o núcleo da clientela eleitoral da geringonça, está a caminho a ampliação da clientela para incluir os contratados a prazo e o pessoal das empresas públicas no acesso à ADSE - o melhor e mais barato seguro de saúde fora do alcance da generalidade dos sujeitos passivos que o pagam.
É claro que não dão para tudo as sobras da compra da clientela eleitoral espremidas pela necessidade de mostrar serviço em Bruxelas com o défice - que ainda recentemente era uma obsessão neoliberal para Costa e a sua tropa. Nomeadamente não dão para o aquecimento das escolas, nem para evitar o caos nas urgências dos hospitais, caos justificado pelo governo pela epidemia de gripe que, diz quem sabe, «ainda é ligeira e o SNS já está de pantanas».
Medina, o herdeiro de Costa na câmara de Lisboa, mostra-se uma vez mais à altura do mestre e contrata como assessor o antigo vereador do pelouro da Protecção Civil que não conseguiu ser reeleito. Mais significativo do que este procedimento padrão é justificar que é «uma contratação natural e até óbvia» o que equivale a assumir que somos todos estúpidos e reconhecemos o direito divino dos apparatchiks socialistas a ocuparem sinecuras.
Que a poupança das famílias está ao nível mais baixo desde 1999 (4,4% do rendimento disponível) já o escrevemos várias vezes, resta acrescentar que é um terço da taxa média de poupança da zona euro e que segundo o INE tal descida se deve ao aumento de «8,4% dos impostos sobre o rendimento pagos pelas famílias, que mais do que compensou o aumento de 0,9% das remunerações recebidas». Quem falou na redução da carga fiscal?
O Expresso anuncia apologético que a dívida total (pública e privada) portuguesa em percentagem do PIB teve entre Setembro de 2016 e o mesmo mês de 2017 a sétima maior redução (18%). Conviria ter acrescentado duas coisas: (1) com 404% a dívida total de Portugal continua a estar no top 6 mundial; (2) no mesmo período os outros dois países resgatados pela troika tiveram maiores redução da dívida - Grécia com 21% e, pasme-se, Irlanda com 72% e a Espanha reduziu em 20%.
Quanto à dívida pública, foram colocados a semana passada 4 mil milhões de OT a 10 anos com uma taxa de 2,137% a mais baixa nos últimos anos. Antes de embandeirarmos em arco vejamos em retrospectiva os yields das OT 10 anos e constatemos que eram mais baixos em Março de 2015 numa conjuntura menos favorável.
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