Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

17/10/2021

O balão de hidrogénio do Dr. Galamba ou mais um elefante branco a caminho (5) - Antes de se começar a torrar o dinheiro conviria perceber o que se pode fazer com o H2

«Amid the excitement, it is worth being clear about what hydrogen can and cannot do. Japanese and South Korean firms are keen to sell cars using hydrogen fuel cells, but battery cars are roughly twice as energy efficient. Some European countries hope to pipe hydrogen into homes, but heat pumps are more effective and some pipes cannot handle the gas safely. Some big energy firms and petrostates want to use natural gas to make hydrogen without capturing the associated carbon effectively, but that does not eliminate emissions.

Instead, hydrogen can help in niche markets, involving complex chemical processes and high temperatures that are hard to achieve with electricity. Steel firms, spewing roughly 8% of global emissions, rely on coking coal and blast furnaces that wind power cannot replace but which hydrogen can, using a process known as direct reduction. Hybrit, a Swedish consortium, sold the world’s first green steel made this way in August.

Another niche is commercial transport, particularly for journeys beyond the scope of batteries. Hydrogen lorries can beat battery-powered rivals with faster refuelling, more room for cargo and a longer range. Cummins, an American company, is betting on them. Fuels derived from hydrogen may also be useful in aviation and shipping. Alstom, a French firm, is running hydrogen-powered locomotives on European tracks.

Last, hydrogen can be used as a material to store and transport energy in bulk. Renewable grids struggle when the wind dies or it is dark. Batteries can help, but if renewable power is converted to hydrogen, it can be stored cheaply for long periods and converted to electricity on demand. A power plant in Utah plans to store the gas in caverns to supply California. Sunny and windy places that lack transmission links can export clean energy as hydrogen. Australia, Chile and Morocco hope to “ship sunshine” to the world.»

Excerto de Hydrogen’s moment is here at last

16/10/2021

Dúvidas (322) - Será o Wokeismo um Transtorno obsessivo-compulsivo ou Esquizofrenia paranóide?

«O músico e compositor norte-americano Bright Sheng [que pertence a uma minoria étnica] viu-se obrigado a abandonar o cargo de professor na Universidade do Michigan, nos Estados Unidos, depois de ter exibido numa das suas aulas o filme clássico Othello, de 1965, onde o ator britânico Laurence Olivier surge com a cara pintada de negro para representar o protagonista, o mouro Otelo da peça de Shakespeare. (...)

Na sequência da polémica, o próprio Sheng fez um pedido de desculpas público, assumindo que foi “insensível relativamente à raça e antiquado” e cancelando os projetos letivos que se preparava para levar a cabo na faculdade.» (Observador)

Sendo certo que do ponto de vista político o Wokeismo é uma ideologia tirânica e do ponto de vista do senso comum é uma imbecilidade, como caracterizá-lo ponto de vista psiquiátrico? 

Transtorno obsessivo-compulsivo

«... presença de crises recorrentes de pensamentos obsessivos, intrusivos e em alguns casos comportamentos compulsivos e repetitivos.É muito comum que pacientes com TOC acreditem que, se deixarem de cumprir o ritual, algo terrível poderá acontecer. Esse comportamento tende a agravar-se à medida em que a doença não é tratada ou diante de algum evento estressante ou traumático.»

ou 

Esquizofrenia paranóide

«Transtorno psiquiátrico em que a pessoa perde total ou parcialmente o contato com a realidade objetiva, sendo comum que passe a ver, ouvir ou sentir sensações que não existem na realidade. A esquizofrenia paranoide é o subtipo da esquizofrenia mais comum, em que predominam os delírios de perseguição ou de aparecimento de outras pessoa, o que torna muitas vezes a pessoa desconfiada, agressiva e violenta.»

Actividades de grupo

The Spectator

15/10/2021

YOU TOOK THE WORDS RIGHT OUT OF MY MOUTH: In your place, I would also prefer to stay with your expensive Swiss bank

«I read your briefing on decentralised finance, so please let me know if I got it straight (“Adventures in DeFi-land”, September 18th). It seems that punters are supposed to buy tokens (streams of digits) of no inherent worth and which may change in value by a factor of ten or more in either direction for no obvious reason. Some tokens take vast amounts of energy to generate, and tokens are stored in ethereal “wallets” which live on Cloud Nine, from where they can be (and have been) stolen at the click of a hacker’s mouse.

The market in tokens is not regulated and no substantial organisation stands behind them. However, cryptocurrency tokens are greatly valued by gamblers and by criminals as they enable the anonymous transfer of ransom money from schools, hospitals and businesses after their data have been encrypted or stolen. You also mentioned possibly cheaper payment mechanisms, but I prefer to stick with my expensive Swiss bank.»

David Myers

Commugny, Switzerland

Letters to the Editor, The Economist

14/10/2021

Taxa mínima de IRC global. As consequências do acordo são grandemente exageradas

Foi anunciado a semana passada, com grande fanfarra, o acordo envolvendo 136 países para que a taxa mínima de imposto sobre os lucros das multinacionais não seja inferior a 15%. Na UE, a Hungria exigiu e obteve um período de transição de dez anos.

Como se pode ver, no caso da UE27 + RU, o acordo "global" significa que a Irlanda aumentará a sua taxa 2,5 pp e a Hungria 6 pp. That's it.

12/10/2021

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (198) - Será mais do mesmo. Nunca deu certo e desta vez não vai ser diferente

[Este post é uma espécie de continuação de Será mais do mesmo. Nunca deu certo e desta vez não vai ser diferente na Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa de ontem]

«Há já alguns meses que assistimos às primeiras iniciativas ditas do PRR, Plano de Recuperação e Resiliência. Já se pode confirmar que se trata do maior plano de despesa da história do país. E já foi possível verificar que aqueles fundos ou são gastos directamente pelo governo, ou investidos de acordo com os planos do governo, ou distribuídos pelo governo. A decisão, a iniciativa e a acção pertencem ao governo. Como se sabe que o Estado não tem actualmente competência técnica e científica suficiente, vai necessitar dos contributos empenhados e muito bem pagos de empresas nacionais e estrangeiras, de faculdades e universidades, de laboratórios e organizações que, no conjunto, ficarão dependentes do governo. O sector público e o Estado crescem com este plano. Os sectores privados, civis e académicos, científicos e culturais, ficarão muito mais dependentes do governo. A convicção de que um membro do governo, um director da Administração, um funcionário público ou um encarregado de missão das autoridades, só por serem do sector público, são mais competentes, mais leais, mais sérios, mais produtivos, mais responsáveis e mais honestos, é eterna no PS. A certeza de que os funcionários públicos e os organismos do Estado, assim como os membros do governo, são mais capazes de criar emprego, investir, produzir, gerir e organizar, é inabalável.»

Excerto da Grande Angular - Um apetite insaciável de António Barreto

11/10/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (106) - Em tempo de vírus (LXXXIII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Será mais do mesmo. Nunca deu certo e desta vez não vai ser diferente

Resmas de empresários estimulados pelo verbo do Dr. Costa salivam de ansiedade aguardando o prometido maná da bazuca e apresentam um peditório treze vezes maior do que o dinheiro disponível dos fundos.

No final, o resultado será o que se espera de investimentos aprovados por gente que nunca criou um posto de trabalho nem investiu um cêntimo do seu dinheiro e realizados por "empreendedores" que só "investem" em "projectos" com dinheiro facilitado pelo governo.

Não acredito em teorias da conspiração, mas que há conspirações, lá isso há

Há quem explique que a anedota ridícula da demissão antecipada do chefe do Estado-Maior da Armada afinal talvez não seja ridícula, mas antes uma fachada para dar um chuto para cima ao Vice-Almirante Gouveia e Melo que se estava a tornar incómodo para o governo, sabe-se lá porquê, com a sua oposição à terceira dose da vacina, que pode ser fundada ou não.

«Em defesa do SNS, sempre»

Depois de quase todos os médicos do Hospital de Setúbal se terem demitido em protesto contra a falta de recursos, a ministra do SNS Dr.ª Temido tirou do bolso a contratação de especialistas e, acredite se quiser, um «concurso internacional para a ampliação durante a primeira quinzena deste mês» com um investimento de 17,2 milhões de euros. Num país normal com gentes normais e uma ministra normal de um governo normal, a ministra ficaria irremediavelmente desacreditada e seria demitida na hipótese improvável de não se demitir.

A regulação das profissões a cargo do governo do Dr. Costa é assim como a imprensa livre a cargo da comissão de censura

Com o mesmo expediente que usou para justificar a aprovação da Carta de Direitos Fundamentais na Era Digital, embrulhada numa suposta iniciativa europeia, expediente agora aditivado com o acenar dos milhões do PRR, o governo pretende alterar o quadro jurídico das ordens profissionais. Para usar as palavras de António Barreto, «tenhamos consciência de que o essencial desta legislação, que tresanda a salazarismo e a corporativismo, consiste numa revisão das competências de auto-regulação, de autodisciplina e de parceria entre público e privado, sempre a favor do Estado e do governo.»

O Dr. Pedro Nuno Santos está a fazer de líder da oposição

Por um lado, «atira-se» ao ministro Dr. Leão, por outro, dá razão na greve aos trabalhadores da CP na greve e é por eles citado no manifesto.

10/10/2021

QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (71) O clube dos incréus reforçou-se (XXIV)

Outras marteladas e O clube dos incréus reforçou-se.

Recapitulando:

O intervencionismo do BCE, que copiou com atraso a Fed e o BoE, adoptando o alívio quantitativo e as taxas de juro negativas ou nulas, desde o «whatever it takes» do Super Mario de Julho de 2012, é parecido como terapêutica com a sangria dos pacientes praticada pela medicina medieval para tratar qualquer doença, incluindo a anemia.

As raras vozes dissonantes (temos citado algumas delas) não têm chegado para perturbar e muito menos abafar os salmos cantados pelo coro imenso dos prosélitos louvando a bondade das políticas de injecção de dinheiro e de juros artificialmente baixos dos bancos centrais.

Eu diria mesmo mais
Agora foi a vez de outra voz dissonante, a do governador do banco central da China Yi Gang que publicou no Journal of Financial Research (apud Central Banking) um artigo questionando o alívio quantitativo que «a longo prazo prejudica as funções do mercado, monetariza os défices orçamentais, prejudica a reputação dos bancos centrais, viola a linha vermelha da política monetária e aumenta o risco moral (...) as baixas taxas directoras são insustentáveis, porque podem levar a sobreinvestimento, capacidade excedentária, inflação alta e bolhas de activos».

09/10/2021

Afinal o que se pode fazer em Portugal?

Inventário incompleto das actividades económicas que segundo o áctivismo ambientalista deveriam ser proibidas no nosso Portugal dos Pequeninos:
  • Extracção de petróleo
  • Mineração do lítio
  • Agricultura intensiva em geral e nomeadamente:
    • Olival intensivo
    • Frutos vermelhos dão cabo dos aquíferos
  • Turismo em geral e nomeadamente:
    • Alojamento local incompatível com o direito à habitação
    • Cruzeiros altamente poluidores.
Perguntareis, e entre o que se pode fazer, o que se deve promover? Respondo com todo o gosto: mineração do guito europeu, uma actividade que já existe há quase quatro décadas mas só recentemente foi assim baptizada por Carlos Guimarães Pinto.

08/10/2021

Dúvidas (321) - O juiz demitido pelo Conselho Superior da Magistratura foi o Dr. Ivo Rosa ou o que deixou escapar o Dr. Rendeiro?

   Juiz negacionista demitido pelo Conselho Superior da Magistratura

Ser de esquerda é... (16)

Qual a estimativa do custo das Jornadas da Juventude?, perguntou o Público ao Dr. José Sá Fernandes, vereador da câmara de Lisboa durante 14 anos onde entrou como berloquista ("o amigo Zé") e saiu como socialista nomeado coordenador do Grupo de Projeto da Jornada Mundial da Juventude como compensação por não ter ficado na lista do Dr. Medina que estava com falta de lugares, coordenação que lhe vale 4.525,62 euros por mês até dezembro de 2023. O Dr. José Sá Fernandes deu a seguinte resposta: 

 «Não sei. Será repartido entre Governo e câmaras»

O Dr. JSF não faz a mínima ideia de quanto custará o projecto que coordena, nem lhe interessa saber, mas sabe quem irá cobrar o dinheiro (governo e câmaras) aos contribuintes em geral e aos munícipes das câmaras participantes nas Jornadas.

O Dr. JSF confirmou assim que é um verdadeiro homem (ou, se preferirem, pessoa com próstata) de esquerda que foca no que para a esquerda é importante: saber quem paga a factura.

Outros "Ser de esquerda é..."

07/10/2021

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Tirando a morte e a dor, o que importa mais às pessoas é o dinheiro

«Se a discussão teórica, quando visa efeitos políticos, corre o risco da puerilidade, quando não de algo muito pior que isso, já a discussão propriamente política sobre as acções dos governos faz obviamente todo o sentido. E, olhando para Portugal, não custa observar que o caminho que o PS de António Costa segue, seja ele “socialista” ou outra coisa qualquer, só pode levar-nos a um lugar muito mau. Usando e abusando de uma linguagem oca e, no limite, incompreensível, não recuando perante nada que lhe permita a manutenção do poder, procurando esmagar qualquer manifestação de independência no seio do Estado e da sociedade, vai criando um mundo irreal alternativo que nos quer fazer crer que é o mundo real. Não é, e vamos todos, mais uma vez, pagar caro por esta brincadeira.

A começar, é claro, por uma maior pobreza. Ela vem aí, mesmo com a “bazuca”, inexorável e sem mistério nenhum. Nenhuma sociedade sobrevive em condições dignas num sistema de mentira permanente, do embuste metódico, que é aquele em que vivemos. Mentira da TAP, mentira das condições do SNS, mentira da educação, e por aí adiante. Mentira de tudo. Quando as pessoas se derem conta de que o pensamento a crédito no qual vivem não passa de uma colossal ilusão, será já demasiado tarde. Perceberão o erro de terem acreditado em quem nunca se preocupou com a construção de uma sociedade viável, onde a riqueza pudesse ser criada. A linguagem oca surgir-lhe-á como aquilo que realmente, desde o princípio, é: linguagem oca. E descobrirão que a linguagem oca lhes deixou os bolsos vazios. Vária gente não passará, é claro, por estes tormentos. Mas as pessoas mais desprotegidas, que são muitas e serão muitas mais, terão uma experiência dura.

De bolsos vazios, não haverá dós de peito ideológicos que as animem. E verão a liberdade a diminuir a olhos vistos. Não, talvez, nas suas formas mais abstractas e gerais, mas certamente nos seus aspectos mais concretos: a liberdade de decidirem por si o que lhes é valioso e de buscarem a satisfação dos prazeres que desejam, incluindo o de sentirem algum orgulho em pertencer a uma comunidade política digna. A herança certa e segura de Costa será essa desilusão. Quanto aos seus putativos herdeiros no PS: não interessa nada.»

A herança de Costa, Paulo Tunhas no Observador

Pro memoria (413) - A novela dos médicos de família

 «Governo promete equipa de saúde familiar para cada português até 2023»

Por falar em governo, promessas e saúde familiar, recapitulemos alguns capítulos da novela dos médicos de família produzida pelo Dr. Costa e os seus ajudantes:  

28-08-2015 «Líder do PS diz que vai criar 100 novas unidades de saúde familiar durante a próxima legislatura, permitindo que mais meio milhão de pessoas passe a ter médico de família» 

22-09-2016 «Costa promete médico de família para todos os portugueses em 2017»

20-02-2017 «registava-se no final de 2016 um total de 769.537 utentes sem médico de família»

10-05-2018 «Mais de 136 mil crianças e jovens sem médico de família atribuído»

20-05-2019 «Médico de família para todos até ao final do próximo ano “é a prioridade”»

16-07-2019 «A ministra da Saúde admitiu que atualmente há 700 mil portugueses sem médico de família»

22-07-2019 «97% dos portugueses vão ter médico de família até ao final legislatura», garante Costa

13-01-2020 «Ao longo deste ano, será atribuído um médico de família a mais 200 mil portugueses, anunciou a ministra da Saúde.»

18-02-2020 «Governo voltou a falhar meta da cobertura total – neste momento, cerca de 600 mil utentes ainda não têm clínico atribuído (500 mil em Lisboa).»

14-07-2020 «Há mais 110 mil utentes sem médico de família este ano.»

05-11-2020 «Ministra anuncia contratação de 287 médicos para servir mais 341 mil pessoas»

26-04-2021 «Número de portugueses sem médico de família voltou a aumentar para mais de 860 mil»

07-07-2021 «número de utentes sem médico de família cresceu, são, no total, mais de um milhão»

05/10/2021

"Eleições faz de conta". A extinção em curso da extrema esquerda e do CDS

    • PS: 41,5% (+0,2%) 
    • PSD: 27,2% (-0,1%) 
    • Chega: 8,9% (-0,1%) 
    • CDU: 5,5% (+0,5%) 
    • Iniciativa Liberal: 5,2% (+0,7%) 
    • BE: 5,0% (-0,5%) 
    • PAN: 2,6% (+0,1%) 
    • CDS: 2,0% (0-,1%) 
    • Outros Partidos/Brancos e Nulos: 2,1 (+04)

Comunistas e berloquistas cada vez mais minoritários e, não obstante, com uma influência multiplicada pela dependência do PS. CDS em estado adiantado de decomposição, Chega a afirmar-se como terceira força política e IL a ultrapassar o BE. Suponhamos.

04/10/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (105) - Em tempo de vírus (LXXXII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

O país do Dr. Costa e de S. Ex.ª é um país de opereta

Um chefe do Estado-Maior da Armada que aceita aquecer o lugar para o sucessor e ser demitido a prazo, para mais tarde, arrependido, presidir a um Conselho da Armada que vota contra a sua própria demissão, um ministro da Defesa que anuncia a substituição do demitido a prazo, decisão que competiria ao PR, um PR que sabia de tudo desde o princípio e se faz de desentendido, um PM que limpa a folha do MD levando-o pela mão ao PR, um PR que declara que afinal estava tudo resolvido e em S. Tomé, onde se encontrava a tirar selfies, declara estarem esclarecidos todos os equívocos. Pior não é possível.

Preso pela boca e amarrado pela banha da cobra

O Dr. Costa no seu périplo pelo país durante a campanha para as autárquicas a anunciar o maná de dinheiro do PRR (de que ele fala como se fosse dinheiro do PS), prometeu em Coimbra construir uma maternidade para promover o seu candidato Manuel Machado que veio a perder estrondosamente para uma coligação encabeçada pelo médico José Manuel Silva. Este não perdeu tempo e deu três semanas ao Dr. Costa para anunciar o local e a construção da maternidade.

Take Another Plan

O OE 2022 ainda está a ser cozinhado com o PCP e ainda há muita coisa em aberto, salvo quanto à TAP que já se sabe ir levar mais mil milhões em cima dos mil milhões que foram injectados este ano. É também provável um excesso de optimismo neste caso, já que a TAP em Agosto continuava a perder muito mais passageiros no Porto e em Lisboa do que Ryanair e a easyjet. Quem já deve deitado as cartas de Tarot e não gostou do que viu foi o director financeiro da TAP que se demitiu três meses depois de ser nomeado.

A obra do Dr. Pedro Nuno não se esgota na TAP

Também na CP tudo corre mal ao líder do pedronunismo. Agora foi a demissão do «melhor presidente de sempre» (o melhor qualquer coisa de sempre ou desde um certo ano é um dos mantras preferidos dos próceres do socialismo indígena). O demissionário abandonou por não ter condições de presidir (nem o plano de actividades deste ano ainda foi aprovado) entre outras razões porque a CP deveria no seu entender ser uma repartição pública para ter acesso ao PRR - se isto é o melhor presidente de sempre, nem quero saber como terá sido o pior. Entretanto, o Dr. Pedro Nuno Santos já sacudiu a água do capote e apontou o dedo ao Dr. Leão que não lhe dá a grana necessária. O Dr. Costa assiste, impávido e sereno, à luta de frangos na sua capoeira.

03/10/2021

Novo Império do Meio, um gigante com pés de barro (2) - Da limitação do número de filhos à limitação do número de abortos e de seguida talvez ao número mínimo de filhos

No post anterior citei algumas das vulnerabilidades da China identificadas em Invisible China de Scott Rozelle e Natalie Hell. 

Fonte

Uma outra vulnerabilidade não especialmente referida é a que resulta do rápido envelhecimento da população chinesa, apontado frequentemente como consequência da política do filho único adoptada nos anos oitenta, algo só possível numa tirania. Contudo, os dados sugerem que a queda abissal do crescimento demográfico não resultou só da política do filho único, uma vez que quando esta política foi alterada e o Partido Comunista Chinês passou a tolerar primeiro dois e mais tarde três filhos a taxa de natalidade e o crescimento demográfico ainda desceram mais.  

Ao mesmo tempo e inesperadamente a liberalização do número de filhos em vez de diminuir o número de abortos aumentou-os ao ponto de Conselho de Estado ter publicado há dias orientações para limitar o número de abortos por razões não médicas. Não vai provavelmente resultar e numa tirania não é impossível que, depois das políticas do filho único, do máximo de dois e depois de três filhos, a Corte Imperial decida impor um número mínimo de filhos.

01/10/2021

Os efeitos da Covid-19 na sustentabilidade dos sistemas distributivos de segurança social

Em consequência do aumento da mortalidade resultante da Covid-19, pela primeira vez em décadas a esperança de vida diminuiu em todos os países, com excepção das mulheres dinamarquesas, norueguesas e finlandesas. Diminuiu mais nos homens do que nas mulheres e menos nos países com melhor qualidade de vida, como se pode ver no gráfico seguinte.

Fonte

A redução da esperança de vida tem muitos efeitos negativos, principalmente nos que morreram antes de tempo e nas suas famílias, e, como quase tudo na vida, tem pelo menos uma consequência positiva: os sistemas de segurança social baseados do regime distributivo (pay-as-you-go) sem ajustamento da esperança de vida ganharam uma pequena folga da sustentabilidade resultante da morte prematura de pensionistas actuais e futuros.

No caso do sistema português em que a idade da reforma depende da evolução da esperança de vida aos 65 anos o efeito líquido é mais difícil de antecipar. Seria de esperar que a redução da esperança de vida à nascença fosse acompanhada da redução da esperança de vida aos 65 anos e, em consequência, de uma antecipação da idade da reforma. Contudo, não foi o que aconteceu e a idade de acesso à pensão de velhice voltará a subir em 2022 para 66 anos e sete meses, ou seja, no caso português o sistema acumula a melhoria da sustentabilidade resultante dos dois factores, isto é de menos pensionistas actuais e futuros e do diferimento no acesso à reforma.