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09/01/2011

DIÁRIO DE BORDO: Deixar de mastigar o bolo-rei (2)

[Continuação de (1)]

Quanto mais se sabe do caso SLN-BPN mais a reputação de Cavaco Silva se afunda. Sábado ficou a saber-se pelo Expresso que na mesma altura que Cavaco Silva e sua filha compravam acções por 1 €, elas eram vendidas a outros accionistas a preços entre 1,8 e 2,2 €. Ficou também a saber-se que as acções vendidas por Cavaco Silva e sua filha foram compradas em 2003 pela SLN por autorização pessoal de Oliveira e Costa. O mesmo Oliveira e Costa que em 2005 faria parte da comissão de honra da candidatura de Cavaco Silva.

Nada disto é ilegal e ainda menos crime. É apenas indício de Cavaco Silva poder ter tido um tratamento de favor que claramente fazia parte estratégia de Oliveira e Costa e seus sócios para anestesiarem os poderes fácticos, incluindo quer gente do PSD, quer do partido maçónico-socialista. Indício reforçado pela reticência de informação e a falta de transparência mostrada por Cavaco Silva. Reticência e silêncio justificados por uma espécie de auto-concedida superioridade moral, que ficaria melhor na esquerdalhada de todas as tendências e que parece fundar-se no facto de querer excluir-se duma classe política de que faz parte há pelo menos 25 anos.

E no fundo seria tão fácil despoletar esta bomba. Bastaria cortar com aquela gentalha gravitando no universo SLN-BPN, a começar por Dias Loureiro e a acabar em Oliveira e Costa, garantir que não sabia o que por lá se passava (nisto estava na boa companhia do ministro anexo Vitor Constâncio) e reconhecer que tinha sido um erro deixar-se envolver. Seria, mas definitivamente já não é. Agora só poderá ser salvo pela inépcia e telhados de vidro (Alegre e o anúncio do BPP, por exemplo) da oposição e, sobretudo, por um esperado efeito líquido positivo entre a putativa indiferença moral do eleitorado e sua endémica desconfiança do dinheiro não proveniente de direitos adquiridos, como aqui escreveu o Pertinente.

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