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27/03/2005

CASE STUDY: programa de governo - mais do mesmo? (1)

Respondendo ao pendor estatizante do governo, os empresários portugueses, através das suas associações, marcam lugar já na fila dos investimentos públicos dando palpites sobre as suas preferências.

À parte o engenheiro Belmiro que não tem interesses no lóbi do betão e das obras públicas, nem papas na língua, e por isso foi dizendo que mais valia ter fábricas do que o TGV, a generalidade dos empresários apronta-se para o bodo.

Investimentos preferidos pelos empresários: TGV (a prioridade das prioridades), energias renováveis (eólica e mais barragens), mais estradas, mais hospitais.

Qual o interesse estratégico do TGV? Do lado do investimento, a infra-estrutura fixa, a cargo do lóbi do betão, manterá ocupada durante uns poucos anos os imigrantes brasileiros e do leste. O investimento em material rolante irá, em boa parte, engrossar as importações. Do lado da oferta, o TGV não vai transportar as nossas evanescentes exportações, não vai transportar turistas que continuarão a chegar por automóvel (os espanhóis, alguns franceses, alemães e holandeses) e por avião (o resto). Servirá para quê então? Aparentemente para os nossos empresários e gestores chegarem mais depressa às reuniões no Porto, em Lisboa e em Madrid, e aos nossos excluídos do consumo sofisticado que vivem no interior poderem vir fazer compras aos centros comerciais dos grandes centros urbanos.

Qual será o contributo do TGV para melhorar a nossa produtividade e competitividade da economia portuguesa?

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