Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

06/03/2005

NÓS VISTOS POR ELES: «O país adora falar, mas depois vê-se pouca acção»

Nós vistos por eles é uma nova área temática do Impertinências onde se quer dar voz aos desgraçados dos estrangeiros que têm que nos aturar todos os dias.

Inaugura esta área Nadim Habib, um líbano-dinamarquês, diplomado pela London Schoool of Economics, que vive em Portugal há alguns anos onde dirige a Hill & Knowlton, nº 1 mundial das relações públicas. Deveríamos pagar-lhe por se ter dignado dar uma entrevista ao Semanário Económico da passada semana.

«Adoro Portugal, lembra-me muito o Líbano. Mas... parece que importamos o pior de fora e não aproveitamos o nosso melhor. Quando motivados, os portugueses são altamente trabalhadores. As pessoas investem muito emocionalmente, querem acreditar na empresa e, quando não acreditam, tornam-se apáticas rapidamente e desistem. Nunca como aqui vi tanta gente empenhada, mas como não há a cultura da meritocracia, desperdiça-se o talento. Raramente se vê quem se esforça, quem faz, ser premiado. É muito frustrante, as pessoas desistem rapidamente, a infra-estrutura burocrática é país de padrinhos e pais, que ajudam as pessoas a desenvolver carreiras. Acredito muito no network nas neste sistema não está a funcionar. Um recém licenciado, por exemplo, não sabe por onde começar e isso é tão frustrante! A taxa de desemprego de recém-licenciados é de 40% Porquê?! Para mim, é chocante. Por exemplo, a relação fornecedor-cliente vive muitas vezes uma cultura de ameaça e suspeição contínua. É muito difícil trabalhar num ambiente desses. E há outras frustrações que se sentem em quase todos os portugueses, e que têm que ver com o Estado, grandes grupos económicos e o resto da população. Uma barreira enorme separa as grandes cúpulas de poder e o resto da população e ninguém faz um esforço para construir uma ponte. O país adora falar, mas depois vê-se pouca acção, parece que não se quer renovar. Apesar disso os portugueses no estrangeiro têm grande sucesso!»

Sem comentários: