Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

09/03/2005

DIÁRIO DE BORDO: Deve haver uma explicação

Deve haver algo nas convoluções, ou nos neurónios, ou nas sinapses, ou nos lóbulos frontais, ou nos lóbulos parietais, ou no córtex, ou noutro qualquer componente dos bestuntos dos artistas politicamente correctos que explique que funcionem assim.

Assim como a mente do jovem cantor canadiano Rufus Wainwright que, na entrevista ao Indígena da semana passada, depois de confessar ter sido violado aos 14 anos em Hyde Park (terá sido no Speakers' Corner?), ter consumido crysthal meth (uma droga 'desinibidora'), ser um homossexual à procura dum «messias homossexual», frequentar boogie nights, entrarem-lhe pelo quarto «desconhecidos nus», depois de confessar tudo isto, dizia eu, admitiu ter visto o atentado do World Trade Center como «terrivelmente simbólico. bíblico, um despertar lançado ao mundo».

E mais confessa que, com o «ogro na sala oval», «não vai ser bonito», e que «na América há muitas pessoas que querem regressar à Idade Média». Apesar disso, ainda tem «esperança que algumas almas inteligentes ... possam ressuscitar das cinzas o bom senso». É claro que tanta desgraça só pode levar o jovem a escrever «versos bastante sombrios sobre o actual estado do mundo».

Percebo-o perfeitamente. Com a vivência do rapaz eu escreveria posts ainda mais sombrios do que os versos dele. E ele, coitado, ainda não viu nada. Imagine ele que a sharia era aplicada no estado de NY, que ele visita regularmete, por um aiatolah governador vitalício, coadjuvado por um bando de talibã no NYPD, com cerimónias de delapidação, decapitação, empalação, e outros requintes, da comunidade LBGT e de todos os infiéis que pululam em NY. Quem sabe se o jovem Rufus, enquanto esperava pela sua vez na fila da empalação, ainda tinha tempo para escrever o Want Three com uma canção dedicada ao «ogro» da sala oval.

ESCLAREÇO que não tenho nada contra a música do rapaz. Mas, por muito boa que ela seja, não o qualifica para falar sobre as coisas que se passam no mundo real fora da sua mente perturbada pelos eflúvios de crysthal meth. Até o Wolfgang Amadeus teria delirado intensamente para os jornais se houvesse algum jornalista sem mais do que fazer do que recolher os seus delírios. Imagine-se o pobre Rufus, de quem ninguém se lembrará ainda antes de ele ter a idade com que Mozart morreu.

Sem comentários: